Você está na página 1de 6

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROJETO ÁGUA VIVA: LIMPEZA DAS MATAS CILIARES DO


RIBEIRÃO BRANDÃO, SITUADO NO MUNICÍPIO DE VOLTA
REDONDA - RJ

Pedro Saturno Braga ¹; Débora Cássia da Silva ²; Túlio Cezar Aguiar ³; Camila Duarte Silva 4; Francisco
Jácome Gurgel Júnior 5;

¹Discente de Engenharia Ambiental, Centro Universitário de Volta Redonda-UniFOA,


pedrosaturnobraga@yahoo.com.br

²Discente de Biologia,Centro Universitário Geraldo Di Biase-UGB, deborahkassia@hotmail.com.br


³Discente de Engenharia Ambiental, Centro Universitário de Volta Redonda-UniFOA, tuliodeaguiar@gmail.com
4
Discente de Engenharia Ambiental, Centro Universitário de Volta Redonda-UniFOA,
duartegomesmila@hotmail.com
5
Docente do UniFOA, Centro Universitário de Volta Redonda-UniFOA, gurgel.jr@gmail.com

RESUMO

Proteger o meio ambiente em todas as suas dimensões e manifestações é uma obrigação do Poder Público
constituído e da coletividade conforme disposto no caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988.

Neste ínterim, destaca-se o voluntariado como uma forma eficaz de auxiliar o Poder Público na gestão
ambiental e, neste caso específico, na proteção e manejo dos recursos hídricos em nível local.

O projeto denominado “Água Viva” nasceu da iniciativa de um estudante chamado Pedro Saturno Braga, que
vislumbrava um meio ambiente mais ecologicamente equilibrado e que gostaria de contribuir efetivamente para
materializar esta condição.

Esse propósito começou a ser desenvolvido ainda em sua infância, por meio da Educação Ambiental vinda da
escola, através de tarefas letivas que buscavam ensinar a importância da conservação e preservação dos
recursos naturais. O que mostra como é relevante essa educação para a formação de cidadãos mais conscientes
no futuro em relação ao meio ambiente.

Palavras-chave: Educação Ambiental;Matas Ciliares; Volta Redonda/RJ.

https://proceedings.science/p/106461?lang=pt-br
INTRODUÇÃO

O Ribeirão Brandão (Figura 1), localizado no município de Volta Redonda, é


considerado uma importante bacia hidrográfica para a região do Médio Paraíba do Sul.
Durante o seu percurso, o antigo lixão de Volta Redonda, atualmente desativado, localizado à
montante do rio em questão, nos anos que estava ativo, foi responsável pelo lançamento de
uma grande quantidade de substâncias nocivas aos corpos hídricos, como por exemplo, o
chorume (PM Cicuta, 2016, p.12). Porém, após receber esse impacto ambiental negativo, o
seu fluxo passa no interior da ARIE Floresta da Cicuta (Figura 2), Unidade de Conservação
administrada pelo ICMBio, o qual é beneficiado pela autodepuraçãoe o auxílio da floresta.

Figura 2 – Rio Brandão no interior da


Figura 1 – Ribeirão Brandão Floresta da Cicuta

Fonte: Autor Fonte: Arquivo/ICMBio-ARIE Floresta da


Cicuta

Após a passagem por essa ARIE, ele retorna ao perímetro urbano da cidade de Volta
Redonda, coletando as águas dos afluentes do córrego Cafuá e do córrego Cachoeirinha até
desaguar no rio Paraíba do Sul. Nesse momento, resíduos são lançados em suas margens pela
população que circunda o rio, impactando novamente as águas desse ribeirão.

Com o intuito de desenvolver a limpeza das matas ciliares e a Educação Ambiental


não-formal da comunidade, através de “ações e práticas educativas voltadas à sensibilização
da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da
qualidade do meio ambiente” (Lei Federal n° 9.795/99), nasceu o Projeto Água Viva (Figura
3). Realizando mutirões de limpezas, desde Julho de 2017, o grupo já conseguiu retirar grande
volume de resíduos que estavam sendo descartados no rio e dar uma destinação final mais
adequada a eles. Além disso, promover a conscientização dos moradores vizinhos ao rio, que

https://proceedings.science/p/106461?lang=pt-br
ao passarem perto do local durante as atividades, são abordados pela equipe e recebem
informações sobre o projeto e a importância de manter o ambiente limpo.

Figura 3 – Logotipo do Projeto Água Viva

Fonte:Débora Cássia, 2017

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização da limpeza os equipamentos de proteção utilizados são luvas


plásticas, calça comprida e galocha ou sapato fechado. Para a coleta dos resíduos são
utilizadas sacolas plásticas de 60L e 100L. E para a Educação Ambiental não-formal, a equipe
tem separado literaturas infantis e técnicas, para oferecer um atrativo às pessoas que
caminham pelo local durante as atividades.

A limpeza é desenvolvida a partir do encontro do grupo, onde um líder marca a data,


o local, sabe previamente quantos voluntários terão e separa os equipamentos necessários para
toda a equipe (Figura 4). Após a vestimenta dos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual)
e a entrega das sacolas plásticas, o grupo começa a atividade de retirada dos resíduos.

Figura 4 – Limpeza realizada no dia Figura 5 – Resíduos coletados na limpeza


20/08/2017 do dia 22/04/2018

Fonte: Autor Fonte: Autor

https://proceedings.science/p/106461?lang=pt-br
Os voluntários de galochas auxiliam na limpeza do interior do rio e os de sapatos
fechados na limpeza das margens. Ao fim todos os resíduos são reunidos (Figura 5). Os
resíduos de construção civil, como a madeira, são acoplados em um canto do local e utilizados
por atividades que os moradores desenvolvem, como hortas e paisagismo. E os resíduos
recicláveis e rejeitos, são descartados numa lixeira próxima ao local para que o serviço de
limpeza urbana dê a disposição final no Centro de Tratamento de Resíduos da cidade de Barra
Mansa.

Por conta da maioria dos resíduos estarem sujas, ainda não estão sendo levados os
mesmos para cooperativas para serem reciclados. Porém é uma alternativa que a equipe está
pensando em implantar nos seus métodos. A estratégia será desde o início da coleta, os
voluntários serem orientados para catar um tipo específico de material. Dessa forma será
possível ter a separação desde o início da coleta, facilitando na pesagem de cada resíduo
retirado do local e na destinação para locais que fazem a reciclagem.

Na atividade do dia 01/10/2017 parte desse trabalho foi feita, pesando o plástico,
vidro e papel. E na atividade dentro da Floresta da Cicuta no dia 08/12/2017, os resíduos
foram lavados e entregues a uma cooperativa da cidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto já conseguiu desenvolver seis mutirões nos dias 30/07/2017, 20/08/2017,


01/10/2017, 22/10/2017, 08/12/2017 e 22/04/2018, cada dia com um número diferente de
voluntários e com experiências distintas.

Na primeira coleta, foi possível perceber o tempo de degradação de cada material.


Enquanto uma madeira estava sendo totalmente deteriorada, o plástico que estava colado nela,
ainda permanecia intacto. No segundo encontro foi o dia que rendeu mais voluntários, nove
pessoas.

No terceiro encontro foi feito a pesagem dos resíduos, sendo coletados 12,9kg de
plástico, 6,7kg de vidro e 6,6kg de rejeitos. Os resíduos de vidro foram destinados ao serviço
de Coleta Seletiva de Volta Redonda, que passa semanalmente em alguns bairros da cidade.

Na quarta limpeza, a população foi de total importância, auxiliando a equipe com a


força e estratégia para a remoção de um pneu aterrado dentro do rio (Figura 6). Atitude que
motivou o grupo a continuar e melhorar o trabalho.

https://proceedings.science/p/106461?lang=pt-br
Figura 6 – Apoio da população na limpeza do dia 22/10/2017.

Fonte: Autor

No quinto encontro a equipe foi convidada pelo ICMBio, na semana do voluntariado,


para contribuir com a limpeza e desobstrução de pontos do rio Brandão que tinham sido
interditados por caules de árvores que havia caído após uma tempestade. A união da equipe,
com os voluntários da Floresta da Cicuta, fez com que o trabalho tivesse mão-de-obra
suficiente para alcançar o seu objetivo. Ao fim, os resíduos foram lavados pela equipe e os
trabalhadores do ICMBio os entregaram à cooperativa Reciclar-VR.

Para concluir, o sexto encontro foi uma retomada às atividades no ano de 2018, onde
a equipe levou pela primeira vez os livros de Educação Ambiental e azulejos com mensagens
de conscientização. Vale ressaltar que o trabalho só renderá frutos quando as pessoas pararem
de dispor seus resíduos de maneira inadequada e começarem a conservar o ambiente onde
moram.

Para isso, algumas estratégias e formas de viabilização têm sido discutidas pelo
grupo, como a promoção de uma manhã cultural, com o enfoque em poesias e músicas que
falem sobre a importância de cuidar natureza. A disposição de alguns azulejos com
mensagens de cunho educacional. Panfletos contendo informações atrativas aos moradores
sobre a conservação ambiental e a valorização que isso gera para os seus imóveis, por estarem
localizados em um ambiente agradável. E o plantio de mudas nas matas ciliares, contribuindo
com a fixação do solo, diminuindo o assoreamento e suas raízes e caules servindo como
barreiras na retenção dos sólidos que caem no rio com a chuva.

Além disso, a equipe pensa em se unir com a Sala Verde do UniFOA, para expandir
o trabalho para mais rios da cidade, como o córrego que passa no Bairro Três Poços, ao lado
da Universidade. Com o apoio da Sala, acredita-se que haverá a maior participação de
voluntários, auxílio com os materiais e consequentemente a união da universidade com a
sociedade, que é um dos objetivos da Sala Verde.
5

https://proceedings.science/p/106461?lang=pt-br
CONCLUSÃO

Conclui-se que o projeto ainda está no inicio e pouco ainda foi desenvolvido, mas,
com o decorrer das atividades vem recebendo o reconhecimento das pessoas e despertando o
interesse delas em ajudá-lo a continuar. A cidade de Volta Redonda precisa de iniciativas
como essas, para auxiliar na Educação Ambiental não-formal e no Saneamento Básico,
especificamente no ponto da Limpeza Urbana.

Muitas estações de tratamento de esgoto já foram implantadas, o que diminuiu muito


a descarga de efluentes que o rio Brandão recebia, aumentando o Oxigênio Dissolvido e
reconstituindo parte da vida aquática. Acredita-se que com a conscientização do povo em
descartar adequadamente os seus resíduos e a percepção de que a natureza é um local para ser
preservado, o ambiente ao entorno do ribeirão e o próprio ecossistema, possam se reequilibrar
e contribuir ainda mais com os serviços ambientais que eles desenvolvem gratuitamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, B; HESPANHOL, I; CONEJO, J.G.L; MIERZWA, J.C; BARROS, M.T.L; SPENC-


ER, M; PORTO, M; NUCCI, N; JULIANO, N; EIGER, S.INTRODUÇÃO À ENGENHA-
RIA AMBIENTAL: O DESAFIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. 2 ed.
Pearson Prentice Hall.318 p. São Paulo, 2005.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. LEI DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Disponível em:


<http: www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321>. Acesso em2018.

ICMBio.PLANO DE MANEJO ARIE FLORESTA DA CICUTA. Rio de Janeiro, 2016.

MELLO, E.V. ALTERAÇÕES TECNOGÊNICAS EM SISTEMAS FLUVIAIS NO


MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA, MÉDIO VALE DO RIO PARAÍBA DO SUL.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2016.

RODRIGUES, E. F. DIAGNÓSTICO DE CHEIAS URBANAS NA CIDADE DE VOLTA


REDONDA. 2008. 133 f. Dissertação (Mestrado) – UFRJ/COPPE/ Programa de Engenharia
Civil, 2008.

FONSECA, S. M. INFLUÊNCIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA


QUALIDADE DA ÁGUA DE CORPOS HÍDRICOS: ESTUDO DE CASO NA ARIE
FLORESTA DA CICUTA/ RJ. 2018. 117 f. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-
Graduação em Tecnologia Ambiental – UFF, 2018.

Agradecimentos

Agradecemos aos familiares, os amigos e a Deus por abençoar os nossos corações.

https://proceedings.science/p/106461?lang=pt-br
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Você também pode gostar