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Fim de ano representa uma oportunidade ímpar para executivos, profissionais liberais e outros

especialistas se relacionarem com a mídia. É que, além dos assuntos cotidianos, há as tradicionais
reportagens de balanço de ano, dicas de economia, saúde – e uma demanda adicional por reportagens
de temas neutros, atemporais.
Nas redações estas reportagens são chamadas “matérias de gaveta” e compreendem conteúdos que
possam ser utilizados em períodos de vacas magras (quando muitas fontes tiram férias ou desligam o
telefone) e aperto na escala das redações (em feriados ou períodos de festas as equipes costumam
ficar reduzidas porque jornalista também é filho de Deus 😊).
Então, se for abordado como fonte neste fim de ano, não perca a oportunidade. Mas preste atenção a
algumas dicas que podem fazer toda diferença na “hora H”:

 Disponibilidade é um diferencial num período de correria para os jornalistas. Ou seja, se


mostrar acessível, ajustar a agenda para facilitar o acesso do profissional de imprensa pode
ser um diferencial para quem – em contrapartida – vai ganhar exposição e a oportunidade de
reforçar sua autoridade.

 Verifique qual será o tempo que o jornalista pretende dispor para o tema. Normalmente em
períodos de escassez de fontes e escalas apertadas, as reportagens podem ter o tempo/espaço
ampliado – e isso significa mais exposição para a fonte (no caso você).

 É um período de correria e stress para todos. Por isso respire fundo, demonstre abertura e crie
um clima amistoso antes, durante e após a entrevista.

Outros pontos importantes (que já destaquei em outras oportunidades aqui no @linkedIn) e que
servem para qualquer entrevista:

 Seja sempre honesto e preciso. Sua credibilidade e reputação dependem disso.

 Não há problema em não ter todas as respostas. Mas procurar obter uma informação que
ficou pendente é uma preocupação com a qualidade final do conteúdo. E isso soma pontos no
seu conceito com o profissional de imprensa.

 Informações sigilosas ou sensíveis, exigem uma atenção extra. Por isso considere que todas
as suas falas são on the record – e podem ser publicadas.

 Se percebeu algum equívoco no conteúdo, não há problema em acessar o jornalista e solicitar


o ajuste. Mas preste atenção no tom e na forma para não soar como algum tipo de censura.

 Se o conteúdo final não ficou do seu agrado, não pessoalize. Jornalismo é uma atividade
coletiva, que envolve muitos profissionais. Significa que quem lhe entrevistou é apenas a
parte mais visível deste processo.

 Procure entender a dinâmica dos veículos de comunicação, afinal, cada mídia tem um
timming diferente. Rádio e online tem uma urgência maior que TV ou revista. E isso pode
afetar a forma que você vai ser abordado e o tempo que o jornalista dispõe para aquela
entrevista.

 Se possível, adapte o conteúdo ao meio. Uma longa entrevista de rádio, por exemplo, permite
contar uma história com riqueza de detalhes, trazer exemplos, fazer analogias... Em uma
reportagem gravada para a TV, a dinâmica possivelmente vai ser diferente e exigir que você
seja mais direto, respondendo com frases mais curtas.

 Os veículos de comunicação – pela sua natureza e forma de consumo – valorizam aspectos


diferentes. Na rádio, por exemplo, ter uma voz agradável e falar de maneira clara faz toda
diferença. Já na TV, a estética também é importante por isso é fundamental prestar atenção
em questões como figurino, acessórios e maquiagem. Esses elementos precisam reforçar e
valorizar a sua imagem – e não o contrário.

 Por fim, evite o uso de termos técnicos e fale em linguagem clara. Ou seja, tenha sempre em
mente que o jornalista não é um especialista na sua área de atuação. O público, muito menos.

Ajudei? Ficou em dúvida sobre algum aspecto, ou incluiria outro item nesta lista?

Boas festas e até a próxima.

#jeffersondouglas #comunicacao #jornalismo #networking #linkedin

O tapa em Cris Rock em plena transmissão do Oscar, um evento com alcance global, gerou uma
repercussão danada quatro meses atrás. O fato é que o assunto continua rendendo – principalmente
para a imagem de Will Smith.
Há alguns dias a Q Scores, que realiza pesquisas sobre a imagens dos astros de Hollywood,
confirmou o que todos já imaginavam: o tamanho do estrago. Smith, que sempre apareceu entre os 5
ou 10 artistas mais bem avaliados – caiu drasticamente no ranking e até a imagem da esposa dele foi
afetada.
O episódio é extremo, mas demonstra bem a importância de controlar ímpetos e zelar diariamente
pela #reputação. No mundo corporativo não temos um #ranking como este, que avalia celebridades e
atletas de destaque (cuja pontuação interfere em contratos publicitários, convites para eventos e
outros). Mas somos avaliados diariamente e somamos (ou perdemos) pontos em um ranking
imaginário, que está na cabeça de cada colega, parceiro de negócios, chefe ou conhecido de rede
social.
E não precisa ser um tapa na cara. Uma fala equivocada, manifestação desrespeitosa, post agressivo
ou qualquer outro deslize pode impactar na sua #marcapessoal. Lembre-se que vivemos em uma era
digital, onde a cultura do cancelamento impera.
E, se puder, redobre os cuidados com as manifestações sobre política. Isso costuma ser gasolina em
um período de polarização e ânimos acirrados.
https://natelinha.uol.com.br/famosos/2022/08/19/reputacao-de-will-smith-despenca-apos-tapa-em-
chris-rock-186233.php

SEM COMENTÁRIOS
Conceder uma entrevista para a imprensa nunca é algo fácil. Não é todo mundo que gosta de câmera
e microfone e por mais que o porta-voz seja desenvolto há outras questões envolvidas: agenda
apertada, pressão do jornalista, e até temas negativos ou sensíveis. Mas então, qual o maior pecado
na hora de conversar com a imprensa?

Na minha opinião, é tentar se esquivar do entrevistador em uma situação incômoda. Sabe aquela
imagem em que o político é encurralado e dispara um: “Sem comentários”?

Lamento informar que isso funciona apenas em séries de TV ou nos filmes de Hollywood. Na vida
real é bem diferente. A tendência de qualquer (bom) jornalista é insistir no assunto e reiterar a
questão. Se o entrevistado tentar desviar novamente, pode ser questionado pela terceira ou quarta vez
– e o fato de não ter falado vai se transformar na grande manchete do dia.

A recomendação de quem atuou em redação por mais de 25 anos (e muitas vezes empunhou o
microfone pressionando os entrevistados) é não remar contra a maré neste momento.

Nos media training que realizo, procuro explicar que jornalista faz parte de um processo que tem
dezenas de envolvidos (do produtor ao editor-chefe). E repórter algum quer voltar para a redação
sem responder as perguntas levantadas (pela equipe) na reunião de pauta.

Além disso, esses profissionais têm faro para perceber quando tocaram em um assunto incômodo, ou
que há algo oculto ou mal explicado na história. E isso vai fazê-los insistir nas perguntas.

Mas então, como proceder neste caso? Algumas dicas:

1 – Compreenda que se trata de uma relação profissional. Uma pessoa pública, o executivo de uma
empresa renomada, ou um profissional envolvido em uma situação polêmica está sujeito sim a
questionamentos. E o jornalista é o profissional designado para questioná-lo.

2 – Esqueça o “Não quero que me filme!” “Vou ligar pro seu chefe!” ou o “Sabe com quem está
falando?”. As frases são encaradas como ameaças vazias, e não vão impedir o profissional de
imprensa de fazer o trabalho dele.

3 – Não pessoalize. Jornalista cumpre um papel e representa uma equipe, que edita determinado
programa, que fala com o público X ou Y e que, por sua vez, tem direito a informação.

4 – Seja amistoso. Isso vai reduzir o nervosismo dos dois lados e tornar mais fácil explicar um tema
complexo ou sensível. Ter uma postura positiva ajuda o entrevistador reconhecer seu esforço e,
talvez, isso ajude aliviar um pouco a pressão. Lembre-se também que, por mais que fale em primeira
pessoa, você pode estar representando uma empresa, entidade ou até uma categoria profissional.

5 – Respire fundo, mantenha o equilíbrio emocional e procure responder o que é possível neste
momento. Melhor não ter todas as informações à mão, do que não prestar informação alguma.
6 – Ao começar a falar, meça as palavras e estruture frases mais curtas. Isso deve ajudar a manter o
controle do ambiente e do assunto. Frases longas podem alongar o assunto mais do que necessário,
ou abrir outros questionamentos que não estavam no radar do entrevistador. A intenção é amenizar a
crise, não amplia-la, não é mesmo?

Outras dicas que podem ajudar em um momento como este:

7 - Não é o momento para tentar uma conversa "off the record". Considere que tudo que for dito,
pode ser publicado.

8 – Não minta. Qualquer jornalista minimamente preparado vai checar a informação prestada (olha o
Google aí, gente). Um dado distorcido pode soar como má fé da sua parte. E isso é um veneno para
reputação e credibilidade.

9 – E o principal: não seja irônico ou agressivo. São dois pecados capitais em comunicação. Isso não
evita que os questionamentos continuem e vai apenas demonstrar sua total falta de equilíbrio
emocional.

________
BONNER SIMPSON
Repare em Homer Simpson sentado no sofá, com uma cerveja na mão e vendo televisão... O
personagem de Matt Groening, que faz sucesso na Fox desde 1987, representa o cidadão médio
norte-americano. Mas, você sabia que há anos, Homer é utilizado para determinar também quem é a
persona que assiste o principal telejornal brasileiro?
Internamente (na Globo e emissoras afiliadas) nunca foi segredo que William Bonner, editor chefe
do Jornal Nacional, orientava a equipe a imaginar Homer Simpson como o “telespectador médio” do
JN. A pauta e forma como as notícias eram abordadas precisavam ser compreendidas por este
telespectador imaginário, que representaria uma parcela significativa da população brasileira – pouco
escolarizados, e nada familiarizados com temas complexos.
Um grupo de pesquisadores visitou a redação do JN e o assunto gerou polêmica em 2005, como
mostra o artigo do Estadão.
https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,homer-simpson-o-brasileiro-medio-segundo-
bonner,20051206p5280
O episódio caiu no esquecimento, mas o ensinamento continuou sendo replicado Brasil afora, nas
redações da Globo e de outras redes de TV. Produtores, repórteres, editores e apresentadores
passaram a imaginar o público médio do telejornal/programa e adequar os assuntos e a forma de
comunicação. Tudo com o objetivo de garantir a melhor compreensão da mensagem (algo
considerado estranho para o jornalismo, mas comum em qualquer campanha de marketing e digital).
Como trabalhei por anos em redações, também segui essa diretriz. E acredito que há um ensinamento
aí, que pode ajudar quem pretende melhorar sua comunicação.
TRADUZIR, SIMPLIFICAR, ADAPTAR...
Antes de avançar é preciso alinhar um ponto importante: comunicar não é apenas enviar uma
mensagem de voz, texto ou fazer um vídeo. Quando isso é feito sem imaginar possíveis barreiras do
processo de comunicação, normalmente há ruído. E a compreensão da mensagem fica ameaçada.
Comunicar é um processo diário, mas extremamente complexo que exige, entre outras coisas:
- Compreensão do contexto
- Clareza na emissão da mensagem
- Boa utilização do meio e
- Necessidade de feedback, para assegurar que tudo foi bem compreendido.
Ou seja, se o cidadão fala baixo, pode ser mal ouvido; se não dá contexto, pode gerar confusão; se
não busca feedback, pode ficar com a falsa impressão de que foi compreendido. Mas, o ponto
principal, na minha opinião, tem a ver com a mensagem em si. E a importância de adequar o
conteúdo para facilitar a compreensão.
Se o seu interlocutor é o Homer Simpson, não adianta falar juridiquês ou mediques. Ele não vai
compreender. A menos que o advogado ou médico traduza conceitos, faça analogias, simplifique
termos.
Em uma entrevista (palestra, conversa entre amigos e até posicionamento nas redes sociais), procure
imaginar: estou sendo compreendido? Na dúvida imagine que você está explicando um tema
complexo a uma pessoa mais velha, ou seu filho pequeno.
E não fique intimidado por isso... Simplificar termos, dar exemplos ou fazer analogias não é
apequenar o conteúdo. Muito pelo contrário. Exige ainda mais inteligência e gera um engajamento
muito maior.
_______

Um dos temas do curso eu já conhecia bem na ação: a importância da Comunicação em Conselhos


de Administração. Mais especificamente, sobre como é essencial para uma Governança Corporativa
bem-sucedida exercer boas práticas de Comunicação. Ter transparência e uma prestação de contas
consistente é o mínimo que os investidores, a sociedade e demais stakeholders exigem de uma
companhia, ainda mais em tempos de informações instantâneas, acessíveis nas pontas dos dedos,
onde quer que você esteja.

Talvez tenha alguém pensando que “ah, mas isso é só sobre reputação”. Nunca é “só” sobre
reputação. Reputação é um – talvez, “o” – bem mais valioso de uma empresa. É o tipo de ativo que
se tangibiliza desde o trabalho de um estagiário, passa pelos executivos do alto escalão e impacta o
preço das ações. Define o destino de qualquer companhia.

Um bem tão importante e, ainda assim, tão volátil. Uma das definições mais famosas de reputação
diz que ela é a opinião alheia sobre você (ou a empresa de que você faz parte). É como somos
percebidos – e por isso tão difícil. Como controlar o que vai no coração alheio? Em um mundo
assim, Comunicação deixa de ser apenas mais uma soft skill que todo conselheiro deve ter. Ela passa
a ser um item fundamental, que necessita de especialistas gabaritados à frente.

Diversidade em Conselhos de Administração é um tema que tem sido muito debatido, com toda
razão. Precisamos – muito! – de diversidade de gênero e de raça. Mas para a diversidade ser efetiva,
precisamos ir além e incluir olhares diversos dentro dos Conselhos. O básico já está lá: assentos
ocupados por especialistas em Finanças, Administração, Economia e Contabilidade. Mas o mundo
contemporâneo precisa de mais, muito mais. Por isso, aqui vai a minha provocação: será que as
companhias estão preparadas para o que vamos enfrentar nos próximos anos?
Um amigo diz que, "se tá no Google é pra sempre". Tomo a liberdade de acrescentar: Se alguém fez
print, o deslize também é eterno.

Imagine um advogado, economista ou médico renomado. Todos bem sucedidos e referências em


suas áreas. Mas, apesar deste reconhecimento, com uma repercussão aquém do seu potencial. Por
algum motivo, pouco acessado pela imprensa, palestras ou uma visibilidade tímida e pouco eco nas
redes sociais.
O problema, acredite, pode não ser o currículo ou competência técnica destes profissionais. Mas o
posicionamento de marca, disponibilidade e atitude e, principalmente, a forma como eles se
comunicam.
Vou me ater ao último ponto (embora os outros dois mereçam um aprofundamento qualquer hora), e
empregar um exemplo que vivenciei inúmeras vezes para ilustrar meu ponto.
Atuei muito tempo em redação de TV com os desafios diários de cobrir os principais assuntos do dia,
e uma equipe pequena para dar conta do recado com a qualidade exigida. A necessidade foi
moldando toda equipe para agilizar a tomada de decisão. Precisava de um especialista para uma
entrevista? Vinham dois ou três nomes à mente e o consenso era o seguinte:
- Fulano é fera. Mas agenda com o Cicrano, porque ele fala melhor.
Redações são práticas por absoluta necessidade, e se apoiam em profissionais que conversem melhor
com seu público. E isso acaba deixando pelo fontes capacitadas, que não atentaram para a
necessidade de simplificar a mensagem, traduzir conceitos, explicar temas complexos para que não é,
nem pretende ser especialista no assunto – já falei sobre esse tema aqui no LinkedIn.

Lembro que uma entrevista é uma oportunidade ímpar porque é uma mídia gratuita, dribla os
mecanismos de defesa do ego (diferentemente da publicidade, as pessoas se abrem para receber este
conteúdo), fortalece a #reputação do profissional (que é visto como um profissional destacado), e
Mas para ocupar este espaço é preciso compreender para quem vai falar. Não é loca, nem hora para
falar aos pares (todos formados na área e grandes entendedores do assunto), e se preocupa em
traduzir informações, orientar a dona de casa, o operário, o aposentado ou estudante. Gente que não
compreende nada de determinado tema, não tem pretensão de se tornar expert, mas que precisa de
ajuda para compreender e assimilar um tema que é complexo.
Então, se você é advogado, médico, dentista, engenheiro ou qualquer profissional super
especializado, redobre o cuidado na hora de falar para a imprensa. Jornalistas valorizam – e o público
gosta mais – quem desce do pedestal e se comunica com simplicidade.

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