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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS


ACADEMIA REAL MILITAR (1811)
CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES

Guilherme Policarpo Milani

APRESENTAR UMA FORMA DE INVESTIR, QUE EVITE O ENDIVIDAMENTO E


CRIE CONDIÇÕES QUE PROPORCIONE EQUILÍBRIO FINANCEIRO AO
OFICIAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Resende
2020
1

Guilherme Policarpo Milani

APRESENTAR UMA FORMA DE INVESTIR, QUE EVITE O ENDIVIDAMENTO E


CRIE CONDIÇÕES QUE PROPORCIONE EQUILÍBRIO FINANCEIRO AO
OFICIAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação


em Ciências Militares, da Academia Militar das
Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Ciências Militares.

Orientador: Luciano Velôzo Gomes Pedrosa

Resende
2020
2

Guilherme Policarpo Milani

APRESENTAR UMA FORMA DE INVESTIR, QUE EVITE O ENDIVIDAMENTO E


CRIE CONDIÇÕES QUE PROPORCIONE EQUILÍBRIO FINANCEIRO AO
OFICIAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação


em Ciências Militares, da Academia Militar das
Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Ciências Militares.

Aprovado em ____ de ___________________ de 2020:

Banca examinadora:

____________________________________________________________
Luciano Velôzo Gomes Pedrosa - Cap
(Presidente/Orientador)

____________________________________________________________
Ubirajara Rodrigues - Cel

____________________________________________________________
Eliel Gonçalves Villa Nova - Cap

Resende
2020
3

Dedico este trabalho à minha família, por me apoiarem em todas as situações em que
tive de tomar importantes decisões que mudariam totalmente os rumos de minha vida e,
principalmente, aos meus pais que dedicaram tanto tempo e suor em prol da minha educação e
da formação do meu caráter.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus que me deu o dom da vida e me guiou através de toda
minha trajetória até aqui. Agradeço aos meus pais por dedicarem tanto tempo e suor em prol
da minha educação e da formação do meu caráter. Agradeço ao meu orientador por todos os
ensinamentos e direções dadas para a formulação deste trabalho. Agradeço, também, aos
companheiros de arma por sempre se mostrarem presentes em todos os momentos, sejam os
de felicidades, ou sejam os de preocupação.
5

RESUMO

APRESENTAR UMA FORMA DE IVESTIR, QUE EVITE O ENDIVIDAMENTO E


CRIE CONDIÇÕES QUE PROPORCIONE O EQUILÍBRIO FINANCEIRO AO
OFICIAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO

AUTOR: Guilherme Policarpo Milani


ORIENTADOR: Luciano Velôzo Gomes Pedrosa

“Sair do vermelho” e estar em uma condição financeira estável é o que traz tranquilidade para
muitos homens. Infelizmente, no Brasil, uma grande parcela da população se quer possui uma
educação financeira mínima, o que explica o grande número de inadimplentes no mercado
brasileiro. Além disso, a população brasileira também é caracterizada por um certo “impulso
para consumir”, ou seja, vê-se necessário adquirir determinado produto ou serviço a fim de
satisfazer um desejo. E, quando aliamos esse desejo à facilidade de crédito, obtemos uma
conta que, muitas vezes, não fecha da maneira mais desejada. Por ocupar um lugar nobre
dentro da nação brasileira, o oficial do exército brasileiro é detentor de uma remuneração
confortável se a compararmos com profissionais de outras carreiras no país, principalmente,
nos seus primeiros anos. Porém, isso pode vir alinhado com um consumo desenfreado,
ocasionando dívidas e dificuldades para a construção de um patrimônio financeiro estável.
Deve-se entender que, antes de tudo, o oficial do Exército Brasileiro é militar da ativa, e,
portanto, não possui um tempo disponível para estudar o mercado e entender todos os fatores
que influenciam o mesmo. Por isso, deve optar por uma opção simples e mais conservadora
de investimento, buscando sempre alcançar uma rentabilidade interessante no longo prazo, o
que não é difícil se o militar aplicar seus recursos com regularidade e disciplina, virtudes que,
inclusive, são muito bem valorizadas em nossa instituição.

Palavras – chave: Equilíbrio Financeiro. Endividamento. Oficial do Exército Brasileiro.


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ABSTRACT

PRESENT A WAY TO INVEST, THAT AVOID INDEBTEDNESS AND CREATE


CONDITIONS THAT PROVIDE FINANCIAL BALANCE TO THE BRAZILIAN
ARMY OFFICER

AUTHOR: Guilherme Policarpo Milani


ADVISOR: Luciano Velôzo Gomes Pedrosa
“Getting out of the red” and being in a stable financial condition is what brings tranquility to
many men. Unfortunately, in Brazil, a large portion of the population do not have a minimum
financial education, which explains the large number of defaulters in the Brazilian market. In
addition, the Brazilian population is also characterized by a certain “impulse to consume”,and
it is necessary to purchase a certain product or service in order to satisfy a desire. So, when
we combine this desire with the credit facility, we obtain an account that, many times, does
not close in the best way. As he or she occupies a noble place within the Brazilian nation, the
Brazilian army officer has a comfortable remuneration when compared to professionals from
other careers in the country, especially in his early years. However, this can come in line with
unbridled consumption, causing debts and difficulties in building a stable financial patrimony.
It should be understood that, first of all, the Brazilian Army officer is an active military, and
therefore does not have the time available to study the market and understand all the factors
that influence it. Therefore, it should choose a simple and more conservative investment
option, always seeking to achieve an interesting profitability in the long run, which is not
difficult if the military invests its resources regularly and with discipline, virtues that are even
very well valued. in our institution.

Keywords: Financial Balance. Indebtedness. Brazilian Army Officer.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Layout da pesquisa disponibilizada na plataforma Formulários Google................17


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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Capacidade em bem administrar o soldo de Oficial do Exército Brasileiro......... 20


Gráfico 2 – Oficiais que possuem dívidas .............................................................................. 21
Gráfico 3 – Hábito de poupar periodicamente ........................................................................ 22
Gráfico 4 – Frequência dos Aportes ....................................................................................... 22
Gráfico 5 – Tipos de Investimentos Realizados ...................................................................... 23
Gráfico 6 – Perfil de Investidor do Oficial do Exército Brasileiro ......................................... 24
Gráfico 7 – Motivos que Dificultam o Oficial a realizar seus Investimentos ......................... 25
Gráfico 8 – Carteira Conservadora ......................................................................................... 27
Gráfico 9 – Carteira Moderada ............................................................................................... 27
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMAN Academia Militar das Agulhas Negras


ANBIMA Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
BDR Brazilian Depositary Receipt
EB Exército Brasileiro
CDB Certificado de Depósito Bancário
ETF Excjange-Traded Fund
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
R$ Reais
% Percentual
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................11
1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................................12
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................12
1.1.2 Objetivos específicos .....................................................................................................12
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................13
2.1 INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA ...............................................................................13
2.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA .........................................................................................13
2.3 REGRA DOS 80 .............................................................................................................13
2.4 ENDIVIDAMENTO........................................................................................................14
2.5 PERFIL DE INVESTIDOR ............................................................................................14
2.6 CARTEIRA DE INVESTIMENTOS .............................................................................15
3 REFERENCIAL METODOLÓGICO.........................................................................16
3.1 TIPO DE PESQUISA......................................................................................................16
3.2 MÉTODOS......................................................................................................................17
3.2.1 Avaliação do Perfil Financeiro..........................................................................................17
3.2.2 Avaliação do Conhecimento e do Hábito nos Investimentos .....................................18
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................................19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................20
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................26
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................27
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1 INTRODUÇÃO

O equilíbrio financeiro é, sem dúvida, um grande objetivo a ser alcançado pelo homem
do século XXI. Desde cedo, percebe-se a importância de adquirir um bom patrimônio com a
finalidade de poder aproveitá-lo o mais cedo possível e da melhor maneira possível. Segundo
CERBASI (2013, p.256) “Saber investir é fundamental para alcançar a tão sonhada
independência financeira e um futuro mais tranquilo para você e seus dependentes”.
Infelizmente, a maioria dos brasileiros é caracterizada por receber uma educação
financeira precária e, muitas vezes, problemática. Isso cria diversos obstáculos ao investidor
iniciante que, geralmente, não conhece as diversas opções de investimento presentes no Brasil
e no mundo e, não investe de maneira inteligente parte de sua remuneração.
O oficial do exército brasileiro é detentor de uma remuneração confortável se a
compararmos com profissionais de outras carreiras no país, principalmente, no início da
carreira. Infelizmente, isso não vem necessariamente acompanhado por uma boa educação
financeira, podendo o militar cometer alguns erros na hora de administrar seu patrimônio.
Diante disso, encontra-se a seguinte problemática: quais são os obstáculos enfrentados
pelo oficial? O que o oficial não deve fazer ao investir? Quais qualidades o oficial deve
possuir? Quais alternativas o oficial possui para bem alocar seus recursos?
Esta pesquisa justifica-se por buscar uma forma adequada de investimento alinhada
com a rotina do oficial, que, na sua maioria, não possui um tempo na sua agenda destinado ao
estudo desse assunto. Trata-se também de mostrar ao oficial que “Se decidir manter uma vida
um pouco mais simples do que a que seus pares levam, apertando um pouco o cinto para
atingir seus objetivos em menos tempo, logo chegará o momento em que sua sensação será a
de que seu dinheiro jorra da conta bancária, multiplicando-se com facilidade”. (CERBASI,
Gustavo, 2013, p.17). Vale lembrar, também, que começar cedo e da forma correta pode
diferenciar um milionário de um endividado. Segundo CERBASI, Gustavo (2011, p.152) “É
menos difícil convencer um estudante que recebe R$ 6,00 mensais de bolsa-estágio a poupar
30% do que ganha do que convencer um chefe de família de 50 anos a poupar 10% da renda,
se ele nunca cultivou o hábito de fazer reservas”.
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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Apresentar uma forma de investir, que evite endividamento e crie condições que
proporcione equilíbrio financeiro ao oficial do Exército Brasileiro.

1.1.2 Objetivos específicos

Identificar uma forma de investimento adequada ao oficial do Exército Brasileiro,


levando em consideração sua remuneração e seu Perfil de Investidor;
Identificar a proporção dos oficiais do Exército Brasileiro que adquirem dívidas
durante a carreira;
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

“Independência financeira pode ser entendida como ter uma renda garantida que
satisfaça as nossas necessidades”. (FRANCISCHETTI; CAMARGO; DOS SANTOS,2014,
p.5). “Independência financeira não é apenas ter uma renda permanente que não diminua o
padrão de vida alcançado. O importante é definir qual será o padrão a ser mantido, e qual será
o valor financeiro suficiente para garantir este padrão, a fim de satisfazer as necessidades”.
(FRANCISCHETTI; CAMARGO; DOS SANTOS, 2014).

2.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Educação financeira, um conceito que nós brasileiros não estamos acostumados a


ouvir em nosso dia a dia, significa deter ou obter os conhecimentos necessários ao investidor
em potencial relacionados às diversas opções de aplicabilidade de seu capital, seja ele uma
remuneração mensal ou uma gratificação qualquer.
“Por meio da análise da grade escolar da educação básica (ensino fundamental, ensino
médio e técnico), nota-se a ausência de qualquer tema ou matéria relacionado à educação
financeira pessoal”. (FERNANDES; CANDIDO, 2014, p. 8).
Segundo Cerbasi (2009, p. 69), “É rico quem tem uma vida feliz, saúde para vive-la e
também uma renda garantida para manter essa felicidade conquistada ao longo da existência”.
O Exército Brasileiro propicia aos militares o conhecimento a respeito da educação
financeira, o que é de suma importância para a vida do militar, tendo em vista que um oficial,
principalmente em combate, durante o qual ele necessita de tranquilidade para exercer sua
função; e o fato de estar bem financeiramente garante ao mesmo essa tranquilidade.
(BRASIL, 2015).

2.3 REGRA DOS 80

Especialistas em diversos países gostam de vincular o perfil do investidor à sua idade


no momento de compor uma carteira de investimento. Em países mais desenvolvidos, como
nos Estados Unidos, especialistas recomendam a “Regra dos 100”, ou seja, subtrai-se sua
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idade de 100, e esse deve ser o percentual de sua carteira em ativos de renda variável ou que
possuam maiores riscos.
No Brasil, especialistas recomendam ajustar essa fórmula para a regra dos 70 ou dos
80, devido ao maior risco dos investimentos no Brasil. Provavelmente, o motivo
desse maior conservadorismo seja uma combinação de maior risco de nosso
mercado de ações e de uma menor expectativa de vida. Se você não quer correr
riscos excessivos, sugiro ajustar a formulação para a regra dos 80, um número
razoável para a expectativa de vida da classe média brasileira. Segundo essa regra,
uma pessoa de 20 anos deveria investir 60% de sua poupança em ações, e reduzir
essa participação à medida que envelhece. Obviamente, essa regra supõe que o
investidor ativo ou um profissional do mercado de investimentos. (CERBASI, 2013,
p.115).

2.4 ENDIVIDAMENTO

Caracteriza-se por ser o processo de aquisição de dívidas, de forma que os juros


compostos trabalhem contra o indivíduo e seu patrimônio, causando um efeito “bola de neve”
que dificulta cada vez mais a saída dessa situação desconfortável e prejudicial. “Atualmente, o
endividamento das famílias recebe atenção pública devido ao elevado número de devedores
incapazes de pagar suas dívidas. De forma geral, a percepção da dívida é afetada pela situação
financeira atual e pelas expectativas de rendas futuras”. (KEESE, 2012).
Segundo o Caderno de Instrução de Educação Financeira, elaborado pelo Exército
Brasileiro, o endividamento possui essas principais causas: “desconhecimento de educação
financeira, consumismo, marketing publicitário e crédito fácil”. (BRASIL, 2015).

2.5 PERFIL DO INVESTIDOR

Antes de iniciar qualquer investimento, as instituições financeiras possuem o hábito de


realizar um questionário com o agente superavitário, ou seja, a pessoa que possui uma receita
maior do que as suas despesas. Tudo com a finalidade de orientar o seu cliente quanto às
modalidades de investimentos recomendadas para o mesmo. Esse processo é de suma
importância também para o próprio investidor, pois é o indivíduo que tomará as decisões e
sofrerá as consequências dessas escolhas.
O investidor consciente não toma suas decisões baseado nas tendências
sentimentalistas de um determinado cenário, seja otimista ou pessimista. Mas sim, processa
15

informações de forma objetiva considerando todos os dados disponíveis com base em um


conjunto pré-estabelecido de preferências. (Theilacker, 2008). Esse conjunto de preferências é
justamente o perfil de investidor de cada indivíduo.

2.6 CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

É uma combinação de diferentes modalidades de investimentos em que cada


modalidade possui uma determinada porcentagem ou relevância na carteira. Essa
porcentagem ou relevância é determinada com base no perfil de investidor da pessoa que
realiza o investimento. Dessa forma, as instituições financeiras, geralmente, realizam a
montagem de uma carteira de investimentos com a mesma nomenclatura, são elas: carteira
conservadora, carteira moderada e carteira arrojada.
É importante ressaltar que investimento significa alocar um determinado capital em
certo ativo, seja esse ativo tangível ou não, com a finalidade de receber um valor maior no
futuro. Ou seja, um investimento compreende desde a criação de uma empresa que produz um
negócio ou um projeto independente pessoal ou jurídico. (LEMES; RIGO; CHEROBIM,
2005).
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3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

3.1 TIPO DE PESQUISA

Foi realizada uma pesquisa de campo realizada pelo autor com coleta de dados a fim
de avaliar o perfil financeiro em que se encontram os oficiais de carreira do Exército
Brasileiro. Esses dados foram restritos aos oficiais de carreira subalternos do EB formados na
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) há, no máximo, 6 anos.
Esta pesquisa foi desenvolvida através da plataforma Formulários Google e
disponibilizada aos colaboradores por meio do link
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeZd7rKE3j6qHkMVx_MvJAb82sZqhLxQ2D7
HmUegE2CcWdASw/viewform?usp=sf_link.
A pesquisa foi realizada com a colaboração de 25 militares nas condições informadas
acima que responderam às perguntas que lhes foram destinadas. As respostas foram colhidas
em um período de 30 dias, compreendendo os dias 20 de abril de 2020 à 20 de maio de 2020.
As variáveis da pesquisa foram: a capacidade de bem administrar o próprio soldo, a
posse ou não de dívidas, o hábito de poupar, as modalidades de investimentos já realizadas, o
perfil de investidor, a frequência dos aportes e os motivos para não poupar.

Figura 1 – Layout da pesquisa disponibilizada na plataforma Formulários Google


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3.2 MÉTODOS

Foi disponibilizada uma pesquisa na plataforma Google com a finalidade de obter os


seguintes dados: se o oficial possui capacidade de bem administrar o próprio soldo, se o
oficial possui ou não dívidas, se cultiva o hábito de poupar, quais as modalidades de
investimentos já utilizadas, qual o perfil de investidor do oficial, qual a frequência dos aportes
e os motivos pelos quais o oficial por acaso não realize qualquer tipo de investimento.

3.2.1 Avaliação do Perfil Financeiro

Primeiramente, torna-se necessário tomar ciência a respeito da confiança do militar em


administrar o próprio soldo. Muitos oficiais deparam-se com uma quantidade de receita
mensalmente em sua carteira, por vezes, nunca administrada antes, pois o soldo que o mesmo
militar costumava receber nos 5 anos anteriores à sua promoção é significantemente menor e,
portanto, mais fácil de administrá-lo de maneira eficiente.
Após realizado essa etapa, é necessário conhecer as dívidas que o militar pode ter
adquirido durante sua trajetória. Alguns, por falta de conhecimento, principalmente a respeito
do funcionamento dos juros compostos, acabam realizando empréstimos com a intenção de
realizar, no presente, a compra de um bem ou a realização de um sonho, mesmo pagando um
valor mais alto. Outros, porém, adquirem empréstimos em situações emergenciais, pelo fato
de não possuírem uma reserva monetária destinada a imprevistos. Nesse caso, a recorrência ao
empréstimo torna-se necessária para que não ocorram consequências indesejáveis.
Mesmo fazendo parte da mesma profissão, os militares possuem diversas diferenças
em relação à personalidade de cada indivíduo, e isso não é diferente no aspecto financeiro. A
grande parte dos educadores financeiros procuram dividir os indivíduos em três grandes
grupos: conservadores, moderados e arrojados.
Segundo CASTRO (2018, p.11) o investidor conservador caracteriza-se por ser
intolerante ao risco e faz de tudo para minimizar qualquer hipótese de perda de capital, porque
não há espaço para a perda de patrimônio em quase nenhum momento, com uma expectativa
de que a rentabilidade acompanhe as taxas nominais dos juros correntes.
O investidor moderado caracteriza-se por possuir uma certa tolerância ao risco,
admitindo perdas temporárias de patrimônio em situações pouco usuais, ou seja, busca
18

equilíbrio nas finanças, mas com expectativa de rentabilidade superior às alternativas


tradicionais de investimentos.
Já o investidor arrojado é definido por aceitar correr maiores risco em prol de uma
maior rentabilidade e, para isso, costuma alocar a maior parte de seus recursos em ativos de
renda variável. Também é caracterizado por ter alta tolerância ao risco, aceitando como
normais as oscilações de curto e médio prazos, com a expectativa de rentabilidade e
considerável crescimento de capital.

3.2.2 Avaliação do Conhecimento e do Hábito nos Investimentos

Cada indivíduo traz uma imagem diferente à mente quando se depara com o termo
“investimento”. A maioria do público nascido até a década de 80, acredita muito no
investimento em imóveis, pois “ Os imóveis eram uma alternativa segura de manter seu
patrimônio sem que este fosse devorado pela inflação e, também, porque até pouco tempo
atrás havia escassas alternativas de investimentos para quem possuía um patrimônio menor”.
CERBASI (2013, p.220).
Já o público mais jovem, devido ao advento da internet e das mídias sociais desde o
início do século XXI, procura por alternativas menos burocráticas e mais simples no momento
de realizar um investimento. Hoje, com alguns cliques é possível adquirir diferentes
modalidades de investimento e realizar a montagem de uma carteira dinâmica e resistente às
variações do mercado financeiro.
Vale lembrar que os oficiais subalternos do EB constituem um grupo jovem, recém
egressos do universo acadêmico e, por isso, estão habituados com a utilização dos meios
digitais presentes para as finalidades mais diversas. Toda essa evolução facilita o acesso às
mais diversas modalidades de investimentos, como: caderneta de poupança, títulos públicos,
fundos imobiliários, ações, opções, fundos de investimento, entre outros. Com a pesquisa
realizada, foi possível observar a quantidade de oficiais que já realizam alguns investimentos
e, ainda, quais os tipos de investimentos mais frequentes nesse universo.
Outra virtude importante nos investimentos é a disciplina para com os investimentos.
Muitos leigos acreditam que é necessário ter um patrimônio vultuoso antes de investi-lo,
porém, a consistência nos aportes, independentemente do valor, é o verdadeiro segredo para o
sucesso no longo prazo. “ Não espere ter uma fazenda um trator potente e uma colheitadeira
para começar a plantar. Se tem pouco para investir, comece com o que tem, mas plante com
consistência. Quanto mais tempo tiver pela frente, mais seus pés de dinheiro se multiplicarão
19

em tamanho, crescendo no ritmo dos rendimentos de seu investimento. ” (CERBASI, 2013,


p.81).
Por isso, é imprescindível que o investidor mantenha o seu ritmo nos aportes, sejam
eles realizados a cada mês, a cada semestre ou a cada ano. Como os militares recebem sua
remuneração mensalmente, é mais fácil organizar os aportes da mesma forma. Assim, o
militar seleciona a modalidade de investimento que priorizará na sua carteira em um
determinado mês e, também, estipula a quantidade de moeda que será investida.

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram elencadas as perguntas relacionadas anteriormente, o tratamento estatístico e a


análise comparativa dos dados coletados no período de 20 de abril de 2020 à 20 de maio de
2020 através da plataforma Google Forms. Todas as respostas tiveram seus percentuais
avaliados e todas as informações retiradas da pesquisa foram utilizadas para a produção dos
resultados apresentados a seguir.
20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando as respostas recebidas durante o período da pesquisa, observa-se que a


maioria dos oficiais entrevistados (84%) se consideram capazes de administrar a sua
remuneração de uma maneira saudável, sem grandes dificuldades (Gráfico 1). A minoria dos
entrevistados (16%) diz não ter certeza sobre a capacidade de bem gerir o seu soldo, ou seja,
vislumbram algumas dificuldades na gerência da própria remuneração. Nenhum dos
entrevistados afirmou ter certeza a respeito da incapacidade em bem gerir seus recursos.
Desse modo, torna-se importante a ideia de que “planilhas e cálculos são ferramentas
importantes para administrar o dinheiro, mas é fundamental entender que elas não mudam o
comportamento de uma pessoa, é preciso ocar nos hábitos e nos costumes (BRASIL, 2015)

Gráfico 1 – Capacidade em Bem Administrar o Soldo de Oficial do EB

Fonte: AUTOR (2020)

O endividamento é um aspecto fundamental para se conhecer a saúde financeira de


qualquer indivíduo. Geralmente, é causado devido um desconhecimento a respeito do assunto
educação financeira, associado ao consumismo e ao crédito fácil, este último muito frequente
no universo dos militares de carreira, devido a sua estabilidade.
Analisando os resultados da pesquisa, observa-se que a maioria dos oficiais (72%) não
possuem dívidas como: financiamento de imóveis, automóveis ou empréstimos em geral
(Gráfico 2), o que representa uma boa média se levarmos em consideração que a média de
21

famílias endividadas na totalidade da população brasileira é de 54%, segundo o Instituto de


Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Apenas 28% dos oficiais declararam possuir algum
tipo de endividamento.

Gráfico 2 – Oficiais que Possuem Dívidas

Fonte: AUTOR (2020)

Como já mencionado anteriormente, a disciplina nos aportes no início da vida


financeira do indivíduo é mais importante do que a quantia necessariamente empregada no
investimento.
Ao analisar a pesquisa, a grande maioria do universo de oficiais (80%) demonstra
possuir o hábito de poupar parte de sua remuneração (Gráfico 3), contra 20% de militares que
não possuem tal hábito. Isso demonstra que com algum conhecimento agregado em relação à
investimentos, o militar tem a possibilidade de melhorar a sua rentabilidade e fazer com que
esse dinheiro que está guardado seja então multiplicado.
22

Gráfico 3 – Hábito de Poupar Periodicamente

Fonte: AUTOR (2020)

A análise da pesquisa também nos permite concluir que a grande maioria do público
(76%) já possui o hábito de realizar aportes mensais (Gráfico 4). Dessa forma, entende-se que
os oficiais, que já foram exaustivamente cobrados quanto à sua disciplina durante todo seu
processo de formação, possuem a mesma disciplina para com os seus investimentos, o que, no
longo prazo, possibilita uma maior valorização do capital investido.

Gráfico 4 – Frequência dos Aportes

Fonte: AUTOR (2020)


23

Há no mercado um grande emaranhado de modalidades de investimentos e, quando o


investidor iniciante se depara com todas essas opções, pode se perguntar qual investimento
seria ideal no momento de aplicar o seu capital. Foram elencados na pesquisa apenas os
investimentos mais conhecidos no mercado financeiro nacional e internacional, com suas
respectivas porcentagens (Gráfico 5), dentre eles: caderneta de poupança (42,9%), previdência
privada (19%), títulos públicos federais (61,9%), imóveis (4,8%), fundos imobiliários
(38,1%), CDB (61,9%), fundos de investimentos (23,8%), ações (52,4%), opções (4,8%),
ETF (14,3%) e BDR (4,8%).

Gráfico 5 – Tipos de Investimentos Realizados

Fonte: AUTOR (2020)

Torna-se importante ressaltar que as modalidades mais utilizadas pelo público alvo
foram os títulos públicos federais (61,9%) e os CDBs (61,9%), ambos ativos de renda fixa.
Isso mostra que a maioria do universo dos oficiais apresenta uma aversão ao risco, aplicando
seu patrimônio nas modalidades mais seguras, porém que não entregam rendimentos acima da
taxa de juros nominal.
Também fica claro a pouca exposição do público alvo aos investimentos
internacionais, como BDRs (4,8%). O fato de deixar todo o capital em uma só moeda (Real)
pode não ser a melhor opção, já que o Brasil não possui uma economia tão bem consolidada
como alguns países de primeiro mundo. Alocar uma determinada parcela do capital em
24

investimentos internacionais expõe o investidor a moedas mais fortes e que já se provaram ao


longo do tempo, como é o caso do Dólar.

Realizando a análise do perfil de investidor dos participantes, nota-se que a 44%


consideram-se investidores conservadores (Gráfico 6), seguido por 40% que afirmam possuir
um perfil moderado e, por último, apenas 16% do público entrevistado declarou-se possuir
um perfil arrojado em seus investimentos. Com isso, temos um resultado muito bem adequado
ao público alvo da pesquisa, pois como foi abordado anteriormente o oficial busca uma certa
estabilidade no decorrer de sua vida. Segundo DE MIRANDA (2014, p.9), “...salta os olhos a
estabilidade como fator importante para a escolha profissional entre os oficiais”.

Gráfico 6 – Perfil de Investidor do Oficial do Exército Brasileiro

Fonte: AUTOR (2020)

A última análise da pesquisa permite enxergar os principais motivos que afastam ou


não o quadro de oficias de carreira do Exército do mundo dos investimentos (Gráfico 7). Uma
parcela significante dos oficiais não investidores (42%), afirma não investir por falta de
conhecimento a respeito do mercado financeiro e suas aplicações. Sabe-se que em plena era
da informação, esse conhecimento não é mais restrito à um grupo de profissionais do mercado
financeiro, podendo também o oficial do EB adquirir esses conhecimentos das mais variadas
formas, como: livros, artigos científicos, cursos e conteúdo gratuito na rede internacional de
25

computadores. Enquanto isso, 16% dos oficiais afirmou não se sentir seguro com o cenário
atual, o que reforça a tese de que, geralmente, o oficial possui um perfil avesso ao risco.
Apenas 12% afirmou não realizar nenhum investimento pois não sobra dinheiro,
caracterizando uma falta de controle no orçamento desses militares, pois o investimento é
necessário para uma vida financeira tranquila e equilibrada.

Gráfico 7 – Motivos que Dificultam o Oficial a realizar seus Investimentos

Fonte: AUTOR (2020)


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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que quase a totalidade dos militares questionados possuem confiança para
administrar bem seu soldo de oficial do Exército, o que é um fator importantíssimo na tomada
de decisões durante toda a carreira. Para se tomar boas decisões, primeiramente é necessário
estar seguro e confiante.
O índice de endividamento dos oficiais que constituíram o universo da pesquisa foi
bem baixo, principalmente quando o comparamos ao índice das famílias na sociedade
brasileira. O fato de não possuir dívidas garante uma certa tranquilidade ao indivíduo no
momento de planejar sua vida financeira e, de certa forma, o militar que inicia sua carreira
endividado encontra-se há alguns passos mais distante de adquirir sua própria independência
financeira.
Por isso, o oficial do EB deve se manter atento às tentações de consumir um bem ou
um serviço que não cabe no seu orçamento naquele momento de sua carreira, pois estar em
conflito com a sistemática dos juros compostos nunca será uma boa opção. O baixo índice de
endividamento e o hábito de poupar uma parcela da remuneração constituem uma excelente
base para a construção de um patrimônio capaz de possibilitar uma vida financeira equilibrada
e estável ao oficial de carreira do Exército Brasileiro.
Ao analisarmos o perfil de investidor dos oficiais que constituíram o universo da
pesquisa, observa-se que a grande maioria apresenta um perfil conservador ou moderado.
Nota-se, também, que se torna inviável a aplicação da “regra dos 80” para esse público, visto
que essa regra supõe que o investidor seja ativo ou um profissional do mercado de
investimentos, o que descaracteriza o oficial do EB.
Como conclusão, apresenta-se dois exemplos de constituição de uma carteira de
investimentos, uma para um perfil conservador e outra para o perfil moderado, sendo ambas
recomendadas por uma instituição financeira reconhecida no cenário nacional. As carteiras
apresentadas possuem um caráter simples e de fácil compreensão, a fim de bem recepcionar o
militar no mercado financeiro. Com o tempo, o próprio indivíduo acaba por adquirir certa
experiência e termina por não depender de uma instituição financeira para tomar todas as
decisões em seu lugar.
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Fonte: XPI, 2020.

Fonte: XPI, 2020.


A fim de aperfeiçoar ainda mais a rentabilidade dos investimentos e a sustentabilidade
da sua carteira, o oficial necessita demonstrar interesse na busca de conhecimentos a respeito
do mercado financeiro e o mundo dos investimentos. Com a tecnologia que possuímos nos
dias atuais, essa tarefa torna-se ainda mais fácil devido a facilidade no acesso à essas
informações.
Há diversas maneiras de conseguir esse tipo de conteúdo de forma imediata e gratuita.
E-books, livros, vídeos, cursos, planilhas e até nas mídias sociais como Instagram, Facebook
e Twitter é possível extrair conteúdos de ótima qualidade que possuem a capacidade de
orientar o militar no momento de realizar seus investimentos e alocar seu capital e da sua
família.
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Por fim, é importante que sejam realizados ainda mais estudos com a finalidade de
criar um conteúdo mais direcionado aos oficias de carreira do Exército Brasileiro, para que
esses adquiram um maior conhecimento a respeito do assunto e possam realizar seus
investimentos, na prática, com maior segurança e, dessa forma, possibilitar uma vida
financeira com equilíbrio que, como consequência, trará um bom rendimento em todas as
missões que serão realizadas ao longo de sua carreira.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Caderno de instrução de educação


financeira. Brasília, 2015.

CASTRO, T. C. Montagem e gestão de carteira de investimentos: oportunidades de


negócios para investidores de perfil conservador, moderado e arrojado. Brasília, 2018.

CERBASI, Gustavo. Investimentos Inteligentes. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira pessoal
na prática. Rio de janeiro: Elsevier, 2009.

CERBASI, Gustavo. Pais inteligentes enriquecem seus filhos. Rio de Janeiro: Sextante,
2011.

DE MIRANDA, Denis. A construção da identidade do oficial do Exército Brasileiro.


Brasília, 2014.

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Educação financeira e nível de endividamento: relato de pesquisa entre os estudantes de
uma instituição de ensino da cidade de São Paulo. São Paulo, 2014.

FRANCISCHETTI, C. E.; CAMARGO, L. S. G.; DOS SANTOS, N. C. Revista de Finanças


e Contabilidade da UNIMEP. Qualidade de vida, sustentabilidade e educação financeira.
São Paulo, 2014.

KEESE, M. Who feels constrained by high debt burdens? Journal of Economic


Psychology, 33, 125-141.

LEMES Júnior, Antônio B.; RIGO, Cláudio M.; CHEROBIM, A. Paula M. S. Administração
Financeira: princípios, fundamentos e práticas trabalhistas. 2ª ed. RJ: Elsevier, 2005.
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