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DIRETRIZES
Essas diretrizes são resultado de diversas reuniões 3. RCT com estudos caso-controle de desfechos substitutos não
da Sociedade Brasileira de Doenças validados.
Cerebrovasculares (SBDCV, site www.sbdcv.org.br), 4. Estudo com desfecho clínico, mas com um viés potencial mais alto
que representa o Departamento Científico em (como no experimento sem grupo de comparação e outros
doenças cerebrovasculares da Academia Brasileira de estudos observacionais).
Neurologia, responsável pela opiniões e projetos 5. Foro representativo ou opinião de especialistas sem as
educativos relacionados às doenças provas acima.
cerebrovasculares. Integrantes da SBDCV
participaram de fórum de discussão via web com
temas pré-definidos, seguido de reunião presencial NOTAS DE RECOMENDAÇÃO
formal em que foram discutidas as controvérsias e as
posições finais. Por fim, foi criado um grupo de UMA
Revisão sistemática (homogênea) de RCT; ou RCT único com
redação para revisar e traduzir o documento final, que intervalo de confiança estreito; ou resultados terapêuticos do
foi aprovado por todos os membros da SBDCV. O tipo “tudo ou nada”.
texto final visa orientar especialistas e não B Revisão sistemática (homogênea) de estudos de coorte; ou estudo de
especialistas em AVC no manejo de pacientes com coorte e RCT de qualidade inferior; ou pesquisa de resultados ou
AVC isquêmico agudo.1. Nas recomendações finais, foi estudo ecológico; ou revisão sistemática (homogênea) de estudos
utilizada a classificação de Oxford para nível de caso-controle; ou estudo de caso-controle.
evidência e grau de recomendação: C Relatos de caso (incluindo estudo de coorte ou caso-controle de
qualidade inferior).
D Opinião especializada sem avaliação crítica, baseada em estudos
NÍVEIS DE EVIDÊNCIA fisiológicos ou em animais.
1. Ensaio clínico randomizado controlado (RCT) ou revisão Nessa primeira parte das diretrizes, os temas específicos
sistemática (SR) de RCT com desfechos clínicos. incluídos foram: epidemiologia, AVC como emergência médica,
2. RCT ou SR de qualidade inferior: com endpoints substitutos e educação, manejo pré-hospitalar, manejo de emergência,
validados; com análise de subgrupo ou coma posteriori neuroimagem e avaliação laboratorial. Uma versão traduzida
hipóteses; com desfechos clínicos, mas com falhas dessas diretrizes para o português está disponível no site da
metodológicas. Sociedade (www.sbdcv.org.br).
Comitê Executivo:Charles André, Aroldo Luiz Bacellar, Daniel da Cruz Bezerra, Roberto Campos, João José Freitas de Carvalho, Gabriel Rodrigues de Freitas,
Roberto de Magalhães Carneiro de Oliveira, Sebastião Eurico Melo de Souza, Soraia Ramos Cabette Fábio, Eli Faria Evaristo, Jefferson Gomes Fernandes, Maurício
Friedrich, Marcia Maiumi Fukujima, Rubens José Gagliardi, Sérgio Roberto Haussen, Maria Clinete Sampaio Lacativa, Bernardo Liberato, Alexandre L. Longo, Sheila
Cristina Ouriques Martins, Ayrton Roberto Massaro, Cesar Minelli, Carla Heloísa Cabral Moro, Jorge El- Kadum Noujaim, Edison Matos Nóvak, Jamary Oliveira-Filho,
Octávio Marques Pontes-Neto, César Noronha Raffin, Bruno Castelo Branco Rodrigues, José Ibiapina Siqueira-Neto, Elza Dias Tosta, Raul Valiente, Leonardo
Vedolim, Marcelo Gabriel Veja, Leonardo Vedolin, Fábio Iuji Yamamoto,Viviane Flumignan Zétola.
Correspondência:Jamary Oliveira-Filho; Rua Reitor Miguel Calmon s/n; Instituto de Ciências da Saúde / sala 455; 40110-100 Salvador BA - Brasil; E-mail:
jamaryof@ufba.br
Conflito de interesses:Não há conflito de interesse a declarar.
Recebido em 18 de fevereiro de 2012; Recebido na forma final em 22 de fevereiro de 2012; Aceito em 29 de fevereiro de 2012
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ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS comunicação entre profissionais de saúde e acesso precoce
a neuroimagem.
Entre as 58 milhões de mortes por ano no mundo, 5,7 milhões As causas de atraso no atendimento pré-hospitalar incluem o
foram causadas por AVC. Portanto, o AVC foi a segunda causa mais desconhecimento dos sinais de alerta do AVC, a negação do estado da
comum de morte, responsável por 10% de todas as mortes no doença e a esperança de resolução espontânea dos sintomas. Iniciativas
mundo2. No entanto, a distribuição global é heterogênea, pois 85% educativas devem ser dirigidas a pacientes de risco, bem como a seus
das mortes ocorreram em países em desenvolvimento e um terço familiares. Considerando que aproximadamente 45-48% dos pacientes
afetou indivíduos economicamente ativos2,3. Espera-se que esse são encaminhados por um clínico geral, campanhas educativas também
impacto aumente nas próximas décadas, conforme projetado por devem ser direcionadas à comunidade médica, enfatizando a
um aumento de 300% na população idosa dos países em importância do tratamento de emergência13.
desenvolvimento nos próximos 30 anos, especialmente na América Oito estudos não randomizados avaliaram o impacto de
Latina e na Ásia4. medidas educativas no cuidado à saúde da vítima de AVC;
No Brasil, o AVC foi responsável, em 2005, por 10% de todas as demonstraram que a taxa de trombólise aumentou após a
mortes (90.006 óbitos) e por 10% de todas as internações em hospitais campanha educativa, mas apenas durante seis meses. Isso
públicos4,5. Naquele ano, o Brasil gastou 2,7 bilhões de dólares em saúde mostra que uma intervenção educativa requer uma reciclagem
com doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes mellitus4,5. periódica para manter um resultado positivo14-21.
3. O SAMU e demais sistemas móveis pré-hospitalares devem dar disfunções de múltiplos órgãos, o que justifica a realização de exames
prioridade máxima às vítimas de AVC agudo, e seus complementares. Algumas alterações da função cardíaca, particularmente
profissionais devem estar preparados para reconhecer, realizar arritmias e infarto agudo do miocárdio, são comuns após um acidente
agudo por meio de escalas e protocolos específicos. Uma vez Não há evidências a favor da suplementação de oxigênio para
estabilizado, deve-se priorizar o transporte para o hospital com todos os pacientes na fase aguda do AVC. Supõe-se, entretanto, que
a melhor relação distância/qualidade técnica, notificando o a manutenção de uma boa oxigenação seja importante,
hospital previamente por rádio ou telefone (nível de evidência: principalmente na região da penumbra, principal alvo terapêutico
1, grau de recomendação: B)32,35,37,38. do AVC isquêmico nessa fase. Alteração da consciência, convulsão,
4. Realizar treinamento e educação continuada para SAMU e pneumonia aspirativa, insuficiência cardíaca e tromboembolismo
demais profissionais do sistema móvel pré-hospitalar pulmonar são possíveis complicações que requerem cuidados
(profissional de atendimento telefônico, MD, profissionais ventilatórios especiais, embora a necessidade de intubação
de ambulância), para que possam rapidamente reconhecer orotraqueal determine, frequentemente, mau prognóstico39,63,64.
e desencadear decisões sobre tratamento inicial, transporte A desidratação em pacientes com AVC geralmente está associada a
e destino final quando vítima de AVC é identificado (nível de um pior prognóstico. Embora não haja evidências do impacto da oferta
evidência: 1, grau de recomendação: B)20,32,33. de fluidos intravenosos durante a fase aguda do AVC, é aceito que a
5. Adotar, em todo transporte pré-hospitalar: monitoramento manutenção de uma hidratação adequada favorece a homeostase.
da saturação de oxigênio, e em todos que apresentarem Observa-se que os serviços especializados para o tratamento do AVC
saturação abaixo de 95% aplicar suplementação de (unidades de AVC) fazem uso de uma hidratação intravenosa mais
oxigênio; avaliação clínica da hidratação e, em caso de agressiva. Líquidos hipotônicos, porém, podem trazer malefícios, pois
desidratação, aplicar hidratação endovenosa com soro elevam o risco de edema cerebral e hipertensão intracraniana,
fisiológico 0,9%; teste de picada no dedo para glicemia e principalmente em infartos extensos65,66.
dispensar fluidos contendo glicose apenas em caso de A hiperglicemia ocorre em mais da metade dos pacientes na
hipoglicemia detectada (nível de evidência: 1, grau de fase aguda do AVC, mesmo naqueles sem história de diabetes
recomendação: B)39-42; e não tratar hipertensão sistêmica de mellitus, e está associada ao aumento da morbimortalidade,
rotina (nível de evidência: 1, grau de recomendação: C)32. independentemente da idade, do mecanismo do AVC isquêmico
6. Adotar, em todo transporte pré-hospitalar, o uso sistemático de ou da extensão da doença. lesão isquêmica. Glicose
escalas de avaliação e triagem pré-hospitalar, como as escalas
de Cincinnati e Los Angeles, para identificação de pacientes com
Mesa.Recomendações de tempos ideais no tratamento do AVC
AVC, principalmente candidatos à terapia de reperfusão (nível
em Emergência.
de evidência : 1, grau de recomendação: C)34,35.
Da admissão à avaliação médica Da admissão 10 minutos
à TC de crânio (final) Da admissão à TC de 25 minutos
crânio (interpretação) Da admissão à infusão 45 minutos
AVC NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA de rt-PA 60 minutos
Disponibilidade do neurologista 15 minutos
O tratamento de pacientes com AVC na emergência deve Disponibilidade do neurocirurgião Da 2 horas
começar com a avaliação das funções vitais (ABC) e o admissão ao leito monitorado 3 horas
horas e 30 minutos. (nível de evidência: 3, grau de rapidamente e não podem ser motivo para retardar o uso de trombolíticos
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