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Questão 1) Quais os sujeitos obrigados a licitar, quais os sujeitos que não estão obrigados
a licitar e quais os objetos que estão alijados do processo licitatório estabelecido pela Lei
14.133/21. Apenas cite.
Resposta:
A obrigatoriedade de licitar é encontrada no art. 37,XXI da CF/88, onde determina
que as compras públicas só podem ser realizadas através de licitação. Na Lei n°
14.133/2021, são obrigados a licitar conforme o art. 1°e os incisos I e II, a Administração
Pública Direta, Autarquias e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, Fundos Especiais, Entidades Controladas Direta ou Indiretamente pela
Administração Pública.
Os sujeitos não obrigados a licitar, se encontram no art. 75 da Lei n° 14.133/2021,
que trata da Dispensa de Licitação:
a) Em função do valor (dispensa por baixo valor): Valores inferiores a R$ 100.000,00 no
caso de obras, serviços de engenharia, ou serviços de manutenção de veículos e
automotores. Valores inferiores a R$ 50.000,00 no caso de outros serviços e
compras. Dobro do consórcio público e agência executiva, (incisos I e II).
b) Licitação deserta ou fracassada: É dispensada quando a licitação realizada a menos
de um ano, quando não surgiram licitantes interessados (deserta) ou quando não
foram apresentadas propostas válidas (fracassada), (inciso III,alíneas a, b).
c) Emergência ou calamidade pública: Quando há urgência de atendimento para evitar
risco de prejuízo, comprometimento da continuidade dos serviços públicos, etc.
Somente para atendimento de situação emergencial ou calamitosa. Para assegurar
a continuidade (apuração de responsabilidade). O contrato tem prazo de até um
ano, a contar da ocorrência do fato e é vedada a prorrogação dos respectivos
contratos e recontratação de empresa já contratada, (inciso VII).
d) Comprometimento da segurança nacional: Em casos estabelecidos pelo Ministério
da Defesa, ou também mediante demanda das Forças Armadas ou de demais
ministérios, (inciso VI).
e) Situações graves: Situações como guerra, estado de sítio, estado de defesa,
intervenção federal ou de grave perturbação da ordem, (inciso VII).
f) Intervenção: Quando há intervenção por parte da União no domínio econômico,
(inciso X).
g) Em função do objeto: Bens ou componentes de origem nacional ou estrangeira para
manutenção de equipamentos (garantia técnica); termos de acordo internacional
aprovados pelo Congresso Nacional; Produtos para pesquisa e desenvolvimento (se
for obra ou serviço de engenharia com limite de 300 mil); Hortifrutigranjeiro, pães e
outros produtos perecíveis até que a licitação se conclua; Coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis
(associações ou cooperativas formada por pessoas de baixa renda); Aquisição ou
restauração de obras de arte e objetos históricos, com autenticidade certificada e
inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível; Aquisição de
medicamentos destinados ao tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério
da Saúde; Transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
Único de Saúde (SUS), (inciso IV, alíneas a,b,c,d,e, f, g, h, i, j, k, l, m).
h) Em função da pessoa: Aquisição por Pessoa Jurídica de direito público interno de
bens ou serviços prestados por órgão ou entidade da Administração Pública, criada
para este fim conforme preço de mercado; Celebração de contrato de programa,
conforme contrato de consórcio público ou convênio de cooperação; Contratação de
profissionais para compor comissão de avaliação de critérios de técnica, quando se
trata de profissional técnico de notória especialização; Contratação de associação
de pessoas com deficiências, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade,
desde que os serviços sejam prestados pelas pessoas com deficiência, (incisos IX,
XI, XIII e XIV).
Os objetos alijados do processo licitatório se encontram nos arts. 3 e 74 da Lei
n°14.133/2021. Conforme o art. 3, não se subordinam a esta lei (não se aplicam) os
contratos de operação de crédito e gestão da dívida pública, também não se aplicam às
contratações sujeitas à legislação própria.
Conforme o art. 74 é inexigível a licitação em alguns casos como:
a) Aquisição de materiais, equipamentos, ou de gêneros ou contratação de serviços
que só possam ser fornecidos por produtor,empresa ou representante comercial
exclusivo (inciso I);
b) Contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de
empresário exclusivo (inciso II);
c) Contratação de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente
intelectual prestados por profissionais ou empresas de notória especialização (III,
alíneas a, b, c, d, e, f, g, h );
d) Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento (inciso
IV);
e) Aquisição ou locação de imóvel cujas as características de instalações e de
localização tornem necessária sua escolha (inciso VI, §§ 1,2,3,4 e 5, incisos I,II e III).
Questão 3) Classifique os serviços públicos. Utilize o livro que serve de base (do aluno),
indicando-o ao final da resposta. Diferencie “outorga” de “delegação”.
Resposta:
Há diversas classificações dos serviços públicos, com o propósito de estruturar o
estudo da matéria. Existem diferentes critérios de classificação na doutrina, mas de acordo
com Matheus Carvalho “é necessário analisar aqueles mais importantes para a sintetização
do assunto” (CARVALHO, 2017, p. 645). Primeiramente, os serviços públicos podem ser
diferenciados em serviços uti universi ou gerais, e serviços uti singuli ou individuais,
tomando por base a forma de fruição destas atividades pelos usuários. Os serviços uti
singuli são aqueles serviços ofertados a toda coletividade sem discriminações, nos quais, o
poder público pode individualizar a utilização. Contudo, quando se presta estes serviços é
permitido calcular quanto cada usuário usufruiu e, esse motivo, a cobrança pode ser feita
mediante o pagamento de taxas ou tarifas. Podemos citar ,como exemplos, os serviços de
energia elétrica, telefonia e transporte público.
Já os serviços uti universi são aqueles serviços que não são capazes de ser
divididos em sua utilização, isto é, não é possível saber quanto cada usuário utilizou desses
serviços. Em casos como este o poder público presta o serviço a toda a coletividade, que
dele usufrui paralelamente, não sendo capaz de apontar quanto cada utiliza
individualmente. Custeados pela receita geral decorrente da arrecadação dos impostos,
alguns exemplos desses serviços são os serviços de Iluminação Pública e de Limpeza
Pública. Segundo Matheus Carvalho “Configuram-se serviços indivisíveis, não sendo
possível dividir o ônus da prestação em proporção igual à utilização” (CARVALHO, 2017, p.
646). Sendo assim, é inconstitucional a taxa que tenha como função arcar com os custos
de um serviço indivisível.
No que se diz respeito aos serviços públicos divisíveis, eles podem ser classificados
como compulsórios ou facultativos. Os serviços compulsórios são serviços fundamentais
para a coletividade de modo que não podem ser renunciados pelos destinatários, tendo
que ser feita a cobrança pelo poder público em decorrência do fato ter posto o serviço à
disposição dos cidadãos. Nestes casos, a cobrança tende de ser realizada mediante taxa e
se admite a cobrança da chamada "taxa mínima" pelo simples fato de estar o serviço à
disposição do usuário. Dessa forma, o não pagamento da contraprestação permite a
possibilidade de cobrança, através de execução fiscal, com previsto da lei 6.830/80. Já os
serviços facultativos são prestados com objetivo nos interesses da coletividade; entretanto
podem ou não ser utilizados pelos usuários, isto quer dizer que só será possível cobrança
pelo serviço verdadeiramente prestado.
No que tange à sua forma de prestação, a doutrina classifica os serviços públicos
em serviços públicos próprios e impróprios. Conforme Matheus Carvalho os serviços
públicos próprios são aqueles que “só podem ser prestados pelo Estado, de forma direta ou
por meio de delegação a particulares, efetivada mediante a celebração de contratos de
concessão e permissão, nos moldes da legislação” (CARVALHO, 2017, p. 647). Os
serviços públicos impróprios são serviços que podem ser realizados por particulares sem a
necessidade de delegação pelo ente estatal. São serviços de utilidade pública, do qual o
exercício será somente fiscalizado pela Administração Pública, por intermédio da expedição
de atos de consentimento que condicionam a forma de execução.
Por último, alguns doutrinadores ainda diferenciam as atividades estatais em
serviços administrativos, serviços industriais ou comerciais e serviços sociais. Os serviços
administrativos abrangem as atividades internas do Estado, focadas na estruturação e
organização institucional, para garantir um bom exercício da atividade administrativa. Os
serviços sociais são serviços prestados diretamente pelo Estado para o contentamento dos
interesses da comunidade. Os serviços comerciais ou industriais são, efetivamente, a
exploração de atividade econômica pelo Estado, não se configurando serviço público
propriamente dito. Neste contexto, a execução da atividade não cumpre as regras de direito
privado, sendo vista como atividade privada de interesse público, conforme o art. 173 da
Constituição Federal.
Por fim, a diferença entre outorga e delegação de serviço público. Tanto a outorga
quanto a delegação são capazes de fazer a transferência da execução do serviço público.
Todavia, há diferenças importantes entre os institutos. A outorga só pode ser executada
mediante lei, enquanto a delegação pode ser por lei, por contrato ou por ato administrativo.
Portanto, outorga significa, a transferência da própria titularidade do serviço da pessoa
política para a pessoa administrativa, que o desenvolve em nome próprio e não no de quem
transferiu. Sempre efetuada por lei e somente por outra lei pode ser retirada ou mudada. Já
na delegação, o Estado transfere apenas a execução do serviço, para que o ente delegado
o preste ao público em nome próprio e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. A
delegação é normalmente efetivada por prazo determinado.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. 16. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2014.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 8. ed. Rio de
Janeiro: Método, 2020, p. 250-256.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. 16. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2014.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 36. ed. São Paulo:
Atlas, 2020, p. 243-246.