Você está na página 1de 5

XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,

Documentação e Ciência da Informação Documentação e Ciência da Informação


Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011 Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011

Temática 1: Informação, Conteúdos e Conhecimento na Sociedade da Informação 1 Introdução

Os avanços tecnológicos ocorridos na Sociedade da Informação e do Conhecimento têm


Mapas Conceituais
requerido dos profissionais da informação a busca por novas formas de organização da
uma ferramenta tecnológica aplicada a organização da informação e
do conhecimento informação e do conhecimento para melhor recuperar a informação.
Por outro lado, a Ciência da Informação enquanto campo científico também requer dos
pesquisadores da área a descoberta de métodos e técnicas criativas e inovadoras que se
Decio Wey Berti Junior compatibilizem com o cenário dos avanços tecnológicos proporcionados pelas tecnologias da
decio.mpgi@gmail.com
Universidade Estadual de Londrina informação para haja o desenvolvimento das suas sub-áreas ou domínios.
Ilza Almeida de Andrade Nesse contexto, o objetivo dessa reflexão é propor o uso dos mapas conceituais como técnica
ilza.aandrade@gmail.com
Universidade Estadual de Londrina para organizar a informação e o conhecimento em ambientes digitais e apresentar uma
Brigida Maria Nogueira Cervante aplicação prática por meio de um software livre.
brigidacervantes@gmail.com
Universidade Estadual de Londrina
2 Mapas Conceituais: Origem, Conceitos e Tipos

RESUMO Trata-se de uma reflexão a respeito da aplicabilidade dos mapas


conceituais na organização da informação e do conhecimento.

Trabalhos técnico-científicos
Aborda a origem, os conceitos e os tipos de mapas conceituais e A construção de mapas conceituais é uma técnica desenvolvida por Novak e seu grupo de
apresenta uma aplicação utilizando-se a ferramenta CMapTools]
pesquisa na Universidade de Cornell. Em 1972 eles desenvolveram uma ferramenta com base
em três ideias da teoria da assimilação de David Ausubel.

1. O desenvolvimento de novos significados como construções que antecedem


conceitos relevantes e proposições.
2. A estrutura cognitiva como uma organização hierárquica, com mais geral e mais
inclusivo os conceitos que ocupam os altos níveis da hierarquia e mais específicos,
conceitos menos inclusivos subsumidos sob os conceitos mais gerais.
PALAVRAS-CHAVE: Mapas Conceituais. Organização da Informação. Organização do 3. Quando ocorre uma aprendizagem significativa as relações entre os conceitos
Conhecimento. Recuperação da Informação. Visualização.
tornam-se mais explícitos, precisos e melhor integrados com outros conceitos e
proposições.
Dessa forma, a partir dessas idéias chamou-se de mapas conceituais a ferramenta que permite
por meio de uma etiqueta especifica a apresentação de uma estrutura com uma ou duas
palavras apontando para um conceito em um nó ou caixa, com linhas indicando palavras de
ligação que criam o significado de uma declaração ou proposição.
XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação Documentação e Ciência da Informação
Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011 Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011

Novak e Gowin (1996) definem conceitos como regularidades ou formas percebidas em conceitos que ligam problemas a serem resolvidos ou pesquisas a serem
realizadas.
eventos ou objetos, ou registros de eventos ou objetos, designados por uma etiqueta. Os
conceitos são organizados hierarquicamente com o mais geral, o conceito mais inclusivo no
De acordo com Tavares (2007) existem vários tipo de mapas conceituais e, dentre eles alguns
topo, e o especifico abaixo. Proposições são declarações sobre algum evento ou objeto que
são preferidos pela facilidade de elaboração (tipo teia de aranha) em que o tema principal é
mostra a relação entre dois ou mais conceitos. Na estrutura do mapa conceitual deve-se
colocado no centro do mapa, pela clareza que explicita processos (tipo fluxograma) que
representar também ligações cruzadas identificando relacionamentos entre conceitos em duas
organiza a informação em formato linear, pela ênfase no produto que descreve, ou pela
diferentes áreas do mapa. A identificação de novas ligações cruzadas pode, muitas vezes, se
hierarquia conceitual que apresenta.
traduzir em um insight criativo. Os mapas conceituais também se baseam na psicologia de
Existem diversas ferramentas que permitem o desenho de mapas conceituais, porém neste
aprendizado explicita e na epistemologia construtivista. Em resumo os mapas conceituais
artigo seguiremos os conceitos de Novak e Cañas (2008) e para elaborar a aplicação
lidam principalmente com a proposição e conceito de conhecimento (Figura 1).
utilizaremos o software IHMC CmapTools (CAÑAS et al., 2000, 2011, TERGAN, 2005).
Esta ferramenta tem potencial para auxiliar na exploração de documentos, dando suporte à
visualização e ao processo de aquisição, organização, representação, localização e utilização
do conhecimento documentado, bem como da informação e do conhecimento presente nos
ambientes digitais.
O IHMC CmapTools é um software livre que pode ser utilizado para construir, navegar,
compartilhar e fazer criticas a modelos de conhecimento representados em Mapas Conceituais
(Figura 2).

Figura 1. Mapas Conceituais.


Fonte: Novak e Gowin (1996).

Belluzzo (2007, p. 75), define Mapas Conceituais como

representações das relações entre conceitos, ou entre palavras que substituem


os conceitos, através de diagramas, nos quais o autor pode utilizar sua
própria representação, organizando hierarquicamente as ligações entre os
XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação Documentação e Ciência da Informação
Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011 Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011

mencionados. Assim sendo, como nos ambientes digitais as tecnologias da informação


facilitam o acesso aos objetos e conteúdos informacionais, igualmente deve-se buscar novos
métodos e técnicas para melhor organizar a informação e o conhecimento.
O mapa conceitual como técnica de mapeamento que permite estabelecer relações entre
conceitos e sistematizar conhecimento, possibilita a organização da informação e do
conhecimento, utilizando-se tanto a linguagem controlada quanto a linguagem natural.
Dessa forma, tendo por base um exemplo de problema de recuperação da informação,
apresentado por Manning, Raghavan e Schütze (2009), que por meio de uma tabela com
palavras retiradas dos textos de Shakespeare, aproximadamente 32.000 palavras diferentes,
criaram uma matriz a partir de algumas palavras que se repetiam (Tabela 1), elaborou-se uma
aplicação com a técnica dos mapas conceituais (Figura 3).

Tabela 1 - Palavras extraídas dos textos de Shakespeare.

Antony
Figura 2. O uso do CmapTools. Julius The
and Hamlet Othello Macbeth
Caesar Tempest
3 Aplicabilidade dos Mapas Conceituais na Organização da Informação e do Cleópatra
Conhecimento
Antony 1 1 0 0 0 1

Brutus 1 1 0 1 0 0
A organização da informação e do conhecimento devem, atualmente, possibilitar a recuperação
Caesar 1 1 0 1 1 1
de objetos e conteúdos informacionais nos ambientes digitais por meio de dois modos de
Calpurnia 0 1 0 0 0 0
comunicação, pela linguagem do sistema de informação (controlada) e pela linguagem de
Cleopatra 1 0 0 0 0 0
busca do usuário (natural).
Victorino e Bräscher (2009) entendem que o objetivo da organização da informação é dar clemência 1 0 1 1 1 1

suporte ao fluxo de tratamento e recuperação dos objetos informacionais estruturados, semi- em pior
1 0 1 1 1 0
estado
estruturados e não-estruturados. E Svenonius (2000) relaciona o ato de organizar a informação
ao de aplicação de uma linguagem específica, e destaca como vantagem a possibilidade dos Fonte: Manning; Raghavan; Schütze (2009).

constructos da lingüística tais como vocabulário, semântica e sintaxe serem utilizados para
generalizar o entendimento e avaliar e unificar diferentes métodos de organização da
informação. Como nos ambientes digitais são geradas e disponibilizadas diariamente grandes quantidades

Nesse sentido, para a recuperação da informação é necessário que o sistema de informação de informações, a técnica dos mapas conceituais, na aplicação apresentada, possibilitou a

esteja respaldado por um vocabulário que contemple os dois modos de comunicação organização das informações bem como sua visualização, demonstrando que ela pode ser
XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação Documentação e Ciência da Informação
Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011 Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011

utilizada para filtrar, analisar, gerenciar, recuperar e visualizar informações relevantes, organização do conhecimento é o processo que se aplica a unidades do pensamento
possibilitando a construção de novos conhecimentos. (conceitos). Dessa forma, estudando e desenvolvendo uma aplicação simples com a
ferramenta CmapTools, pode-se confirmar a hipótese de que os mapas conceituais, enquanto
método e técnica, podem ser incorporados à Ciência da Informação (CI).
Espera-se que essa reflexão suscite em novas reflexões e em pesquisas que demonstrem
efetivamente a aplicabilidade dos mapas conceituais na organização da informação e do
conhecimento, bem como em outros campos da CI.

Concept Maps
a technology tool applied to organization of information and
knowledge

ABSTRACT: This is a reflection on aplicability of concept maps at the organization of information and
knowledge. Covers the origin, concepts and types of concept maps and presents an application using the tool
CmapTools.

KEYWORDS: Concept Maps. Information Organization. Information Retrieval. Knowledge Organization.


Visualization

Referências

BELLUZZO, Regina Célia Baptista. Construção de mapas: desenvolvendo competências


em informação e comunicação. 2. ed. rev. e ampl. Bauru: Cá Entre Nós, 2007. 111p.

BRÄSCHER, M.; CAFÉ, L.? In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA


DA INFORMAÇÃO, 9., 2008, São Paulo. Anais. São Paulo: ANCIB, 2008. Disponível em:
Figura 3. Aplicação da técnica dos mapas conceituais. <http://www.ancib.org.br/pages/anais-do-enancib.php>. Acesso em: 31 mar. 2011.

CAÑAS, Alberto J. et al. Concept maps: Integrating Knowledge and Information


4 Considerações Finais Visualization. Diponível em:
<http://cmap.ihmc.us/publications/ResearchPapers/ConceptMapsIntegratingKnowInfVisual.p
df>. Acesso em: 16 mar. 2011.

O uso da técnica de mapas conceituais na organização da informação e do conhecimento é


CAÑAS, Alberto J. et al. Herramientas para construir y compartir modelos de
possível e viável, pois de acordo com Bräscher e Café (2008), a organização da informação é conocimiento basados en mapas conceptuales. [2000]. Disponível em:
o processo que se aplica às ocorrências individuais de objetos informacionais, enquanto que a
XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação
Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011

<http://www.ihmc.us/users/acanas/Publications/RevistaInformaticaEducativa/HerramientasCo
nsConRIE.htm>. Acesso em: 31 mar. 2011.

MANNING, Christopher D.; RAGHAVAN, Prabhakar; SCHÜTZE, Hinrich. Introduction to


Information Retrieval. 2009. Disponível em: <http://nlp.stanford.edu/IR-book/information-
retrieval-book.html>. Acesso em: 18 fev. 2011.

NOVAK, Joseph D.; CAÑAS, Alberto J. The Theory Underlying Concept Maps and How
to Construct and Use Them. 2008. Disponível em:
<http://cmap.ihmc.us/Publications/ResearchPapers/TheoryCmaps/TheoryUnderlyingConcept
Maps.htm>. Acesso em: 12 fev. 2011.

NOVAK, Joseph D.; GOWIN, D. Bob. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano, 1996.

SVENONIUS, E. The Intellectual Foundation of Information Organization. Boston: MIT


Press. 2000. 255 p.

TAVARES, Romero. Construindo mapas. Ciências & Cognição, v. 12, p. 72-85, dez. 2007.

TERGAN, Sigmar-Olaf. Digital Concept Maps for Managing Knowledge and


Information. 2005. Disponível em:
<http://ldt.stanford.edu/~educ39105/paul/articles_2005/digital%20concept%20maps.pdf>.
Acesso em: 01 fev. 2011.

VICTORINO, Marcio; BRÄSCHER, Marisa. Organização da informação e do conhecimento,


engenharia de software e arquitetura orientada a serviços: uma abordagem holística para o
desenvolvimento de sistemas de informação computadorizados. DataGramaZero, v.10, n. 3,
jun. 2009.

Você também pode gostar