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“[...] resposta à questão central sobre â consistência mínima do 'meu' jurídico; soluções
e respostas que são duplamente multíplices, segundo os vários climas históricos e
segundo
os vários conteúdos que um mesmo clima histórico dá àquele invólucro aberto e
disponível que convencionalmente identificamos como propriedade.” (p. 05)
P 6 a 10 – Alerta para riscos de caráter cultural que podem ser cometidos pelos
historiadores, apesar da metodologia acima apresentada:
“não é, tanto a terra que pertence ao homem mas antes o homem à terra, onde a
apropriação individual parece invenção desconhecida ou disposição marginal.” (07)
Risco que cair em uma postura a-histórica, tomando a forma dominante como a melhor
e superior, enquanto as demais seriam meras anomalias a serem combatidas até
desaparecerem.
“Para o alto medievo um tal procedimento tem a mesma sensatez do botânico que
procura frutos tropicais nos campos mediterrâneos.” (13)
Não é a soma mecânica das tesselas que nos dará o sentido de um mosaico, mas a sua
fusão em um desenho. E é sobretudo sobre o desenho que se mede a intuição do
historiâdor, aquele saber intuitivo que o separa, poiobietivo e privilégio adquirido, da
falange àor.rrditor. E re há c".rn mente um desenho também no particular, os seus
trâÇos
tornam-se principalmente evidentes nas grandcs Iinhas perspectivas. (19)
p. 20 a – Perspectiva importante para história agrária: situações reais não podem ser
explicadas apenas por consequências automáticas de fatos técnicos ou econômicos,
senão também pelo elemento dos costumes. (Thompson?)
“[...] até que ponto tinham poder incisivo sobre a plataforma consuetudinária à qual
estavam há séculos solidamente ancorados propriedade, direitos reais, relações de
concessão fundiária?” (p. 24)
p. 27 – questão das fontes cadastrais, muito utilizada na história agraria, que tem
formalidade jurídica, mas finalidade e conteúdos exclusivamente econômicos.
p. 30 – a dimensão jurídica da história agrária não deve ser apagada, tendo em vista seu
caráter ôntico, pertencente ao ser da propriedade.
p. 33 a 35 – Uso dos teólogos e da filosofia política anglo francesa para o estudo das
origens das propriedades agrárias entre o medievo e a modernidade.
Ou seja, não se reduz nunca a uma pura forma e a um puro conceito mas é sempre uma
ordem substancial, um nó de convicções, sentimentos, certezas especulativas, interesses
rudes, tanto que seria imprudentíssimo - e até mesmo risível - quem tentasse seguir,
nesse terreno, uma história de termos, de palavras. (p. 38)
Por trás desse palco cênico em que tudo é idealizado, por trás desse raciocínio
realizado através de modelos, fica escondido o Estado monoclassista, o espesso extrato
de filtros entre sociedade e poder, o elitismo exclusivo das formas de representação, a
grosseira defesa de ricos interesses que todo o puríssimo teorema vinha a tutelar e a
consolidar. (p. 54)
O direito, pela sua tensão a encarnar-se, antes de ser poder, norma, sistema de
categorias formais, é experiência, ou seja, uma dimensão da vida social. Urge recuperar
a juridicidade além do Estado e além do poder, urge recuperá-la para a sociedade
como realidade global, como uma recuperação
que é, antes de tudo, ofício do jurista. (p. 57)
p. 58 – empobrecimento da noção de Estado, separando-o da sociedade.
[...] A conclusão é certa, ou seja, a paisagem jurídica, justo por estar nos nervos do
social, é complexa por natureza. A Idade Moderna, idade de mitologias jurídicas,
encolheu-se em um constrangedor horizonte de modelos, sendo a complexidade da
experiência jurídica notavelmente sacrificada. Visão potestativa do direito, sua
estatalidade, sua legalidade, constituíram um observatório deformante, já que,
baseando-se unicamente no momento e no ato da produção, a regra jurídica se apresenta
como norma, ou seja, como comando autoritário do titular do poder. (p. 68)
O único meio para retirar do direito esse tradicional e repugnante esmalte potestativo e
autoritário era e é conceber a norma como um procedimento que não se cumpre com a
produção, mas que possui um momento subseqüente, o momento de interpretação, como
se ele estivesse dentro do processo de formação da realidade complexa da norma;
resumindo, a interpretação como momento essencial da positividade da norma, uma
condição ineliminável para a concretização da sua própria positividade. (p. 76)
p. 77 – direito mais como aplicação do que norma. Evidencia-se como relação social.
p. 78 – o direito como norma entrega leis com conteúdos vazios, podendo o legislador
depositar nela o conteúdo que assim desejasse.
p. 81 e 82 – o direito não pode abrir mão de sua dimensão formal, mas deve fazê-lo
sabendo que tais formas se inserem em uma história viva.