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Ano letivo: 2022-2023

FILOSOFIA
Teste Formativo -11ºC 06/02/2023

Grupo I

1. Indique, para cada questão que se segue, a opção correta.

1.1 Segundo Hume, a nossa ideia de causalidade…


A. Não tem origem na experiência, pois trata-se de uma relação de ideias.
B. Tem origem na experiência, pois observamos uma conexão necessária entre dois
acontecimentos.
C. Não tem origem na experiência, pois nunca observamos uma conexão necessária
entre dois acontecimentos.
D. Tem origem na experiência, apesar de nunca observarmos uma conexão
necessária entre dois acontecimentos.

1.2 De acordo com Hume, as nossas expetativas acerca de regularidades futuras devem-se
A. ao intelecto ou razão.
B. ao hábito ou costume.
C. à uniformidade da natureza.
D. à ideia inata de causalidade.
1.3 Avalie as afirmações que se seguem:
1. A epistemologia é a disciplina que reflete sobre o conhecimento filosófico.
2. A epistemologia é a disciplina que divulga os resultados científicos.
3. A epistemologia é a disciplina que estuda criticamente os princípios, os métodos
e os resultados das diversas ciências.

A. 1 e 2 são falsas e 3 é verdadeira.


B. 1 e 3 são verdadeiras e 2 é falsa.
C. 1 e 2 são verdadeiras e 3 é falsa.
D. 2 e 3 são falsas e 1 é verdadeira.

1.4. Um dos seguintes enunciados representa o conhecimento de senso comum:


A. A inteligência artificial põe em causa o que entendemos por razão.
B. Em equipa vencedora não se mexe.

C. Foi descoberto um novo planeta gigante a 63,4 anos-luz da Terra.

D. O mundo e os seres humanos foram criados por Deus.

1.5. Popper defende que, quanto mais falsificável for uma dada afirmação, mais interessante
ela é para a ciência. Qual das afirmações seguintes é, de acordo com Popper, mais
interessante?
A. Não existem planetas com órbitas elípticas.

B. Todos os planetas têm órbitas elípticas.

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C. Alguns planetas têm órbitas elípticas.

D. Existem planetas com órbitas elípticas.

1.6. O conhecimento vulgar forma-se essencialmente a partir:


A. de um método específico e de um sistema de ideias.

B. de uma explicação aprofundada dos fenómenos.

C. da apreensão sensorial espontânea e imediata da realidade.

D. da organização e do estabelecimento de leis universais.

1.7. O conhecimento científico caracteriza-se, entre outros aspetos, por:


A. se basear num método subjetivo e dogmático.

B. ser definitivo e não sujeito a revisão.

C. resultar de uma formulação de hipóteses.

D. ser prático, funcional e formal.

1.8. O problema da demarcação traduz-se na preocupação epistemológica em estabelecer:


A. a distinção das ciências entre si.

B. a separação da ciência relativamente a outros modos de conhecimento.

C. a distinção entre a filosofia e a religião.

D. a separação no interior da ciência.

1.9. A Matemática, a Biologia e a Psicologia são ciências empíricas. Esta afirmação é:


A. verdadeira, porque as proposições dessas ciências são justificadas com base na
observação e experimentação.

B. falsa, porque apenas a Biologia e a Psicologia se baseiam na experimentação.

C. verdadeira, porque, para serem ciências, têm de se basear na experimentação.

D. falsa, porque todas são ciências formais.

1.10. O método é fundamental em ciência, porque:


A. garante a credibilidade dos factos observacionais.

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B. põe em causa a eficácia de procedimentos e teorias.

C. permite distinguir conhecimentos de crenças.

D. permite distinguir conhecimentos científicos dos que o não são.

1.11 Segundo Popper, o método científico começa por…

A. problemas.

B. observações.

C. experiências.

D. generalizações.

1.12 Considera os enunciados relativos à posição de Karl Popper acerca da natureza das
teorias científicas.

1. As teorias científicas são refutáveis e conjeturais.


2. A função da experiência consiste em verificar ou em confirmar as teorias científicas.

Grupo II

1. Leia atentamente a seguinte afirmação:


“Todos os raciocínios relativos à questão de facto parecem fundar-se na relação de Causa
e Efeito. Só mediante esta relação podemos ir além do testemunho da nossa memória e dos
nossos sentidos.”

David Hume (1989), Investigação Sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 32

Explique, com base na afirmação citada, a perspetiva de David Hume acerca dos problemas
da causalidade e da indução.

2. “O método da discussão crítica não estabelece coisa alguma. […] O mais que consegue
fazer – e que realmente faz – é chegar ao veredito de que uma determinada teoria
[científica] parece ser a melhor que está disponível […], parece resolver grande parte do
problema que pretende resolver e sobreviveu a testes rigorosos.”

K. Popper, O Mito do Contexto, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 175 (adaptado)

Como é que Popper justifica que o método da discussão crítica não estabeleça coisa alguma?

Na sua resposta:
– explicite os aspetos relevantes da perspetiva falsificacionista de Popper;
– integre adequadamente a informação do texto.

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Fim.

Grupo II

1º Segundo David Hume, o conhecimento da relação de causa e efeito não é obtido por
raciocínios a priori, mas deriva totalmente da experiência. Trata-se, pois, de um conhecimento
a posteriori. Ora “só mediante esta relação podemos ir além do testemunho da nossa memória
e dos nossos sentidos”, ou seja, ir para lá da experiência.
Esta relação é normalmente concebida como sendo uma conexão necessária: acreditamos que
aquilo a que chamamos efeito não pode ocorrer sem aquilo a que chamamos causa e que esta
causa produzirá necessariamente aquele efeito.
No entanto, não dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de conexão necessária entre
fenómenos: a única coisa que percecionamos é que entre dois fenómenos, eventos ou objetos
se verifica uma conjunção constante.
Concluímos, então, que existe entre eles uma relação de causalidade e que essa relação de
causalidade constitui uma conexão necessária. Tal conexão não é racionalmente justificável,
tendo apenas um fundamento psicológico: o hábito ou costume.
O problema da relação de causalidade articula-se com o problema da indução ou problema da
uniformidade da natureza. A ideia de que a natureza é uniforme associa-se à crença na
similitude dos eventos e na suposta conexão necessária entre alegadas causas e alegados
efeitos.
Ao efetuarmos inferências de carácter indutivo – previsões ou generalizações –, também
vamos para lá da experiência. Segundo Hume, qualquer argumento indutivo pressupõe (como
premissa) o princípio de que o futuro se assemelha ao passado e segundo o qual a natureza
sempre funcionará da mesma forma, de modo previsível e regular. Mas este princípio –
princípio da uniformidade da natureza – não é racionalmente justificável, porque não há um
bom argumento indutivo nem um bom argumento dedutivo a seu favor: qualquer argumento
indutivo a seu favor é circular, e tal princípio também não é uma verdade a priori ou obtida
dedutivamente. Se o princípio da uniformidade da natureza não é racionalmente justificável,
também não há justificação racional para as crenças obtidas por indução.

2º O método científico é o método da discussão crítica, e consiste em testar (empiricamente)


teorias que são propostas como respostas a problemas. Testar uma teoria implica pô-la à
prova, e pôr uma teoria à prova consiste em tentar falsificar/refutar a teoria em causa,
sujeitando-a a “testes rigorosos”. Caso a teoria não supere os testes (empíricos) a que foi
submetida, considera-se que foi falsificada, devendo ser rejeitada ou revista/reformulada, e
novamente submetida a testes. Caso a teoria supere os testes (empíricos) a que foi submetida,
não se pode considerar que foi confirmada (apenas se pode considerar que foi corroborada),
pois existe a possibilidade de um teste (empírico) futuro a falsificar. O método crítico funciona
negativamente, pois uma teoria, ainda que supere testes (empíricos) rigorosos, nunca pode ser
estabelecida como verdadeira (nem como provavelmente verdadeira); apenas se pode afirmar
que “parece ser a melhor que está disponível”.

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