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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO SUL DO MARANHÃO

UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DO SUL DO MARANHÃO


NATÁLIA ARAÚJO VALE

DIFERENÇAS REGIONAIS DA RELAÇÃO V/Q NOS PULMÕES

A pressão superficial intrapleural não uniforme em todo o tórax. Medidas precisas


feitas para determinar as pressões superficiais intrapleurais de tórax intactos na
posição ereta mostraram o que ocorre: a pressão superficial intrapleural é menos
negativa nas regiões inferiores do tórax, dependentes da gravidade, que nas regiões
superiores, não dependentes. Existe um gradiente de pressão superficial intrapleural,
de modo que, para cada centímetro de deslocamento descendente vertical sobre o
pulmão (das regiões não dependentes para as regiões dependentes), a pressão
superficial intrapleural aumenta em cerca de +0,2 a 0,5 cmH2 0. Esse gradiente é
causado aparentemente pela gravidade e pelas interações mecânicas entre o pulmão
e a parede torácica. A influência desse gradiente da pressão superficial intrapleural
sobre a ventilação alveolar regional pode ser explicada pela previsão de seu efeito
sobre os gradientes de pressão transpulmonar nas regiões superiores e inferiores do
pulmão. A pressão alveolar é igual a zero em ambas as regiões do pulmão para a
CRF. Já que a pressão intrapleural é mais negativa nas regiões superiores do pulmão
que nas regiões inferiores, a pressão transpulmonar (alveolar menos intrapleural) é
maior nas regiões superiores do pulmão que nas regiões inferiores. Considerando-se
que os alvéolos nas regiões superiores do pulmão estão sujeitos a maiores pressões
de distensão que aqueles localizados nas regiões mais dependentes do pulmão, eles
têm volumes maiores que os alvéolos localizados nas regiões mais dependentes. É
essa diferença no volume que ocasiona a diferença na ventilação entre os alvéolos
localizados nas regiões dependentes e não dependentes do pulmão.
As regiões do pulmão que dependem da gravidade recebem mais ventilação por
unidade de volume do que as regiões superiores do pulmão quando se está
respirando nas proximidades da CRF. A razão para essa diferença regional na
ventilação é que existe um gradiente da pressão superficial pleural, que
provavelmente é causado pela gravidade e pela interação mecânica do pulmão e da
parede torácica. A pressão superficial pleural é mais negativa nas regiões não
dependentes do pulmão e, desse modo, os alvéolos nessas regiões esráo sujeitos a
pressões transpulmonares mais altas. Como resultado, esses alvéolos têm maiores
volumes do que os localizados nas regiões mais dependentes do pulmão e ficam,
portanto, em uma porção menos íngreme de suas curvas de pressão-volume. Esses
alvéolos menos complacentes modificam seu volume muito menos a cada incursão
respiratória do que aqueles nas regiões mais dependentes.
As regiões do pulmão que dependem mais da gravidade também recebem mais fluxo
sanguíneo por unidade de volume do que as regiões superiores do pulmão. A razão
disso é que a pressão intravascular nas regiões inferiores do pulmão é mais alta em
virtude dos efeitos hidrostáticos. Os vasos sanguíneos nas regiões mais dependentes
do pulmão são, portanto, mais distendidos, ou então mais vasos são perfundidos em
virtude do recrutamento, de modo que há menos resistência em relação ao fluxo
sanguíneo nas regiões inferiores do pulmão.
A diferença de perfusão da região inferior do pulmão para a superior é maior que a
diferença de ventilação. Por causa disso, a relação de ventilação-perfusão é
relativamente baixa nas regiões do pulmão que mais dependem da gravidade e mais
alta nas regiões superiores do pulmão. Se a pressão de perfusão pulmonar for baixa
- por exemplo, em virtude de uma hemorragia- ou se a pressão alveolar for alta, em
razão de uma ventilação com pressão positiva e com pressão expiratória final positiva,
ou se esses dois fatores estiverem presentes, poderão existir áreas de zona 1 com
relações de ventilação-perfusão infinitas nas panes superiores do pulmão.

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