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À ATUAÇÃO ESTATAL.
[...] todo indivíduo particular tem propriedade absoluta de seus bens, a ponto de
excluir o direito do soberano. Todo homem, na verdade, tem uma propriedade que
exclui o direito de qualquer outro súdito, e a tem em razão do poder soberano, sem
cuja proteção qualquer outro homem teria igual direito a ela. Mas, se o direito do
soberano for também excluído, ele não poderá cumprir a missão que lhe foi
destinada, e que consiste em defender os súditos tanto dos inimigos externos como
dos ataques mútuos; consequentemente, o Estado deixará de existir. [...] Se a
propriedade dos súditos não exclui o direito do soberano representante a seus bens,
muito menos o exclui em relação aos cargos de judicatura ou de execução, nos quais
os súditos representam o próprio soberano. (2009, p. 228)
O exposto leva ao entendimento de que, em conformidade com o relatado pelos
autores aqui trazidos, o Estado moderno durante seu encaminhamento teve suas intervenções
exatamente quantificados, quer dizer, o patrimônio o movia. Thomas Hobbes ao comentar
sobre o compartilhamento de poder entre Estado e proprietário estabelece um limite entre
ambos. A imprecisão dessa barreira, entretanto, abre alas para o complemento de Karl Marx,
fundamentado na força das burguesias, que mesmo após o advento dos direitos humanos e
sociais, como os vários elencados na Constituição Federal de 1988, persiste em virtude do
caráter econômico do Estado. Situação que se prostra em diversas áreas do Direito, e causa
impactos até mesmo no fragmentário Direito Penal.
Por isso mesmo, ao analisar o texto constituinte quanto à propriedade privada, que
em conformidade com o Estatuto da Terra de 1964 consagra a função social da propriedade,
observam-se incongruências. Considerada uma das mais modernas de todo o mundo, a
Constituição, que fixa em seus arts. 182 se seguintes, o referente à propriedade, erra por
disponibilizar políticas públicas decadentes para o cumprimento do estabelecido. Apesar de
citar reformas agrárias para terras rurais, e a existência do Estatuto das Cidades para as áreas
urbanas, o legislador constituinte e o Direito Brasileiro como um todo, tem se postado
signatário da doutrina patrimonial hobbessiana do absolutismo, ainda que, contrariamente,
algumas de suas legislações guardem similaridade com a proposta marxista.
REFERÊNCIAS: