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SUSTENTÁVEIS
CIDADES Desenvolvimento
sustentável num
planeta urbano
INTELIGENTES
L533c Leite, Carlos
Cidades sustentáveis, cidades inteligentes [recurso
eletrônico] : desenvolvimento sustentável num planeta urbano
/ Carlos Leite, Juliana di Cesare Marques Awad. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012.
CDU 728
Agora que faltam apenas 20 anos para o cenário proposto por Keynes, talvez seja
oportuno nos debruçarmos sobre a grande questão do século: o planeta urbano.
Afinal, se o século 19 foi dos impérios e o 20, das nações, este é o das cidades. E as
imensas inovações que ora se anunciam ocorrerão no território urbano.
Domingo, 18 de abril de 2010, 9h30. Uma elegante jovem negra corre pela calçada
limpa e com piso semipermeável, concentrada no exercício matinal na primavera
de sol. Ao virar na King Street, algumas cédulas caem de seu short sem que ela
perceba. Ato contínuo, o jovem loiro, aparentemente um junkie típico das metró-
poles contemporâneas ricas, deixa seu banco onde lia o jornal – mobiliário urbano
de design impecável –, pega as notas no chão e berra pela atenção da garota que
segue em frente sem escutá-lo, iPod ligado. Fico cada vez mais atento à cena ur-
bana. Ele põe-se a correr atrás dela e, na outra esquina, onde ela para esperando
a sinalização sonora para travessia da rua após a passagem do MUNI (o moderno
trem urbano), finalmente consegue abordá-la. Conversa rápida, sorrisos trocados,
agradecimentos gentis. Ele adentra o café da esquina.
A cena seria banal em qualquer megacidade desenvolvida não fosse a sua localiza-
ção no tempo e espaço: São Francisco Mission Bay, 2010. Esse território metropoli-
tano estava há 10 anos totalmente abandonado, apesar de imediatamente vizinho
ao centro de São Francisco.
Ainda não tem o charme excitante da cidade que fazia Gavin Elster enciumar-se
de Madeleine a cada passeio urbano dela no clássico filme de Hitchcock (Um Corpo
que Cai, 1958), porém esta antiga área portuária da cidade caminha para isso, está
se reinventando.
“A população cresceu mais de dez vezes em dez anos, esta tem sido uma enorme
experiência, é como ver emergir algo do nada” diz Corinne Woods, uma das novas
usuárias desta “nova cidade dentro da cidade” (são 122 quarteirões) (Nevius, 2010).
Quarenta anos atrás, Jane Jacobs mostrou-nos que o sutiã não foi inventado por
especialistas em lingerie, mas por uma costureira experimental de Nova York, que
logo reconheceu a procura por sua nova criação numa cidade ávida por inovação e
experimentação, povoada por uma concentração única de diversidade social.
Nova York continua repleta de pessoas inovadoras e criativas que estão liderando a
sua reinvenção quando, no fim do século passado, especialistas preconizaram seu
declínio – o declínio da maior megacidade do século 20, 18 milhões de habitantes,
seria inexorável numa sociedade informacional e onde o lugar perderia relevância,
quando, na verdade, a e-society só fez valorizar o ambiente real. (Megacidades
são oficialmente definidas pela Organização das Nações Unidas como cidades com
mais de 10 milhões de habitantes.)