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Direito Internacional Público

2022/2023

Turma 1 Diurna

Sumário nº 2

A) Introdução ao Direito Internacional Público (DIP)

 “Na chamada Comunidade Internacional existem, sem dúvida, interesses


comuns e convergentes entre os Estados que a compõem; mas o
individualismo internacional dos Estados, fundado na soberania de cada um
deles, traduz-se num potencial conflito, cujo efeito desagregador é mais forte
do que o efeito agregador dos interesses convergentes que aproximam os
Estados” (Manual de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto
de Quadros, Almedina)
 “Na Comunidade Internacional assim caracterizada são de diversa índole as
relações jurídicas que se estabelecem entre os Estados. Elas podem ser
classificadas em três grandes categorias: relações de coordenação ou de
cooperação, relações de subordinação e relações de reciprocidade. As relações
de coordenação ou mera cooperação … resultam do simples relacionamento
entre os Estados e da necessidade sentida por eles de satisfazerem em conjunto
interesses comuns nos mais diversos domínios: preservação da paz e da
segurança internacionais; desarmamento; cooperação nos campos económicos,
social, cultural e humanitário (…) Relações de subordinação (…) relações que
se estabelecem no interior do Estado entre governantes, pelo que provocam
limitação na soberania dos Estados (…). Relações de reciprocidade são
aquelas que se estabelecem entre os Estados em matéria de imunidades dos
agentes diplomáticos, de dupla nacionalidade, de extradição, de
reconhecimento de graus académicas ou títulos profissionais etc..”(Manual de
Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros,
Almedina)
 “No campo do direito internacional, o voluntarismo levou a fundar a
obrigatoriedade deste na vontade do Estado singular ou, mais tarde, na
“vontade comum” dos Estados. A teoria do “direito estadual externo”
…consiste na primeira e na mais radical das teses voluntaristas que
fundamentam o direito internacional na vontade exclusiva de um só Estado.
Ela parte da tese hegeliana da impossibilidade de hetero - limitação do Estado,
que assenta no princípio da força obrigatória ao direito internacional que, e na
medida em que for recebido pelo direito interno. O chamado direito
internacional não é do que a projecção externa do ordenamento jurídico
estadual. (…) A teoria da “autolimitação do Estado … É o Estado que fixa as
limitações do seu próprio poder absoluto quer perante os seus súbditos quer
em relação aos demais Estados com que estabelece relações. É nessa
autolimitação ou auto-obrigação que reside o fundamento da obrigatoriedade
da norma internacional (…) A teoria da Vereinbarung… no acordo colectivo,
isto é, na Vereinbarung as partes prosseguem interesses iguais e comuns, isto
é, as várias vontades intervenientes têm o mesmo conteúdo, gerando, por isso,
para todas as partes obrigações idênticas.” (Manual de Direito Internacional
Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina)
 “O primeiro autor a defender que o Direito Internacional tinha fundamento no
Direito natural foi Hugo Grócio. Mas o pensamento de Grócio nesta matéria
não era muito claro já que o seu jusnaturalismo aparecia casado com o
voluntarismo: a força obrigatória do Direito Internacional resultava do direito
natural, com valor próprio, como do consentimento dos Estados. Esta corrente
ficou conhecida por jusnaturalismo racionalista (…) Os jusnaturalistas
católicos colocam o problema do Direito Natural no plano ontológico. Por
isso, o Direito natural só pode ser apreendido pela revelação. Surge então o
problema de saber quais os princípios suprapositivos em que se fundamenta o
direito internacional. Segundo Le Fur, são três: o princípio pacta sunt
servanda, de harmonia com o qual os compromissos livremente assumidos,
quando celebrados em conformidade com a Moral, têm de ser cumpridos; a
obrigação de reparar todo o prejuízo injustamente causado; e o respeito pela
autoridade, dado que nenhuma sociedade subsiste sem autoridade….(…) Mais
complexo é o jusnaturalismo dos valores. Ele coloca o problema do Direito
natural no plano axiológico e descobre-o através de uma progressiva
participação da consciência moral nos valores (Alfred Verdross).” ..”(Manual
de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros,
Almedina)
 “Também nós pensamos que é a tese jusnaturalista a que melhor consegue
explicar o fundamento da obrigatoriedade do Direito internacional… Dentro
das modalidades do jusnaturalismo, aquela que pretende construí-lo com apelo
aos valores parece-nos frágil. De facto, ela não consegue escapar a duas
críticas decisivas: por um lado, enquanto a adesão aos valores da parte dos
Estados depende exclusivamente, da vontade destes, ela está eivada de
preconceitos voluntaristas e, nessa medida, não escapa às críticas que
aduzimos contra o voluntarismo, enquanto com o aparecimento na
comunidade internacional de um grande número de novos Estados (primeiro
na África e na Ásia, com a descolonização, e, na Europa de Leste, com a
fragmentação do império soviético) se diversificou profundamente a escala de
valores éticos que regem hoje o comportamento dos Estados na cena
internacional, tornou-se muito difícil afirmar a existência de uma hierarquia de
valores aceites uniformemente por todos os Estados da Comunidade
internacional. Por isso julgamos que a forma clássica de jusnaturalismo, isto é,
o jusnaturalismo católico, de inspiração aristotélico-tomista, mesmo sem
conseguir por vezes ultrapassar algumas dificuldades a si inerentes, é o que de
forma mais convincente explica o fundamento do direito internacional. E isso
não acontece por acaso, porque está ligado à própria génese da Comunidade
Internacional e a evolução do Direito Internacional.” (Manual de Direito
Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina)

 Desenvolvimento Histórico e Actualidade do DIP

Análise do Texto “Formação e Evolução do Direito Internacional. Os Ventos de


Mudança” – Prof. Silva Cunha:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/2701/1/NeD53_JdaSilvaCunha.pdf

E as seguintes afirmações retiradas do Manual de Direito Internacional P

1. Identifique no texto elementos que evidenciam:

 A existência de uma comunidade internacional


 As relações jurídicas entre os Estados
 A concepção voluntarista do Direito Internacional
 A concepção jusnaturalista do Direito Internacional

2. Comente o parágrafo 15 do texto à luz da actualidade do direito


internacional.

Bibliografia:

Fausto de Quadros e André G. Pereira (2015) Manual de Direito Internacional Público.


Almedina

Ou

Jorge B. Gouveia (2017) Manual de Direito Internacional Público. Almedina

Ou

Jónatas Machado (2019) Direito internacional do paradigma clássico ao Pós-11 de


Setembro, Gestlegal

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