O documento apresenta uma introdução ao Direito Internacional Público, discutindo (1) a existência de uma comunidade internacional e as diferentes relações jurídicas entre Estados, (2) as concepções voluntarista e jusnaturalista sobre os fundamentos da obrigatoriedade do direito internacional, e (3) a evolução histórica e atualidade desta área do direito.
O documento apresenta uma introdução ao Direito Internacional Público, discutindo (1) a existência de uma comunidade internacional e as diferentes relações jurídicas entre Estados, (2) as concepções voluntarista e jusnaturalista sobre os fundamentos da obrigatoriedade do direito internacional, e (3) a evolução histórica e atualidade desta área do direito.
O documento apresenta uma introdução ao Direito Internacional Público, discutindo (1) a existência de uma comunidade internacional e as diferentes relações jurídicas entre Estados, (2) as concepções voluntarista e jusnaturalista sobre os fundamentos da obrigatoriedade do direito internacional, e (3) a evolução histórica e atualidade desta área do direito.
A) Introdução ao Direito Internacional Público (DIP)
“Na chamada Comunidade Internacional existem, sem dúvida, interesses
comuns e convergentes entre os Estados que a compõem; mas o individualismo internacional dos Estados, fundado na soberania de cada um deles, traduz-se num potencial conflito, cujo efeito desagregador é mais forte do que o efeito agregador dos interesses convergentes que aproximam os Estados” (Manual de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina) “Na Comunidade Internacional assim caracterizada são de diversa índole as relações jurídicas que se estabelecem entre os Estados. Elas podem ser classificadas em três grandes categorias: relações de coordenação ou de cooperação, relações de subordinação e relações de reciprocidade. As relações de coordenação ou mera cooperação … resultam do simples relacionamento entre os Estados e da necessidade sentida por eles de satisfazerem em conjunto interesses comuns nos mais diversos domínios: preservação da paz e da segurança internacionais; desarmamento; cooperação nos campos económicos, social, cultural e humanitário (…) Relações de subordinação (…) relações que se estabelecem no interior do Estado entre governantes, pelo que provocam limitação na soberania dos Estados (…). Relações de reciprocidade são aquelas que se estabelecem entre os Estados em matéria de imunidades dos agentes diplomáticos, de dupla nacionalidade, de extradição, de reconhecimento de graus académicas ou títulos profissionais etc..”(Manual de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina) “No campo do direito internacional, o voluntarismo levou a fundar a obrigatoriedade deste na vontade do Estado singular ou, mais tarde, na “vontade comum” dos Estados. A teoria do “direito estadual externo” …consiste na primeira e na mais radical das teses voluntaristas que fundamentam o direito internacional na vontade exclusiva de um só Estado. Ela parte da tese hegeliana da impossibilidade de hetero - limitação do Estado, que assenta no princípio da força obrigatória ao direito internacional que, e na medida em que for recebido pelo direito interno. O chamado direito internacional não é do que a projecção externa do ordenamento jurídico estadual. (…) A teoria da “autolimitação do Estado … É o Estado que fixa as limitações do seu próprio poder absoluto quer perante os seus súbditos quer em relação aos demais Estados com que estabelece relações. É nessa autolimitação ou auto-obrigação que reside o fundamento da obrigatoriedade da norma internacional (…) A teoria da Vereinbarung… no acordo colectivo, isto é, na Vereinbarung as partes prosseguem interesses iguais e comuns, isto é, as várias vontades intervenientes têm o mesmo conteúdo, gerando, por isso, para todas as partes obrigações idênticas.” (Manual de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina) “O primeiro autor a defender que o Direito Internacional tinha fundamento no Direito natural foi Hugo Grócio. Mas o pensamento de Grócio nesta matéria não era muito claro já que o seu jusnaturalismo aparecia casado com o voluntarismo: a força obrigatória do Direito Internacional resultava do direito natural, com valor próprio, como do consentimento dos Estados. Esta corrente ficou conhecida por jusnaturalismo racionalista (…) Os jusnaturalistas católicos colocam o problema do Direito Natural no plano ontológico. Por isso, o Direito natural só pode ser apreendido pela revelação. Surge então o problema de saber quais os princípios suprapositivos em que se fundamenta o direito internacional. Segundo Le Fur, são três: o princípio pacta sunt servanda, de harmonia com o qual os compromissos livremente assumidos, quando celebrados em conformidade com a Moral, têm de ser cumpridos; a obrigação de reparar todo o prejuízo injustamente causado; e o respeito pela autoridade, dado que nenhuma sociedade subsiste sem autoridade….(…) Mais complexo é o jusnaturalismo dos valores. Ele coloca o problema do Direito natural no plano axiológico e descobre-o através de uma progressiva participação da consciência moral nos valores (Alfred Verdross).” ..”(Manual de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina) “Também nós pensamos que é a tese jusnaturalista a que melhor consegue explicar o fundamento da obrigatoriedade do Direito internacional… Dentro das modalidades do jusnaturalismo, aquela que pretende construí-lo com apelo aos valores parece-nos frágil. De facto, ela não consegue escapar a duas críticas decisivas: por um lado, enquanto a adesão aos valores da parte dos Estados depende exclusivamente, da vontade destes, ela está eivada de preconceitos voluntaristas e, nessa medida, não escapa às críticas que aduzimos contra o voluntarismo, enquanto com o aparecimento na comunidade internacional de um grande número de novos Estados (primeiro na África e na Ásia, com a descolonização, e, na Europa de Leste, com a fragmentação do império soviético) se diversificou profundamente a escala de valores éticos que regem hoje o comportamento dos Estados na cena internacional, tornou-se muito difícil afirmar a existência de uma hierarquia de valores aceites uniformemente por todos os Estados da Comunidade internacional. Por isso julgamos que a forma clássica de jusnaturalismo, isto é, o jusnaturalismo católico, de inspiração aristotélico-tomista, mesmo sem conseguir por vezes ultrapassar algumas dificuldades a si inerentes, é o que de forma mais convincente explica o fundamento do direito internacional. E isso não acontece por acaso, porque está ligado à própria génese da Comunidade Internacional e a evolução do Direito Internacional.” (Manual de Direito Internacional Público, André Gonçalves e Fausto de Quadros, Almedina)
Desenvolvimento Histórico e Actualidade do DIP
Análise do Texto “Formação e Evolução do Direito Internacional. Os Ventos de
Mudança” – Prof. Silva Cunha: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/2701/1/NeD53_JdaSilvaCunha.pdf
E as seguintes afirmações retiradas do Manual de Direito Internacional P
1. Identifique no texto elementos que evidenciam:
A existência de uma comunidade internacional
As relações jurídicas entre os Estados A concepção voluntarista do Direito Internacional A concepção jusnaturalista do Direito Internacional
2. Comente o parágrafo 15 do texto à luz da actualidade do direito
internacional.
Bibliografia:
Fausto de Quadros e André G. Pereira (2015) Manual de Direito Internacional Público.
Almedina
Ou
Jorge B. Gouveia (2017) Manual de Direito Internacional Público. Almedina
Ou
Jónatas Machado (2019) Direito internacional do paradigma clássico ao Pós-11 de