A Abóbada do Mosteiro da Batalha é o centro deste conto. O arquiteto
Afonso Domingues, que lutou para por D. João I no trono, está construindo um mosteiro e projetou uma abóbada incrível. Mas em 1401 ele fica cego e el-rei, aconselhado por seus conselheiros, chama um arquiteto irlandês, mestre Ouguet, para concluir o projeto. Ele altera o projeto da abóbada e, logo após a compleição desta, a abóbada desaba sobre ele enquanto ele estava tendo um ataque. El-rei chama Afonso, reconstitui-lhe o emprego e este o aceita após muitas desculpas. Ele então passa três dias de jejum sob a abóbada e morre quando conclui que a abóbada tal como a projetou não cairá. Ouguet, que ria do velho cego, torna-se seu admirador. O que transparece nesse conto é principalmente o nacionalismo de Herculano: o português honrado e que fora guerreiro estava certo, e o estrangeiro arrogante (bretão, ainda por cima) estava errado e arrepende- se humildemente no final.
Outro Resumo
A Abóbada é uma das Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano.
Localiza-se no ano de 1401, tendo por assunto a construção do Mosteiro da Batalha, mais concretamente, a construção da abóbada da casa do capítulo do Convento, pelo arquiteto Afonso Domingues, que a delineou, e que, apesar de cego, a concluiu, depois das obras terem sido entregues ao arquiteto Huguet e de este não ter conseguido o seu intento.
A lenda está dividida em cinco capítulos: O Cego, Mestre Huguet, O Auto,
Um Rei Cavaleiro, O voto fatal.
Segundo esta lenda, Afonso Domingues quis morrer na célebre sala, em
cumprimento de um voto fatal, embora não sem antes concluir com a célebre frase: “A Abóbada não caiu, a abóbada não cairá!” Alexandre Herculano que, além de insigne escritor, foi também um notável historiador, conhecia um relato mais antigo que o inspirou. Na sua História de S. Domingos, de 1623, Frei Luís de Sousa regista uma história que os frades da Batalha então contavam: a abóbada da casa do capítulo fora levantada por três vezes; das primeiras duas vezes, caiu com grande perda de vidas, ao serem retirados os cimbres; da terceira, o rei mandou chamar, de várias prisões do reino, criminosos sentenciados a penas pesadas, com o compromisso de os libertar, caso a abóbada não os consumisse.
Herculano acrescentou um ponto a este conto, distinguindo o arquiteto
português do estrangeiro, num momento de afirmação nacionalista da cultura portuguesa.
Na verdade, sabe-se hoje que a abóbada da Casa Capitular não é da autoria
de Afonso Domingues, mas sim de Huguet, tendo podido ser, eventualmente, reconstruída por Martim Vasques pois acredita-se que a lenda tenha um fundo de verdade.