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Dia 13 Janeiro

A Nação cabo-verdiana comemora o dia 13 de janeiro. Dia da Liberdade e da


Democracia, mas também, dia para renovar e reforçar o compromisso de todos
com os princípios e valores da Liberdade e da democracia que estão plasmados
na Constituição de 1992.

A comemoração do 13 de Janeiro não só evoca toda a luta travada e os


extraordinários sacrifícios feitos para que, hoje, cada cabo-verdiano visse a sua
dignidade respeitada como também força-nos a uma atenção muito especial
quanto a tentativas de restrição dos direitos fundamentais sob que pretexto for.

No distante dia 13 de Janeiro de 1991 realizaram-se as primeiras eleições livres


e plurais.

Só por isso a data já merecia ficar registada e ser comemorada como o dia em
que na liberdade pela primeira vez foi exercida a vontade soberana do povo e
através dela se legitimou o exercício do poder político na república. Afinal, em
certo sentido, a democracia define-se como governo da maioria que resulta de
eleições periódicas e pluripartidárias. E foi nesse dia que tudo começou.

O 13 de Janeiro ganhou uma importância ainda mais fulcral para o devir do país
com o resultado eleitoral obtido ao assegurar uma maioria qualificada de mais
de dois terços dos deputados ao partido da mudança. A decisão popular em
mudar o regime político foi claramente expressa. O caminho ficou aberto para a
adoção de uma Constituição liberal e democrática que firmemente e sem
ambiguidades passou a garantir o respeito pela dignidade humana e a reconhecer
a inviolabilidade e inalienabilidade dos direitos fundamentais dos indivíduos.

O quadro político da transição democrática estabelecido unilateralmente pelo


então partido único excluía a possibilidade de uma assembleia constituinte para
dotar o país de uma nova Constituição. A opção feita em Setembro de 1990 foi
de fazer alterações na Constituição de 1980 para permitir a participação de
outros partidos e a realização de eleições livres e também para, em
conformidade com o sistema de governo semipresidencialista escolhido,
redefinir competências do presidente da república e do parlamento. Na prática,
enxertava-se na antiga Constituição algumas normas que permitiam um
funcionamento num ambiente político-partidário plural deixando o resto
praticamente inalterado em particular no domínio dos direitos, liberdades e
garantias e no que respeitava ao poder judicial.

Retrospetivamente, pode-se ver que sem uma maioria qualificada para adotar
uma nova Constituição, o pluripartidarismo cabo-verdiano provavelmente iria
conhecer anos de instabilidade e não teria adotado os valores civilizacionais que
o catálogo de direitos da Constituição de 1992 consubstanciam. Neste especto
são esclarecedores os anos de instabilidade na Guiné-Bissau e noutros PALOP, e
também na Nicarágua e na Argélia, entre vários outros países que na época
fizeram a sua transição para a democracia, que foram provocados em boa parte
por essa espécie de “hibridismo” constitucional. Por causa dos resultados do 13
de Janeiro Cabo Verde teve sorte nesse especto e essa é uma das razões por que
tem beneficiado de governos estáveis nestes trinta anos e tem conduzido
processos de transferência de poder em momentos de alternância política com
absoluta tranquilidade.

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