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Aula 01
Três tipos de habilidades são essenciais para profissionais de todas as áreas: técnicas, conceituais e
humanas.
Habilidade humana é a capacidade e consciência para trabalhar com e por meio de pessoas. Inclui
conhecimentos sobre comunicação, motivação, comportamento humano e processos de liderança. As
habilidades humanas também contemplam a autoconsciência e a capacidade de autogerenciamento.
Prepare-se para conhecer a mais complexa estrutura já estudada pela humanidade, o cérebro humano.
Esteja sempre atenta (o) ao longo desta viagem, porque conhecer o cérebro é conhecer... você.
O foco deste módulo é definir o que realmente é neurociência, de como nós podemos estudar os
diferentes caminhos para estudar neurociência e como podemos usar esse conhecimento para a prática em
um ambiente corporativo para o desenvolvimento de pessoas e das organizações.
Neste módulo vamos interagir a neurociência, o desenvolvimento de pessoas, o desenvolvimento de
negócios e o autogerenciamento. E esta aplicação será sempre com o foco de buscar alta performance de
forma sustentável. Vamos falar como podemos aplicar o conhecimento da neurociência no ambiente
corporativo.
Tem vários objetivos possíveis para aplicação de neurociência no mundo corporativo. Desde uma
resposta melhor em um recrutamento para selecionar pessoas que vão trabalhar na empresa, até um
melhor programa de desenvolvimento de talentos, um aprendizado mais efetivo; até uma campanha de
marketing com resultados melhores; até uma formação de líderes de uma forma mais estruturada, com
base em evidências científicas. Mas de todas essas aplicações, uma é transversal: a ideia que permeia a
neurociência no mundo todo é que há uma alternativa para que as empresas tenham alta performance
sustentável. O que quer dizer alta performance sustentável? Ou seja, conseguir resultados melhores sem
ter que adoecer e ameaçar as pessoas. No passado se usava o famoso modelo: “tensiona, direciona e
celebra”. As empresas colocam metas que não tem como alcançar. Este modelo já não funciona mais a
muito tempo.
A neurociência traz outra possibilidade: é possível melhor os resultados, ter melhor desempenho, engajar
as pessoas, sem ter que ameaçar ou estressar as pessoas. Tem caminhos científicos para isso. Também
ajuda no processo de aprendizagem, de marketing, de vendas, etc.
A neurociência é de origem uma ciência básica. Ela é do grupo do STEM (Science, Technology,
Engineering and Mathematics). É um grupo que na área do conhecimento científico é considerado o
HARD SCIENCE. Em que as pesquisas são sempre com métodos científicos, com construção de
hipóteses, com validação estatística, com experimentos (normalmente envolvendo tecnologia), com coleta
de dados. Uma série de estrutura que são considerados no mundo todo como Hard Science.
Nós temos uma outra área que é a área de “sociais, humanas aplicadas e artes”. Que o foco é observação
social, estudos de casos clínicos, etc, que também fazem interface com as hard science, porque alguns
métodos de pesquisas que podem ser usados nas ciências sociais e humanas aplicadas nas artes podem
utilizar-se de métodos do hard Science, de construção de hipótese, com validação estatística, com
experimentos replicáveis. E outros não. Tem coisas que não precisam da hard Science, pode ser apenas
com observação.
O que queremos aqui é fazer um diálogo entre hard Science e neurociência. A neurociência exige alta
tecnologia, são pesquisas demoradas, altos investimentos, exige um rigor estatístico monstruoso. O Brasil
não tem muita pesquisa por causa do alto investimento. (Isso para neurociência).
A neurociência traz uma perspectiva sobre a mente humana, sobre emoções, sobre o comportamento
humano que tem muito a somar a outras perspectivas que também são muito importantes; da sociologia,
da antropologia, da psicologia, que são perspectivas muito importantes também. A ideia é que possamos
somar. Que possamos contribuir para trazer uma visão 360 graus sobre o comportamento humano, sobre a
mente humana. A psicologia, nas suas diferentes escolas, tem uma perspectiva fundamentada muitos
métodos das ciências sociais e humanas, a sociologia tem uma perspectiva sobre o comportamento
humanos, a antropologia tem a sua perspectiva, a filosofia tem a sua perspectiva e a neurociência tem a
sua perspectiva para se somar a essas diferentes visões, para complementar e gerar essa sinergia para o
Design, Intervenção e Gestão, Execução e monitoramento de intervenção nas organizações, em busca de
resultados sempre de forma sustentável.
3. Atividades em laboratórios
a. Levar a pessoa para um laboratório com equipamentos maiores, com mais canais de
neurosensores. Pode combinar as mensurações com diferentes níveis de biosensorres ao
mesmo. Sincronizar os dados. A MAQUIN (consultoria do mundo) faz para as equipes de
treinamento. (Eles colocam 2 ou 3 turmas pilotos para fazer diferentes versões de um
mesmo treinamento, medem por biosensores as reações – onde a mais engajamento, onde
a atenção é retida, onde á sobrecarga de informação de processamento e perda de atenção
e sincronizada ela sabe que ajuste fazer. Em X momento do treinamento, com essa
atividade houve sobregarca; ou seja, a pessoa não vai aprender nada e vai ficar estressada.
Então vamos mudar a atividade. Neste outro momento houve um engajamento maior
(veja o que estava acontecendo naquele momento – porque o experimento é filmado.
Assim eles sabem qual atividade gerou mais atenção, mais engajamento). E daí eles
modelam e registram o treinamento até ter a resposta adequada para multiplicar isso para
os diversos colaboradores que farão o treinamento. Gerando resultados mega superiores.
b. Também pode ser usado em um nível mais HARD com grupos de controles, com teste
cego, fazendo ressonância magnética funcional e medindo a ativação de áreas diferentes
do cérebro (mais ciência).
4. Intervenções híbridas
a. São o que a maioria das empresas estão fazendo hoje. Onde se faz o planejamento para
execução de uma atividade vejo o resultado daquela atividade com um biosensor mais
acessível financeiramente, se vamos implementar um programa que é para atender
milhares de pessoas ver se vale a pena levar para um laboratório para fazer testes antes
porque se aumenta muito retorno, porque modelamos o treinamento para as reações que
queremos causar.
b. Existe um leque muito grande de utilização: Ex: gestão de equipe, treinamento, processo
de recrutamento e seleção, desenvolvimento e intervenções individuais, em processos de
marketing, venda, negociação, capacitação, vai depender da área em que você quer
aplicar.
(Fonte: Scrum.org and ScrumInc., Ken Schwaber and Jeff Sutherland: Scrum Guide)
Para aplicar a neurociência, nós seguimos o mesmo princípio para termos sucesso em qualquer área de
atuação. Precisamos combinar habilidade técnica, habilidade conceitual e habilidade humana.
A habilidade técnica é a mais fácil de obter. Habilidade técnica é você saber fazer um checklist. Saber
seguir as etapas, os processos. Aprendemos com um curso por exemplo.
A habilidade conceitual está cada vez mais rara hoje em dia. Para você adquirir habilidade conceitual
você precisa estar disposto a ler livros científicos da área de atuação. Que faça pesquisa, vai e volta. Isso é
muito bom porque faz que saibamos o que está por trás do passo a passo que os cursos ensinam. Você
começa a saber o “por quê” das coisas. Você começa a saber se a técnica que te passaram é certa, você
sabe o porque eles te deram uma certa para aplicar, você pode customizar/modelar a a técnica para uma
mudança de contexto e consegui criar a sua própria técnica e provar de onde vem a evidencia que dá
evidencia para ela. Ex: quem gosta de cozinhar segue a receita, coloca o bolo na temperatura certa, mas
se você tem conhecimento (habilidade conceitual) você sabe porque você tem que colocar x gramas de
fermento, x gramas de farinha e porque que o forno precisa estar a x temperatura. Essa é a diferença. Uma
coisa é seguir a receita, outra é saber o porque se faz de uma forma x. E se você tem a base conceitual,
exemplo engenheiro de alimento, você pode pegar a mesma receita e adaptar para um grupo de grande de
pessoas, ou para ao invés de fazer um bolo de chocolate, você fazer um brownie.
Não tem como aplicar neurociência sem ter a base conceitual, porque comportamento humano não é
recita de bolo. Tem como dar resultado, medir o resultado, saber quem está tendo resultado e porque está
tendo resultado. E para fazer tudo isso do jeito correto é preciso ter habilidade humana.
A habilidade humana é como vamos lidar com as pessoas para aplicar este conhecimento. Como vamos
persuadir as pessoas? como vamos lidar com uma variação emocional em uma equipe? Que habilidade
vamos desenvolver para autogerenciamento para lidar com as minhas próprias emoções para que eu possa
lidar com as emoções das outras pessoas, para que possamos lidar com a equipe da empresa com a
diversidade, (diferente background, religião, crenças) e conseguir gerar sinergia. A neurociência dá base
para isso.
Para se ter um processo criativo, nós recrutamos diferentes áreas do cérebro que estão nos dois
hemisférios. E se você for separar uma parte do cérebro para você criar coisas que não existe ainda seria o
LOBO FRONTOL, mais especificamente o CORTEX PRÉ-FRONTAL dos dois lados (direito e
esquerdo), porque são as únicas áreas do cérebro que conseguem imaginar coisas que você nunca viu e
que não existem ainda. Sem essa área do cérebro, você não consegue fazer isso, só que você usa os dois
hemisférios para fazer isso do córtex pré-frontal que fica no lobo frontal.
Pergunta de aluna: O córtex pré-frontal é responsável pela tomada de decisões dos seres humanos? O
córtex pré-frontal é uma área grande do nosso encéfalo, cheia de subdivisões. Cada subdivisão é
responsável por funções muito diferentes. O córtex pré-frontal é um conjunto de áreas. Existe o córtex
pré-frontal dorso medial, córtex pré-frontal dorso lateral, córtex pré-frontal órbito-frontal, O córtex pré-
frontal ventro medial... Ex: Nós temos uma capacidade chamada de “teoria da mente”. Nós começamos a
desenvolver isso na infância. A capacidade de fazer a “teoria da mente” é a capacidade nossa de
observando as pessoas nós inferimos o que elas estão pensando, qual é a sua intensão ou qual o seu estado
emocional. Nós fazemos isso no dia a dia, exemplo, quando olhamos para alguém e pensamos: “o fulano
está triste.” ou “ele está nervoso”. A capacidade de vermos a expressão no rosto, a postura, o jeito que a
pessoa está falando e você inferir que ela está nervosa, alegre, ansiosa, cansada, etc. Isso é a capacidade
de teoria da mente e mentalização. Os processos se intercambiam. Teoria da mente mais para intensão; e
mentalização mais emoção. Tem uma área do córtex pré-frontal que está profundamente envolvida nisso,
que é o córtex pré-frontal dorso medial. Mas uma área do lado dela, que o córtex pré-frontal dorso lateral
que está muito ligada a funções executivas (foco atencional; memória de trabalho, que aquela memória de
curto espaço de tempo; Controle cognitivo sobre resposta prepotente, ou seja, você tem um impulso para
fazer uma coisa e daí você segura/para porque se você fizer aquilo, você terá um problema; Flexibilidade
cognitiva, ou seja, você está atuando para alcançar um objetivo, não está dando resultado, você mantêm o
foco no objetivo e cria outra estratégia. Se combinarmos as áreas do córtex pré-frontal, elas juntas são
responsáveis pelas funções executivas, memórias de trabalho, controle de resposta inibitória, flexibilidade
cognitiva. Mas o córtex pré-frontal também atua em teoria da mente, interagindo com outras áreas. Em
relação de conteúdo com o Self (ou seja, eu avaliar a minha experiência e relacionar o quanto que aquilo
está ligado com a minha identidade, com aquilo que eu acredito que eu sou. O Córtex pré-frontal é a única
parte do nosso cérebro capaz de planejar coisas para o futuro – Usamos áreas do córtex pré-frontal).
Também usamos o córtex pré-frontal para o controle de resposta prepotente, que é a capacidade de conter
impulsos emocionais.
Simplificando, a amigdala é uma área do cérebro que embora seja bem pequena em tamanho, ela é
dividida em várias partes e é bem complexa. Mas uma das funções dela é receber informações/pistas
contextuais, e avaliar se aquelas pistas contextuais apresentam uma situação que tem alta valência
emocional. E se ela tiver pistas que causem uma alta valência emocional, a amigdala dispara para que
haja reações fisiológicas a ligadas a experiencias de alto teor emocional. Mas isso também está ligado a
memória, aprendizado, etc.
Pergunta: de aluna sobre se e como podemos identificar pessoas muito inteligentes e pessoas muito
persuasivas.
Resposta: 1 - Existem testes muito consolidados para inteligência (ex: QI) , que não são de neurociência;
são testes da psicologia e de neuropsicologia. Teste que não necessariamente foram criados na área de
neurociência, mas sim na área da psicologia. Apenas psicólogo pode aplicar teste de QI e qualquer teste
psicológico. Existem assessments, que não são considerados testes psicológicos, que não psicólogos
podem aplicar. 2 – Existem testes de uma coisa chamada G.M.A (General Mental Ability – Habilidade
Mental Geral). São testes que medem a habilidade mental. Aplicado por psicólogo. A média de um QI
normal é 100. Abaixo de 80 ela pode ter um déficit cognitivo. Acima de 120 ela está fora da média e
acima de 120 pode chegar em algum momento a ser chamado de superdotado. Isso para medir
inteligência lógico matemático. Existem outros testes que vão medir outras capacidades. E as vezes a
pessoa pode ter uma bem desenvolvida e outra não. A pessoa pode ter o QI altíssimo e não ter habilidade
social.
Para habilidades sociais, para o controle de respostas prepotentes (que faz parte das habilidades sociais),
capacidade de empatia, de teoria da mente; ou seja, habilidades que vão interferir muito na qualidade de
relacionamento. Para desenvolver isso existe uma combinação de fatores. Uma parte é genética e a outra é
a epigenética (que é a expressão do gene). Essas duas partes são influenciadas fortemente pela
experiência da mãe (com a criança ainda no útero) + a experiência que a criança tem no ambiente micro
familiar na primeira infância + experiencia que ela tem no macro ambiente social (bairro e escola) +
alimentação. A combinação desses fatores, vai pré-dispor ela para mais ou menos a aparelhagem do
cérebro social. Ou seja, das estruturas relacionadas a teoria da mente, a capacidade de empatia. Então uma
pessoa pode ter uma inteligência matemática muito grande, mas não conviver bem socialmente porque a
mãe passou por muito estresse na gravidez, ou violência quando criança. Antigamente achava-se que uma
criança que teve uma infância de mal tratos, que se tornou um adulto que rouba e comete crimes e é
violenta foi estragada. Hoje sabemos que isso não é verdade. A natureza fez o trabalho dela certinho. Isso
acontece porque uma criança que passa por essas experiências é o ambiente que está dizendo para o
cérebro dela que: “se ela é espancada quando criança, se ela não recebe alimento adequado, se ela é
ameaçada o tempo todo, se ela sofre violência psicológica; a experiencia está dizendo para o cérebro dela
que: “o mundo é perigoso. Você precisa estar preparado para reagir rápido e violentamente porque senão
você vai sofrer. Sobreviva!” E essa criança é configurada para ter reações rápidas para viver em um
ambiente que ela vive com ameaças constantes. Só que ela cresce, sai daquele ambiente no qual ela estava
sendo ameaçada e vai viver na sociedade que não tem aquela ameaça constante. Mas o “software” dela
(ela foi configurada), para que quando uma pessoa gritar ela bate na pessoa. E isso pode ser porque
batiam nela quando ela gritava. E isso não influencia se a pessoa tem um QI alto.
Os psicopatas podem ter “calosidade emocional” ou seja, ter pouca capacidade de perceber do outro, ser
egocêntrico, vaidoso e ser extremamente inteligente. Os psicopatas são inteligentes demais para ser
pegos.
Pergunta: Tem alguma relação da neurociência com a sabotagem? A neurociência acredita que o cérebro
se autossabota?
Resposta: Não. É uma mudança de conceito. Não é que não exista a possibilidade de uma pessoa ter um
padrão comportamental que faz mal para ela. Ou que impede ela de crescer e se desenvolver. Mas a
verdade é que não é uma autossabotagem, mas sim que aquele padrão é a melhor resposta que a pessoa
tem para aquela situação. E aquele padrão de comportamento dá alguma resposta positiva que foi forte
suficiente para ele ser padronizado. Então, por exemplo, alguém tem o hábito de chegar em casa abrir um
cerveja e ver tv. Isso atrapalha no dia seguinte, mas continua fazendo isso todos os dias ao invés de fazer
exercício (por exemplo). Alguém pode olhar e pensar: “este cara está se autossabotando. Ele é brilhante e
poderia estar trabalhando ou fazendo exercício”. Mas na verdade o que acontece é que quando esse cara
chega em casa e pega a cerveja e vai ver tv ele tem uma descarga de prazer. E aquela resposta de prazer
para aquela pessoa tem um valor enorme. Depois de um dia de trabalho, ainda mais que ele trabalha em
um lugar que de repente ele nem goste. E essa foi a estratégia que a pessoa encontrou para ela se sentir
bem depois de um dia de trabalho. Isso quer dizer o seguinte: para quem olha de fora, parece sabotagem.
Olhando por dentro, é a estratégia que ele tem. Podemos desenvolver outras estratégias? Podemos, mas
hoje é a que ele tem. A intensão da estratégia é positiva. Está causando um mal danado, mas a intensão é
positiva. Por isso é um problema falar em autossabotagem. Fica parecendo que a pessoa planejou se dar
mal. Na verdade é a estratégia que ela tem e a intensão é positiva. O professor fala “intensão”, mas é no
sentido mais amplo. A pessoa não tem consciência disso, está automatizado. Essa atitude de pegar a
cerveja e ver tv é um padrão que vem sendo reforçado. Estes padrões são conexões neurais. Hoje você
tem como mapear, identificar visualmente qual é a conexão neural ligada a uma resposta comportamento
complexa por meio de um “Conetomo” (confirmar se é assim que se escreve), ou seja, que grupo de
neurônios está ligada a que grupo de neurônio para fazer você por exemplo acender um cigarro quando
você fica estressado. – Nós funcionamos por padrões. Este foi o jeito que o nosso cérebro evoluiu,
criando padrões de respostas que podem ser generalizados. E os padrões de respostas que tem melhor
resultado e resultado em termos de “valência emocional” a pessoa repete ele quando tem um contexto
semelhante. Se ele der certo de novo eu repito. Cada vez que eu repito eu atuo na “potenciação de longo
prazo” que é basicamente ampliar o número de receptores e a permeabilidade desses receptores nas
sinapses e aumentamos a “Baiha de mielina” do axônio do neurônio (que é a capa de gordura na área do
neurônio que faz a transmissão elétrica). Quando essa capa de gordura aumenta, a transmissão elétrica é
mais rápida; a resposta por aquele caminho é mais automatizada.
Só que a base de que da ideia de que áreas do cérebro eram responsáveis por funções não era uma ideia
maluca.
A partir daí começamos a desenvolver novas técnicas. O Camilo Golgi (1843 – 1926) desenvolveu uma
técnica de tintura. Ele descobriu um reagente para colocar na célula nervosa e esse reagente tingia o
neurônio. Até então nós não conseguíamos olhar um neurônio no microscópio. Quando olhávamos estava
tudo misturado.
Enquanto ele estava trabalhando nisso, duas pessoas foram mais adiante nesta ideia de que podíamos
identificar áreas do cérebro. Paul Broca ( 1824 – 1880 ) e Karl Wernicke (1848 – 1905)
Paul Broca ( 1824 – 1880 ), médico, percebeu que pacientes dele que tinham tido lesões em uma
determinada área do cérebro, perdiam o controle motor da fala. A Língua está boa, os músculos estavam
bom, mas eles não conseguiam falar. Mas estavam com lesão em uma área do cérebro. Ele viu isso em
um paciente e foi procurar outros pacientes que tinham uma lesão na mesma área do cérebro. Lesão por
um trauma, acidente ou um derrame cerebral. E as pessoas tinham o mesmo sintoma. Elas perdiam o
controle motor da fala. Daí o Paul Broca falou, se todo mundo que tem uma lesão nessa área tem esse
mesmo sintoma, então essa área controla a parte motora da fala.
Depois veio o Karl Wernicke que descobriu uma outra coisa. Ele descobriu que quando a pessoa tinha
uma lesão em outra área do cérebro, ela até conseguia falar, mas ela não entendia o que ela estava
falando. Ele foi atras de outros pacientes com lesão nesta mesma área e todos tinham os mesmos
sintomas, daí ele chegou à conclusão de que essa área ajudava no processamento semântico da fala. Daí
essas áreas receberam os nomes deles.
Daí começamos a entender que realmente tinha áreas no cérebro que responsáveis por determinadas
funções. Isso foi uma grande evolução, porque a partir daí a base para entender que parte do cérebro é
responsável pelo quê foi o estudo de lesões e doenças. A pessoa tinha uma lesão, estragava uma área, os
médicos iam lá ver que sintoma tinha. Essa era a única forma de sabermos que área do cérebro estava
ligado a que parte do corpo. Porque não tinha tecnologia para desenvolver isso.
Em paralelo a isso começamos a ter psicologia. Até essa época não tinha psicologia. Daí, já no século
XIX. Willian James, que é considerado o pai da psicologia, escreveu um livro chamado: os princípios da
psicologia onde ele falava sobre “fluxo consciência e vontade” e desenvolveu uma teoria das emoções.
Detalhe, ele era um psicólogo fisiologista. Ele tinha uma teoria de tentar conectar o funcionamento da
mente ao funcionamento fisiológico do cérebro. Então o início da psicologia foi meio que para o lado da
neurociência.
Depois veio um outro pioneiro da psicologia muito importante que foi Wihelm Wundt (1832 – 1920 ). Ele
era fisiologista. Ele tentava explicar o funcionamento da mente por meio do funcionamento do cérebro.
Mas naquela época nós não tínhamos tecnologia para estudar o cérebro de um ser vivo. Então era muito
difícil fazer isso. Wundt fazia correlações. Então o início da psicologia foi junto com tentar entender o
funcionamento do cérebro. A mente e fisiologia eram conectadas para os primeiros pioneiros da
psicologia.
Até que veio um cara chamado Sigmund Freud (1886 – 1939) e disse: não, separa isso aí. Vamos pegar a
psicologia e estudar fora do corpo. Não vamos mexer com o corpo de ninguém, com o cérebro de
ninguém. Vamos observar, vamos fazer estudo clínico e vamos refletir. Ele dizia, se você quer estudar a
mente humana, você não tem que olhar o cérebro. Você tem que olhar as pessoas, conversar com elas,
fazer anotações, refletir e você vai criar uma teoria da mente. Então ele trouxe essa percepção de um
estudo da mente separado do estudo do cérebro.
Enquanto isso nós estávamos evoluindo no conhecimento sobre o funcionamento do cérebro; só que aí
entre biólogos, fisiologistas, médicos, Golgi avançou na sua técnica para podermos ver neurônios.
Daí veio Santiago Ramón e Cajal [pronuncia: Caral] (1852 – 1934). Ele aperfeiçoou a técnica. Ele além
de fisiologista, médico, neurologista, era um exímio desenhista e ele aplicava a técnica de tingimento, bia
o neurônio no microscópio e desenhava o neurônio. E ele era muito fidedigno. E ele escreveu tratados
sobre o sistema nervoso.
Após algum tempo vendo o neurônio, nós chegamos ao ponto em que começamos a entender que havia
uma comunicação entre os neurônios. Essa comunicação chama-se Sinapse.
Charles Scott Sherrington (1857 – 1952) foi quem descobriu que existia a sinapse. Ele ganhou um prêmio
Nobel de fisiologia em 1932 por descrever e provar que os neurônios se comunicavam por meio de
sinapses.
Daí tivemos evoluções por caminhos mais interessantes. Por exemplo, um fisiologista veterinário que está
estudando a liberação de saliva em animais e ele descobre o condicionamento de comportamentos. Este
cara foi: Ivan Pavlov (1849 – 1936). Ele não era psicólogo, não era médico e não estava preocupado com
o estudo da mente. E por acidente ele descobriu o condicionamento. Ele estava tentando entender o
mecanismo de liberação de saliva da cadela e para isso ele tocava um sininho para chamar a cadela e dava
comida para ela liberar a saliva. Daí por um acidente um dia ele tocou o sininho sem querer e a cadela
começou a liberar saliva (babando), mesmo sem ter comida. Daí ele conseguiu descobrir mecanismos do
condicionamento clássico; que foram muito importantes para conseguirmos entender o funcionamento da
mente.
A partir daí fomos evoluindo em tecnologia, em estudos até que nos anos 80 surgem os exames de
neuroimagem. A ressonância magnética, emissão de epósitro (confirmar este nome), ressonância
magnética funcional, tomografia. E isso deu uma outra roupagem. Agora podíamos ver um cérebro vivo e
funcionando.
Com a evolução dessas técnicas na década de 90 houve uma popularização da neurociência. A
ressonância magnética, a pet scan, a tomografia, entre outras permitiram a gente dar um estímulo e ver no
cérebro de uma pessoa viva o que estava acontecendo naquele momento. Isso foi uma revolução
monstruosa. A década de 90 foi considerada a década do cérebro.
A partir do final dos anos 60 surgiu a surgiu a SOCIETY FOR NEUROSCIENCE. Ela é uma organização
mundial que congrega neurocientistas do mundo inteiro em eventos internacionais. Para entrar lá tem que
estar desenvolvendo pesquisas.
Os aparelhos tecnológicos nos permitiram evoluir muito no conhecimento sobre o cérebro humano.
Fechando a aula o professor pergunta:
“Para que serve o encéfalo?”
Resposta: É claro que o nosso cérebro tem funções básicas relacionadas ao sistema autonômico (ex:
controlar a respiração, o batimento cardíaco, a circulação sanguínea, a digestão). Só que a área do
cérebro que cuida disso é muito pequeno. Tanto que o cérebro de um rato faz isso. E o resto do
cérebro? E por que o nosso cérebro cresceu tanto que não coube no crânio? (Obs: o nosso cérebro é
todo cheio de dobras porque ele precisou ficar assim para caber no crânio). Nós precisávamos de
uma “ área de processamento”, que é o córtex cerebral (pode-se dizer: “a capa/casca do cérebro”),
e como não cabia no crânio, o cérebro foi se dobrando sobre si mesmo para ampliar a área de
processamento e caber dentro do crânio. É como dobrar uma folha de papel, mas se você abrir ela,
ela é grande e você pode escrever bastante nela. Se abrirmos o crânio de um rato e vermos seu
cérebro, veremos que o cérebro dele é lisinho; ele não é dobradinho porque não precisou crescer
muito. E por que o cérebro cresceu tanto a ponto de não caber no crânio? Porque a função
primordial que fez com que o nosso cérebro crescesse a ponto de não caber no crânio e ter que se
dobrar em si mesmo é para: recebermos informações pelos canais sensoriais (visão, audição, olfato,
tato, paladar, propriocepção, sinestesia), ou seja, receber informações do ambiente. Essas
informações quase todas elas, menos o olfato, vão passar por uma área do cérebro chamada tálamo
(em inglês thalamus). Vai para as áreas de processamento primário, secundário faz um feedback
com áreas corticais superiores para cruzar com referencias e memórias para que possamos dar um
significado; para que assim possamos compreender a experiência que estamos tendo e produzir a
melhor resposta comportamental para garantir a sobrevivência e preservação da espécie. E ele
cresceu e se desenvolveu para fazer isso em um ambiente cada vez mais complexo. Ele tem que
entender por meio das informações sensoriais e do cruzamento dessas informações com memórias,
referenciais, significado e valor para dar um significado para a experiência que estamos vivendo e
produzir a melhor resposta comportamental para a sobrevivência e preservação da espécie. E como
o nosso cérebro faz isso? Ele encontrou uma estratégia espetacular. Ele não inventa uma resposta
comportamental para cada situação que vivemos no trabalho. O que ele faz? Você vive uma
situação pela primeira vez, cria uma resposta comportamental, dá certo aquela resposta, ou seja,
tem um bom resultado. Dá próxima vez que você tiver uma situação parecida com aquela, com
pistas contextuais parecidas, ao invés de criar uma nova resposta comportamental, o cérebro vai
tentar aquela que deu certo antes. E se der certo de novo, ela reforça essa resposta. E quanto mais
ela der certo, mais reforçada ela será. E reforçada quer dizer: potenciação de longo prazo,
turbinando a conexão (as sinapses e mielinização mais fortes dos axônios para que o impulso
elétrico seja mais rápido. Então par explicar como isso acontece vamos dar um exemplo. Eu estou
com 5 anos de idade, na casa dos meus pais. Meu pai está fazendo um churrasco, eu estou
brincando perto da churrasqueira, coloco a mão na churrasqueira quente e queimo a mão.
Primeiro eu vou tirar a mão, gritar, chorar, meu pai vai brigar comigo, a mãe ia cuidar de mim.
Mas naquela hora que eu queimei a mão, eu gerei um aprendizado. Quando eu tiver uma superfície
quente a minha resposta comportamental será me afastar. Dá próxima vez que eu chegar perto de
uma superfície quente o meu cérebro não vai ter que pensar “ah! ali queima, se eu colocar a mão
vai dar errado.” O cérebro vai ativar a resposta que tirou a dor da outra vez e eu vou afastar a mão
antes de queimar. Daí eu vou ter um resultado bom. Para o meu cérebro a mensagem é: “olha, você
se preservou. Nem queimou dessa vez”. Em superfície quente, afasta que dá certo. Dá próxima vez
que eu chegar perto de uma superfície quente ele vai ativar a mesma conexão neural responsável
por aquela resposta comportamental. E quanto mais eu utilizar e der certo, mais forte será aquela
conexão. E forte quer dizer automatizada e rápida; eu não preciso pensar para fazer aquilo. Então
vamos criando padrões de respostas para todas as situações da nossa vida. E toda a vez que eu
tenho um contexto semelhante eu aciono o padrão que deu certo antes, e se ele dá certo eu reforço.
Isso é ótimo, porque na medida que eu vou criando padrões automatizados eu vou liberando um
recurso preciosíssimo que é o “Foco atencional”. Se eu tenho um procedimento automatizado, eu
posso focar a atenção em outra coisa. Quando você está aprendendo a dirigir você tem olhar para
os pedais e pensar o que cada um faz. Daí você vai fazendo isso, vai dando certo, chega um ponto
que você automatiza. Aquelas conexões estão tão reforçadas, deu tão certo você pisar no acelerador
e ir para frente, deu tão certo eu empurrar a marcha para frente e engatar a primeira e tão certo
que puxar para trás e engatar a segunda que eu não preciso mais olhar para fazer aquilo. E quando
eu faço aquilo sem olhar eu libero o foco atencional e posso olhar para frente para evitar bater o
carro. Então automatização de padrões me libera foco atencional e permite a pessoa a explorar o
ambiente, fazer e aprender coisas novas. Senão eu gastaria muito do meu tempo e energia criando
coisas para fazer que eu já fiz já antes. Então eu crio padrões de respostas e isso é ótimo. Eu
aprendo, por exemplo a operar um software na empresa. Depois de um tempo eu nem paro para
pensar o que eu estou fazendo. Eu consigo clicar em vários lugares para fazer o software funcionar
e conversar com um colega de trabalho ao mesmo tempo. Lembre-se: padrão de resposta é para
garantir sobrevivência e preservação da espécie. Continuando o exemplo da empresa. Um belo dia
eu chego na empresa e trocaram aquele software e eu ligo ele e eu não sei nada de como operar
aquele software. Sabe o que o meu cérebro interpreta essa situação? Eu estou sobre risco de morte.
Por quê? Porque 30, 40 mil anos atras, eu aprendi que criar padrão servia para garantir
sobrevivência. O mecanismo é o mesmo até hoje. Quando muda o contexto e eu não tenho uma
resposta comportamental padrão ainda, os sistemas que são ativados na pessoa são os fisiológicos,
são os sistemas para eu preparar para lidar com ameaça de morte. Está relacionada com o estresse.
A resposta de estresse que estudaremos detalhadamente na aula seguinte. Falaremos de como o
estresse acontece no trabalho, como que ele interfere na produtividade e como que eu posso evitar
que ele aconteça neste nível. Então, o ser humano cria padrões. Detalhe: O que a pessoa chama de
CRENÇA é um padrão; é uma conexão neural. Não tem como apagar uma crença. Não existe isso.
Não existe reprogramar uma crença. Teríamos que abrir a cabeça da pessoa e cortar as conexões
neurais. Isso não existe! O que existe é a criação de conexões alternativas e reforças essas conexões
alternativas até e; as serem mais fortes do que a outra; e se tornarem automatizadas. É difícil pra
caramba e demora muito tempo. E se alguém falar que consegue mudar comportamento de um dia
para o outro está mentindo. Nós temos décadas de estudos de como o cérebro funciona para você
mudar um comportamento e dá trabalho. Quanto mais reforçado for o padrão, mais trabalho terá
para fazer aquilo e aquela conexão do padrão antigo sempre vai existir. E dependendo do estímulo
dá uma ativadinha nela. Se a pessoa não ficar atenta ela volta para o padrão antigo (ex: recaída de
viciado – por isso dizem que o alcoólatra sempre será um alcoólatra. Porque as conexões estão lá.
Prontinhas para ligar as luzinhas. Basta ele repetir o comportamento e ter um resultado bom de
novo. Ex: fiquei estressado, bebi um pouco e fiquei feliz. Se isso acontece (ter uma recaída) para
voltar de novo para o NOVO Padrão é muito difícil). Não existe reprogramação de crença que
deleta a outra crença. Tem como mudar padrão de comportamento? Tem. Criando novas conexões,
mas dá trabalho para fazer isso e é demorado. Quanto tempo demora? Depende de quão reforçado
estava o padrão antigo. Se você tinha um padrão muito reforçado vai demorar mais tempo. Pode
demorar meses para mudar um único comportamento. Pode ser que você mude em dias um
comportamento que não tinha uma resposta positiva tão boa e que não estava muito reforçado, mas
que cada caso é um caso, precisa trabalhar um de cada vez, dá trabalho, exige prática consciente.
Tem como provar isso e tem ampla comprovação cientifica de experimentos sobre isso para
mostrar como que acontece. Mas é possível fazer e tem caminho para se fazer.
Temos que saber a diferença entre cérebro e encéfalo. Os brasileiros falam errado porque em algum
momento traduziram errado do inglês disseram que “brain” era cérebro, mas Brain em inglês significa
encéfalo. Essa tradução errada causou um erro de conceito gravíssimo. OBS: Cérebro em inglês é
“Cerebrum”. “Brain” é encéfalo, que é uma coisa muito maior do que cérebro.
Na próxima aula vamos entrar dentro do sistema nervosa. Vamos começar a ver como nós funcionamos,
como levamos está conhecimento para a empresa, mas primeiro precisamos de uma base.
OBS: Fomos capazes de rastrear a evolução do cérebro durante 7 milhões de anos. Sabemos como ele
evoluiu, quando ele evoluiu, de que jeito evoluiu e porque ele evoluiu.
MSCIAT
ESCI
Equipamentos:
De encefalograma
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