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DISFUNÇÃO SEXUAL
1-IDENTIFICAÇÃO
Nome:
CPF:
Idade:
Solicitante:
Nº Inscrição no CRP:
Finalidade
2-DESCRIÇÃO DA DEMANDA
3-PROCEDIMENTOS
4.ANÁLISE
A sra. Maria e o sr. José se apresentam devido às discussões que antecedem a data do
casamento. Problemas sexuais e de relacionamento costumam ocorrer simultaneamente, e
será importante avaliar se suas dificuldades de relacionamento impedem que eles trabalhem
juntos para resolver seus problemas sexuais.
Do ponto de vista diagnóstico, as questões mais óbvias envolvem a sra. Maria, que relata
que o ato sexual se torna um pouco tolerável somente graças à intoxicação por álcool e que a
maioria de suas experiências sexuais foram “com estranhos enquanto estava bêbada”. Ela
afirma que a excitação sexual é “quase nunca tolerável” e a faz querer desmaiar. A sra. Maria
normalmente romperia com qualquer homem que ‘‘insistisse na questão do orgasmo”, mas,
com quase 40 anos, está desesperada para ter um filho, admira o sr. José e está tentando achar
uma solução conciliatória.
5. CONCLUSÃO
Uma análise de suas questões na perspectiva do DSM-5 indica que a sra. Maria tem
interesse diminuído em atividade sexual e redução do prazer do sexo, o que indica a
possibilidade de um Transtorno do interesse/excitação sexual feminino. Ela também não
atinge o orgasmo durante a atividade sexual, o que poderia indicar um transtorno do orgasmo
feminino. Não está claro se ela tem ou não dor durante o ato sexual. Caso positivo, ela pode
apresentar um transtorno da dor gênito pélvica/ penetração. Aparentemente, os problemas
sexuais da sra. Maria ocorrem ao longo da vida, em vez de serem adquiridos. Contudo, todos
esses diagnósticos exigem sofri- mento por parte da sra. Maria. A partir do relato de caso,
parece que sua preocupação não é com a sexualidade, mas com a insistência do sr. José em
querer que o sexo seja parte do relacionamento.
Outro desqualificador importante para todos esses diagnósticos do DSM-5 seria a presença
de um diagnóstico psiquiátrico não sexual que pudesse explicar os sintomas. A sra. Maria
afirma que a excitação sexual a faz desejar perder os sentidos, e, então, diz ao terapeuta que
não irá revelar o motivo por trás dessas questões sobre sexo. Essas afirmações sugerem a
possibilidade de uma ou mais experiências sexuais traumáticas ou então abuso sexual na
infância. Seria útil investigar mais aprofundadamente se ela apresenta sintomas de transtorno
de estresse pós-traumático, depressão, ansiedade ou outro transtorno psiquiátrico não sexual
que poderia estar contribuindo para seus problemas com sexo. Caso algum desses outros
transtornos seja considerado causativo, então não se justifica um diagnóstico do DSM-5
distinto para a sra. Maria voltado para seus problemas sexuais.
Ela também indica uma necessidade de estar intoxicada antes de se entregar à atividade
sexual. A intoxicação parece estar diretamente relacionada às questões sexuais mais
primárias, mas ainda assim o papel do álcool em sua vida deve ser investigado. Se, por
exemplo, ela apresenta uma história de “sexo com estranhos” que a coloca sob risco físico e
a conduz a problemas sociais recorrentes, então ela provavelmente seria diagnosticada com
transtorno por uso de álcool. Embora seu uso de álcool com o sr. José dificilmente ofereça
perigo físico, isso pode estar contribuindo para as discussões e ter outras ramificações em
sua vida.
Devido às várias questões diagnósticas potenciais para esse casal, pode ser útil utilizar a
“abordagem de três janelas”, de Bancroft. Por meio da primeira “janela”, o clínico explora
aspectos da situação atual que afetariam o relacionamento sexual. Exemplos podem ser as
discussões, a insegurança do sr. José e o horário rígido imposto pela sra. Maria para limitar a
atividade sexual. A segunda janela, vulne- rabilidade do indivíduo, incentiva uma
investigação de dificuldades anteriores. Os problemas sexuais da sra. Maria são os mais
óbvios e justificam uma investigação mais aprofundada, mas também seria im-portante
compreender a história sexual e de relacionamentos do sr. José. A terceira janela, fatores
relacionados à saúde que alteram a função sexual, enfatiza a importância de explorar fatores
potencialmente pertinentes de natureza física, farmacológica ou hormonal que possam estar
afetando a vida sexual em conjunto do casal.
O casal parece se voltar muito sobre os problemas sexuais da sra.
Maria, mas seria útil ampliar a avaliação para incluir questões não sexuais que possam ser
pertinentes ao relacionamento. Observa-se também que tanto o sr. José quanto a sra. Maria
forneceram muito mais informações durante as sessões individuais do que durante a sessão
em conjunto. Embora seja uma ocorrência comum, é importante que o clínico esclareção que
pode e o que não pode ser compartilhado, bem como investigue alguns dos motivos para a
relutância de cada indivíduo em falar abertamente na presença do outro.
( Local – Data )
Nome do Profissional
CRP__/______
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bancroft J: Human Sexuality and Its Problems, 3rd Edition. Edinburgh, ChurcMarcos Livingstone/Elsevier, 2009
Bancroft J, Loftus J, Long JS: Distress about sex: a national survey of women in heterosexual relationships. Arch Sex
Behav 32(3):193–208, 2003
Graham CA: The DSM diagnostic criteria for female sexual arousal disorder. Arch Sex Behav 39(2):240–255, 2010
Laumann EO, Paik A, Rosen RC: Sexual dysfunctions in the United States: prevalence and predictors. J Am Med Assoc
281(6):537–544, 1999