O USO DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA A

SISTEMATIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS NO ENSINO HÍBRIDO

THE USE OF HISTORY IN COMICS AS A PEDAGOGICAL RESOURCE FOR THE SYSTEMATIZATION OF KNOWLEDGE IN
HYBRID EDUCATION.

EL USO DE LA HISTORIA EN COMICS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA LA SISTEMATIZACIÓN DEL

CONOCIMIENTO EN LA EDUCACIÓN HÍBRIDA.

▪ Terezinha Marisa Ribeiro de Oliveira (Universidade Cruzeiro do Sul – terezinha.marisa@gmail.com)

▪ Carmem Lúcia Costa Amaral (Universidade Cruzeiro do Sul – carmem.amaral@cruzeirodosul.edu.br)

▪ Eixo/Subeixo temático: Eixo temático 1. O Estudante e/ou sua Aprendizagem no contexto das TDIC/
Subeixo 1.1. Foco na Educação Básica

Resumo:
Este artigo tem por objetivo descrever uma pesquisa que teve como objetivo investigar a possibilidade
de sistematização da aprendizagem sobre alimentação saudável a partir da criação de Histórias em
Quadrinho pelos estudantes. Participaram dessa pesquisa 32 alunos do Ensino Médio de uma Escola
Estadual do interior de São Paulo. Para a coleta de dados utilizamos as Histórias em Quadrinhos
desenvolvidas no componente curricular Eletiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo estudo
de caso e foi desenvolvida durante o ensino híbrido, que foi aplicado como forma de seguir os
protocolos sanitários de prevenção à Covid-19, durante o ano de 2021. Os alunos utilizaram o aplicativo
BahraniApps para a construção de suas Histórias em Quadrinho, um blog e o aplicativo WhatsApp para
tirar dúvidas com a professora. Os resultados evidenciaram que as Histórias em Quadrinhos foram
importantes para a sistematização dos conhecimentos e auxiliou os discentes no processo de
aprendizagem no período de isolamento social.
Palavras-chave: Alimentos orgânicos. Eletiva. História em Quadrinhos.

Abstract:
This article aims to describe a research that aimed to investigate the possibility of systematizing
learning about healthy eating from the creation of Comics by students. Thirty-two high school students
from a State School in the interior of São Paulo participated in this research. For data collection we
used the Comics developed in the Elective curricular component. This is a qualitative case study
research and was developed during the blended learning, which was applied as a way of following the
health protocols for the prevention of Covid-19, during the year 2021. The students used the
BahraniApps application to the construction of their Comics, a blog and the WhatsApp application to
ask questions with the teacher. The results showed that the Comics were important for the
systematization of knowledge and helped students in the learning process in the period of social
isolation.
Keywords: Organic food. Elective. Comic.

Resumen:
Este artículo tiene como objetivo describir una investigación que tuvo como objetivo investigar la
posibilidad de sistematizar el aprendizaje sobre alimentación saludable a partir de la creación de
Comics por parte de los estudiantes. Treinta y dos estudiantes de secundaria de una Escuela Pública
del interior de São Paulo participaron de esta investigación. Para la recolección de datos se utilizaron
las Historietas desarrolladas en el componente curricular Electivo. Esta es una investigación cualitativa
de estudio de caso y se desarrolló durante el blended learning, el cual se aplicó como una forma de
seguimiento de los protocolos sanitarios para la prevención del Covid-19, durante el año 2021.

1
 Los estudiantes utilizaron la aplicación BahraniApps para la construcción de sus Cómics, un blog y la
aplicación WhatsApp para consultar dudas con el profesor. Los resultados mostraron que las
Historietas fueron importantes para la sistematización del conocimiento y ayudaron a los estudiantes
en el proceso de aprendizaje en el período de aislamiento social.
Palabras clave: Alimentos orgánicos. Electivo. Cómic.

1. Introdução

Com o desafio de conciliar a reabertura das escolas com os protocolos sanitários de

prevenção à Covid-19, durante o ano de 2021 as escolas brasileiras combinaram atividades
presenciais e remotas e realizaram um rodízio entre os estudantes nas salas de aulas. Nesse
período, as escolas, que até então estavam com o ensino remoto, tiveram mais uma vez que se
reorganizarem.
Além do desafio do ensino híbrido, nas escolas estaduais do estado de São Paulo, o
professor teve que desenvolver suas atividades seguindo o Currículo em Ação que é um dos
materiais distribuídos pela Secretaria da Educação (SEDUC-SP). Esses materiais são constituídos
por diversas Situações de Aprendizagens com atividades para serem utilizadas pelos docentes
que abordam habilidades e competências do Currículo Paulista.
As Situações de Aprendizagens são realizadas por meio de uma sondagem com perguntas
disparadoras e em seguida, conforme as suas estratégias, o professor desenvolve o tema. Ao final
de cada Situação de Aprendizagem é solicitado que o professor desenvolva um momento de
sistematização da aprendizagem a partir da aplicação de atividades ou de recursos didáticos que
permitam entender o quanto os estudantes se apropriaram do tema estudado e se são capazes
de estabelecer relações para utilizá-los na compreensão e adoção de atitudes pessoais e coletivas
(SÃO PAULO, 2021).
Para a aplicação de recursos didáticos, o professor na rede uma diversidade de
ferramentas digitais que podem auxiliá-lo nesse momento de sistematização, entre elas, os
editores de História em Quadrinhos (HQ), uma vez que essas vem ganhando espaço no ambiente
escolar. Nesse artigo apresentamos o resultado de uma pesquisa que teve como objetivo
investigar a possibilidade de sistematização da aprendizagem a partir da criação de HQ pelos
estudantes.
Para essa investigação os alunos construíram suas HQ tendo como tema os alimentos
orgânicos, pois entendemos que ao levarmos em consideração todo o processo do isolamento
social e das questões socioambientais que acompanharam e acompanham a nossa vida em
sociedade, sensibilizar os alunos quanto os benefícios de uma alimentação saudável tanto para
saúde de uma forma geral, quanto na saúde emocional também é o papel do professor que deve
realizar discussões em sala de aula de práticas de educação alimentar que incentivem o consumo
de alimentos saudáveis tanto com crianças quanto com adolescentes para que optem por um
estilo de vida saudável.

2. O Ensino Híbrido e as HQ

O ensino híbrido é uma combinação de aulas presenciais e a distância que vem sendo
utilizado por algumas instituições de ensino há alguns anos, mas que ganhou destaque nas
escolas da Educação Básica no período da pandemia da Covid-19. Entretanto, apesar de já ser

2
conhecido ao mesmo tempo que já tinham discussões a respeito, esse tipo de ensino é novo
para muitos professores, principalmente das escolas públicas.
Na Educação híbrida como descrevem Bacichi e Moran (2015, p.) “não há uma única
forma de aprender e, por consequência, não há uma única forma de ensinar”. Para isso é preciso
que o professor utilize recursos pedagógicos que o auxilie a desenvolver os conteúdos de forma
que atenda às necessidades e interesses dos alunos. Entre esses recursos estão as HQs que
devido sua característica de se adequar tanto ao uso manual e/ou por meio de aplicativos podem
ser utilizados no sistema de ensino híbrido.
As HQs surgiram no jornal para abalar o pensamento linear dos literários. É produto da
revolução industrial e da literatura e passou posteriormente para o meio televisivo e depois para
as escolas como estratégia de ensino. Sua permanência nesses meios se deve ao seu alto poder
de consumo em diferentes níveis sociais e educacionais (CIRNE, 1970).
No Brasil, as primeiras pesquisas envolvendo HQ surgiram no final da década de 1960 com
os trabalhos do professor José Marques de Melo que também foi o fundador da primeira Gibiteca
e instituiu o primeiro núcleo de pesquisas sobre a HQ na Escola de Comunicação e Arte da
Universidade de São Paulo (XAVIER, 2017).
Embora na década de 1960, como descreve Xavier (2017) as HQ não tenham sido aceitos
com facilidade pela maioria dos pesquisadores brasileiros, na década de 1990 com a criação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais que recomendou seu uso na disciplina de Língua Portuguesa
no Ensino Médio com o propósito de despertar nos estudantes o gosto pela leitura, as pesquisas
envolvendo as HQ passaram a ganhar força. Atualmente, encontramos na literatura vários
resultados de pesquisas em todas as áreas do conhecimento envolvendo as HQ como estratégia
de ensino facilitadora da aprendizagem.
Amaral e Tavares (2020) realizaram um mapeamento no Encontro Nacional de Pesquisa
em Educação em Ciências (ENPEC), no período de 2011 a 2019 com o objetivo de conhecer como
os pesquisadores utilizam as HQ nas aulas de química. O resultado desse mapeamento mostrou
que as HQ podem ser utilizadas não somente para o ensino de um determinado conteúdo, mas
também para o desenvolvimento da autonomia e motivação e quando o aluno constrói sua HQ
a partir de um determinado conteúdo, sua aprendizagem é facilitada.
Para Araújo, Costa e Costa (2008) as HQ unem diferentes elementos que são essenciais
para auxiliar os estudantes em suas aprendizagens, entre esses elementos estão as corres, a
linguagem verbal e não verbal e a composição que em geral, que facilitam a interpretação do
texto.

3. A importância dos alimentos orgânicos

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo e diariamente novos

produtos chamados de insumos agrícolas são liberados pelo governo federal. Essa liberação tem
provocado um aumento de quase 10 vezes na concentração de insumos nos alimentos
comercializados nacionalmente, representando um perigo aos consumidores brasileiros.
Esses produtos são comercializados principalmente no mercado interno, já que muitos
países como o Japão e a Comunidade Europeia exigem um selo de qualidade certificando que o
produto é produzido com técnicas que privilegiem alimentos advindos de um sistema de
produção agroecológica, o que se constitui em barreira não-tarifária por parte dos países
importadores (SÃO PAULO, 2001).

3
 Entre sistema de produção agroecológica estão a agricultura orgânica, a produção
integrada e o cultivo por meio de agricultura de precisão. De acordo com Cruz (2014), esses são
modelos de produção que representam uma segurança alimentar para os consumidores, pois
oferece os menores riscos de contaminação por agrotóxicos, e que mantém o equilíbrio ecológico
do sistema produtivo.
Para Ismael et al. (2015), a qualidade dos alimentos do sistema de produção
agroecológica é superior aos alimentos produzidos de maneira tradicional com o uso de
agrotóxicos, além de contribui com a comercialização de alimentos saudáveis para a população
sem prejudicar o meio ambiente.
Devido a importância dessa temática na nossa saúde, pesquisadores como Cunha, Souza
e Machado (2010) realizaram uma pesquisa em uma escola pública do estado de Santa Catarina
como objetivo de investigar como esse assunto era tratado na escola. O resultado dessa pesquisa
evidenciou que as atividades pedagógicas curriculares desenvolvidas sobre a alimentação
orgânica, não estavam sendo abordadas em planos de ensino dos docentes e que era opcional a
cada disciplina trabalhar o assunto dentro do tema alimentação saudável.
Ao discutir sobre a alimentação saudável na escola, o professor traz as questões
socioambientais para o ambiente escolar com o objetivo de possibilitar a ampliação dos
conhecimentos sobre os modos de produção, interesses e as técnicas utilizadas para o plantio.
Jacobi (2003) argumenta que esse é um processo para um aprendizado social, em que o diálogo
e a interação auxiliam em uma recriação e reinterpretação de informações e conteúdos diversos
envolvidos.
Dessa forma, é importante que dentro do contexto escolar os professores procurem
envolver os alunos nas discussões sobre a nossa vida em sociedade e as questões ambientais,
pois é preciso entender que podemos ser envenenados por meio dos alimentos que ingerimos,
além disso, conhecer e debater os processos produtivos são importantes para uma formação
cidadã.
Além dos debates é importante sistematizar os conhecimentos. Nesse aspecto, o uso de
metodologias ativas que auxiliem a aprendizagem é essencial. Entre essas metodologias ativas
estão as HQ que são bem aceitas pelos jovens, possibilitando um momento de criação e uma
análise por parte do professor da criticidade presente em suas criações.

4. Metodologia

Neste trabalho, adotamos como metodologia de pesquisa o estudo de caso que, segundo
Yin (2010), pode apresentar diferentes formas de aplicação como os explanatórios, descritivos e
exploratórios. No nosso caso, optamos pelo estudo de caso do tipo descritivo.
Participaram dessa pesquisa 32 alunos do Ensino Médio, assim distribuídos: 3 do 1º ano,
20 do 2º ano e 9 do 3º ano, matriculados em uma escola pública estadual no interior de São
Paulo. Para manter o sigilo nas identidades dos estudantes optamos por representá-los por letras
acompanhados por números, como exemplo A1, A2.., A32.
A coleta de dados ocorreu por meio das respostas obtidas no componente curricular
Eletiva cuja ementa teve como foco a Educação Ambiental. O desenvolvimento desse
componente curricular contou com todas as etapas executadas no ensino remoto, tanto a sua
criação quanto a escolha pelos discentes da Eletiva.

4
 Para a criação das HQ pelos alunos escolhemos o uso do aplicativo Criador de Painel em
Quadrinhos disponível no site de BahraniApps (Figura 1).

Figura 1 - Página inicial do aplicativo Criador de Painel em Quadrinho.

Fonte: www.BahraniApps.com.

A site BahraniApps indica vários modelos para serem usados gratuitamente no sistema
Android, não havendo restrição de idade para sua utilização. Segundo Oliveira e Amaral (2019)
esse aplicativo possibilita criar, controlar personagens, gestos e compartilhar as produções.
Para o desenvolvimento da Eletiva a unidade escolar criou um Blog para comunicação
professor/aluno. Assim, iniciamos essa pesquisa inserindo o texto de Ranalli (2019) sobre a
importância dos alimentos sem agrotóxicos ou orgânicos na alimentação saudável. Em seguida,
questionamos aos alunos: O que são alimentos orgânicos e a sua importância para a nossa saúde?
Após essa etapa, os estudantes sistematizaram os seus conhecimentos sobre a temática
por meio da criação de HQ. A comunicação com os alunos também ocorreu por meio de um
grupo no WhatsApp que possibilitou trocas instantâneas de mensagens sempre com o objetivo
de sanar as dúvidas e algumas vezes para a entrega de trabalhos a pedido dos estudantes.

5. Resultados e Discussão

Inicialmente apresentamos a todos os alunos do Ensino Médio o objetivo do componente

curricular Eletiva e explicamos que foi organizada com enfoque em Educação Ambiental e
sustentabilidade e apresentamos os conteúdos que seriam desenvolvidos. Realizar essa
apresentação foi importante, pois a escola ofereceu vários componentes curriculares Eletivas
com vários enfoques para que os alunos escolhessem a que gostaria de cursar. Após a
apresentação, 32 alunos escolheram cursar esse componente curricular.
Na primeira aula, antes de iniciarmos as situações de aprendizagens, apresentamos o
texto da Ranalli (2019) para o momento de sensibilização e após a discussão do texto, indagamos:

5
O que são alimentos orgânicos? qual sua importância para a nossa saúde? Uma vez que o texto
não discute o que é um alimento orgânico solicitamos que pesquisassem sobre o que são
alimentos orgânicos e a sua importância para a nossa saúde. Esta etapa da pesquisa teve por
objetivo estimular a leitura sobre os alimentos orgânicos e seus benefícios a nossa saúde.
No Quadro 1 podemos observar as principais considerações dos alunos sobre os
alimentos orgânicos, após suas pesquisas.

Quadro 1- As principais considerações feitas pelos alunos.

PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES DOS ALUNOS SOBRE ALIMENTOS ORGÂNICOS
São cultivados livres de componentes químicos, como agrotóxicos, antibióticos e
fertilizantes, e por isso são mais saudáveis.
São chamados alimentos orgânicos aqueles que são cultivados de maneira especial,
livres de agrotóxicos e que são produzidos em solo trabalhado.
Os Alimentos Orgânicos são aqueles alimentos cultivados de maneira sustentável
mediante a agricultura biológica.
São alimentos que o processo de plantio é feito sem agrotóxicos e componentes
químicos, sendo assim, não prejudicando a natureza e nem a saúde humana.
Em relação aos alimentos de origem animal, não possuem hormônios de
crescimento, anabolizantes e outras drogas. Podem ser alimentos orgânicos:
verduras, frutas, sucos, óleos, ovos, carne, vinhos.
Os alimentos orgânicos não utilizam sementes transgênicas para o cultivo, já que
nessa especialidade alimentícia o produtor não pode modificar as características
reais do solo e do meio a serem utilizados no plantio.
São alimentos baseados em processos naturais, sem uso de agrotóxico e que não
agridem a natureza.
São mais saborosos e nutritivos.
O cultivo é sustentável e respeita o meio ambiente.
Usa sistemas de responsabilidade social e valorização da mão-de-obra.
Mantém a qualidade da água.
A qualidade do produto orgânico é assegurada por um Selo de Certificação.
Evita contaminação química em gerações futuras.
O uso de fertilizantes na produção dos alimentos atinge o solo, o ar, a água, as
pessoas e os animais. Já a produção de alimentos orgânicos preserva tais recursos
naturais por não haver produtos químicos.
Não utilizam agrotóxicos sintéticos, transgênicos ou fertilizantes químicos e por isso,
não causa nenhum dano à saúde do consumidor.
A agricultura convencional, utiliza petróleo em fertilizantes e pesticidas sintéticos,
que prejudicam o solo e matam parte da fauna, como insetos e aves, que têm
contato com esses produtos.
A presença de agrotóxicos, alta quantidade de sódio, conservantes e gordura
saturada são prejudiciais à saúde, de modo que custos com tratamentos clínicos e
remédios acabam sendo maiores.
Alguns estudos científicos constataram que os alimentos orgânicos contêm mais
nutrientes como vitaminas, minerais e antioxidantes do que suas versões
convencionais, oferecendo mais benefícios à saúde.

6
 É verdade que para o consumo de alimentos orgânicos o custo é mais elevado, pois
são produzidos com muito zelo, em baixa quantidade e precisa-se de mais mão de
obra.
Produtos orgânicos podem conter até 40% a mais de antioxidante que os
convencionais, e isso se deve ao fato de que eles acionam suas defesas naturais
Alimentos orgânicos não interferem nos seus níveis hormonais e atuam na
prevenção ao câncer.
Fonte: Autoras.

Ao observarmos esse quadro percebemos que, de forma geral, os alunos descrevem com
detalhes a importância dos alimentos orgânicos e suas vantagens para uma alimentação
saudável. Em seguida solicitamos a criação de HQ sobre a importância dos alimentos orgânicos a
partir do que aprenderam e suas pesquisas. Assim, os estudantes receberam as instruções sobre
como usar o editor de HQ por meio do blog para que utilizassem aplicativos ou programas de
computador para a construção das HQs.
A Figura 02 apresenta a HQ criada pelo estudante A15 utilizando o app BahraniApps.

Figura 02. HQ construída pelo estudante A15 sobre os alimentos orgânicos.

Fonte: Autoras

Na HQ de A15 o estudante é enfático para convencer o amigo a não utilizar os agrotóxicos,

colocando os problemas causados à saúde e ao meio ambiente. Nela um dos personagens coloca

7
que sempre acreditou que os agrotóxicos só apresentavam vantagens. Nessa fala é perceptível
em nosso dia a dia. Segundo Orlandi (2020), nossas falas estão impregnadas com informações
que reproduzimos e que muitas vezes representam interesses de terceiros.
Na HQ do estudante A3 (Figura 03), o diálogo entre Jean e Kika é mais elaborado e
sistematiza melhor os conhecimentos. No diálogo Kika pergunta a Jean se ele sabe que está
comprando produtos que não são orgânicos e explica o porquê são importantes para a
biodiversidade e para o solo. Nela é perceptível o que Vergueiro (2014) coloca sobre a imagem
fixa, com uma sequência interligada e que possibilita entendermos os acontecimentos que se
desenrola na ação.

Figura 03. HQ construída pelo estudante A3 sobre alimentos orgânicos.

Fonte: Autoras.

A HQ de A3 esclarece como sabemos que os produtos são realmente orgânicos, por meio
do selo que garante que é um alimento natural e livre de alterações químicas. Ao final Kika
aconselha Jean a ter a sua própria horta e oferece ajuda para a montagem. Essa apresenta uma
criticidade dos meios produtivos ao questionar se realmente sabemos o que estamos ingerindo
com os alimentos e insere uma concepção ideológica, que é preciso ter a sua própria horta.
Possivelmente esse pensamento em ter a sua própria horta pode estar atrelado ao
momento pandêmico e a busca por atividades que sejam menos estressantes, como salientado
por Barbosa (2020) sobre as buscas na internet por hábitos mais saudáveis.
Entretanto, nas atividades é necessário que haja uma abertura para os estudantes que
não gostam de determinados formatos, nesse caso é importante uma estrutura que auxilie a
construção sobre o assunto sem impor uma rigidez em determinados aplicativos, assim pode-se
dar sugestões a serem utilizadas, porém dar a liberdade de criação e incentivá-los a buscarem o
que mais lhes agradem. Segundo Oliveira e Amaral (2019), as estratégias de ensino devem
proporcionar ao aluno diversos modos para que possa realizar as atividades com certa autonomia,

8
contudo os trabalhos devem ser aceitos mesmo que utilizem de outros meios para a conclusão das
tarefas.
O estudante A5 (Figura 04a), preferiu construir um folheto, em sua concepção o modelo
facilitaria as explicações da temática. Moreira, Nóbrega e Silva (2003), argumentam que essa
estratégia possibilita o envio da mensagem que podem ser reproduzidas por meio impresso ou
mesmo como recurso audiovisual, para que seja divulgada por diversos tipos de mídias seja por
jornais, internet e nas comunicações interpessoais, com a impressão e distribuição em vários
locais como comércios e escolas.
A escola deve entrar no debate acerca dos alimentos que tem alto risco de consumo
devido a quantidade de agrotóxicos que são expostos, uma vez que o consomo desses alimentos
podem impactar na saúde da população. Assim, a escola como parte da comunidade deve
debater e incentivar a agricultura orgânica.
Na figura 04b, a aluna está em sua sala de aula aprendendo sobre a importância do cultivo
saudável sem agrotóxico e esse tema é levado para a casa ao inserir uma crítica a quantidade de
agrotóxicos em sua refeição.

Figura 04. Atividades realizadas pelos estudantes A5 e A10.

Fonte: Autoras

A estudante A10, apresenta uma crítica ao sistema agrícola brasileiro ao colocar que
estamos ingerindo mais agrotóxico e que a salada ficaria em segundo plano. De fato, o veneno
está cada vez mais em nossa mesa e segundo o Instituto Nacional do câncer (Inca) o brasileiro
consome em média 7,5L de veneno por ano devido ao uso abusivo dos agrotóxicos (INCA, 2015).
Dessa forma, a HQ dessa figura, mesmo que seja em apenas dois quadros, pode nos
apresentar uma importante estratégia de sistematização dos assuntos estudados e para a
motivação do aluno em estudar o assunto.
A motivação na produção das HQ é explicitada na Figura 05.

9
 Figura 05. Vídeo confeccionado pela estudante A20.

Fonte: Autoras.

Nessa figura reproduzimos parte do vídeo na qual observamos que a estudante A20 para
sistematizar seus conhecimentos, confeccionou um vídeo no qual Lucas aconselha Bruna a nunca
utilizar agrotóxico, pois a mesma estava pensando em utilizar os defensivos para que seus
tomates não morressem e ficassem mais bonitos.

6. Considerações Finais

A criação de HQ, por meio de aplicativos, configura-se como um recurso digital viável e
adequado para o desenvolvimento da etapa de sistematização do conhecimento quando inserido
na perspectiva do ensino híbrido, uma vez que facilita a compreensão do que se está estudando.
Nessa pesquisa foi possível evidenciar que a sua criação possibilitou aos alunos entenderam
sobre os alimentos orgânicos e principalmente sobre o problema que estamos enfrentando com
o uso exagerado dos agrotóxicos.

7. Referências

AMARAL, C.L.C.; TAVARES, A.P. A utilização de Histórias em Quadrinhos no Ensino de Química:

um mapeamento da produção científica nos ENPEC (período 2011-2019). In: CIET:ENPED.
Congresso Internacional de Educação e Tecnologia, São Carlos, 2020. Anais....., São Carlos,
2020. Disponível em: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/issue/view/8.
Acesso: 2 de jan. de 2022.

ARAÚJO, G. C.; COSTA, M. A.; COSTA, E. B. As histórias em quadrinhos na educação:

possibilidades de um recurso didático-pedagógico. A MARgem – Estudos. Uberlândia - MG, ano
1, n. 2, p. 26-36, jul./dez. 2008.

BACICH, L.; MORAN, J. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista Pátio, nº 25,
junho, 2015, p. 45-47. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/ wp-
content/uploads/2015/07/hibrida.pdf. Acesso em: 12 mar. 2022.

10
BARBOSA, M. Buscas do Google indicam uma tendência a comportamentos de consumo
consciente. In: Instituto Akatu. 2020. Disponível em: https://www.akatu.org.br/noticia/buscas-
do-google-indicam-uma-tendencia-a-comportamentos-de-consumo-consciente/. Acesso em:
01 mar. 2022.

CIRNE, M. A explosão criativa dos quadrinhos. Petrópolis: Vozes, 1970.

CUNHA, E.; SOUSA, A. A.; MACHADO, N. M. V. A alimentação orgânica e ações educativas na

escola: diagnóstico para a educação em saúde e nutrição. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, n.1,
p. 39-49, 2010.

CRUZ, G. V. O quadro de contaminação de frutas, legumes e verduras (FLVs) com resíduos de

agrotóxicos no Brasil e as oportunidades emergentes. Dissertação (Mestrado em
Agronegócios). Porto Alegre, UFRS, 2014, 135 p.

INCA. Instituto Nacional de Câncer. Brasil lidera o ranking de consumo de agrotóxicos, 2015.

ISMAEL, L.L. et al. Resíduos de agrotóxicos em alimentos: preocupação ambiental e de saúde

para população paraibana. Revista Verde. Paraíba, v. 10, n.3, p 24 - 29, 2015. Disponível em:
https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/3459. Acesso em: 01 mar.
2022.

JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa. São Paulo,

n. 118, p. 189-206, 2003.

MOREIRA, M. F.; NÓBREGA, M. M. L.; SILVA, M. I. T. Comunicação escrita: contribuição para a

elaboração de material educativo em saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 56, n. 2, p.
184- 188, 2003.

OLIVEIRA, T. M. R.; AMARAL, C. L. C. O uso e exploração de dois aplicativos de celulares, comics

panel e stripcreator: uma experiência realizada no ensino de matemática. Ensino da
Matemática em Debate. São Paulo, v. 6, n.3, p. 29-43, 2019.

ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 13.a ed. Campinas, SP: Pontes
Editores, 2020.

RANALLI, T. Sem agrotóxicos, orgânicos são a melhor opção para alimentação saudável. 2019.
Disponível em: https://www.h9j.com.br/pt/sobre-nos/blog/sem-agrotoxicos-organicos-sao-
melhor-opcao-para-alimentacao-saudavel. Acesso: 02 mar. 2022.

SÃO PAULO. Certificação De Produtos Orgânicos. Instituto de Economia Agrícola (IEA), 2001.
Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=260#:~:text=No%20caso%20de%20prod
utos%20org%C3%A2nicos,e%20pr%C3%A1ticas%20da%20agricultura%20org%C3%A2nica.
Acesso em: 01 mar. 2022.

11
SÃO PAULO. Currículo Paulista material de apoio Ensino Médio. Secretaria da educação
(EFAPE), 2021. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/ensino-
medio/materiais-de-apoio-2/. Acesso em: 01 mar. 2021.

VERGUEIRO, W. A linguagem dos quadrinhos: uma “alfabetização” necessária. In: RAMA, A;

VERGUEIRO, W. (Orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 2014.

YIN, R.K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução: Ana Thorell. Porto Alegre:
Bookman. 2010.

XAVIER, G. K. R. da. S. Histórias em quadrinhos: panorama histórico, características e verbo-

visualidade. Darandina Revista Eletrônica, v. 10, n. 2, p.1-20, 2017.

12