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OUTUBEO DE 2012 EDIÇÃO # 03 | ANO 01

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EDITORIAL
A TERCEIRA EDIÇÃO DA ÚNICA REVISTA COM
CONTEÚDO EXCLUSIVO SOBRE O CACD NO BRASIL!
A  Revista  Sapientia,  primeira  publicação  de  conteúdo  exclusivo  para  os  que  
se  preparam  para  o  Concurso  de  Admissão  à  Carreira  de  Diplomata,  chega  a  
sua  terceira  edição  com  mais  uma  novidade  produzida  especialmente  para  
você,  candidato:  a  seção  “Sapientia  Inspira”.  Sabemos  que  perseguir  o  sonho  
de   se   tornar  Terceiro  Secretário   não   é   caminho   fácil...   Além   de   disciplina   e  
muito  estudo,  é  imprescindível  que  o  aspirante  à  diplomata  tenha  controle  
emocional  e  persistência.  É  justamente  nesse  espírito  que  serão  apresenta-­‐ Direção  Geral
das,  na  nova  seção,  histórias  inspiradoras  de  superação  e  de  perseverança,   Priscila  Canto  Dantas  do  Amaral
valores   fundamentais   para   os   candidatos   ao   CACD.   Inaugurando   o   espaço,  
Coordenador  e  Editor-­‐Chefe
temos  a  história  de  Raquel  Helen  Silva.
Sílvia  Carolina  Sebben
Ademais,   as   outras   já   conhecidas   seções   estão   de   volta!  Contamos   com  
Amado   Luis   Cervo   na   exclusiva   entrevista   de   capa.   O   professor   sapiente   Editor
Daniel   Falcão   publica   artigo   sobre   as   eleições   presidenciais   nos   Estados   Flávio  Rogério  Felix  da  Silva
Unidos.  O  “Artigo  Enviado”  de  outubro  é  “Entenda:  O  que  é  Geopolítica?”,  de  
Paulo   Xavier.   Não   perca   a   seção   “Opinião   Crítica   de   Convidado”,   já   que   Revisão
tivemos   o   privilégio   de   contar   com   a   especial   participação   da   Dra.   Flávia   Claudia  R.  D.  Simionato
Piovesan,   professora   notória   pelo     engajamento   na   defesa   dos   Direitos  
Humanos  no  cenário  internacional.   Colaboradores
O   diplomata  Cesar   Nascimento   fala   de   sua   vivência   no   exterior   na   seção   ƒ”Ž‘•ƒ–—ơ
“Vida  de  Diplomata”.  A  professora   Claudia  Simionato  continua  brindando-­‐ Claudia  R.  D.  Simionato
nos  com  suas  preciosas  dicas  de  Português  e  o  professor  Igor  Barca  ensina   Juliana  Piesco
mais  sobre  a  prova  de  Francês  da  quarta  fase  do  CACD.    
Edição  de  Arte
E   MAIS!   Laura   Delamonica,   primeira   colocada   no   CACD   2012   -­‐   e   a  
BlueCherry  Comunicação
contratação  mais  recente  do  Sapientia  -­‐,  testemunha  sobre  sua  experiência  
de  coragem  na  preparação  para  o  concurso  na  seção  “Vida  de  Concurseiro”.  
‘Ƥ”ƒǡ ƒ‹†ƒǡ ‘• DzŽƒ••‹Ƥ…ƒ†‘•dz ‡ ‘• ‡˜‡–‘• ‹†‹…ƒ†‘• ’‡Žƒ ‘••ƒ
“Agenda”   (há   muitos   eventos   neste   mês,   programe-­‐se!).   No   “Iniciativas  
Sapientia”  chamamos  a  atenção  do  candidato  para  o  concurso  de  2013,  que  já  
se  aproxima.  Encerrando  com  chave  de  ouro,  há  a  participação  artística  de  
Juliana  Piesco. Agradecimentos  especiais
˜‘…²ǫ—‡”’—„Ž‹…ƒ”•‡—ƒ”–‹‰‘ǡƒ—…‹ƒ”‘•‘••‘•…Žƒ••‹Ƥ…ƒ†‘•ǡƒ’‘–ƒ” Amado  Luiz  Cervo,  Laura  Delamonica,  
sugestões?  Entre  em  contato  com  a  Equipe  da  Revista  Sapientia  pelo  e-­‐mail:   Cesar  Nascimento,  Igor  Barca,  Juliana  Piesco,  
”‡˜‹•–ƒ•ƒ’‹‡–‹ƒ̻…—”•‘•ƒ’‹‡–‹ƒǤ…‘Ǥ„”Ǥ Rodrigo  Rocha,  Ticiana  S.  Fontes  Gomes,  
Beth  Vansan,  Felipe  Mattei.  
De  uma  maneira  muito  especial,  
Boa  leitura!
Silvia  Carolina  Sebben,  por  toda  dedicação  
Equipe  Revista  Sapientia ‡’”‘Ƥ••‹‘ƒŽ‹•‘Ǥ

ƒ’‹‡–‹ƒ‡†‹Ƥ…ƒ–

Rua  Alexandre  Dumas,  1171


ADVERTÊNCIA
A  Revista  Sapientia  é  uma  publicação  do  Curso  Sapientia,  preparatório  para  o  Concurso  de  
São  Paulo  –  SP
Admissão  à  Carreira  de  Diplomata.  Seu  conteúdo  tem  cunho  estritamente  acadêmico  e  não   CEP  04717-­‐003  –  Santo  Amaro  
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tos  à  carreira  de  diplomata.
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SUMARIO

CAPA OUTUBRO 2012

20 VIDA DE CONCURSEIRO
LAURA BERDINE SANTOS DELAMONICA
ENTREVISTA COM A 1ª COLOCADA NO CACD 2012

22 CAFÉ COM A CLAUDIA


DICAS DE PORTUGUÊS

ENTREVISTA 25 UN CAFÉ AVEC SAPIENTIA


06 AMADO CERVO DICAS DE FRANCÊS
PROFESSOR DO INSTITUTO RIO BRANCO

12 PROFESSOR SAPIENTIA COMENTA 28 SAPIENTIA INSPIRA


PRINCIPAIS ASPECTOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS ENTREVISTA COM RAQUEL HELEN SILVA
NO BRASIL E NOS EUA

15 OPINIÃO 31 TROQUE SAPIENTIA


ARTIGO CRÍTICO DE CONVIDADO CLASSIFICADOS
COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA OEA

16 ESPAÇO ABERTO 32 INICIATIVAS SAPIENTIA


ARTIGO ENVIADO
O QUE É GEOPOLÍTICA?

18 VIDA DE DIPLOMATA 33 CHARGE


ENTREVISTA COM O DIPLOMATA
CÉSAR NASCIMENTO
ENTREVISTA

AMADO LUIZ
CERVO
POR EQUIPE SAPIENTIA

Nunca esqueça-
mos o dito de
Napoleão: o
impossível está
apenas no
dicionário dos
fracos.

A Revista Sapientia apresenta, em sua terceira edição, uma entrevista com AMADO LUIZ CERVO.

Amado Luiz Cervo é Doutor bastante conturbado da


de 1968, a qual praticamente
em História pela Universidade história daquele país e do
paralisou a França durante um
de Strasbourg, Professor Titu- mundo. Sua trajetória entre a
mês, originaram-se no meio
lar Emérito do Instituto de graduação e o doutorado estudantil, com manifestos em
Relações Internacionais da deu-se concomitantemente a
favor de reformas do sistema
Universidade de Brasília e um importante processo deeconômico, político e social.
professor do Instituto Rio questionamento das bases Ideias e manifestações de rua
Branco. Autor de diversas políticas, econômicas e sociais
animavam os espíritos. Em
obras importantes, é também então estabelecidas. Que síntese, postulava-se uma
pesquisador sênior do Con- influência os fatos ocorridos na
reforma de curso profundo a
selho Nacional de Desenvolvi- ocasião, como os movimentos
substituir o capitalismo selva-
mento Científico e Tecnológico estudantis de 1968, tiveram em
gem por outra ordem, que os
(CNPQ). sua formação intelectual?chamados situacionistas de
então, os mais enraivecidos,
CURSO SAPIENTIA: AMADO LUIZ CERVO:
desejavam que fosse sem
O senhor se formou historiador Os acontecimentos que culmi- Estado e sem sociedade organi-
na França, em um momento naram na greve geral de maio zada, uma festa permanente,
06
sem lei alguma a tolher a qualquer superioridade cultural. toda pode ter motivação
comunhão do indivíduo com a O mundo era pequeno, cabia mental ou não. O importante é
natureza e a liberdade. Para em qualquer projeto, por que identificar-se com ela, abraçá-
quem se envolvia no movi- não no estudo da expansão la sem entraves e sentir-se
mento de rua e lia manifestos europeia rumo ao continente intimamente realizado. Do
de grupos, ficava claro que a americano? Era uma inda- contrário estaremos diante do
utopia própria do movimento gação natural, espontânea, da desajuste comportamental.
estudantil gestado no âmago qual resultou meu tema de
CURSO SAPIENTIA:
da teoria que se aprende em mestrado, um estudo com-
classe, ou seja, a perfeição parado entre as técnicas euro- O Brasil atravessa um mo-
projetada do real, chocava-se peias e as técnicas dos incas do mento de grande exposição
com o mundo das limitações Peru aplicadas à produção do no mundo, devido à boa fase
impostas pela ordem, têxtil. Uma conclusão impres- econômica enfrentada pelo
necessária, fosse qual fosse. De sionante: apesar da Renas- país. Entretanto, ao senti-
meu canto de observação, era cença e de sua revolução mento de euforia com relação
um momento que postulava a científica e técnica, os tecidos a um país que passou pratica-
crítica da ordem e a crítica do dos incas eram superiores aos mente incólume pela crise
real, ambas. dos europeus à época dos mundial de 2008, seguiram-se
descobrimentos. Desse pro- as dúvidas acerca da sua
CURSO SAPIENTIA: blema resultou meu interesse capacidade de transpor os
pelo mental, objeto de estudo obstáculos existentes e con-
A escolha das relações inter-
de minha tese de doutorado, tinuar desenvolvendo-se ace-
nacionais como objeto central
texto publicado em livro de leradamente. Quais são os
de suas análises deve-se, de
1975 (Contato entre civili- desafios que essa nova reali-
alguma forma, à sua estadia na
zações: conquista e coloni- dade impõe para os formu-
França? Ou o senhor mudou-
zação espanholas da América, ladores da política externa do
se para aquele país já com o
São Paulo: McGraw-Hill). Outra país?
objetivo de analisar o tema?
descoberta interessante: a
Quais diferenças podem ser
mentalidade imperial, quando AMADO LUIZ CERVO:
levantadas acerca do modo
nutrida pela religião, aciona a
como os franceses enxergam
intolerância. Por que não Existe um caminho para a
as relações internacionais do
prosseguir no estudo do que maturidade, que o Brasil
seu país e a forma como os
se denominava de relações persegue há séculos. Ainda
brasileiros analisam o mesmo
internacionais? não é uma nação plenamente
tema?
desenvolvida. A cada etapa,
CURSO SAPIENTIA:
AMADO LUIZ CERVO: senão mesmo a cada
Para aqueles que ainda estão momento, os desafios desli-
Com os mestres franceses, indecisos se devem ou não se zam da própria realidade, do
mais que conteúdo, assimilei o candidatar a seguir a carreira estágio alcançado. A política
método. O ensino da História diplomática, quais fatores o exterior do Brasil é política de
na Universidade francesa abria senhor considera fundamen- Estado, isto é, voltada à con-
a mente do estudante, pois era tais na tomada dessa decisão? strução da maturidade. Ao
um ensino universalista, sem, Quais as qualidades indispen- decisor cabe o cálculo em cada
por exemplo, disciplinas como sáveis para quem deseja seguir instante, em cada etapa a
História da França. Um por esse caminho profissional? galgar, visto que política exte-
brasileiro sentia-se nutrir por rior representa um cálculo de
AMADO LUIZ CERVO:
essa visão de mundo, pouco meios, fins e riscos, como ensi-
importa se derivada de men- Escolher uma carreira profis- nava o velho Duroselle, cálculo
talidade colonialista ou de sional que se prolonga pela vida ligado, portanto, a oportuni-
07
dades e possibilidades. Fazer mas dele e dos vizinhos. governo de Dilma Rousseff
política exterior é diverti- Assim, como os vizinhos pesa mais o interno sobre a
mento para gente madura, dispõem de liberdade e de decisão, no caso, os interesses
pois que também dela de- movimento próprios, segmen- concretos da exportação
pende o avanço, o recuo ou a tos da sociedade brasileira brasileira. Sem punir o Para-
estagnação histórica. dispõem de liberdade de pen- guai com a suspensão, a
samento para avaliar, desde Venezuela, grande consumi-
CURSO SAPIENTIA:
seu prisma, decisões de dor de manufaturados
Desde a Independência, o política exterior. Dispõem, brasileiros, não comporia a
Brasil busca ocupar uma aliás, de mais liberdade que o tarifa externa comum do
posição de hegemonia na próprio decisor, visto que a bloco.
América do Sul e de maior este a história não perdoa um
influência na geopolítica erro de cálculo, enquanto à
mundial, como seus livros tão opinião tudo é permitido. No
bem demonstram. Entretanto, caso da Síria, ao decisor Apesar do elevado
no exato momento em que o brasileiro parece óbvio convir
país parece ter chegado mais a substituição da estratégia da preparo do corpo
perto de alcançar este obje- violência utilizada pela Otan diplomático, um presi-
tivo, começa a receber duras desde a Segunda Guerra para
críticas com relação à sua estabelecer a segurança inter- dente genial, ou que tal
atuação, seja no tocante à nacional. Intervenção e se considere, como
questão síria, seja no tocante sanção, os dois mecanismos
à reação diante da destituição dessa estratégia de segurança Vargas, Kubitschek,
do presidente Lugo, no Para- à base da violência a nada Geisel, Cardoso e
guai. Até que ponto essas conduziram, como revelam as
posições se devem a uma experiências no Iraque e no outros, assumiram as
tradição histórica da diploma- Afeganistão, aliás, toda a rédeas da decisão
cia brasileira? E como política de intervenção no
podemos interpretar esse Próximo Oriente, a grande externa.
modo de atuação no contexto guerra pela civilização, como
deste início de século XXI? apelidou Robert Fisk. Bem
oportuna, pois, a oposição
AMADO LUIZ CERVO:
brasileira à estratégia da CURSO SAPIENTIA:
Ante a vizinhança da América violência, em consonância
do Sul, o que se buscou, desde com sua cultura de convivên- Ainda com relação à atuação
a Independência, não foi a cia de diferenças. Os países do diplomática brasileira, recen-
hegemonia, mas a convivência Brics acompanham o Brasil temente veio à tona na mídia
tranquila e a cooperação para nessa proposta de solução um desconforto do Itamaraty
o desenvolvimento. Portanto, negociada para conflitos com relação à presidente
mantendo o respeito pela locais ou regionais em substi- Dilma Roussef, devido à sua
soberania e expressando o tuição à outra estratégia - constante interferência em
desejo de aumento da riqueza mesmo que cabeças de intér- temas que diriam respeito
das sociedades da América do pretes brasileiros submissas a apenas aos formuladores da
Sul. Na verdade, cada Estado, teorias e ideias americanalha- política externa do país. Até
na vizinhança, usufruiu de das pensem o contrário. O que ponto o Itamaraty efetiva-
liberdade para traçar o próprio caso da saída de Lugo e da mente tem atuado, ao longo
destino, o que vale dizer que a entrada da Venezuela no Mer- da história do país, de maneira
relação do Brasil com a vizin- cosul, por outro lado, revela autônoma com relação ao
hança não depende apenas dele, novo modo decisório: para o Poder Executivo? Seria a ideia
08
de ampla autonomia do corpo cedido por seu país “em troca a vocação sul-americana, sem
diplomático com relação à de um cavalo”. Com isso, bus- descartar, obviamente, a
presidência da República mais cava chamar a atenção para importância das relações com
uma das heranças deixadas uma pretensa tradição imperi- a vizinhança, uma espécie de
pelo barão de Rio Branco após alista do Brasil no trato com reserva para lançar-se mais
sua atuação como ministro seus vizinhos, justificando, longe. Em termos econômicos,
das Relações Exteriores? dessa forma, a desapropriação essa mudança pode ser
de refinaria da Petrobrás que medida pelo volume de desvio
AMADO LUIZ CERVO: acabara de ser realizada com o de investimentos diretos
apoio das forças armadas brasileiros no exterior, da
A formulação da política exte- bolivianas. É possível determi- vizinhança para outros merca-
rior cabe à Presidência da nar um ponto de origem dessa dos. Os agentes não governa-
República. O Itamaraty exer- interpretação hispano- mentais aderiram, pois, e
ceu três funções históricas: por americana acerca da diploma- impulsionaram a mudança.
vezes foi autônomo como cia brasileira? E até que ponto Pode-se dizer que hoje o lugar
formulador, por vezes sub- ela corresponde à realidade da do país não é mais a América
sidiou a decisão, por vezes se atuação diplomática do Itama- do Sul, mas o mundo, mesmo
portou apenas como executor. raty, na sua opinião? sendo a vizinhança convivên-
Tudo muito depende dos cia necessária e útil para a
mandatários. Situações de não AMADO LUIZ CERVO: expansão global dos inter-
concordância, incômodas por esses do empresariado e da
vezes, ocorreram no passado, O ano de 2006 corresponde a
um marco na virada da inser- própria nação. Percebe-se que
entre a presidência e o corpo o desígnio globalista é o que
diplomático, na dependência ção internacional do Brasil, a
qual envolve, no século XXI, a mais convém à realização do
de quem chefia um e outro e interesse nacional. Enfim, a
do confronto de pensamentos. ação diplomática, a política
exterior e o movimento dos visão de vizinhos do Brasil,
Nada anormal. Rio Branco segundo a qual o país teria
tinha competência e pen- atores não governamentais,
especialmente o empresari- programado ou estaria progra-
samento próprio para decidir, mando uma política imperia-
ao ponto de os Presidentes ado. A virada teve início com
as provocações de Evo lista, vem de longe, foi sempre
nele confiarem por inteiro. cultivada por certos setores do
Essa situação não se reproduz Morales, seguidas de outras
similares no Equador e em pensamento de esquerda.
como regra. Apesar do Nada surpreendente diante
elevado preparo do corpo outros países da vizinhança. A
inserção internacional do das assimetrias dos desen-
diplomático, um presidente volvimentos nacionais e da
genial, ou que tal se considere,Brasil, como de qualquer outro
país, requer ordenamento superioridade do Brasil em
como Vargas, Kubitschek, termos econômicos, tecno-
Geisel, Cardoso e outros, jurídico e ambiente político
confiáveis. É bom lembrar que lógicos, populacional e territo-
assumiram as rédeas da rial. Contudo, cada qual é
decisão externa. Tudo as relações do Brasil com seus
vizinhos dependem dele e dos dono do próprio destino e
depende daqueles que estão associá-lo ou não ao de vizin-
no comando. vizinhos. Depois de 2006,
assistimos, em termos de hos corresponde à decisão
formulação política, à substi- interna de cada país. Desde os
CURSO SAPIENTIA:
tuição da estratégia brasileira anos 1990, o projeto brasileiro
Há alguns anos, o presidente que via na América do Sul o de integração produtiva supu-
Evo Morales, da Bolívia, tentou lugar natural do país pela nha a cooperação entre todos
provocar o Brasil afirmando estratégia que concebe o os países da América do Sul, a
em um discurso proferido em mundo como o lugar natural. começar pela infraestrutura.
Viena que o Acre havia sido A vocação globalista substitui 2006 significou a morte dos
09
grandes projetos da IIRSA. À europeias e, recentemente,
AMADO LUIZ CERVO:
vizinhança cabe, em suma, a com as empresas chinesas.
autonomia de aceitar ou Acoplado a essa expansão O Brasil desempenhou um
obstruir o curso da história. econômica durante o gover- papel histórico pequeno, de
no Lula, o Brasil importou-se limitado impacto sobre a
CURSO SAPIENTIA: muito com a pobreza, a saúde evolução da humanidade e
Durante o governo do e a educação dos africanos, pouco relevante para a cons-
ex-presidente Luís Inácio Lula criou programas e projetos de trução da ordem internaci-
da Silva, assistimos à reali- inclusão social e inclusão onal. Apenas recentemente
zação de uma série de visitas internacional, uma das carac- exerce função sistêmica cres-
oficiais suas e de membros do terísticas de sua política exte- cente e mais relevante, em
governo a países africanos rior em nível tanto regional razão do avanço do substrato
sob a promessa de estreitar as quanto multilateral ou global. nacional rumo à maturidade.
relações políticas e comerciais Ênfases nos interesses
econômicos, políticos e pro- CURSO SAPIENTIA:
do Brasil com o continente
africano. Chegou-se a falar, moção da inclusão interna e
internacional. Dilma dá con- O que difere a gestão de Lula
inclusive, em uma “renovada e Amorim da gestão de Dilma
prioridade” da África na tinuidade a essa estratégia,
porém deixa de atribuir ao e Patriota em termos de
política externa brasileira, ao política externa? A PEB atual
mesmo tempo que países externo, em geral, o peso que
Lula lhe conferia. tem brilho próprio?
como a China, por exemplo,
tornavam-se cada vez mais AMADO LUIZ CERVO:
CURSO SAPIENTIA:
presentes no continente. Qual
é a importância histórica da Em sua opinião, qual é o papel Lula e Amorim, primeiro, en-
África para a diplomacia que o Brasil tem desempe- tendiam-se em termos de
brasileira, e qual é o papel que nhado nas relações internac- conceitos, desígnios e ação
o continente deve ocupar na ionais ao longo de sua consequente; segundo, ali-
nova agenda de política história? E como o país pode mentavam conjuntamente a
externa da presidente Dilma contribuir para o enfrenta- estratégia de tornar o Brasil
Rousseff? mento dos numerosos desa- um país globalista. Dilma e
fios que este novo século Patriota dão continuidade a
AMADO LUIZ CERVO: essa estratégia (o que parece
impõe para o conjunto dos
países? convir por todos os títulos ao
Lula consolidou no Brasil a
interesse nacional), sem
visão globalista que entusias-
evidenciar por enquanto a
mou e envolveu a sociedade
necessidade de acrescentar
brasileira e que resultou na
brilho próprio.
internacionalização da econo-
mia, a mais avançada entre os Na África, as CURSO SAPIENTIA:
países do Brics. A África en-
caixava-se nesse modelo de grandes empresas Quais os maiores equívocos e
inserção internacional. Não é brasileiras desenvol- maiores acertos da atual
prioridade, compõe a dimen- política externa brasileira no
são. Na África, as grandes em- vem projetos úteis ao que se refere a resultados
presas brasileiras desenvol- desenvolvimento pragmáticos de projeção
vem projetos úteis ao desen- internacional e desenvolvi-
volvimento, de lá e de cá, que mento nacional? Com os acer-
competem com a presença tos, o Brasil contribui para
tradicional das metrópoles mudar o mundo?

10
potência emergente sul- daria para quem estiver em
AMADO LUIZ CERVO:
americana? fase de preparação para a
Esse é um dever de casa de prova? Existe alguma ideia-
todo estudante e de todo pes- AMADO LUIZ CERVO: força com relação à história
quisador: preparar-se para das relações exteriores do
Pouca correlação existe. É
conhecer, avaliar resultados, Brasil que possa auxiliar no
prova de imaturidade atribuir
julgar e propor continuidades entendimento desse tema
aos outros os próprios limites
ou mudanças de rumo, ao que muitos candidatos apon-
de eficiência. As nações
menos, subsidiar a decisão tam como um dos mais com-
latino-americanas são o que
dos outros. plexos da prova?
são em função de sua própria
CURSO SAPIENTIA: habilidade em gerir sua AMADO LUIZ CERVO:
evolução, ou seja, em função
A ação externa do Brasil em da autonomia decisória, con- Dos futuros diplomatas se
relação à crise no Paraguai quista histórica cedo alcan- espera, no século XXI, que
desencadeando a entrada da çada e sempre cultivada. Os realizem os seguintes requisi-
Venezuela no Mercosul foi golpes, os projetos de inclusão tos: conhecer, proceder à
uma jogada de mestre social nesse século XXI, o leitura correta do interesse
politicamente? No tabuleiro avanço rumo à maturidade nacional, ser capaz de avaliar
sul-americano, ao temporari- sistêmica, os retrocessos e a resultados, de auscultar os
amente perder um bispo, o estagnação, tudo enfim segmentos dinâmicos da
Mercosul ganha uma rainha? depende mais do interno do sociedade, de associá-los ao
Em outras palavras, no final que das coerções sistêmicas. processo decisório e de
das contas, o bloco Elas podem ser domadas e harmonizar seus interesses no
econômico saiu ganhando? revertidas em benefício próp- superior interesse nacional.
De que forma? rio. Isso, em toda a América Em miúdos: maior diálogo
Latina, apenas o Brasil o fez com a sociedade, após seu
AMADO LUIZ CERVO:
nas últimas décadas com fortalecimento e emergência.
Houve uma cisão entre juris- A inserção internacional do
resultados admiráveis. Exa-
tas, políticos e acadêmicos Brasil envolve três variáveis de
mine-se, por exemplo, a parce-
brasileiros ao interpretarem o mesma importância: a nego-
ria estratégica entre Brasil e
episódio do Paraguai. Para ciação diplomática, a política
Estados Unidos, à luz de ideias
uns, prevalecia a cláusula exterior, que a recheia com
de Rio Branco e realizações de
democrática do Mercosul e da interesses, valores e padrões
Vargas, e o tanto que ela repre-
Unasul. Para outros, houve um de conduta nacionais, e a ação
sentou de positivo para a
contragolpe externo ao externa dos atores não gover-
formação nacional - no lugar
golpe. As regras da democra- namentais que agem em
do confrontacionismo e do
cia teriam sido observadas na busca da realização de inter-
discurso anti-imperialista de
transição interna, não caberia esses específicos. Cabe ao
alguns vizinhos. Ora, o Brasil
outra interpretação. A cada Estado e a sua política de
não irá substituir os países
um, julgar com base no Estado conjugar as três
vizinhos. Cada qual é dono do
conhecimento do real e na variáveis da inserção, harmo-
próprio destino. Nunca
lógica do argumento. nizar os interesses dos seg-
esqueçamos o dito de Na-
CURSO SAPIENTIA: poleão: o impossível está ape- mentos da sociedade, inter-
nas no dicionário dos fracos. esses por vezes conflitantes, e
Nestes primórdios do século integrá-los no superior inter-
XXI, há alguma correlação CURSO SAPIENTIA: esse nacional. A esse novo
entre os golpes que ocorre- paradigma denomino de
ram na Venezuela, em Hondu- Sobre o Concurso de Admis- Estado logístico. Ele condi-
ras e no Paraguai e a disputa são à Carreira de Diplomata ciona no século XXI os atribu-
de poder entre a potência do Instituto Rio Branco, quais tos requeridos de novos diplo-
tradicional em crise e a maior são os conselhos que o senhor matas.
11
PROFESSOR  SAPIENTIA  COMENTA
Principais aspectos das eleições presidenciais
NO BRASIL E NOS EUA
Daniel  Gustavo  Falcão  Pimentel  dos  Reis¹

¹Doutorando, Mestre e Bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade de São


Paulo. Bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo. Pós-graduado em Marketing Político e Propa-
ganda Eleitoral pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Assessor de Ministro no Superior Tribunal de Justiça. Professor de Direito Interno no
Curso Sapientia.

As   eleições   presidenciais   americanas   o  partido  nas  eleições  de  novembro.  As   18  anos.  Assim,  para  votar  e  ser  votado  
são  aguardadas  em  todo  o  mundo.  Nem   normas  eleitorais  que  tratam  do  assunto   em   qualquer   eleição   brasileira,   o  
é  preciso  dizer  a  respeito  da  importância   também  são  da  seara  estadual.   indivíduo  deve,  antes  de  tudo,  alistar-­‐se.  
delas   para   o   contexto   internacional,   Em  alguns  estados,  há  a  possibilidade  de   Já  nos  Estados  Unidos,  as  regras  sobre  o  
uma   vez   que   a   maior   potência   —…‹†ƒ† ‘ƒŽ‹•–ƒ†‘ǡ’‘”± ‘ƤŽ‹ƒ†‘ǡ alistamento  eleitoral  são  estaduais.  Por  
econômica   e   militar   do   planeta   escolhe,   votar   nas   prévias.   Neste   ano,   o   Partido   conseguinte,   há   diversas   nuances   no  
de   quatro   em   quatro   anos,   seu   principal   Democrata  escolheu,  antecipadamente,   que  toca  ao  período  de  alistamento,  aos  
comandante,  o  homem  que  tratará  não   a   candidatura   do   presidente   Barack   ”‡“—‹•‹–‘• ‡…‡••ž”‹‘•ǡ ‘ “—‡ †‹Ƥ…—Ž–ƒ
só   dos   assuntos   internos   americanos,   Obama   à   reeleição,   assim   como   o   sobremaneira  o  trabalho  dos  partidos  e  
mas   também   de   todos   os   assuntos   com   Partido   Republicano   fez,   em   2004,   na   dos   cabos   eleitorais   para   convencer   os  
importância  nas  relações  internacionais.     reeleição   de   George   W.   Bush.   Mitt   cidadãos   a   participarem   das   eleições,  
No   Brasil,   as   eleições   americanas   são   Romney   foi   escolhido   pelos   republica-­‐ uma   vez   que   o   voto   não   é   obrigatório,  
bastante   comentadas   pelos   meios   e   nos  após  a  realização  das  prévias  em  seu   mesmo  para  quem  já  se  alistou.  
comunicação   e   pela   população   em   partido.       A   grande   discussão   acerca   da   questão  
geral.   No   período   eleitoral   americano,   No   Brasil,   a   Lei   das   Eleições   (Lei   está  no  fato  de  que  alguns  Estados  têm  
normalmente   surgem   comparações   9.504/1997)   prevê   a   realização   de   ’”‘—Ž‰ƒ†‘Ž‡‹•“—‡†‹Ƥ…—Ž–ƒ‘ƒŽ‹•–ƒ-­‐
entre   as   eleições   presidenciais   nos   dois   convenções   para   a   escolha   de   candida-­‐ mento   a   cidadãos   pertencentes   a   mino-­‐
países,   ante   o   fato   de   tanto   o   Brasil   tos,   respeitando-­‐se   as   normas   estatu-­‐ rias  sociais  e/ou  raciais,  com  o  intuito  de  
como   os   EUA   serem   dois   países   presi-­‐ tárias   do   partido.   Na   prática,     entre-­‐ diminuir   o   campo   eleitoral   mais  
dencialistas,   federalistas   e   de   dimen-­‐ tanto,   a   única   vez   em   que   houve   a   propenso   a   votar   nos   candidatos  
sões  continentais.   ‡•…‘ŽŠƒǡ ’‘” ƤŽ‹ƒ†‘•ǡ †‡ —ƒ …ƒ†‹†ƒ-­‐ adversários.  
Assim,   o   intuito   desse   trabalho   é   tura   presidencial   no   Brasil   mediante   ‘” Ƥǡ ƒ ‡˜‘Ž—­ ‘ …‘•–‹–—…‹‘ƒŽ
demonstrar,   em     breves   tópicos,   quais   prévias  foi  em  2002,  quando  Luiz  Inácio   americana  mostra  nitidamente  a  inten-­‐
são   as   principais   características   das   Lula  da  Silva  superou  o  senador  Eduardo   ção  do  constituinte  de  estender  o  direito  
eleições   presidenciais   no   Brasil   e   nos   Suplicy   em   eleição   interna   do   Partido   ao  voto,  dado  que  já  foram  promulgadas  
Estados  Unidos,  apontando  suas  parcas   dos  Trabalhadores.   cinco   emendas   com   esse   objetivo:   (i)  
semelhanças  e  diversas  diferenças,  para   Emenda   XV,  de  1870,  a  qual  decretou  a  
que  o  leitor  possa  entender  como  se  dá  o   inconstitucionalidade   de   qualquer  
processo  eleitoral  mais  aguardado  neste  
ALISTAMENTO ELEITORAL
norma   que   retire   o   direito   ao   voto   de  
ano  de  2012. E OBRIGATORIEDADE DO uma   pessoa   por   sua   cor;   (ii)   Emenda  
VOTO XVII,   de   1913,   que   instituiu   eleições  
PRÉVIAS diretas  ao  Senado;  (iii)    Emenda  XIX,  que  
A   Constituição   brasileira   prevê   que   o   prevê   a   inconstitucionalidade   de  
Uma   característica   primordial   das   alistamento   eleitoral   é   uma   das   discriminação   do   direito   ao   voto   por  
eleições   presidenciais   americanas   é   a   condições   para   que   o   cidadão   possa   razão   de   gênero;   (iv)   Emenda  XXIV,   de  
realização   de   prévias:   em   todos   os   candidatar-­‐se   à   presidência   da   1964,   que   dispõe   sobre   a   impossibili-­‐
estados,   os   pré-­‐candidatos   de   cada   República.  O   art.   14,   §   1º,   prevê   que   o   dade  de  restrição  ao  direito  ao  voto  em  
partido   apresentam-­‐se   e   são   votados   alistamento   e   o   voto   são   obrigatórios   razão   de   dívida   tributária;   (v)   Emenda  
para   que   um   deles   seja   indicado,   em   para   os   maiores   de   18   anos   e   faculta-­‐ XXVI,   de   1971,   a   qual   reduziu   a   idade  
meados   de   agosto,   na   Convenção   tivos  para  os  analfabetos,  os  maiores  de   mínima   de   alistamento   de   21   para   18  
ƒ…‹‘ƒŽƒ”–‹†ž”‹ƒǡƒƤ†‡”‡’”‡•‡–ƒ” 70  anos  e  os  maiores  de  16  e  menores  de   anos.  
12
nenhuma   agremiação   partidária,   pode  
CONDIÇÕES DE ser  candidato  à  presidência.  
ELEGIBILIDADE
No   Brasil,   a   Constituição   prevê   as   SISTEMA DE VOTAÇÃO
condições  de  elegibilidade  para  o  candi-­‐
dato   à   Presidência   da   República.   São   Para   os   brasileiros,   o   maior   estranha-­‐
elas,   conforme   art.   14,   §   3º,   e   seus   mento   diante   das   regras   das   eleições  
incisos:   (i)   nacionalidade   brasileira;   (ii)   presidenciais   americana   é,   sem   dúvida,  
pleno  exercício  dos  direitos  políticos;  (iii)   o  sistema  de  votação  para  a  escolha  do  
alistamento   eleitoral;   (iv)   domicílio   chefe   do   Poder   Executivo.   No   Brasil,   o  
‡Ž‡‹–‘”ƒŽ ƒ …‹”…—•…”‹­ ‘Ǣ ȋ˜Ȍ ƤŽ‹ƒ­ ‘ art.  77,  caput,  da  Constituição  prevê  que  
partidária;  (vi)  idade  mínima  de  35  anos   a   eleição   será   realizada   em   primeiro  
na  data  da  posse.   turno   e,   havendo   necessidade,   em  
O   art.   12,   §   3º,   prevê   que   os   cargos   de   •‡‰—†‘ –—”‘Ǥ •–‘ •‹‰‹Ƥ…ƒ “—‡ ±
Presidente   e   Vice-­‐Presidente   da   necessária   a   maioria   absoluta   dos   votos  
República  somente  podem  ser  exercidos   válidos   (ou   seja,   excluem-­‐se   do   cálculo  
por   brasileiros   natos.  O   texto   constitu-­‐ os  votos  nulos  e  os  em  branco,  conforme  
cional,   em   seu   art.   15,   também   prevê   as   o   §   2º   do   mesmo   artigo)   para   que   o  
hipóteses   em   que   o   brasileiro   estará   postulante  seja  eleito.  Se,  na  eleição  em  
privado   de   seus   direitos   políticos:   (i)   primeiro   turno,   o   vencedor   não   tiver  
cancelamento   da   naturalização   por   obtido   a   maioria   absoluta   dos   votos,  
sentença  transitada  em  julgado  (não  se   será  realizado  outro  escrutínio  entre  os  
aplica  aos  candidatos  nas  eleições  presi-­‐ dois  candidatos  mais  bem  votados.  
denciais,   que   devem   ser   brasileiros   ‡”‹Ƥ…ƒ†‘Ǧ•‡ƒ‡˜‘Ž—­ ‘…‘•–‹–—…‹‘ƒŽ
natos);   (ii)     incapacidade   civil   absoluta;   brasileira,  nota-­‐se  que  a  previsão  de  dois  
(iii)   condenação   criminal   transitada   em   turnos  nas  eleições  presidenciais  é  uma  
julgado,  enquanto  durarem  seus  efeitos;   novidade   trazida   no   texto   da  Constitu-­‐
(iv)  recusa  de  cumprir  obrigação  a  todos   ição   de   1988.   No   período   democrático  
imposta   ou   prestação   alternativa,   nos   de  vigência  da  Constituição  de  1946,  não  
termos   do   art.   5º,  VIII;   (v)   improbidade   havia   essa   previsão   e,   portanto,   era  
administrativa,  nos  termos  do  art.  37,  §   eleito  o  candidato  que  obtivesse  maioria  
4º.     Além   disso,   o   candidato   deve   ser   simples,   fato   ocorrido   na   eleição   de  
domiciliado   em   território   brasileiro   (a   1955,   na   qual   foi   eleito   Juscelino  
circunscrição   da   eleição   presidencial   é   Kubitschek.  
ƒ…‹‘ƒŽȌ ‡ †‡˜‡ •‡” ƤŽ‹ƒ†‘ ƒ ƒŽ‰— Nos   Estados   Unidos,   entretanto,   a  
partido   político   registrado   no   Tribunal   eleição   é   indireta,   conforme   previsto   no  
Superior  Eleitoral.   art.   II,   seção   1,   da   Constituição,   bem  
Nos  Estados  Unidos,  o  art.  II,  seção  1,  da   como  nas  Emendas   XII  e   XXIII.  Assim,  o  
Constituição,   prevê   que   o   candidato   à   candidato   é   eleito   por   um   Colégio  
presidência  deve  ter  ao  menos  35  anos,   Eleitoral,   e   não   diretamente   pelos  
bem   como   ser   residente   em   território   cidadãos   americanos.     O   Colégio   é  
americano   de   forma   permanente   há   formado  por  eleitores  de  cada  um  dos  50  
pelo  menos  14  anos.  Quanto  à  nacionali-­‐ Estados,  além  de  eleitores  do  Distrito  de  
dade,  o  dispositivo  constitucional  prevê   ‘Žï„‹ƒǡ ‘†‡ Ƥ…ƒ ƒ …ƒ’‹–ƒŽ ˆ‡†‡”ƒŽǡ
que   o   candidato   seja   “a   natural-­‐born   Washington.  
citizen”. O   número   total   de   eleitores   é   de   538.  
 O   texto   original   até   hoje   é   recheado   de   Para   ser   o   escolhido,   o   candidato   à  
’‘Ž²‹…ƒǡ ’‘‹•  ‘ Š‘—˜‡ ’ƒ…‹Ƥ…ƒ­ ‘ presidência  deve  ter,  portanto,  o  voto  de  
doutrinária  ou   jurisprudencial   a   respeito   270   eleitores.   O   número   de   538   é  
†‘ “—‡ •‹‰‹Ƥ…ƒ ‘ •‡‰—‹–‡ –‡”‘ǣ formado   pela   soma   do   número   de  
qualquer   pessoa   com   cidadania   ameri-­‐ senadores   (100   –   2   senadores   por   cada  
cana  pode  postular  a  candidatura,  ou  só   estado),   435   deputados   federais   (cada  
americanos   natos?   Há   no   Congresso   estado   tem   o   número   de   cadeiras  
americano   diversas   propostas   de   proporcional   a   sua   população)   e   mais   3  
emenda   à   Constituição   tratando   do   representantes  do  Distrito  de  Colúmbia  
tema,   sendo   algumas   delas   casuísticas,   (que   não   tem   representação   no  
com  o  intuito  de  possibilitar  a  candida-­‐ Congresso).  
tura   do   ex-­‐secretário   de   Estado   Henry   Desse   modo,   cada   estado   tem,   ao  
Kissinger   e   também   do   ex-­‐governador   menos,  três  eleitores  no  Colégio  Eleito-­‐
da   Califórnia   Arnold   Schwarzenegger.   ral   (número   equivalente   a   dois  
—ƒ–‘  ƤŽ‹ƒ­ ‘ ’ƒ”–‹†ž”‹ƒǡ  ‘ Šž senadores   e   um   deputado   federal).   A  
qualquer   obrigatoriedade:   qualquer   cada   dez   anos,   é   realizado   um   censo  
cidadão   que   atenda   às   condições   de   ’ƒ”ƒ ƒ ˜‡”‹Ƥ…ƒ­ ‘ †ƒ ’‘’—Žƒ­ ‘ǡ …‘
‡Ž‡‰‹„‹Ž‹†ƒ†‡ǡ‡•‘•‡•‡”ƤŽ‹ƒ†‘ƒ subsequente  mudança  no  número  de  
13
deputados   federais   por   estado   (e,   por   partido   ou   de   um   terceiro   candidato   vice-­‐presidente   assumir   o   cargo,   salvo  
consequência,  no  Colégio  Eleitoral).   independente.  Tome-­‐se,  como  exemplo,   força   maior,   sob   pena   de   o   cargo   ser  
Cada   estado   disciplina   a   forma   como   o   a   eleição   de   1992,   na   qual   o   indepen-­‐ declarado  vago.  
eleitor  irá  votar  no  Colégio  Eleitoral.  Na   dente   Ross   Perot   teve   quase   19   %   dos   Já  nos  Estados  Unidos,  a  posse  ocorre  no  
maior  parte  dos  estados,  há  a  determi-­‐ votos   populares,   mas   nenhum   voto   no   dia  20  de  janeiro  do  ano  seguinte  ao  da  
nação   de   que   seus   eleitores   deverão   Colégio  Eleitoral.   eleição   (Emenda   XX).   Há   a   obrigação  
votar  de  acordo  com  a  votação  popular     constitucional   de   o   presidente   jurar   a  
dentro   de   seu   estado.  Ou   seja,   usando   DATA DA ELEIÇÃO Constituição   americana.   O   juramento,  
como   exemplo   a   eleição   que   se   tradicionalmente,   é   feito   com   a   palma  
aproxima,   se,   no   estado   da   Geórgia,   o   A   data   de   votação   é   outra   diferença   da   mão   sobre   uma   Bíblia.   O   mandato  
candidato   Mitt   Romney   vencer   o   bastante   forte   entre   as   eleições   presi-­‐ presidencial  também  é  de  quatro  anos.  
democrata   Barack   Obama   por   um   voto   denciais  americana  e  brasileira.  O  art.  77   Apesar   da   tradicional   inspiração   ameri-­‐
de  diferença  na  eleição  popular,  ele  terá   da   Constituição   brasileira   prevê   que   a   cana   na   criação   das   instituições   republi-­‐
o   voto   dos   16   eleitores   do   estado   no   eleição   do   presidente   e   do   canas   brasileiras,   a   possibilidade   de  
Colégio  Eleitoral.  No  entanto,  se  Obama   vice-­‐presidente   será   realizada   no   reeleição   é   bastante   recente   no   texto  
vencer  Romney  por  uma  diferença  de  1   primeiro   domingo   de   outubro,   em   constitucional.   O   instituto   da   reeleição  
milhão   de   votos   em   Michigan,   ele   terá   primeiro   turno,   e   nó   último   domingo   do   adveio   ao   ordenamento   jurídico  
os   mesmos   16   votos   dos   eleitores   desse   mesmo  mês,  caso  haja    necessidade  de   brasileiro   somente   com   a   promulgação  
estado.   Somente   em   dois   estados   segundo   turno,   do   ano   anterior   ao   do   da   Emenda   Constitucional   nº   16/1997,  
(Nebraska  e  Maine),  há  a  previsão  legal   término   do   mandato   presidencial   durante   o   governo   Fernando   Henrique  
de   seus   eleitores   no   Colégio   Eleitoral   vigente.   Assim,   o   atual   mandato   da   Cardoso,   que   prevê   a   possibilidade   de   o  
respeitarem   a   proporcionalidade   dos   ”‡•‹†‡–‡ ‹Žƒ ‘—••‡ơ –‡”‹ƒ ‘ presidente  da  República  candidatar-­‐se  a  
votos  populares.   dia   1º   de   janeiro   de   2015.  As   próximas   mais  um  período  subsequente.  
O   presente   sistema   de   votação   eleições   presidenciais   ocorrerão,   Essa  mudança  no  art.  14,  §  5º,  do  texto  
apresenta   alguns   problemas.   Em   portanto,  no  mês  de  outubro  de  2014.   constitucional   aconteceu   na   mesma  
primeiro  lugar,  não  há  a  garantia  de  que   Nos   EUA,   entretanto,   as   eleições   época   em   que   outros   países   latino-­‐
o   eleitor   vá   respeitar   a   votação   popular,   sempre   ocorrem   em   dia   útil:   a   terça   americanos   também   mudaram   suas  
bem   como   as   regras   de   seu   estado,   no   seguinte   à   primeira   segunda-­‐feira   do   Constituições  com  o  objetivo  de  garantir  
momento  de  votar  no  Colégio  Eleitoral.   mês   de   novembro.   Assim,   a   data   da   a   possibilidade   de   reeleição   do   chefe   do  
Ademais,   existe   a   possibilidade   de   um   eleição   sempre   vai   ocorrer   entre   os   dias   Poder   Executivo   Nacional,   com  
postulante  que  venceu  a  votação  popu-­‐ 2   e   8   de   novembro.  Como   as   normas   de   destaque  a  Peru,  Argentina,  Colômbia  e  
lar   na   soma   de   todos   os   votos   do   país   direito  eleitoral  nos  Estados   Unidos  são   Venezuela.  
perder   a   eleição   no  Colégio.   Esse   fato   já   de  caráter  estadual,  em  alguns  estados  é   A   Constituição   americana,   no   entanto,  
ocorreu  quatro  vezes,  sendo  a  última  em   decretado  feriado  cívico;  em  outros,  a  lei   sempre   previu   a   possibilidade   de  
2000:   o   republicano   George   W.   Bush   local   somente   prevê   a   obrigatoriedade   reeleição   do   presidente   da   República.  
venceu  o  democrata  Al  Gore  no  Colégio   de   o   empregador   permitir   ao   traba-­‐ Não   havia,   porém,   limitação   ao   número  
por  271  votos  a  266  (houve  uma  absten-­‐ lhador   um   curto   período   de   folga   sem   de   mandatos   exercidos   de   forma  
ção).   Bush   venceu   em   30   estados,   corte  de  salário.   seguida.   Assim,   Franklin   D.   Roosevelt  
enquanto  Gore  venceu  em  20  estados  e   concorreu  e  venceu  quatro  vezes  segui-­‐
no  Distrito  de  Colúmbia.  No  entanto,  na     das,   falecendo   no   início   de   seu   quarto  
soma  da  votação  popular,  o  democrata   DURAÇÃO DO MANDATO, mandato,   em   1945.   Em   resposta,   o  
teve  por  volta  de  500  mil  votos  a  mais.   Congresso  americano  editou  a  Emenda  
POSSE E POSSIBILIDADE XXII,   que   determina   a   possibilidade   de  
O  voto  popular  nacionalmente  contabi-­‐
lizado   torna-­‐se,   portanto,   irrelevante.   DE REELEIÇÃO reeleição   para   apenas   um   mandato  
Estrategicamente,   o   postulante   deve   subsequente.  
concentrar   sua   campanha   nos   poucos   No   Brasil,   o   mandato   presidencial   tem  
estados   em   que   as   pesquisas   mostram   duração  de  quatro  anos  desde  a  Emenda  
que  a  diferença  na  intenção  de  voto  está   Constitucional   de   Revisão   nº   5/1994,   CONSIDERAÇÕES
apertada,   visto   que   não   há   a   necessi-­‐ devendo  a  posse  ser  realizada  no  dia  1º   FINAIS
dade   de   fortalecer   seu   discurso   e   sua   de  janeiro  do  ano  seguinte  ao  da  eleição  
campanha   nos   estados   em   que   ele   (art.   82).  Até   então,   o   mandato   era   de   Nesse   pequeno   espaço,   foram   aborda-­‐
certamente   irá   perder,   tampouco   cinco   anos,   com   posse   no   dia   15   de   dos   os   aspectos   constitucionais  
naqueles   em   que   muito   provavelmente   março  do  ano  seguinte  ao  da  eleição.     basilares   das   eleições   presidenciais   nos  
irá  vencer.   A   posse   do   presidente   e   do   EUA  e  no  Brasil.  Há  muitos  outros  assun-­‐
Os  swing  states,  ou  seja,  os  estados  que,   vice-­‐presidente   será   realizada   em   tos   que   tratam   do   tema   que   poderiam  
tradicionalmente,   não   apresentam   sessão  do  Congresso  Nacional,  devendo   ser   debatidos,   tais   como   propaganda  
tendência   consolidada   a   apoiar   um   ou   ambos  prestar  compromisso,  conforme   ‡Ž‡‹–‘”ƒŽǡ Ƥƒ…‹ƒ‡–‘ †‡ …ƒ’ƒŠƒ
outro   partido,   são   os   que   têm   maior   art.   78   da   Constituição,   de   manter,   ou   o   sistema   partidário   de   cada   país.  
atenção  dos  postulantes  e  dos  candida-­‐ defender   e   cumprir   a   Constituição,   Esses   tópicos   serão   abordados   em   um  
tos,   em   especial   aqueles   que   detêm   observar   as   leis,   promover   o   bem   geral   próximo   artigo   a   ser   publicado   nesta  
maior   população   e,   consequentemente,   do   povo   brasileiro,   sustentar   a   união,   a   revista.    
mais  eleitores  no  Colégio  Eleitoral.   integridade  e  a  independência  do  Brasil.    
‘” Ƥǡ ‡••‡ •‹•–‡ƒ †‡ ˜‘–ƒ­ ‘ O   parágrafo   único   do   art.   78   prevê   o  
†‹Ƥ…—Ž–ƒ †‡ ‘†‘ ‹•‘Ƥ•ž˜‡Ž ƒ prazo  de  dez  dias  para  o  presidente  ou  o  
presença  competitiva  de  um  terceiro  
14
OPINIAO  CRITICA  DE  CONVIDADO
O ASSUNTO DE HOJE: COMISSÃO DE DIREITOS
HUMANOS DA OEA
SISTEMA INTERAMERICANO SOB FORTE ATAQUE
FLÁVIA PIOVESAN

Mestre e Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, dos Programas de
Pós-graduação da Universidade Pablo de Olavide (Sevilha, Espanha) e da Universidade de Buenos Aires
(UBA); visiting fellow do Human Rights Program da Harvard Law School (1995 e 2000), visiting fellow do
Centre for Brazilian Studies da University of Oxford (2005), visiting fellow do Max Planck Institute for
Comparative Public Law and International Law (Heidelberg - 2007 e 2008), sendo atualmente Humboldt
Foundation Georg Forster Research Fellow no Max Planck Institute (Heidelberg - 2009-2011); membro do Conselho de Defesa dos
Direitos da Pessoa Humana; membro da UN High Level Task Force on the implementation of the right to development; e membro do
OAS Working Group para o monitoramento do Protocolo de San Salvador em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais.

O   Sistema   Interamericano   de   Direitos   No   entanto,   quando   a   comissão   fez   membros.   Apenas   25   deles   são   signa-­‐
Humanos   está   sob   forte   ataque.   Um   recomendações  no  caso  da  hidroelétrica   tários   da   convenção,   dos   quais   21  
processo   de   reforma   capciosamente   de   Belo   Monte,   o   Brasil   não   perdoou.   aceitam  a  jurisdição  da  corte.
batizado  de  "fortalecimento"  esconde  a   ‘–”ƒ”‹ƒ†‘ǡ †‡•“—ƒŽ‹Ƥ…‘— ’—„Ž‹…ƒ-­‐ Hoje,   entre   as   maiores   ameaças,  
tentativa   de   limitar   sua   capacidade   de   mente  a  comissão,  retirou  seu  embaixa-­‐ destacam-­‐se  propostas  que:  restringem  
agir  de  forma  autônoma  e  independente. dor  junto  à  OEA,  decidiu  não  pagar  a  sua   o  poder  da  comissão  de  adotar  medidas  
Organizações   de   direitos   humanos   de   quota  por  meses  e  desistiu  da  candida-­‐ cautelares   (único   instrumento   previsto  
todos   os   países   da   região   apontam   o   tura   de   um   membro   brasileiro   para   a   para   casos   de   urgência   e   gravidade),  
Brasil  como  um  detrator. comissão. suprimem   a   possibilidade   de   analisar  
A   diplomacia   brasileira   reconhece   Foi   a   primeira   vez   que   o   Brasil   reagiu   detidamente   casos   de   países   com  
abertamente   que   suas   relações   com   o   com   tal   virulência,   embora   vítimas   e   violações   massivas   e   limitam   as   facul-­‐
sistema   estão   estremecidas,   mas   nega   organizações   sociais   brasileiras   recor-­‐ dades   das   relatorias   especiais,   como   a  
os   ataques.   Na   visão   do   Itamaraty,   o   ram   com   frequência   ao   sistema.   Entre   de   liberdade   de   expressão   e   acesso   à  
Brasil   estaria   apenas   buscando   o   seu   1998  e  2011,  o  Brasil  foi  alvo  de  27  "medi-­‐ informação.
"aprimoramento".   Mas   o   que   realmente   das   cautelares"   (recomendações   com   Cada   país   ou   bloco   tem   interesse  
está  em  jogo? caráter   de   urgência)   da   comissão.   Já   a   particular  em  um  desses  pontos.  O  Brasil  
Criado   nos   anos   1960   no   âmbito   da   corte,   desde   1998,   proferiu   quatro   tem   procurado   abertamente   limitar   as  
Organização   dos   Estados   Americanos   sentenças  condenatórias  ao  Brasil. medidas   cautelares.   Sua   atitude   tem  
(OEA),   o   sistema   tem   uma   comissão   e   Até   que   ocorresse   o   caso   Belo   Monte,   o   encorajado   posições   ainda   mais  
uma  corte  independentes,  que  comple-­‐ governo   brasileiro   parecia   esforçar-­‐se     extremas,   sobretudo   do   Equador   e   da  
mentam   a   ação   dos   Estados.   Por   meio   no  cumprimento  de  tais  recomendações   Venezuela,   há   pouco   questionados   em  
de   medidas   de   urgência,   tem   salvado   e  sentenças.  O  caso  Maria  da  Penha  -­‐que   casos  de  direitos  políticos  e  liberdade  de  
muitas  vidas. resultou   em   uma   lei   sobre   a   violência   expressão.
Permitiu  a  desestabilização  dos  regimes   contra  a  mulher  -­‐  é  um  exemplo. Se   o   Brasil,   de   forma   efetiva,   deseja   o  
†‹–ƒ–‘”‹ƒ‹•ǡ ‡š‹‰‹— Œ—•–‹­ƒ ‡ ‘ Ƥ †ƒ Por   causar   constrangimento   internac-­‐ aprimoramento  do  sistema,  o  silêncio  e  
impunidade   nas   transições   democráti-­‐ ional  aos  Estados,  o  Sistema  Interameri-­‐ a   ação   de   bastidores   não   podem   ser  
cas   e   agora   demanda   o   fortalecimento   cano   foi   alvo   de   ataques   de   diferentes   opções.   É   preciso   um   sistema   inte-­‐  
da   democracia,   contra   as   violações   de   países   durante   toda   a   sua   história.   Os   ramericano   forte,   autônomo   e   inde-­‐  
direitos   e   proteção   aos   grupos   mais   EUA,   por   exemplo,   jamais   aceitaram   a   pendente.
vulneráveis. Œ—”‹•†‹­ ‘†ƒ…‘”–‡‡—…ƒ”ƒ–‹Ƥ…ƒ”ƒƒ O  país  não  pode  carregar  na  sua  história  
Tem   prestado   uma   extraordinária   Convenção   Americana   de   Direitos   a   mácula   de   ter   contribuído   para   acabar  
contribuição   para   a   promoção   dos   Humanos. com  o  mais  importante  mecanismo  para  
direitos  humanos,  do  Estado  de  Direito   A   propósito,   não   se   pode   confundir   a   a   proteção   de   direitos   humanos   da  
e  da  democracia  na  região. OEA  com  o  sistema.  A  OEA  possui  35   nossa  região.
15
ESPACO  ABERTO:  ARTIGO  ENVIADO
ENTENDA:
O QUE É GEOPOLÍTICA?
Paulo  Sérgio  Xavier  Santos
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‘ƒ†‘ ’‘” „ƒ•‡ ‡••ƒ• ”‡Žƒ­Ù‡•ǡ ± Sabendo-­‐se  que  a  Política  se  baseia   ˆ”—–‘ †‹”‡–‘ †ƒ …ƒ’ƒ…‹†ƒ†‡ †‡ ‘ •–ƒ†‘
’‘••À˜‡Ž˜‘Ž–ƒ”ƒ–‡­ ‘’ƒ”ƒ‘†‡•‡-­‐ essencialmente   na   História   e   que   –”ƒ•ˆ‘”žǦŽƒ‡ƒŽ‰‘‡ˆ‡–‹˜‘Ǥ
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•‘ˆ”‡ …‘ ‘ –”ƒ•…‘””‡” †‘ –‡’‘ǡ lhe  serve  de  base  e  quadro  condicio-­‐ ‹²…‹ƒ ‘ŽÀ–‹…ƒ †ƒ ‹˜‡”•‹†ƒ†‡ †‡
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‡‘‰”ƒƤƒ À•‹…ƒ ‡ ƒ
‡‘‰”ƒƤƒ se   apresenta   como   um   organismo   –‡”‘ Dz
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ȋ͙͜͜͠Ǧ͙͘͜͡Ȍ†‡•‡˜‘Ž˜‡—‡•–—†‘••‘„”‡ a   Geopolítica   é   a   relação   entre   a   ͙͙͡͞ǡ †‡Ƥ‹†‘Ǧƒ …‘‘ǣ Dz …‹²…‹ƒ “—‡
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‡– ‘ǡ ’ƒ••‘— ƒ …‘•‹†‡”ƒ” “—‡ ‘ Geoestratégia   é   a   relação   entre   a   ‰‡‘‰”žƤ…‘ ‘— …‘‘ — ˆ‡Ø‡‘ ‘
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16
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’”‡†‡ ‘• ˆƒ–‘• ’‘ŽÀ–‹…‘• ƒ‘ •‘Ž‘ǡ subproduto   e   um   reducionismo  
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ƒ—š‹Ž‹ƒ” ƒ ‘”‹‡–ƒ­ ‘ †‡ •—ƒ ˜‹†ƒ apropria   de   parte   de   seus   postula-­‐
’‘ŽÀ–‹…ƒ’ƒ”ƒƒ‘„–‡­ ‘†‡—Dz‡•’ƒ­‘ dos   gerais   para   aplicá-­‐los   na  
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•–ƒ†‘ƒ—–‘••—Ƥ…‹²…‹ƒǤ interessando   ao   jogo   de   forças  
‘•–ƒȋ͚͙͘͘Ȍ…‘’ƒ”–‹ŽŠƒ†ƒ‘’‹‹ ‘†‡ estatais  projetado  no  espaço.
“—‡ ‡š‹•–‡ —ƒ …‘ˆ—• ‘ …‘…‡‹–—ƒŽ ‘
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‡‘’‘ŽÀ–‹…ƒǣ

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO,  Terezinha  de.  Geopolítica: Princípios, Meios e Fins.  Rio  de  Janeiro:  Biblioteca  do  Exército  Editora,  1999.
COSTA,  Wanderley  Messias  da.  Geografia Política e Geopolítica.  São  Paulo:  Editora  da  Universidade  de  São  Paulo,  2010.
MAFRA,  Roberto  Machado  de  Oliveira.  Geopolítica: Introdução ao Estudo. São  Paulo:  Sicurezza,  2006.
MAGNOLI,  Demétrio.  O Que é Geopolítica.  São  Paulo:  Editora  Brasiliense,  1986.

17
VIDA  DE  DIPLOMATA
Na seção “Vida de Diplomata”, a Revista Sapientia entrevista diplomatas atuantes no Ministério das Relações
Exteriores brasileiro, com o intuito de saber mais sobre a carreira diplomática, considerando seus desafios e
dificuldades, além de investigar que caminhos traçaram para chegar ao tão desejado sonho que é a aprovação
no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata.

ENTREVISTA COM O DIPLOMATA


CESAR NASCIMENTO
O entrevistado desta edição da Revista Sapientia é o segundo secretário
Cesar Nascimento. Graduado na PUC-RJ, Cesar foi aprovado no CACD em
2006 e já ocupou, desde então, cargos em postos na Jamaica e na Bulgária, onde
recebeu o Ministro Antonio Patriota e a Presidente Dilma Rousseff, em sua visita
ao país. Atualmente está lotado na embaixada brasileira em Bruxelas.

nivela,   nas   provas   correspondentes,   o  


Sapientia Pergunta: candidato   que   já   está   se   preparando,   experiência  nestes  países?  Como  
Como   surgiu   seu   interesse   pela   talvez  há  anos,  com  aquele  que  acabou   era  sua  rotina?  
de   começar.   Mudanças   dessa   natureza  
vida  diplomática?   Cada  posto  tem  suas  peculiaridades.  Na  
deveriam   ser   divulgadas   com   anteci-­‐
pação. Jamaica,   a   falta   de   segurança   era   o  
CESAR NASCIMENTO: Acho  que   maior  problema.  Só  era  seguro  andar  a  
o   que   me   atraiu   para   a   carreira   pé   durante   o   dia   e,   ainda   assim,   em  
†‹’Ž‘ž–‹…ƒˆ‘”ƒ‘ƒ‘”ƒ‘†‡•ƒƤ‘‡‘ Sapientia Pergunta: algumas  áreas  da  cidade.  À  noite,  só  de  
medo   do   tédio.   Demorei   bastante   para   Como   foi   sua   preparação   para   o   carro.   Poucos   lugares   eram   frequen-­‐
decidir   o   que   faria   da   vida,   até   que   fui   CACD?  Você   teve   alguma   estra-­‐ táveis,  por  causa  disso.  
atraído   pela   possibilidade   de   mudar   de   A   Bulgária   era   o   oposto.   Segurança  
tégia  para  seus  estudos?  Se  sim,  
assunto   e   de   endereço   a   cada   dois   ou   absoluta.   Havia   bares   e   restaurantes  
qual?   Quais   foram   as   principais   abertos   24   horas   por   toda   a   cidade   e   eu  
três   anos.   Não   sou   do   tipo   que   teme   †‹Ƥ…—Ž†ƒ†‡• “—‡ ˜‘…² ‡…‘–”‘—
mudanças.   Ao   contrário,   torna-­‐me   feliz   podia   frequentar   qualquer   ambiente.  
durante   sua   preparação?   Há   Ambas   as   experiências   foram   interes-­‐
a  garantia  de  que  logo  estarei  em  outro  
lugar,  cuidando  de  outra  coisa. algum   episódio   durante   esse   santes,  mas  apenas  na  Bulgária  eu  pude  
período   que   gostaria   de   dividir   participar   integralmente   da   vida   local.  
com  os  candidatos? Trago  saudades.
Sapientia Pergunta: Já   a   Bélgica,   acho-­‐a   desinteressante.  A  
vida  aqui  parece  demasiado  monótona.  
Você   ingressou   no   Ministério   das   Amo   estudar,   mas   sou   indisciplinado.   Tudo   fecha   cedo   e   é   até   mesmo   difícil  
Relações   Exteriores   no   ano   de   ‹ƒ‘“—‡“—‡”‹ƒ†ƒ„‹„Ž‹‘‰”ƒƤƒǡ“—ƒ†‘ resolver   pequenos   problemas,   como  
2006.  O  Concurso   para  Admissão   não   estava   lendo   outras   coisas.   Acho   lavar   um   terno   ou   passar   na   papelaria.  
à  Carreira   de   Diplomata   (CACD),   “—‡‘ƒ‹‘”†‡•ƒƤ‘ ‘±ƒ’”‘˜ƒǡƒ•‘ Muitos   colegas   dizem   que   Bruxelas   é  
à   época,   tinha   moldes   muito   próprio  candidato.  Quem  é  focado  sai  na   excelente,  por  estar  a  uma  ou  duas  horas  
frente;   quem   acha   que   o   Itamaraty   é   a   de   Paris,   Amsterdam,   Londres.  
diferentes   dos   concursos   mais   única   forma   de   vida   interessante   na   Respondo   que   preferiria   estar   a   uma  
recentes?  Fale  brevemente. Terra,   também.   Mas   se   o   sujeito   tem   hora  de  Bruxelas.
capacidade   e   persistência,   acaba  
Não   sei   como   está   formatado   o   entrando.  A   persistência   funciona   como   Sapientia Pergunta:
concurso,   atualmente.   Quando   ainda   disciplina,  no  longo  prazo,  diria.
me   preparava   para   as   provas,   havia   Em  sua  visão,  quais  os  principais  
mudanças   substantivas   a   cada   edital.   Sapientia Pergunta: †‡•ƒƤ‘• “—‡ ƒ …ƒ””‡‹”ƒ
Acho  sensata  sua  modernização,  mas  as   Você   já   serviu   na   Jamaica,   na   diplomática   brasileira   vive   no  
mudanças   frequentes,   se   substantivas,   Bulgária   e   atualmente   está   mundo  atual?  O  que  você  crê  que  
parecem-­‐me     injustas.  A   eliminação   ou   o  Brasil  espera  de  seus  diploma-­‐
‹…‘”’‘”ƒ­ ‘†‡ƒ–±”‹ƒ•‡•’‡…ÀƤ…ƒ•
alocado  na  Bélgica.  Como  foi  sua  

18
tas?   E   quais   as   expectativas   do  
mundo  com  relação  à  diplomacia  
brasileira?

Kissinger   disse,   tempos   atrás,   que   os  


diplomatas   brasileiros   estavam   entre   os  
melhores   do   mundo.   Acho   que   essa  
imagem  persiste.  O  Instituto  Rio  Branco  
é  visto  por  muitos  colegas  estrangeiros  
como  centro  de  excelência  em  formação  
diplomática.  Se  há  alguma  expectativa,  
tanto  no  Brasil  como  no  mundo,  é  a  de  
que   estejamos   à   altura   de   nossa  
reputação,   especialmente   porque   o  
Brasil   tem   tido   participação   cada   vez  
mais  intensa  na  resolução  de  problemas  
de   impacto   internacional.   Quanto   aos  
†‡•ƒƤ‘• „”ƒ•‹Ž‡‹”‘•ǡ ’‡•‘ •‡” ‡ŽŠ‘”
recomendar   a   leitura   dos   discursos   e  
artigos   do   nosso  Chanceler   e   da   nossa  
Presidente.

Sapientia Pergunta:
Como   foi   sua   preparação   para  
fazer  a  prova  do  CACD.  Você  teria  
alguma  dica  e/ou  sugestão  a  dar  
para  estas  pessoas?  

Já  faz  algum  tempo  desde  que  passei  no  


concurso  e,  como  disse,  não  sei  como  é  
seu   formato   atual.   Lembro   que   quem  
precisava   de   muitos   pontos   na   média  
conseguia   isso   dedicando   mais   tempo   a  
Direito   e   Economia   do   que   a   História   e  
Política   Internacional,   por   exemplo.   O  
conteúdo   daquelas   matérias   era   mais  
limitado   e   objetivo   e   isso   permitia   ao  
candidato   capacitar-­‐se   razoavelmente  
em   pouco   tempo.   Um   livro   de   Direito  
bem   estudado   podia,   com   sorte,  
responder   a   até   uma   ou   duas   questões  
da   prova;   um   de   História,   usualmente  
não.   Outra   coisa   era   a   obsessão   pelo  
TPS,  algo  que  nunca  entendi.  Estude  as  
matérias.   Quem   conhece   as   matérias  
passa  no  TPS.  De  todo  modo,  acho  que  
cada   um   deve   procurar   seu   próprio  
método.   Há   pessoas   que   gostam   mais  
de  um  ou  outro  assunto  e  isso  deve  ser  
levado   em   conta.  Conhecer   a   si   mesmo,  
não  é  isso?

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VIDA  DE  CONCURSEIRO
A seção “Vida de Concurseiro” reúne mensalmente crônicas sobre a vida daqueles que diariamente enfrentam
a luta que é a preparação para a prova do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata. A seção deste mês
conta com depoimento de Laura Berdine Santos Delamonica, aprovada em primeiro lugar no CACD deste ano.

MUITO ESTUDO, MUITA DEDICAÇÃO E


ACIMA DE TUDO MUITA CORAGEM
LAURA BERDINE SANTOS DELAMONICA

Em   2012,   fui   aprovada   em   1º   lugar   no   dade,   já   que   depois   de   algum   tempo   sugestões   para   o   irmão   ou   para   um  
Concurso   de   Admissão   à   Carreira   de   você  começa  a  caracterizar  sua  vida  com   colega  de  faculdade  pode  ser  muito  útil.  
Diplomata.   Quando   escrevi   essa   base  nos  vocabulários  do  CACD. O   texto   de   segunda   fase   deve   ser  
primeira   frase,   percebi   que   todas   as   Essas  mudanças  vieram.  Aprendi  a  dosar   compreendido   com   clareza.   Escrever  
Š‘”ƒ• †‡ ‡•–—†‘ǡ –‘†‘• ‘• Ƥƒ‹• †‡ melhor   minhas   atividades,   continuei   a   ’ƒ”ƒ —ƒ „ƒ…ƒ –±…‹…ƒ ‡ “—ƒŽ‹Ƥ…ƒ†ƒ
semana  debruçada  sobre  livros,  todos  os   estudar   várias   horas   por   dia,   busquei   como   a   do   concurso   do   Instituto   Rio  
sacrifícios   valeram   a   pena.   Muitas   atividades  acadêmicas  paralelas  que  me   ”ƒ…‘  ‘ •‹‰‹Ƥ…ƒ ’”‘†—œ‹” —ƒ
pessoas  me  perguntam  como  foi  minha   enriquecessem   e   compreendi   que   cada   redação  pomposa  e  rebuscada.  A  simpli-­‐
preparação  e  quais  as  dicas  eu  teria  para   prova  tinha  um  estilo  próprio.  Notei  que   cidade  vocabular  e  a  clareza  argumenta-­‐
repassar   aos   futuros   diplomatas.   A   o  estudo  para  ingressar  no  Instituto  Rio   tiva,  quando  bem  utilizadas,  podem  ser  
resposta,  por  mais  simples  que  seja,  não   Branco   não   precisava   ser   um   jogo   de   recompensadas  pelo  examinador.
poderia   ser   mais   verdadeira.   Precisei   de   soma  zero,  poderia  ser  um  jogo  de  soma   No   caso   da   Língua   Inglesa,   a   disciplina  
muito  estudo,  muita  dedicação  e,  acima   positiva,   um   verdadeiro   exercício   de   exige   uma   preparação   constante.   Não   é  
de  tudo,  muita  coragem.  Coragem  para   multilateralismo   de   cooperação.   Talvez   possível   separar   uma   semana   antes   da  
continuar   quando   estava   cansada,   alguns   consigam   seus   assentos   perma-­‐ prova  para  revisar  tudo,  pois  o  vocabu-­‐
coragem   para   abdicar   de   algumas   nentes   antes   que   outros,   mas   se   as   lário   deve   ser   construído   gradualmente.  
atividades   em   prol   de   mais   algumas   coalizões  forem  bem  articuladas,  em  um   Para   conseguir   manter   minha   mente  
páginas   de   leitura,   mas   também   futuro   próximo   todos   estarão   lado   a   ativa,  além  de  fazer  aulas  preparatórias  
coragem   para   parar   de   estudar   quando   lado. para   o   concurso,   eu   buscava   ler   diaria-­‐
me   sentia   improdutiva,   coragem   para   Sei   que   todos   esses   comentários   mente  uma  notícia  em  algum  periódico  
conversar   com   meus   amigos   e   com   parecem   vagos.   por   isso   tentarei   internacional.   Essa   atividade   não   me  
‡—• ˆƒ‹Ž‹ƒ”‡• ƒ ”‡•’‡‹–‘ †ƒ• †‹Ƥ…—Ž-­‐ esboçar   algumas   observações   que   tomava  mais  que  trinta  minutos.  Eu  lia  o  
dades   do   concurso   e   coragem   para   foram   válidas   para   minha   preparação.   texto   com   atenção,   anotava   palavras  
desenvolver   um   método   de   estudo   Espero   que,   de   alguma   forma,   possam   desconhecidas   e   buscava   sinônimos  
próprio   quando   as   outras   pessoas   me   ser  úteis.    Todas  as  matérias  do  concurso   também   em   inglês.   Quando   havia  
diziam  para  agir  de  outra  maneira.   são   importantes,   mas   as   línguas   trazem   alguma   construção   frasal   interessante,  
A   minha   rotina   de   estudos   para   o  CACD   consigo   uma   enorme   capacidade   de   eu  a  copiava  e  tentava  usá-­‐la  em  minhas  
era   muito   intensa.   Normalmente,   eu   ƒŽ–‡”ƒ”‘†‡•–‹‘†ƒ•’‡••‘ƒ•Ǥ‡Ƥ”‘Ǧ‡ redações.   Essa   foi   uma   maneira  
estudava   uma   média   de   12   horas   por   a  Português,  Inglês,    Espanhol  e  Francês. dinâmica   e   sem   custos   que   encontrei  
dia,   fazia   os   exercícios   dos   cursinhos,   Para   estudar   Português,   eu   costumava   para  aprimorar  meu  inglês.
Ƥ…ƒ˜ƒ’”‡‘…—’ƒ†ƒ…‘ƒ‹Šƒ’‘•‹­ ‘ fazer   exercícios   do   CESPE,   de   modo   a   Francês  e  Espanhol  tornaram-­‐se  discipli-­‐
nos   rankings   de   simulados,   decorava   ter  mais  familiaridade  com  o  formato  da   nas   diferenciais,   mas   é   necessário   saber  
nomes   e   datas.   Exigi   muito   de   mim,   prova.   Para   a   segunda   fase,   escrevi,   direcionar  bem  as  energias.  Não  adianta  
Ƥ“—‡‹‡”˜‘•ƒǡ‡…‘„”‡‹ƒ‹†ƒƒ‹•ǡ‡ escrevi,   escrevi.   A   prática   constante,   •‡”ƪ—‡–‡‡ ”ƒ…²•‘—‡•’ƒŠ‘Žǡ
não   passei...   Isso   tudo   ocorreu   no   durante  todo  o  ano,  contribuiu  para  que   fazer  o  curso  regular  da  língua,  aprender  
concurso   de   2011.   Então   percebi   que   eu   tivesse   maior   desenvoltura   no   ‘‡•†‡ˆ”—–ƒ•ǡ‡•’‘”–‡•‡’”‘Ƥ••Ù‡•ǡ
alguma   coisa   estava   fora   do   lugar.   momento  da  avaliação.  Muitas  pessoas   se  isso  não  será  exigido  do  candidato  na  
Precisei  de  muita  coragem  para  avaliar  o   não   gostam   de   ter   opiniões   diferentes   ’”‘˜ƒǤŽƒ”‘ “—‡ ƒ ƪ—²…‹ƒ ƒ ŽÀ‰—ƒ ±
que   havia   acontecido   nesse   intenso   ano   sobre   a   própria   escrita,   mas,   no   meu   essencial  para  um  diplomata,   mas,  para  
de   dedicação   exclusiva   ao   concurso.   caso,   ouvir   diferentes   pontos   de   vista   esse   aprimoramento,   haverá   aulas   no  
Nesse   momento,   encontrei   também   contribuiu   para   que   eu   aprimorasse   Instituto  Rio  Branco.  Por  isso,  é  preciso  
verdadeiros   amigos   e   percebi   que   era   meus   argumentos   e   tornasse   minha   que   o   candidato   se   prepare   para  
preciso   continuar   em   frente.   Foi   redação  mais  objetiva,  clara  e  palatável.   responder   às   questões   por   escrito,   em  
necessária   uma   correção   de   rumos   e   Quando   digo   diferentes   opiniões,   não   cinco   linhas,   com   poucos   erros   de  
uma  avaliação  dos  custos  de  oportuni-­‐ ‡”‡Ƥ”‘ƒ’‡ƒ•ƒ’”‘ˆ‡••‘”‡•Ǥ‡†‹” gramática.  Elaborar  respostas  claras,  

20
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objetivas   e   de   acordo   com   os   textos   é   o   Ƥ“—‡‹ƒ‹•–”ƒ“—‹Žƒ‡‡—”‡†‹‡–‘
que   será   exigido   do   candidato   no   melhorou.  
momento  das  avaliações  da  quarta  fase.   Nesse  breve  relato,  optei  por  não  sugerir  
Outra   decisão   fundamental   que   tomei   cursos,   professores   nem   estratégias   de  
foi   formar   um   grupo   de   estudos.   Muitas   prova.  Também  não  pretendi  discorrer  a  
pessoas  preferem  estudar  sozinhas,  mas   respeito  da  minha  formação  acadêmica  
eu   percebi   que   precisava   buscar   incen-­‐ nem   dos   motivos   que   me   levaram   a  
tivos  para  continuar  nessa  jornada.  Para   estudar  para  esse  concurso.  Ao  aceitar  o  
que  o  grupo  trabalhe  bem,  é  necessário   †‡•ƒƤ‘ †‡ ‡•…”‡˜‡” ƒŽ‰—ƒ• ’ƒŽƒ˜”ƒ•
que   todas   as   pessoas   estejam   compro-­‐ acerca   da   minha   aprovação,   busquei  
metidas  e  sejam  dedicadas.  Além  disso,   compartilhar   algumas   das   minhas  
o  grupo  não  pode  ser  muito  grande,  pois   impressões   a   respeito   desse   árduo  
muitas   pessoas   facilitam   a   dispersão.   processo   a   que   decidimos   submeter-­‐
Nas  nossas  reuniões,  discutíamos  todas   nos.   Não   há   uma   fórmula   pronta   para  
as  matérias  e  focávamos  nossos  debates   ser  aprovado  no  Concurso  de  Admissão  
em   questões   de   TPS,   com   base   na   à  Carreira  de  Diplomata,  mas  as  palavras  
resolução  de  exercícios  e  no  comentário   que  sempre  guiaram  minha  preparação  
das  questões.  Foi  um  método  essencial   foram:   humildade,   dedicação   e  
para   a   minha   aprovação.   Naqueles   coragem.   Caso   alguém   tenha   alguma  
momentos   em   que   eu   estava   desani-­‐ †ï˜‹†ƒ ƒ‹• ‡•’‡…ÀƤ…ƒ ‘— “—‡‹”ƒ
mada  ou  simplesmente  sem  paciência,  o   simplesmente   conversar,   estou   à  
grupo   me   vinha   à   mente.   Nesse   disposição.   Meu   email   é  
momento,   eu   lembrava   que   havia   lauradelamonica@yahoo.com.br.   No  
assumido   um   compromisso,   que   não   próximo   ano,   tenho   certeza   de   que  
poderia   prejudicar   os   outros   membros   estarei   lendo   aqui   o   texto   de   um   de  
†‘‰”—’‘‡“—‡‘ƤƒŽ†‡•‡ƒƒǡ’‘” vocês.   Desejo   a   todos   bons   estudos   e  
mais  que  eu  tivesse  vários  textos  para  ler   coragem!
e   diversos   exercícios   para   resolver,   eu  
estaria   na   companhia   de   pessoas  
amigas.   Sei   que,   para   alguns,   esse  
parágrafo   pode   parecer   utópico,   mas   o  
trabalho   em   equipe   pode   trazer  
excelentes   resultados,   mesmo   em   um  
ambiente  extremamente  competitivo.
Acredito  que  montar  um  cronograma  de  
estudos   sensato   também   contribuiu  
para   que   eu   conseguisse   alcançar   meu  
objetivo.   Por   mais   que   eu   quisesse   ler  
toda   a   matéria   de   História   do   Brasil   na  
semana   anterior   à   prova,   agir   assim   só  
me   deixava   frustrada   e   culpada.  
Dediquei-­‐me  a  matérias  em  que  eu  tinha  
ƒ‹• †‹Ƥ…—Ž†ƒ†‡ǡ …‘‘ …‘‘‹ƒǤ ‘
início  desse  texto,  quando  comentei  que  
era   necessário   ter   coragem,   referi-­‐me  
também   à   coragem   para   tomar  
decisões.   A   competitividade   que   paira  
sobre   o   concurso   para   diplomata   pode  
tragar   as   pessoas.   Por   algum   tempo,  
deixei-­‐me   ser   levada   por   esse   senti-­‐
mento.   Quando   não   conseguia   obter  
bons   resultados   em   algum   exercício,  
passava   a   questionar   a   utilidade   das  
minhas   várias   horas   de   estudo.   Para  
algumas   pessoas,   essa   situação   pode  
transformar-­‐se   em   um   estímulo   para  
superação.   Não   foi   o   meu   caso.   Preferi  
afastar-­‐me   dessa   onda   competitiva,  
optei   por   estudar   em   casa,   longe   de  
especulações  e  estresses.  Com  isso,  

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CAFE  COM  A  CLAUDIA

DICAS DE PORTUGUÊS
Na seção “Café com a Claudia: Dicas de Português”, Claudia Simionato, profes-
sora de Língua Portuguesa do Curso Sapientia, dá dicas para as provas de Portu-
guês da primeira e da segunda fase do Concurso de Admissão à Carreira de
Diplomata. Segue abaixo a coluna deste mês, sobre Pronomes e seus usos.

PRONOMES INTERROGATIVOS E FORMAS ÁTONAS


‡Š‘†ƒ†‘•‡ƒƒŽ‡–‡—‡š‡”…À…‹‘’ƒ”ƒ‡—•ƒŽ—‘•Ǥ”ƒ–ƒǦ•‡†‡…Žƒ••‹Ƥ…ƒ”‘”ˆ‘Ž‘‰‹…ƒ‘—•‹–ƒ-­‐
–‹…ƒ‡–‡ ƒŽ‰—ƒ• ’ƒŽƒ˜”ƒ• †‡ — –‡š–‘ǡ ‡ — „”‡˜‡ ‹–‡”˜ƒŽ‘ †‡ –‡’‘Ǥ  ‡•‘Ž˜‹ ˆƒœ‡” ‹••‘ ’ƒ”ƒ
’”‡’ƒ”žǦŽ‘•‡ŽŠ‘”“—ƒ–‘…‘•–ƒ–‡’”‡‘…—’ƒ­ ‘ǣDz ‘±’‘••À˜‡Žˆƒœ‡”ƒ’”‘˜ƒ†‡‘”–—‰—²•†‡–”‘
†‘ –‡’‘dzǤ 2 †‹ˆÀ…‹Žǡ ‡•‘Ǥ  ‘ ƒ˜ƒŽ‹ƒ •‘‡–‡ ‘ “—ƒ–‘ ˜‘…² •ƒ„‡ǡ ƒ• …‘‘ ˜‘…² Ž² ‡ •‡
…‘•‡‰—‡ ”‡•’‘†‡” …‘ ‡Ƥ…‹²…‹ƒǡ ‡ •‘„ ’”‡•• ‘ǡ • ’‡”‰—–ƒ• •‘„”‡ ‰”ƒž–‹…ƒ ‡ ‹–‡”’”‡–ƒ­ ‘Ǥ
‰ƒƒǦ•‡“—‡ƒ…Šƒ“—‡ǡ’ƒ”ƒ‡•–—†ƒ”ǡ„ƒ•–ƒŽ‡”ƒ‰”ƒž–‹…ƒǦ‘ˆ—†ƒ‡–ƒŽ±•ƒ„‡”ƒ’Ž‹…ƒ”ƒ–‡‘”‹ƒǤ
”‘—š‡Š‘Œ‡ƒŽ‰—•’‘–‘•“—‡–²–”ƒœ‹†‘†ï˜‹†ƒ•ƒ‘•ƒŽ—‘•‡••ƒ•ƒ–‹˜‹†ƒ†‡•Ǥ

Pronomes e advérbios

‡••‡•‡š‡”…À…‹‘•ǡ‘•ƒŽ—‘•Š‡•‹–ƒ‡†‹ˆ‡”‡…‹ƒ”’”‘‘‡•†‡ƒ†˜±”„‹‘•Ǥ ‘…‘ˆ—†ƒǣ

”‘‘‡•‹–‡””‘‰ƒ–‹˜‘•ǣ“—‡ǡ“—‡ǡ‘“—ƒŽǡ“—ƒ–‘Ǥ
†˜±”„‹‘•‹–‡””‘‰ƒ–‹˜‘•ǣ…‘‘ǡ“—ƒ†‘ǡ‘†‡ǡ’‘”“—²Ǥ

‡Ž‡„”ƒ†‘ ƒ …‘Ž—ƒ ƒ–‡”‹‘”ǡ ƒŽ± †ƒ• …‘Œ—­Ù‡• ‹–‡‰”ƒ–‡•ǡ ƒ„‘• ‘• –‡”‘• ’‘†‡ …‘‡­ƒ”
‘”ƒ­ ‘•—„•–ƒ–‹˜ƒȂ‡ǡ‡••‡…ƒ•‘ǡ‡Ž‡•–²ˆ—­ ‘•‹–ž–‹…ƒǤ

‡”‰—–ƒ“—‡‘•ƒ…‘’ƒŠƒ”žǫ
ȋ‡”‰—–ƒ  issoȋOSSODȌȀquemȂ•—Œ‡‹–‘Ȍ
Não  sei  onde  estacionei.  
ȋ ‘•‡‹  issoȋOSSODȌǢondeȂƒ†ŒǤƒ†˜Ž—‰ƒ”Ȍ

 ‘‡…‹‘ƒ‘”ƒ­Ù‡•ƒ†˜‡”„‹ƒ‹•‘†ƒ‹•‡Ž‘…ƒ–‹˜ƒ•ǡƒ•ƒ•‰”ƒž–‹…ƒ•ƒ‹†ƒƒ•–”ƒœ‡ǡ†‡˜‹†ƒ-­‐
‡–‡ǡŒž“—‡ ‘…‡••ƒ”ƒ†‡‡š‹•–‹”Ǥ‘”ƒ­ ‘ƒ†˜‡”„‹ƒŽ‘†ƒŽ‹†‹…ƒƒ…‹”…—•–Ÿ…‹ƒ†‡‘†‘ȋ…‘‘Ȍǡ‡
ƒŽ‘…ƒ–‹˜ƒǡ†‡Ž—‰ƒ”ȋ‘†‡ȌǤ‘”‹••‘ǡ ‘…‘ˆ—†ƒ—ƒ‘”ƒ­ ‘•—„•–ƒ–‹˜ƒǡ‹‹…‹ƒ†ƒ’‘”—’”‘‘‡‘—
ƒ†˜±”„‹‘ ‹–‡””‘‰ƒ–‹˜‘ǡ Œ—•–ƒ‡–‡ ’‘” –”ƒœ‡” —ƒ ‹–‡””‘‰ƒ–‹˜ƒ †‹”‡–ƒ ‘— ‹†‹”‡–ƒǡ …‘ —ƒ ‘”ƒ­ ‘
ƒ†˜‡”„‹ƒŽǡ‡“—‡ƒ‘”ƒ­ ‘‡š’”‡••ƒ‹†‡‹ƒ†‡Ž—‰ƒ”‘—‘†‘ǣ
Não  permanecerei  onde  determinarem.  
ȋOr.  Sub.  Adverbial  LocativaγŽžȌ
22
Função sintática do pronome oblíquo átono antes de infinitivo

—–”‘ ’‘–‘ †‡ †ï˜‹†ƒ ± ƒ ˆ—­ ‘ •‹–ž–‹…ƒ †‘ ’”‘‘‡ ‘„ŽÀ“—‘ ž–‘‘ ‡ ‘”ƒ­Ù‡• ƒ••‹ ȋ–‡–‡ †ƒ” ƒ
ˆ—­ ‘•‹–ž–‹…ƒ†‘’”‘‘‡ƒ–‡•†‡’”‘••‡‰—‹”Ȍǣ

Mandei-­‐o  entrar.
Deixá-­‐la  ir.
Dz‡Œ‘Ǧaƒ••‘ƒ”’‘”–ƒ†ƒƒŽ…‘˜ƒǤǤǤdzȋƒ…Šƒ†‘†‡••‹•Ȍ
Dz‹”‰ÀŽ‹ƒ†‡‹š‘—Ǧse‡•–ƒ”†‡’±ǢǥdzȋidemȌ

••ƒ•‘”ƒ­Ù‡•ǡ†‡“—‡‘•’”‘‘‡•ˆƒœ‡’ƒ”–‡ǡ• ‘‘”ƒ­Ù‡•”‡†—œ‹†ƒ•ǡ“—‡”‡…‡„‡‡••‡‘‡’‘”˜‹”‡
•‡ …‘‡…–‹˜‘ ‡ …‘ — ˜‡”„‘ ƒ ˆ‘”ƒ ‘‹ƒŽǣ ‹Ƥ‹–‘ǡ ‰‡”‹‘ ‘— ’ƒ”–‹…À’‹‘Ǥ Žƒ• ƒ’”‡•‡–ƒ ƒ
ˆ‘”ƒDz”‡†—œ‹†ƒdzǡ‡‘’‘•‹­ ‘•‘”ƒ­Ù‡•†‡•‡˜‘Ž˜‹†ƒ•ȋ…‘…‘…‡…–‹˜‘‡˜‡”„‘ƒˆ‘”ƒƤ‹–ƒǡ‹•–‘±ǡ
…‘Œ—‰ƒ†‘ȌǤ  ‡••‡ …ƒ•‘ǡ …Žƒ••‹Ƥ…ƒǦ•‡ ƒ ‘”ƒ­ ‘ †ƒ ‡•ƒ ƒ‡‹”ƒ “—‡ —ƒ ‘”ƒ­ ‘ †‡•‡˜‘Ž˜‹†ƒǣ
Mandei-­‐o  entrar  =  Mandei  issoȋ‘“—²ǫ—‡‡Ž‡‡–”ƒ••‡ȌǤ‘”ƒ­ ‘ǡ’‘”–ƒ–‘ǡ–‡ˆ—­ ‘†‡objeto  diretoǡ
mas  não ‘ ’”‘‘‡Ǥ‡””‘ƒ“—‹•‡†ž’‘”“—‡‘•ƒŽ—‘•…‘ˆ—†‡ƒ‘”ƒ­ ‘ǡ“—‡±…‘’Ž‡‡–‘†‘
˜‡”„‘ǡ…‘‘’”‘‘‡ǡ“—‡±sujeito  da  oração  reduzida.
 
 ’”‘„Ž‡ƒ ƒÀ ± “—‡ ‡•–ƒ‘• ƒ…‘•–—ƒ†‘• ƒ ”‡…‘Š‡…‡” ‘ •—Œ‡‹–‘ ƒ’‡ƒ• ƒ ˆ‘”ƒ †‡ ’”‘‘‡ ”‡–‘ǡ
“—ƒ†‘ •‡ –”ƒ–ƒ †‘• ’”‘‘‡• ’‡••‘ƒ‹•Ǥ  ‘ …‘ˆ—†ƒǣ ‘ ’”‘‘‡ ‘„ŽÀ“—‘ ž–‘‘ ± ‘ •—Œ‡‹–‘ ‡••ƒ•
…‘•–”—­Ù‡•…‘‘”ƒ­Ù‡•”‡†—œ‹†ƒ•Ǥ—ƒ†‘†‹‰‘Dzƒ†‡‹Ǧ‘‡–”ƒ”dzǡƒ‘”ƒ­ ‘”‡†—œ‹†ƒ±‡“—‹˜ƒŽ‡–‡ƒ
Dzƒ†‡‹“—‡‡Ž‡‡–”ƒ••‡ǤdzǤ‘„ŽÀ“—‘Dz‘dz–‡ƒ‡•ƒˆ—­ ‘†‡•—Œ‡‹–‘“—‡‘”‡–‘Dz‡Ž‡dzƒ†‡•‡˜‘Ž˜‹†ƒǤ
•–žǡ’‘”–ƒ–‘ǡ‡””ƒ†‘“—‡†‹œ“—‡‘Dz‘dzƒ…——Žƒ†—ƒ•ˆ—­Ù‡•ǣƒˆ—­ ‘†‡‘„Œ‡–‘†‹”‡–‘±ƒˆ—­ ‘†ƒ
‘”ƒ­ ‘ǡ ‘†‘’”‘‘‡Ǥ

ƒ‹ƒˆ”ƒ•‡†‘•‡š‡’Ž‘•ǡ‘Dz•‡dz±—’”‘‘‡”‡ƪ‡š‹˜‘…‘ˆ—­ ‘†‡•—Œ‡‹–‘ǣVirgília  deixou  ela  


mesma‡•–ƒ”†‡’±Ǥ‡„”‡Ǧ•‡†‡“—‡‘”‡ƪ‡š‹˜‘–‡ˆ—­ ‘•‹–ž–‹…ƒǡ‡‡•–ƒ’‘†‡•‡”†‡•—Œ‡‹–‘†‘
‹Ƥ‹–‹˜‘ǡ…‘‘ƒ’”‡•‡–ƒ†‘ǡ†‡‘„Œ‡–‘†‹”‡–‘‘—†‡‘„Œ‡–‘‹†‹”‡–‘Ǥ‡Œƒ‘—–”‘•‡š‡’Ž‘•ƒ‰”ƒž–‹…ƒ
do  Celso  Cunha.  

Pronome átono com valor possessivo

—–”‘ ’”‘„Ž‡ƒ “—‡ –‡ ƒ’ƒ”‡…‹†‘Ǥ ’”‘‘‡ ‘„ŽÀ“—‘ ž–‘‘ –ƒ„± ’‘†‡ –‡” •‡–‹†‘ ’‘••‡••‹˜‘Ǥ
—ƒ†‘—•ƒ‘•‘’”‘‘‡Dz‡dz…‘˜ƒŽ‘”†‡Dz‡—dzǡ’‘”‡š‡’Ž‘ǡ‡•–‡±—’”‘‘‡‘„ŽÀ“—‘…‘
•‡–‹†‘’‘••‡••‹˜‘Ǥ‡Œƒ‘•‡š‡’Ž‘•”‡–‹”ƒ†‘•†‡
”ƒ…‹Ž‹ƒ‘ƒ‘•ǡ‡‰ï•–‹ƒǣ

Dzǥ‡• ‘…Š‘“—‡•“—‡‡†‡‹šƒƒ–‘”†‘ƒ†‘ǣ‘’ƒ—†‘ƒ†ƒ‹‡†‡””—„ƒǦme‘…Šƒ’±—ǡˆƒœǦme  um  
…ƒŽ‘„‘ƒ–‡•–ƒǢǥdz

‡””—„ƒ‘meu…Šƒ’±—ǡˆƒœ—…ƒŽ‘„‘ƒminha–‡•–ƒǤ“—‹ǡ‘•’”‘‘‡• ‘–²•‡–‹†‘†‡Dzƒ‹dzǡ
ƒ••‹†‡’‘••‡Ǥ‹–ƒ–‹…ƒ‡–‡ǡ±‘“—‡‘—Šƒ…Šƒƒ†‡objeto   indireto   com   sentido   possessivo  
ȋ˜‡”ƒ‘–ƒ͜ȌǤ—ǡ’ƒ”–‹…—Žƒ”‡–‡ǡ ‘‰‘•–‘†ƒ…Žƒ••‹Ƥ…ƒ­ ‘ǡƒ•±ƒ••‹“—‡˜‡ƒ’”‘˜ƒǡ…‘ˆ‘”‡
˜‡”‡‘•ƒ•‡‰—‹”Ǥ

3.      Daí  ser  errada  pela  norma  culta  a  construção  “Deixe  eu  dizer  que  te  amo”.  O  correto  seria:  “Deixe-­me  dizer  que  te  amo.”    -­  mas  ninguém  cantaria  a  música  assim.
4.      Quem  quiser  ler  mais  pode  procurar  o  tema  no  capítulo  de  Pronomes  da  Nova  Gramática  do  Celso  Cunha.  Está  na  seção    “Emprego  dos  pronomes  oblíquos”  ,  em  “Formas  átonas”.  
5.      Prefiro  concordar  com  aqueles  que  classificam  esse  pronome  como  adjunto  adnominal.  “Beijou-­lhe  as  mãos”  não  equivaleria  a  “Beijou  as  mãos  a  ele”,  pois  o  objeto  não  é  exigido  pelo  verbo.

23
NO TPS
͙Ȍƒ’”‘˜ƒ†‡͚͘͘͞ǡ•‘„”‡‘–‡š–‘†‡—…Ž‹†‡•†ƒ—Šƒȋ“—‡•– ‘͚͜Ȍǣ

•—Žƒ†‘†‡•–‡‘†‘‘’ƒÀ•ǡ“—‡‘ ‘…‘Š‡…‡ǡ‡Ž—–ƒƒ„‡”–ƒ…‘‘‡‹‘ǡ“—‡ŽŠ‡’ƒ”‡…‡
Šƒ˜‡”‡•–ƒ’ƒ†‘ƒ‘”‰ƒ‹œƒ­ ‘‡‘–‡’‡”ƒ‡–‘ƒ•—ƒ”—†‡œƒ‡š–”ƒ‘”†‹ž”‹ƒǡØƒ†‡‘—
ƒŽƤš‘–‡””ƒǡ‘•‡”–ƒ‡Œ‘ ‘–‡ǡ’‘”„‡†‹œ‡”ǡƒ‹†ƒ…ƒ’ƒ…‹†ƒ†‡‘”‰Ÿ‹…ƒ’ƒ”ƒ•‡ƒˆ‡‹­‘ƒ”ƒ
situação  mais  alta.  

’‡”‰—–‘—Ǧ•‡ǣO  pronome  “lhe”,  na  oração  “que  lhe  parece  haver  estampado  na  organização  e  no  tempera-­‐
mento  a  sua  rudeza  extraordinária”,  funciona  como  objeto  indireto  usado  com  sentido  possessivo.

”‡•’‘•–ƒ±‡”–ƒǡ’‘‹•‘•‡–‹†‘†‘DzŽŠ‡dz±†‡’‘••‡ǣDz‡‹‘“—‡’ƒ”‡…‡Šƒ˜‡”‡•–ƒ’ƒ†‘ƒsua‘”‰ƒ‹-­‐
œƒ­ ‘‡‘seu  temperamento  (lhe  =  dele,  do  sertanejo)  ƒ•—ƒ”—†‡œƒ‡š–”ƒ‘”†‹ž”‹ƒdzǤ‘”–ƒ–‘ǡ‘„Œ‡–‘
‹†‹”‡–‘…‘•‡–‹†‘’‘••‡••‹˜‘Ǥ

͚Ȍƒ’”‘˜ƒ†‡͚͙͚͘ǡƒ“—‡•– ‘͙͛ǣ

Dz“—‡‡˜‡•–‡•“—ƒ•‡dzȋ˜Ǥ͛ȌǡDz“—‡‡‡Ž‡‹ƒ•dzȋ˜Ǥ͝Ȍ‡‡Dz‘Ǧ–‡ƒ••—‰‡•–Ù‡•‰Ž‘”‹‘•ƒ•‡
ˆ—‡•–ƒ•dzȋ˜Ǥ͙͝Ȍǡ‘•’”‘‘‡•‘„ŽÀ“—‘•ž–‘‘•‡•– ‘‡’”‡‰ƒ†‘•…‘˜ƒŽ‘”’‘••‡••‹˜‘Ǥ

•–ƒ ‘‡”ƒƒƒ••‡”–‹˜ƒ…‘””‡–ƒ†ƒïŽ–‹’Žƒ‡•…‘ŽŠƒǡ’‘‹•ƒ…ƒˆ”ƒ•‡‡“—‡‘’”‘‘‡‘„ŽÀ“—‘ƒ’ƒ”‡-­‐
…‹ƒ…‘•‡–‹†‘’‘••‡••‹˜‘‡”ƒƒ‹ƒǣ‘ƒ•tuas•—‰‡•–Ù‡•‰Ž‘”‹‘•ƒ•‡ˆ—‡•–ƒ•Ǥ(te  =  tuas).  Nas  duas  
’”‹‡‹ƒ•ˆ”ƒ•‡•ǡ‘Dz‡dz–‡‘˜ƒŽ‘”…‘—†‡Dzƒ‹dzǡ•‡•‡–‹†‘†‡’‘••‡Ǥƒ”ƒ‡…‡””ƒ”ǡŽ‡„”‡Ǧ•‡
†‡“—‡ ‘±’‘”“—‡˜‘…²–”ƒ•ˆ‘”ƒ‘Dz‡dz‡Dzƒ‹dz“—‡‡Ž‡ˆ—…‹‘ƒ…‘‘‘„Œ‡–‘‹†‹”‡–‘Ǥ•
ˆ‘”ƒ• –ؐ‹…ƒ• mim,   ti,   ele/ela,   nós,   vós,   eles/elas   só   são   usadas   precedidas   de   preposição.   Nas   duas  
’”‹‡‹”ƒ•ˆ”ƒ•‡•ǡ‘Dz‡dz–‡ˆ—­ ‘†‡‘„Œ‡–‘†‹”‡–‘ǡŒž“—‡‘•˜‡”„‘•• ‘Ǥ

ƒ‹•ƒŽ‰—•‡š‡’Ž‘•ǣ

‘†‡•‘—˜‹”Ǧme—‘‡–‘ǫ
ȋ‘—˜‹”±ǡŽ‘‰‘‘Dz‡dz±Ȍ

“—‡‡Ž‡te’‡”‰—–‘—ǫ
 
ȋ’‡”‰—–ƒ”± ƒ“—‹ǡŽ‘‰‘‘Dz–‡dz± Ȍ
2ƒ”‡‰²…‹ƒ†‘˜‡”„‘“—‡†‹œƒˆ—­ ‘†‘’”‘‘‡ǡ ‘ƒ’”‡•‡­ƒ†ƒ’”‡’‘•‹­ ‘Ǥ ‘…‘ˆ—†ƒ‘
Ǯƒ…‡–‡ǯ…‘ƒ”‡‰”ƒǤ

‡‹ƒƒ
”ƒž–‹…ƒ†‡‡Ž•‘—Šƒ‡ˆƒ­ƒ‡š‡”…À…‹‘•ǣ‘“—‡˜‹‘•ƒ“—‹ˆ‘”ƒ•×†—ƒ•’ž‰‹ƒ•†‘…ƒ’À-­‐
–—Ž‘†‡”‘‘‡•Ǥ2ƒ‹•‹’‘”–ƒ–‡…‘Š‡…‡”‘•’”‘‘‡•‡•‡—•—•‘•†‘“—‡•‡’”‡‘…—’ƒ”‡†‹ˆ‡”‡-­‐
…‹ƒ”‘”ƒ­Ù‡•…ƒ—•ƒ‹•‡‡š’Ž‹…ƒ–‹˜ƒ•ǡ’‘”‡š‡’Ž‘Ǥ’”‘˜ƒ’‘†‡•‡”…‘’Ž‹…ƒ†ƒǡƒ•Ƥ…ƒƒ‹•…‘’Ž‹…ƒ†ƒ
ƒ‹†ƒ•‡˜‘…²•’—Žƒ”‡‘•–×’‹…‘•ˆ—†ƒ‡–ƒ‹•ǣ‡—•‡‹“—‡–‡’‘±—ƒ“—‡•– ‘’ƒ”ƒ–‘†‘—†‘‡ ‘
‡š‹•–‡•×‘”–—‰—²•‘ǡƒ•‘‡•–—†‘ƒ’”‡••ƒ†‘†ƒ‰”ƒž–‹…ƒ•×–”ƒœƒ‹•Ž‡–‹† ‘’ƒ”ƒ”‡•‘Ž˜‡”ƒ
’”‘˜ƒǤ
Até  a  próxima!

24
UN  CAFE  AVEC  SAPIENTIA
O pronome dont e as
ARMADILHAS DAS COORDENADAS
IGOR BARCA
Estude  Idiomas  (www.estudeidiomas.com)

Na seção “Um Café Avec Sapientia: Dicas de Francês”, Igor Barca, professor de Francês especialista no
CACD, dá dicas para a prova de Francês da quarta fase do concurso. Segue abaixo a coluna deste mês.

Nesta  segunda  coluna  com  dicas  para  melhorar  a  produção  escrita  em  Língua  Francesa,  gostaria  de  abor-­‐
†ƒ”ƒ‹•†‘‹•–×’‹…‘•‹’‘”–ƒ–‡•ǡ“—‡–‡Š‘’‡”…‡„‹†‘•‡”‡†‡…‡”–ƒ†‹Ƥ…—Ž†ƒ†‡’ƒ”ƒ‘•‡—•ƒŽ—‘•ǣ
o  primeiro  é  o  pronome  dont,  um  velho  conhecido  dos  estudantes  de  francês,  mas  que  ainda  tem  os  seus  
mistérios;  o  segundo  concerne  às  orações  coordenadas,  nas  quais  também  encontro  algumas  falhas  de  
produção.  Hoje  nos  limitaremos  a  apenas  duas  dicas,  pois  elas  serão  um  tanto  longas.

1) O PRONOME RELATIVO DONT

’”‘‘‡†‘–‰‡”ƒƒŽ‰—ƒ•†‹Ƥ…—Ž†ƒ†‡•’ƒ”ƒ—‹–‘•†‘•‡—•ƒŽ—‘•Ǥ–”‡–ƒ–‘ǡ‡Ž‡’‘†‡•‡”‡–‡-­‐
†‹†‘†‡—ƒƒ‡‹”ƒ—‹–‘•‹’Ž‡•ǣ•‡—•‹‰‹Ƥ…ƒ†‘…‘””‡•’‘†‡ƒ†‡“—‹‘—†‡“—‡ǡ†—ƒ•‡š’”‡••Ù‡•ˆƒ…‹Ž-­‐
mente   utilizáveis.   Vejamos   alguns   exemplos   de   quando   devemos   empregá-­‐lo   e   quando   não   devemos  
‡’”‡‰žǦŽ‘ǣ

On  parle  beaucoup  de  cette  question.  (parler  de)


C'est  une  question  dont  on  parle  beaucoup.

Il  s'agit  d'—…ƒ•†‹ƥ…‹Ž‡–”ƒ‹–‡”Ǥȋ•̹ƒ‰‹”†‡Ȍ
Les  cas  dont‹Ž•̹ƒ‰‹–‡•–†‹ƥ…‹Ž‡–”ƒ‹–‡”Ǥ

Com   os   dois   exemplos   acima,   concluímos   facilmente   que   a   utilização   do   dont   está   condicionada   à  
presença  de  expressões  com  a  preposição  de.  Então,  quando  tivermos  a  estrutura  verbo  (ou  locução  verbal)  
+  de,  saberemos  que  podemos  utilizar  com  segurança  o  pronome  que  estamos  estudando.

E  quando  o  verbo  não  reger  preposição?  E  se  a  preposição  for  à?  No  primeiro  caso,  usaremos  tranquila-­‐
mente  um  outro  pronome  relativo,  o  que.  E,  para  o  segundo,  usaremos  auquel,  à  laquelle  e  seus  derivados.  
ƒ”ƒˆƒ…‹Ž‹–ƒ”ƒ˜‹•—ƒŽ‹œƒ­ ‘†‘•…ƒ•‘•ǡ‡‹•†‘‹•‡š‡’Ž‘•ǣ

25
Sem  preposição:  J'ai  interrogé  un  témoin;  il  ne  se  souvient  de  rien.
Le  témoin  queŒ̹ƒ‹‹–‡””‘‰±‡•‡•‘—˜‹‡–†‡”‹‡Ǥ

Com  a  preposição  à:  Vous  faites  référence  à  —‡ƒơƒ‹”‡–”°•†±Ž‹…ƒ–‡Ǥ


̹ƒơƒ‹”‡à  laquelle  ˜‘—•ˆƒ‹–‡•”±ˆ±”‡…‡‡•––”°•†±Ž‹…ƒ–‡Ǥ

̹‹‰‘”‡la  raison  de  ce  départ  précipité;  il  m'a  surprise.


Ce  départ  précipité  dontŒ̹‹‰‘”‡Žƒ”ƒ‹•‘̹ƒ•—”’”‹•‡Ǥ

O  conjunto  de  frases  acima  mostra  que,  mesmo  quando  temos  um  substantivo  regido  pela  preposição  de,  
poderemos  usar  o  pronome  dont.   O  mesmo  acontece  com  um  adjetivo,  sendo  facilmente  citado  como  
exemplo   o  adjetivo   Ƥ‡”   (orgulhoso),   que   requer   o   de,   já   que   somos   Ƥ‡”•†‡“—‡Ž“—‡…Š‘•‡‘—†‡“—‡Ž“—̹—
(orgulhosos  de  algo  ou  de  alguém).
 
‡†‘ ƤƒŽ‹œƒ†‘ ƒ ’ƒ”–‡ †‡ —–‹Ž‹œƒ­Ù‡• †‘ dont,   vejamos   agora   quando   não   poderemos   utilizá-­‐lo.   Há  
ƒ’‡ƒ•–”²•…ƒ•‘•†‡‹’‡†‹‡–‘ǣ…‘—’‘••‡••‹˜‘ǡ…‘‘’”‘‘‡’‡••‘ƒŽen   e   junto   à   preposição  
de.
A)  Dont  com  um  possessivo

O  próprio  pronome  estudado  já  nos  transmite  a  ideia  de  posse,  o  que  seria  um  pleonasmo  ou  um  duplo  
emprego  da  mesma  ideia  em  uma  só  frase,  caso  ele  viesse  acompanhado  dos  possessivos  (son,  sa,  ses,  
leur,  por  exemplo).

Como  não  devemos  escrever Como  devemos  escrever

Il  a  prononcé  un  beau  discours  dont   Il  a  prononcé  un  beau  discours  dont  
on  comprend  facilement  son  sens. on  comprend  facilement  le  sens.

‘…Ž—• ‘ǣ‡˜‡œ†‡—–‹Ž‹œƒ”‘ƒ†Œ‡–‹˜‘’‘••‡••‹˜‘ǡ—–‹Ž‹œƒ”‡‘•‘ƒ”–‹‰‘†‡Ƥ‹†‘Ǥ

B)  Dont    com  o  pronome  en

O  emprego  de  dont  com  o  en–ƒ„±•‡”‹ƒ†—’Ž‘ǡŒž“—‡‡Ž‡•–”ƒ•‹–‡ƒ‡•ƒ‹†‡‹ƒǣ  de  lui,  d'elle(s),  


d'eux,  de  cela.  

Como  não  devemos  escrever Como  devemos  escrever

Notre   correspondant   attend   les   Notre   correspondant   attend   les  


”‡•‡‹‰‡‡–•dont  il  en  a  besoin   ”‡•‡‹‰‡‡–• dont   il   a   besoin  
pour  travailler. pour  travailler.

‘…Ž—• ‘ǣ„ƒ•–ƒ‡Ž‹‹ƒ”‘’”‘‘‡en  da  frase  para  tê-­‐la  correta.

26
B)  Dont  e  de  ao  mesmo  tempo

••‡‹’‡†‹‡–‘±—‹–‘…Žƒ”‘‡ƒ…”‡†‹–‘“—‡ ‘‡…‡••‹–ƒ†‡‡š‡’Ž‘•ǣ—–‹Ž‹œƒ‘•de  com  que,  mas  


não  com  o  dontǣ

C'est  de  cela  que  j'ai  envie.


C'est  cela  dont  j'ai  envie.

2) ARMADILHAS DAS ORAÇÕES COORDENADAS

Quando   coordenamos   dois   verbos   (ou   dois   adjetivos,   ou   dois   complementos),   devemos   pensar   como  
construir  a  frase  de  modo  a  manter  a  mesma  regência  e  a  não  expressar  ideias  contrárias  das  quais  deseja-­‐
‘•‡š’”‹‹”Ǥ‡Œƒ‘•–”²•ƒ”ƒ†‹ŽŠƒ•“—‡†‡˜‡‘•‡˜‹–ƒ”ǣ

Ȍ ‘…‘‘”†‡ƒ”†‘‹•˜‡”„‘•…‘†‹ˆ‡”‡–‡•”‡‰²…‹ƒ•

…‘””‡–‘ǣ‡”‡•’‘•ƒ„Ž‡‡•’°”‡‹†‡–‹Ƥ‡”‡–”‡±†‹‡”ƒ—š  †›•ˆ‘…–‹‘‡‡–•.

O   verbo   ‹†‡–‹Ƥ‡”é   transitivo   direto,   ou   seja,   não   exige   preposição;   já   o   remédier   exige   a   preposição   à.  A  
•‘Ž—­ ‘•‡”‹ƒ—‹Ƥ…ƒ”ƒ…‘•–”—­ ‘ǡ—–‹Ž‹œƒ†‘ǡ’‘”‡š‡’Ž‘ǡ—˜‡”„‘†‡‡•ƒ”‡‰²…‹ƒǣLe  responsable  
‡•’°”‡‹†‡–‹Ƥ‡”‡–…‘””‹‰‡”  les  dysfonctionnements.

Ȍ ‘…‘‘”†‡ƒ”†‘‹•ƒ†Œ‡–‹˜‘•…‘†‹ˆ‡”‡–‡•”‡‰²…‹ƒ•

…‘””‡–‘ǣLa  direction  se  montre  attachée  et  toujours  soucieuse  deŽƒ„‘‡ƒ”…Š‡†‡Ž̹‡–”‡’”‹•‡Ǥ

Temos,  nesse  exemplo,  basicamente  o  mesmo  caso  anterior,  mas  agora  referindo-­‐se  a  um  complemento  
nominal.  O  adjetivoƒ––ƒ…Š±‡  é  regido  pela  preposição  à  e  o  adjetivo  soucieuse  rege-­‐se  pela  preposição  de.  
•‘Ž—­ ‘–ƒ„±±—‹Ƥ…ƒ”ƒ…‘•–”—­ ‘ǡƒ•†ƒ”‡‘•ƒ‰‘”ƒ—ƒ‘˜ƒ•‘Ž—­ ‘ǡƒ†‡”‡–‘ƒ”‘…‘’Ž‡-­‐
‡–‘…‘ƒƒŒ—†ƒ†‡—’”‘‘‡ǣLa  direction  se  montre  attachée  àŽƒ„‘‡ƒ”…Š‡†‡Ž̹‡–”‡’”‹•‡dont  
elle  est  toujours  soucieuse.  

Ȍ ‘…‘‘”†‡ƒ”…‘’Ž‡‡–‘•“—‡ ‘–‡Šƒƒ‡•ƒƒ–—”‡œƒ

‡˜‡‘•‡˜‹–ƒ”ǡ’‘”‡š‡’Ž‘ǡƒ…‘‘”†‡ƒ­ ‘‡–”‡—‰”—’‘‘‹ƒŽ‘——‹Ƥ‹–‹˜‘‡—ƒ•—„‘”†‹ƒ†ƒ
…‘Œ—–‹˜ƒǣ

J'aime  la  mer  et  quand  il  y  a  du  vent  dans  les  dunes.
Je  demande  du  silence  et“—‡˜‘—••‘”–‹‡œ‡”ƒ‰Ǥ

2’”‡…‹•‘ǡƒ‹•—ƒ˜‡œǡ—‹Ƥ…ƒ”ƒ…‘•–”—­ ‘ǡ•‡Œƒ‡’”‡‰ƒ†‘†‘‹•‘‡•…‘‘…‘’Ž‡‡–‘ǣ ̹ƒ‹‡
Žƒ‡”‡–Ž‡˜‡–†ƒ•Ž‡•†—‡•Ǣ‘—‡’”‡‰ƒ†‘†—ƒ••—„‘”†‹ƒ†ƒ•ǣ ‡†‡ƒ†‡“—‡˜‘—•ˆƒ••‹‡œ•‹Ž‡…‡
et  que  vous  sortiez  en  rang.

Com   essas   duas   dicas,   encerro   mais   uma   participação   na   revista.   Espero   que   possam   aproveitá-­‐las   o  
máximo  possível.  Continuem  lendo  a  coluna  e  estudando  francês!

Abraços  e  Bonnes  études!


‡ˆ‡”²…‹ƒǣ‡•…Š‡”‡ŽŽ‡Ȃ‹‡—š”±†‹‰‡”
27
SAPIENTIA  INSPIRA
A seção “Sapientia Inspira”, cuja estreia ocorre na presente edição, reúne histórias inspiradoras de pessoas que,
apesar das dificuldades impostas pela vida, encontraram formas de superá-las e de realizar seus grandes
sonhos.

A   primeira   história   inspiradora   sobre   a   não   parou.   Raquel   participou   de  


qual   falaremos   é   a   de   Raquel   Helen   intercâmbios   nos   Estados  Unidos   e   foi   a   HISTÓRIA: Fale brevemente
Silva,   estudante   natural   de   Belo   única  estudante  brasileira  a  participar  do   sobre sua história de vida e
Horizonte,  Minas  Gerais.  Raquel  perdeu   40ª   edição   do   Fórum   Econômico   de superação para nossos
os   pais   muito   jovem   e   foi   criada   pelas   Mundial  em  Davos,  em  2011.  No  mesmo  
–‹ƒ• ‡ ƒ˜×Ǥ ’‡•ƒ” †‡ –‘†ƒ• ƒ• †‹Ƥ…—Ž-­‐ ano,   em   visita   ao   Brasil,   a   primeira-­‐ leitores.
dades   econômicas   enfrentadas   por   sua   dama   dos   Estados   Unidos,   Michelle  
família,  Raquel  mostrou  sempre  grande   „ƒƒǡ ˆ‡œ †‹•…—”•‘ ƒƤ”ƒ†‘ “—‡ ƒ Meus   pais   faleceram   ainda   na   minha  
empenho   para   superá-­‐las.   Estando   jovem   era   "um   exemplo   de   vida   que   primeira   infância,   então   fui   criada   por  
entre   as   melhores   de   sua   classe   em   deve   ser   seguido   pela   juventude".   Em   minhas  tias  e  avó,  da  parte  materna  da  
todos  os  anos  escolares,  Raquel  ingres-­‐ entrevista,  Raquel  fala  sobre  sua  história   família.   Estudei   em   escola   pública  
sou   na   universidade   para   cursar   de  vida  e   sobre   seus   planos   futuros,  que   durante   toda   a   minha   vida   e   sempre  
Relações  Internacionais.  Desde  então,   incluem  o  sonho  de  tornar-­‐se  diplomata. estive  entre  os  melhores  da  classe.  

20
28
•–—†‡‹ ‰Ž²• ƒ ‡•…‘Žƒ ‡ Ƥœ …—”•‹Š‘ G(irls)20   Summit,   cúpula   simulada   do   ‡–‡ —ƒ •‡ƒƒ †‡ ‘Ƥ…‹ƒ• ‡
desde   os   doze   anos,   mas   não   sabia   G-­‐20   para   meninas   de   18   a   20   anos     -­‐   debates   sobre   estratégias   de   criação   e  
quando   poderia   viajar   e   usar   o   idioma,   Paris,   França   (outubro   de     2011)   ;   melhoria   de   projetos   sociais   focalizados  
uma   vez   que   não   tinha   condições   de   Palestrante   no   TEDx   BeloHorizonte   na  temática  que  abordamos.   Consegui-­‐
arcar   com   esse   objetivo.   Descobri   (maio  de  2012). mos  arrecadar  fundos  para  cobrir  todos  
formas   de   colocar   esses   planos   em   Acredito   que   minha   força   de   vontade,   os  custos  dos  participantes,  por  meio  de  
prática   e   durante   as   minhas   experiên-­‐ apoio   da   minha   família,   amigos,   profes-­‐ parcerias   com   o   Departamento   de  
cias,   decidi   que   queria   seguir   a   carreira   sores   e   mentores   foram   fundamentais   Estado   Americano,   ONU   Mulher,   Man  
diplomática.   Passei   na   UFMG   e   na   nessa   caminhada.   Sempre   fui   sonha-­‐ UP,   Instituto   Nordeste   e   Cidadania,  
PUC-­‐MG   de   primeira   e   continuei   enga-­‐ dora,  mas  também  focada  e  persistente.   Banco  do  Nordeste  e  governos  do  Ceará  
jada   com   atividades   sociais.   Em   menos   e   Pernambuco,   por   exemplo.   É   impor-­‐
de  três  anos  e  meio,  participei  de  diver-­‐ tante   ressaltar   que   também   pretend-­‐
sos  encontros  e  conferências,  tendo  sido   VOLUNTARIADO: Você é emos  ser  uma  plataforma  de  discussão,  
selecionada   ou   convidada   para   todos   conhecida por seu envolvi- informações   e   oportunidades,   além   de  
eles,  com  todos  os  custos  cobertos,  em   promover   um   diálogo   nacional   sobre  
quatro   países   diferentes.   Acredito   que  
mento em atividades volun- nossa   temática.   Por   isso,   o   primeiro   FJC  
conformismo   e   impossível   nunca   tárias. O que fez você se foi   em   Fortaleza,   mas   contou   com   40  
Ƥœ‡”ƒ ’ƒ”–‡ †‘ ‡— ˜‘…ƒ„—Žž”‹‘ ‡ ‡— interessar pelo voluntariado? participantes   de   ambos   os   sexos,  
tenho   tido   a   oportunidade   de   estar   Fale brevemente sobre provenientes   de   treze   estados   do   Nord-­‐
sendo   exposta   a   ambientes   e   pessoas   alguns dos projetos em que este   e   Sudeste,   uma   vez   que   acredita-­‐
que  compartilham  das  mesmas  ideias  e   mos   que   a   diversidade   e   intercâmbio   é  
que   se   empenham   pra   que   eu   me  
você esteve/está envolvida. importante   no   processo   de   criação   e  
aperfeiçoe   cada   dia   mais,   em   todas   as   implementação   de   novos   projetos.  
dimensões  da  minha  vida. Estamos   na   preparação   do   II   FJC,   em  
Eu  sempre  fui  uma  criança  muito  ativa  e   Manaus-­‐AM,   provavelmente   em  
sempre   gostei   muito   de   ajudar.   Acho   dezembro   de   2013.   Para   maiores  
que   minha   família   foi   uma   das   minhas   informações,  acesse  o  site  :
CONQUISTAS: Quais foram as
primeiras   referências   disso.   Comecei   a   http://reactandchangebr.com/
maiores conquistas de sua fazer   diversas   atividades   na   igreja,   aos  
vida até agora? Há algo que nove   anos   de   idade,   no   grupo   de   dança.  
você acha que foi fundamen- Até   então,   mesmo   o   termo   "trabalho  
tal para que tais conquistas voluntário"  era  novo  pra  mim,  porque  dá   DAVOS: Você participou do
passassem de sonhos a reali- uma   impressão   institucionalizada,   do   40ª edição do Fórum
tipo   trabalho   feito   em   parceria   com  
dade? Econômico Mundial em
ONGs,   por   exemplo.   Eu   via   as   minhas  
ações   como   investimento   de   tempo   Davos, tendo sido a única
para   causas   de   que   eu   gostava,   como   estudante brasileira a partici-
Programa   Jovens   Embaixadores,   visitar   pessoas   em   hospitais,   mais   ainda   par do evento, vencendo
primeira   viagem   internacional   –   fora  desse  foco  de  "trabalho  voluntário".   uma competição que contou
Charlotte,  NC    e  Washnigton  D.C.,  EUA   Acho   que   o   que   me   motivou   foi   ver  
(janeirode   2008);   Bolsa   integral   para   com mais de 1,5 mil escritos.
realidades   que   não   eram   ideais   e   saber  
estudar   inglês   para   estrangeiros,     que  poderia  fazer  algo  pra  melhorar  ou   Fale-nos brevemente sobre
formatura   com   honra   ao   mérito   -­‐     até   mesmo   transformar   uma   situação.   sua experiência lá.
Massachusetts,   EUA   (Julho   de   2008);   Talvez   pelo   fato   de   ter   perdido   meus  
Conferência   Estudantil   Internacional:   pais  muito  cedo,  sempre  tive  um  senso  
Darwin   e   a  Ciência   Hoje,   em   comemo-­‐ de   gratitude   muito   grande   pela   vida,  
ração   dos   200   anos   de   nascimento   de   pelas   oportunidades   que   tive.   Passar   Foi  incrível.  Participar  ativamente  de  um  
Darwin   e   150   anos   da   publicação   da   adiante  o  bem  que  me  foi  feito  sempre   encontro   de   uma   das   maiores   plata-­‐
Origem   das   Espécies   –   Londres,   Reino   foi  importante  para  mim.   formas   internacionais,   andar   pelos  
Unido   (julho   de   2009);   Conferência   Atualmente   estou   envolvida   principal-­‐ corredores  com  presidentes  e  primeiros  
Women2Women,   sobre   empodera-­‐ mente   com   a   React   &   Change,   uma   ministros!  Eu   e   os  outros  global   change-­‐
mento   feminino,   em   que   fui   a   única   organização   composta   por   jovens   de   makers   selecionados   tivemos   uma  
brasileira    -­‐  Boston,  MA,  EUA  (agosto  de   diversas   localidades   do   país.   Somos   a   sessão   fechada   com   Klaus   Schwab,   o  
2010),   Global   Changemakers   Global   primeira   iniciativa   latino-­‐americana   fundador   do   Fórum   e   com   Ngozi-­‐  
Youth   Summit,   do   Conselho   Britânico,   centrada  no  combate  à  desigualdade  de   Okonjo   Iweala,   uma   das   diretoras   do  
também  fui  a  única  brasileira    –  Londres,   gênero   e   apatia   juvenil   no   Brasil.   Banco   Mundial.   Além   de   ter   minha  
Reino   Unido   (novembro   de   2010);   Fazemos   a   maior   parte   do   trabalho   de   própria   sessão   de   Ideas   Lab,   na   qual  
Encontro   Anual   do   Fórum   Econômico   conscientização   via   internet,   mas   apresentei   o   Fórum   Juventude   por  
Mundial       -­‐   Davos,   Suíça   (janeiro   de   também   atuamos   presencialmente.   Capacitação,   da   React   &   Change,  
2011);   Evento   Cultural   com   a   Primeira   Nosso   maior   encontro   até   hoje   foi   a   participei   da   plenária   de   encerramento  
Dama  Michelle  Obama  –  Brasília  (março   primeira  edição  do  Fórum  Juventude  por   do  Fórum,  ao  lado  de  Christine  Lagarde.  
de   2011);   transferência   para   Mount   Capacitação   ,   em   julho   de   2011,   em   Sem  dúvida,  um  dos  melhores  momen-­‐
Holyoke  College    (agosto  de  2011);   Fortaleza,  no  Ceará.  O  fórum  foi  basica-­‐ tos  que  já  vivi!

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Cursei   três   períodos   de   Relações   país   que   tanto   amo,   promover   o   seu  
MICHELLE OBAMA: Durante a Internacionais  na  PUC-­‐MG  e  de  Ciências   desenvolvimento   em   diversas   áreas   e  
visita do Presidente dos EUA, do   Estado   na   UFMG,   concomitante-­‐ compartilhar   e   promover   o   diálogo  
mente.  Então,  surgiu  a  oportunidade  de   intercultural  é  algo  que  faria  com  prazer.  
Barack Obama, ao Brasil, em Dizem  que  se  deve  escolher  um  trabalho  
transferência   para   uma   universidade  
2011, a Primeira-Dama que   te   mova,   que   te   motive.   Acredito  
americana  por  meio  de  um  programa  do  
Michelle Obama fez um Departamento   de   Estado   Americano.   que  ser  diplomata  tem  esse  sentido.  Eu  
discurso afirmando que você Fui   admitida   em   Mount   Holyoke   costumo   brincar  que  há  três  coisas   que  
é "um exemplo de vida que College,  em  Massachusetts,  onde  estou   eu   quero   fazer   na   vida:   1)Ser   feliz   2)  
concluindo   a   graduação   em   RI.   Entre-­‐ Pagar   minhas   contas;   3)   Ajudar   as  
deve ser seguido pela juven- pessoas.   Elas   não   seguem   uma   hierar-­‐
tanto,   minha   bolsa   não   é   integral   e  
tude". Como você se sentiu quia,   nem   se   anulam.   Mas   pretendo  
tenho   que   contribuir   com   uma   parcela  
ao ouvir estas palavras? O dos   custos.   Devido   a   mudanças     na   conseguir   alcançá-­‐las.   E   continuar  
que o elogio de Michelle •‹–—ƒ­ ‘ Ƥƒ…‡‹”ƒ †ƒ ‹Šƒ ˆƒÀŽ‹ƒǡ ƒ aprendendo   a   falar   "borboleta"   em  
Obama significou para você? conclusão   do   curso,   em   dezembro   de   outras  línguas,  é  claro!
͚͙͛͘ǡƤ…‘—ƒ‡ƒ­ƒ†ƒǤ”ƒ„ƒŽŠ‘ƒˆƒ…—Ž-­‐
dade,   e   já   recebi   bolsas   além   da  
Eu  fui  convidada  pela  Embaixada  Ameri-­‐ oferecida   pela   faculdade.   No   entanto,  
MENSAGEM: Deixe uma
cana  e  pela  Casa  Branca  para  participar   continuo   buscando   alternativas   e   mensagem final a nossos
do   evento   cultural   com   a   Primeira-­‐ suporte   pra   continuar   vivendo   esse   leitores.
Dama,   uma   vez   que   havia   sido   uma   sonho.
Jovem   Embaixadora   e   por   ter   continu-­‐
ado   exercendo   atividades   de   liderança.  
Acredito   que   pela   minha   história   de   FUTURO: Quais são seus
vida,   pela   importância   que   dou   à   planos para o futuro? Você
educação   e   ao   trabalho   voluntário   e   o   mantém o objetivo de se
fato  de  estes  terem  aberto  várias  portas   tornar diplomata? Se sim,
para   mim   tinham   um   paralelo   interes-­‐
sante  com  a  história  da  própria  Michelle  
quais foram os motivos que a
Obama.   Fiquei   sentada   ao   lado   dela,   levaram a fazer essa escolha? Acredite nas pessoas,
compartilhei   algumas   experiências   mas acredite ainda
pessoais,   incluindo   o   fato   de   que  
comecei   a   aprender   a   falar   a   palavra  
mais em você
Como   diriam   Vinicius   e   Toquinho,   “o  
"borboleta"   em   diversos   idiomas  
futuro   é   uma   astronave   que   tentamos  
mesmo. Seja corajoso
durante  um  dos  períodos  que  passei  nos  
EUA.  Então  introduzi  a  fala  da  primeira  
pilotar“,  mas  que  nem  sempre  acontece   e humilde o sufi-
como   planejamos.   Eu   mantenho   o  
dama.   Ela   pediu   outra   salva   de   palmas  
objetivo   de   seguir   a   carreira  
ciente para fazer
para   mim,   porque   eu   era   um   exemplo  
para   o   mundo.   Isso   foi   extremamente  
diplomática.  Acredito   que   os   governos,   perguntas. Gaste
em   termos   gerais,   devem   ser   repre-­‐
importante   para   mim!   Michelle   é   um  
sentativos   de   suas   respectivas   popu-­‐
tempo para escutar,
exemplo   de   mulher   guerreira,   bata-­‐
lhadora,   que   conquistou   o   lugar   que  
lações.   Acredito   que   a   maioria   do   porque o silêncio
quadro  atual  não  corresponde  ao  que  eu  
ocupa.   É   um   exemplo   pessoal,   e  
sou,   de   classe   socioeconômica   menos  
também faz parte da
conhecê-­‐la   foi   uma   honra!   Receber   esse  
elogio  de  uma  das  mulheres  mais  impor-­‐
favorecida,   mulher   e   negra.   Acredito   conversa. Indepen-
que   mudanças   são   necessárias.   A  
tantes   do   mundo   representou   o   recon-­‐
’‘ŽÀ–‹…ƒ ƒƤ”ƒ–‹˜ƒ ± ‹–‡”‡••ƒ–‡ǡ ƒ•
dentemente do que
hecimento   de   anos   de   pequenas  
atitudes   que   tenho   cultivado,   valores  
 ‘ ’‡•‘ “—‡ •‡Œƒ ‘ ‡‹‘ ƒ‹• ‡Ƥ…ƒœ fizer, faça com paixão,
de  popularizar  a  opção  por  esse  tipo  de  
que   aprendi   com   minha   família   e  
’”‘Ƥ•• ‘ǡ “—‡ ƒ‹†ƒ Ƥ…ƒ — ’‘—…‘
intensidade e
amigos,  coisas  em  que  eu  acredito  e  que  
•‹‰‹Ƥ…ƒ—‹–‘’ƒ”ƒ‹Ǥ
restrita  a  uma  camada  mais  privilegiada   devoção. Absorva
da   sociedade,   dados   os   pré-­‐requisitos  
‹–‡Ž‡…–—ƒ‹• ‡ Ƥƒ…‡‹”‘• “—‡ ƒ
cada momento de
FUTURO: Você atualmente preparação   acaba   exigindo.   Sempre   suas experiências e
amei   o   Brasil,   mesmo   antes   de   ter  
faz faculdade nos Estados
viajado   ao   exterior.   E   todas   as   vezes   em  
quando não souber o
Unidos e está buscando que fazer, sorria.
que   eu   tive   a   oportunidade   de   fazer  
ajuda financeira para viagens   internacionais,   a   parte   que   de  
concluir o curso. Você pode- mais  gostava  era  compartilhar  a  cultura  
ria nos falar um pouco mais e   história   brasileiras,   perguntar   e  
sobre isso? responder  perguntas.  O  intercâmbio  de  
conhecimento   é   muito   interessante.   A  
oportunidade  de  poder  representar  o  

20
30
TROQUE  SAPIENTIA:
CLASSIFICADOS  

”‘“—‡ƒ’‹‡–‹ƒǣŽƒ••‹Ƥ…ƒ†‘•±—‡•’ƒ­‘†ƒRevista  Sapientia“—‡‡•–ž†‹•’‘À˜‡Ž
ƒ–‘†‘•‘•‹–‡”‡••ƒ†‘•‡vender,  comprar,  doar  ou  trocar  materiais  de  preparação  
para   o  CACDǤƒ„‡‘• “—‡ —‹–‘• …ƒ†‹†ƒ–‘• †‹•’Ù‡ †‡ ƒ–‡”‹ƒ‹• †‘• “—ƒ‹• ‰‘•-­‐
–ƒ”‹ƒ †‡ •‡ †‡•ˆƒœ‡”ǡ ‡“—ƒ–‘ ‘—–”‘• ‡•– ‘  ’”‘…—”ƒ †‡ Ž‹˜”‘• …—Œƒ• ‡†‹­Ù‡• ‡•– ‘
‡•‰‘–ƒ†ƒ•ƒ•Ž‹˜”ƒ”‹ƒ•ǡ‡–”‡‘—–”‘•‡š‡’Ž‘•†‡•‹–—ƒ­Ù‡•…‘—•‡–”‡ƒ“—‡Ž‡•“—‡•‡
’”‡’ƒ”ƒ’ƒ”ƒ‘ǤƤ†‡ˆƒ…‹Ž‹–ƒ”‘…‘–ƒ–‘‡–”‡…ƒ†‹†ƒ–‘•ǡƒRevista  Sapien-­‐
tia†‹•’‘‹„‹Ž‹œƒ‡•–‡‡•’ƒ­‘‰”ƒ–—‹–ƒ‡–‡’ƒ”ƒƒ“—‡Ž‡•“—‡–‡Šƒ‹–‡”‡••‡‡‡‰‘-­‐
…‹ƒ”ƒ–‡”‹ƒ‹•ǡŽ‹˜”‘•ǡƒ’‘•–‹Žƒ•‡–…Ǥ
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”‡˜‹•–ƒ•ƒ’‹‡–‹ƒ̻…—”•‘•ƒ’‹‡–‹ƒǤ…‘Ǥ„”Ǥ• ƒï…‹‘• •‡” ‘ ’—„Ž‹…ƒ†‘• ’‘” ‘”†‡ †‡
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A Revista Sapientia não figura como parte nas transações de compra e venda de materiais entre os seus leitores em decorrência dos
anúncios existentes neste espaço, e, tendo isso em vista, avisa:
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•– ‘˜‡†ƒǣ
ƒ—ƒŽ‘’ƒ…–‘†‡
‡‘‰”ƒƤƒ†‘”ƒ•‹ŽǤ  Editora  Rideel.
Em  ótimo  estado,  pelo  preço  de  R$  15,00.

Valério  MAZZUOLI.  ••‹•–‡ƒ•”‡‰‹‘ƒ‹•†‡’”‘–‡­ ‘†‘•†‹”‡‹–‘•Š—ƒ‘•ǣ—ƒƒžŽ‹•‡…‘’ƒ”ƒ–‹˜ƒ†‘••‹•–‡ƒ•


‹–‡”ƒ‡”‹…ƒ‘ǡ‡—”‘’‡—‡ƒˆ”‹…ƒ‘Ǥ  Editora  Revista  dos  Tribunais.  

Em  ótimo  estado,  pelo  preço  de  R$  15,00.

Interessados  podem  entrar  em  contato  por  meio  do‡Ǧƒ‹Ždouglascamargo1983@gmail.com

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versão  2013.  Com  preparação  para  todas  as  fases  da  prova,  haverá  possibilidade  de  o  
candidato  cursar  módulos  (separados  por  fases)  ou  comprar  o  curso  completo,  com  a  
’”‡’ƒ”ƒ­ ‘’ƒ”ƒ–‘†ƒ•ƒ•ˆƒ•‡•ǡ’‘”—’”‡­‘‡•’‡…‹ƒŽǤ•Ƥ…Šƒ•–±…‹…ƒ••‡” ‘†‹˜—Ž‰ƒ-­‐
das  a  partir  de  novembro.

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UE GANHA NOBEL DA PAZ


JULIANA PIESCO

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