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Sobre A Expressão És Mesmo Um Galego PDF
Sobre A Expressão És Mesmo Um Galego PDF
Elabore uma síntese, entre 196 e 260 palavras, do seguinte texto composto por 782 palavras.
O atributo galego ocorre simultaneamente com valor positivo, para significar o trabalho
árduo, estrénuo, incansável, daquele que se esforça, mas também negativo, o trabalho baseado
apenas na força física, equiparável ao do animal de tração. Expressões como «anda, galego», de
incitamento ao trabalho, «filho d’um galego», «parece que pariu a galega», utilizada como
fórmula de espanto ou de admiração em ajuntamentos de pessoas, ou simplesmente «à
galega», ou seja, à bruta ou de qualquer maneira, são exemplos dessa forte carga negativa.
Devido ao facto de a Galiza ser uma região rural e pobre ou como modo de fugir ao serviço
militar, aliado à proximidade fronteiriça e às afinidades linguísticas, fizeram de Portugal um
destino de emigração galega. Desde a Reconquista Cristã e dos primórdios da nacionalidade que
há registo da presença de galegos no território português. De forma mais expressiva, porém, a
partir do século XVII, favorecido pela dominação filipina, recrudescendo no início do séc. XVIII,
para os meios rurais, sobretudo em ocupações sazonais ligadas à agricultura, e de forma mais
permanente para as cidades, sobretudo Lisboa e Porto, que chegaram a ter significativas
comunidades galegas.
Dedicavam-se às mais variadas profissões e ofícios, mas sobretudo aos trabalhos mais
pesados e humildes, tais como taberneiros, carvoeiros, moços de fretes, amoladores,
proprietários de casas de pasto e de hospedarias. É, no entanto, a profissão de aguadeiro aquela
que, até ao início do séc. XX e à introdução da água canalizada, mais se associa aos galegos. Os
aguadeiros eram licenciados pelo município e estavam organizados em companhias. Percorriam
as cidades de Lisboa e Porto vendendo, de forma «avulsa» ou «por assinatura», a água que
carregavam em barris e de que se abasteciam nos chafarizes e fontanários públicos em bicas
que lhes estavam destinadas. Em Lisboa, os panos brancos nas janelas sinalizavam a necessidade
de água, que eles transportavam até às cozinhas das casas, vazando-a nos potes de barro
colocados nos poiais. Cabia-lhes também, por inerência, o combate aos incêndios. Nos séc. XVIII
e XIX, os aguadeiros galegos eram olhados pela população de Lisboa como cobrando
excessivamente pela água, havendo mesmo legislação a estabelecer limites de preço, e pelo
facto de acorrerem aos incêndios recebendo por isso, sendo vistos como gente que lucrava com
os infortúnios.