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O ATO ADMINISTRATIVO

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


ESTG 2017/2018 1
Origem e evolução do conceito
de a.a.
• Origem e evolução do conceito de a.a.
(FA – 191-197)
– Revolução Francesa – o a.a. delimita as
ações da AP excluídas da fiscalização dos
Tribunais Judiciais

– ..... ao serviço da independência da AP


face ao poder judicial .....

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ESTG 2017/2018
Origem e evolução do conceito de
a.a.

– Meados/finais do Sec. XIX – o a.a. identifica


as atuações da AP submetidas ao controlo
dos Tribunais Administrativos

..... Ao serviço das garantias dos particulares ...

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2017/2018
Noção de a.a.
• Noção de a.a. (FA 214/215)
O a.a. continua a ser a figura central, nuclear do
Direito Administrativo, pois a AP só pode sacrificar
os direitos subjetivos ou os interesses legalmente
protegidos dos particulares depois de ter praticado
um a.a. que legitime tal atuação – art. 177º nº 1
CPA. Outros, como, por exemplo, Vasco Pereira
da Silva, entendem que a figura nuclear é a
relação jurídica.

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Noção de a.a.
– O a.a. é (FA 197/213)
• Um ato jurídico
• Um ato unilateral
• Uma declaração/conduta voluntária
• Um ato praticado por um órgão da AP
• No exercício do poder administrativo
• Produz efeitos externos
• Contém uma decisão
• Versa sobre uma situação individual e concreta ou
sobre um conjunto de situações determinadas e
concretas
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Noção de a.a.
• Podemos definir o ATO ADMINISTRATIVO
como: ato jurídico unilateral praticado no
exercício do poder administrativo (sujeito ao
DA), por um órgão da AP ou por outra
entidade pública ou privada para tal
habilitada por lei e que traduz a decisão de
um caso concreto, visando produzir efeitos
jurídicos numa situação individual e concreta
(FA p. 197)
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Noção de a.a.
– ato jurídico
O a.a. produz efeitos jurídicos ... (logo não são
atos administrativos as operações materiais,
e os atos juridicamente irrelevantes)

Resulta da aplicação de uma norma ...

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Noção de a.a.
– ato unilateral
Resulta da vontade da AP ou … (não necessita de qualquer
acordo do destinatário .... É diferente do contrato
administrativo (bilateral …)
Por vezes, no entanto, a AP só atua
-a requerimento do particular;
-outras vezes para o a.a. produzir os seus efeitos precisa da
aceitação do destinatário (atos recetícios – p.ex. –
aceitação da nomeação para um cargo público, através da
posse); ou
- os interessados devem intervir no procedimento (audiência
dos interessados, consulta pública) ... Mas o ato não deixa
de ser unilateral ... Administração concertada ...

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Noção de a.a.
– Uma declaração/conduta voluntária
Pressupõe que o a.a. resulte, pelo menos, da
vontade do órgão administrativo de agir, de
atuar ...(não é necessária uma vontade de
querer um a.a. com um determinado
conteúdo - ... poder vinculado/poder
discricionário .... Administração computo-
rizada ....)

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Noção de a.a.
– Um ato praticado por um órgão da AP (mas não só)
O verdadeiro a.a. é orgânica (provém da AP) e
materialmente administrativo (tem conteúdo
administrativo) ...
É um ato praticado por um órgão que faz parte da AP em
sentido subjetivo ...
Mas também pode ser praticado por órgãos de pessoas
coletivas privados desde que dotados de poderes
administrativos, nomeadamente os órgãos dos
concessionários. Por isso, os seus atos estão sujeitos
ao contencioso administrativo e ao procedimento
administrativo (ver art. 4º nº 1 d) ETAF e art. 2º nº 1 CPA
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Noção de a.a.
Excluem-se os atos materialmente adminis-
trativos praticados por órgãos não adminis-
trativos – p. ex. o PR, a ASS. REP., os
Tribunais – não obstante, nos termos do
ETAF estarem sujeitos à impugnação
contenciosos para os tribunais administrativos
– arts. 4º nº 1 c) e 24º nº 1 a), exceto iii) e IV)
Também não são a.a. por não provirem de um
órgão administrativo, os atos praticados por
um usurpador de funções – falso médico,
falso professor ...
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Noção de a.a.
O usurpador de funções é um indivíduo (estranho à AP)
que, não tendo qualquer vínculo com a AP, mediante
processos fraudulentos e em proveito próprio se faz
passar por titular de órgão ou trabalhador desta e
pretende praticar a.a..

Consequências:
- Os a.a. não valem como a.a. (são inexistentes)
- O autor deste tipo de atos pratica um crime – o crime
de usurpação de funções – incorre, por isso, em
responsabilidade criminal, e
- Constitui-se em responsabilidade civil ... Indemnizar ..
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Noção de a.a.
– No exercício do poder administrativo
No exercício de prerrogativas de autoridade, de poder
público, isto é, de puissance publique, ao abrigo de
normas de Direito Público, para o desempenho de
uma atividade administrativa de gestão pública
Estão, por isso, excluídos os atos de gestão privada –
apesar disso são-lhe aplicáveis os princípios gerais
da atividade administrativa constantes do CPA e as
normas que concretizam preceitos constitucionais –
art. 2º nº 3 CPA

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Noção de a.a.

Estão também excluídos os atos legislativos, os


atos jurisdicionais e os atos políticos – porque
não traduzem o exercício da função
administrativa – art. 4º nº 3 e também o nº 4
ETAF

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Noção de a.a.
– Os a.a. produzem efeitos externos
Os efeitos do a.a. chegam à esfera jurídica de
terceiros, entes públicos ou privados.

Não são, por isso, verdadeiros a.a., os atos internos, os


atos preparatórios, como os pareceres, informações,
proposta (a menos que produzam efeitos jurídicos
externos…. – situação em que são tratados como
verdadeiros a.a.)

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Noção de a.a.

– Contém uma decisão


O a.a. contém um comando dotado de imperati-
vidade, isto é, o a.a. é uma conduta adminis-
trativa suscetível de definir, por si só,
imediata ou potencialmente a esfera jurídica
dos particulares ou seja de “produzir uma
transformação jurídica externa”

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Noção de a.a.
Por isso, todas as pronúncias da AP que não tenham
caráter decisório, como os atos opinativos, os
pareceres, as informações ... os atos instrumentais ...
não são verdadeiros a.a.
Atos instrumentais “são atos jurídicos menores, não
produtores de efeitos jurídicos diretos no
ordenamento geral. Muito embora tenham autonomia
funcional e, por isso, não se reduzam a simples
elementos de um ato, os seus efeitos só se
manifestam através da influência que exercem sobre
um ato administrativo de que são pressuposto ...”
(FA, Vol. II, p. 207)

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Noção de a.a.
– Versa sobre uma situação individual e
concreta ou sobre um conjunto de situações
determinadas e concretas
Esta caraterística do a.a. (individual e concreto)
distingue-o do regulamento (geral e abstrato)
Há, no entanto, a.a.
- Gerais – aplicam-se a um grupo inorgânico de
cidadãos, bem determinados ou determiná-
veis no local e no tempo – “.. Façam o favor
de dispersar”

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Noção de a.a.

Há, ainda, a.a. cujos efeitos estão dependentes


da verificação de um termo inicial ou de uma
condição suspensiva – por isso, há quem
diga que o a.a. visa ou tende a produzir
efeitos jurídicos numa situação ....(FA, vol. II,
p. 209)

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Noção de a.a.
– Noção do CPA – artigo 148º
– IMP. Art. 151º CPA – menções obrigatórias
(FA. Vol. II, p. 227/229)
Todo e qualquer a.a. tem, obrigatoriamente,
que indicar o seu autor, identificar o(s) seu(s)
destinatário(s), o conteúdo da decisão e o
respetivo objeto, a data da decisão e a
assinatura do seu autor ou do presidente do
órgão colegial ou do seu representante

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Noção de a.a.

Só quando for o caso, o a.a. deve, ainda,


indicar que é praticado ao abrigo de uma
delegação ou subdelegação de poderes
(quando exista); os antecedentes de facto
que originaram ao a.a. (quando relevantes); e
a fundamentação (quando exigida por lei).

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Noção de a.a.

Estas exigências legais visam:


- Permitir a identificação do a.a.;
- Facilitar a sua interpretação;
- Proporcionar aos particulares afetados os
elementos necessários à organização da sua
defesa em caso de ilegalidade.

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Noção de a.a.
Consequências da omissão de qualquer uma
das menções na validade do a.a.

- São nulos – os a.a. a que falte a indicação do


autor, a identificação do(s) destinatário(s), o
conteúdo da decisão e o respetivo objeto e a
assinatura do autor do ato ou do presidente
do órgão colegial

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Noção de a.a.

- Por estarem feridos de violação de lei ou de


vício de forma gerador da anulabilidade, são
anuláveis os a.a. a que falte: a enunciação
dos factos ou dos atos que lhe deram origem,
quando relevantes; a fundamentação da
decisão, quando exigível; ou da data em que
são praticados

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Noção de a.a.

- Por ocultarem elementos que facilitariam a


compreensão do a.a. pelo destinatário, são
meramente irregulares os a.a. que praticados
ao abrigo da delegação ou subdelegação de
poderes não mencionam a sua existência

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Estrutura do a.a

(FA., vol. II, 220/226) A estrutura do a.a. é


composta por quatro ordens de elementos:

- Elementos subjetivos
- Elementos formais
- Elementos objetivos
- Elementos funcionais

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Estrutura do a.a
– Elementos subjetivos
O a.a. típico põe em relação dois sujeitos de direito:
normalmente a AP e um particular; mas também
podem ser duas pessoas coletivas públicas ou
mesmo dois particulares. Há, no entanto,
exceções a esta regra – os atos multipolares
(decisão de construção de uma central atómica);
atos reais - classificação de um bem como de
domínio público – o a.a. é dirigido a todos
Em caso de impugnação do ato deve ser demandada a pessoa
coletiva pública ou o Ministério no caso do Governo – art.
10º nº 2 – mas .. nº 4 CPTA
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Estrutura do a.a
– Elementos formais
Todo o a.a. tem uma forma, isto é, um modo de
exteriorização da sua vontade. A forma dos atos
pode ser: escrita, a regra – art. 150º CPA ou oral
(regra para os órgãos colegiais). Distinto da forma
do ato é a forma do documento – despacho,
alvará …
Além da forma há a considerar as formalidades –
trâmites que a AP deve observar na formação da
decisão administrativa – não são propriamente
elementos do ato, mas a sua invalidade origina a
invalidade do a.a.
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Estrutura do a.a
– Elementos objetivos
São o conteúdo e o objeto
O conteúdo são os efeitos jurídicos do a.a.. Há que
distinguir entre o conteúdo principal (efeitos
jurídicos típicos do a.a.) e o conteúdo acessório
(constituído pelas cláusulas acessórias – termo,
condição, modo, reserva – art. 149º e quanto à
reserva de revogação – art. 167º nº 2 d))
O objeto é a realidade sobre que incide os efeitos –
pessoa, animais, coisa, ato administrativo, que têm
que estar devidamente identificados

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Estrutura do a.a
– Elementos funcionais
São o motivo e o fim
O motivo é a razão de agir que leva o órgão
administrativo a praticar o a.a. ou a dotá-lo de
certo conteúdo … motivo principalmente
determinante …

O fim é o que se visa prosseguir com a prática do


a.a.. Há que distinguir o fim legal do fim real

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Classificação do a.a.
• Atos primários e atos secundários ((FA.,
vol.II, p. 231 e ss.)
– Os atos primários versam pela primeira vez
sobre uma determinada situação

– Os atos secundários versam sobre um ato


primário anteriormente praticado – ex. ato de
revogação

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Classificação do a.a.
• Classificação dos atos primários

– Quanto ao conteúdo
• atos declarativos – destinam-se a tornar certo o
que era juridicamente incerto e, por isso, não
podia ser afirmado juridicamente

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Classificação do a.a.
Podem ser:
- Atestados – admitem prova em contrário ..., não
fazem prova plena ... Estão sujeitos à livre
apreciação da entidade perante quem são
exibidos
- Certificados ou certidões – não admitem prova em
contrário ..., fazem prova plena ( o seu conteúdo
apenas pode ser posto em causa com a invocação
do crime falsidade / falsificação ...) Trata-se de
factos ou situações de que a AP tem um
conhecimento direto, que estão registados em
livros à sua guarda ou nos seus registos
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Classificação do a.a.

• atos constitutivos – visam criar, modificar ou


extinguir relações jurídico-administrativas. Alteram
a esfera jurídica dos particulares e da AP

Podem ser

- A - atos favoráveis ou ampliativos


- B - atos desfavoráveis ou ablativos

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Classificação do a.a.
• atos secundários (FA., vol. II, p. 243 e 373-418))
Também conhecidos por atos de 2º grau ou atos sobre
atos. Produzem efeitos sobre a.a. anteriores

Podem ser:
- convalidantes ou saneadores – ratificação, reforma e
conversão
- integrativos de eficácia – aprovação, (o visto do Tribunal de
Contas), (..... homologação)
- atos extintivos ou desintegrativos – revogação e anulação

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Classificação do a.a.
– atos convalidantes – são a.a. que visam sanar a
ilegalidade de um a.a. inválido (anulável e também
nulo – ver art. 164º nº 2 CPA), tornando-o válido
(desde o início - art. 164º nº 5 CPA). (FA., vol.II, p.
416-418)

Regime – Ver arts. 164º, 168º e 169 nº 1 e 3 a 6 º CPA


- Os atos anuláveis podem ser objeto de ratificação,
reforma e conversão; os nulos apenas de reforma e
conversão – art. 164 nº 1 e 2 CPA

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Classificação do a.a.
- Em caso de incompetência a ratificação cabe ao
órgão competente para a prática do a.a. – nº 3 do art.
164º e art 169º nº 6
- A reforma e conversão estão sujeitas às regras
procedimentais do ato novo – nº 4 do art. 164º
- os atos convalidantes têm efeitos retroativos à data
dos atos a que respeitam … nº 5 do art. 164º
- A ratificação, reforma e conversão estão sujeitos às
regras que regulam a competência para a anulação
do a.a. inválidos e respetiva tempestividade art. 164º
nº 1, isto é:
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Classificação do a.a.
– Competência – artigo 169º CPA
• São competentes para a reforma e conversão de
um a.a. os seus autores e os superiores hierár-
quicos – nº 3
• A convalidação pode ocorrer ou oficiosamente, por
iniciativa do órgão competente, ou a pedido do
interessado, através de reclamação ou recurso
administrativo – nº 1

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Classificação do a.a.

– Os a.a. também podem ser convalidados pelo


delegante ou subdelegante, bem como pelo delegado
ou subdelegado, quando praticados no âmbito da
delegação de poderes – nº 4; ou pelo órgão com
poderes de superintendência ou de tutela no âmbito
da superintendência ou da tutela – nº 5, quando a lei
o permitir
– Em caso de incompetência, são competentes para a
ratificação de um a.a. os órgãos competentes para a
sua prática – art.164º nº 3 e art. 169º nº 6 CPA

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Classificação do a.a.
– Tempestividade – art. 168º
• Os a.a. podem ser objeto de ratificação, reforma e conversão
dentro do prazo de 6 meses …. Desde que não tenha
decorrido 5 anos a contar da data da respetiva emissão – nº
1
• Os atos constitutivos de direitos só podem ser convalidados
no prazo de um ano, a contar da sua emissão – nº 2
• Quando o a.a. tenha sido impugnado contenciosamente, só
pode ser convalidado até ao final da discussão, isto é, até
uma fase prévia ao julgamento – nº 3
• Situações em que os atos constitutivos de direitos podem ser
convalidados no prazo de 5 anos, a contar da respetiva
emissão – nº 4

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Classificação do a.a.

• Nas hipóteses dos nºs 1 e 4, quando o a.a. se


torne inimpugnável contenciosamente, só pode ser
objeto de convalidação oficiosamente pela AP – nº
5 – a limitação neste caso resulta dos prazos
impostos para os particulares para a impugnação
contenciosa que, nos termos do art. 58º nº 1 b) do
CPTA, é de 3 meses

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Classificação do a.a.

• Ratificação – é um a.a. convalidante através do


qual o órgão competente torna válido um ato
anulável, suprindo a ilegalidade de que padece,
como:
– Vício de incompetência relativa
– Vicio de forma por falta de fundamentação
– Vício de procedimento – por ex. num órgão colegial ...
votação nominal quando deveria ser por escrutínio
secreto – art. 24º nº 2 CPA

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Classificação do a.a.
• Reforma – é um a.a. convalidante através do qual
é expurgada a parte inválida de um a.a..
A AP pratica um a.a. que é parcialmente válido e
parcialmente inválido, sendo que as partes válida
e inválida são passíveis de existência autónoma.
Pela reforma a AP retira (expurga) ao a.a. inválido
a parte inválida, conservando-lhe a parte válida ...
Ex. uma licença para o período de 3 anos quando a
lei só permite 1 ano – é retirada a cláusula relativa
ao tempo, ficando tudo o mais

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Classificação do a.a.
• Conversão – é um a.a. convalidante que procede
ao aproveitamento dos elementos válidos de um
ato anulável ou nulo para, com eles, compor um
ato válido, ainda que com efeitos menos
ambiciosos do que aqueles que se tinha
pretendido dar ao ato anulável
Ex. .... nomeação provisória .... nomeação definitiva
.... o despacho de nomeação definitiva pode ser
convertido em despacho de nomeação provisória
...

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Classificação do a.a.

IMPORTANTE – vantagem destes atos –


eficácia retroativa

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Classificação do a.a.
– atos integrativos de eficácia – são a.a. que
visam tornar eficazes a.a. anteriores (FA.,
vol.II, p. 243 e ss.)
• Aprovação – é um a.a. pelo qual o órgão
competente, após ter analisado o a. sujeito a
aprovação do ponto de vista de legalidade e
mérito, manifesta a sua concordância com o a.
praticado por outro órgão conferindo-lhe, assim,
eficácia.
É um controlo de legalidade e mérito

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Classificação do a.a.
Sem aprovação o a.a. pode ser válido, mas não é
eficaz, não pode produzir efeitos

Ato aprovado e ato de aprovação são a.a. distintos,


representam o exercício de competências
distintas, embora estejam funcionalmente ligados
...
O ato aprovado é o ato principal, o a. de aprovação
vem conferir-lhe eficácia mas não o absorve

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Classificação do a.a.
• O visto – ato pelo qual um órgão competente
declara ter tomado conhecimento de outro ato ou
documento, sem se pronunciar sobre o seu
conteúdo (visto meramente “cognitivo”) ou
declara não ter objeções de legalidade ou de
mérito, sobre o ato examinado e, por isso, lhe
confere eficácia (visto “volitivo”) – FA, p. 298
O visto volitivo distingue-se da aprovação, pois
nesta quem aprova exprime a sua concordância
com o conteúdo e a oportunidade do a. aprovado,
ao passo que no visto o órgão que o pratica não
emite opinião, limita-se a não objetar

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Classificação do a.a.
O visto do Tribunal de Contas é um visto volitivo
praticado por um órgão jurisdicional de controlo –
que consiste num controle de legalidade “externa”
e de cabimento orçamental ... Não é, como é
evidente, um a.a., mas confere eficácia a um a.a.
..

• A homologação – não é um a. integrativo de


eficácia (só pela possível confusão com a
aprovação, a estudamos aqui) – é um a.a. que
absorve os fundamentos e as conclusões de uma
proposta ou de um parecer apresentados por outro
órgão
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 49
ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
O órgão competente para a decisão diz apenas
“homologo”, querendo, assim, significar que faz
seu o conteúdo tanto das conclusões como dos
fundamentos (art. 152º nº 2 CPA) do ato
homologando.

A homologação é o a.a. principal. Antes da


homologação existia um mero parecer ou
proposta, depois da homologação há um
verdadeiro a.a.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


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Classificação do a.a.
– atos extintivos ou desintegrativos – são a.a.
que visam extinguir os efeitos jurídicos de um
a.a. anterior (FA., vol.II, p. 373/411) – o CPA
distingue a revogação e a anulação, sendo
que:
• A revogação – é um a.a. que faz cessar os efeitos
jurídicos do a. revogado, tendo por fundamento a
falta de mérito, a inconveniência ou a inoportu-
nidade;
• A anulação administrativa - é um a.a. que faz
cessar os efeitos jurídicos do a. anulado, tendo por
fundamento a sua invalidade.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 51
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Classificação do a.a.
Regime jurídico da revogação e anulação dos a.a. –
Secção IV - arts. 165º a 172 do CPA
DA REVOGAÇÃO
- Fundamento – falta de mérito, inconveniência,
inoportunidade – art. 165 nº 1 CPA
- Que atos? – regra geral todos – art. 166º a
contrario. Os atos referidos neste artigo não
produzem efeitos jurídicos, por isso não podem
ser revogados. Por isso, se a revogação de um
a.a. não tiver sido total, ainda pode ser revogado
na parte restante, pois essa parte produz efeitos.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 52


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Classificação do a.a.
- São ainda irrevogáveis os a.a. nas situações
referidas no artigo 167º nº 1 CPA – “quando a
irrevogabilidade resulte de disposição legal ou
quando resulte para a AP obrigações legais ou
direitos irrenunciáveis.”
- Além disso, também são irrevogáveis os a.a.
constitutivos de direitos, salvo se … nº 2 a), b), c)
e d) do art. 167º e nºs 4, 5 e 6

- Noção de atos constitutivos de direitos (para


efeitos de revogação e anulação) – artº 167 nº 3.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 53


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Classificação do a.a.
DA ANULAÇÃO - art. 168º CPA - Os a.a. podem
ser objeto de anulação dentro do prazo de 6 meses
a contar da data do conhecimento pelo órgão
competente da causa de invalidade …. Desde que
não tenha decorrido 5 anos a contar da data da
respetiva emissão – nº 1

Os atos constitutivos de direitos só podem ser


anulados no prazo de um ano, a contar da sua
emissão – nº 2

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Classificação do a.a.
- Ou, quando o a.a. constitutivo tenha sido
impugnado contenciosamente, só pode ser
anulado administrativamente até ao final da
discussão, isto é, até uma fase prévia ao
julgamento – nº 3

- Situações em que os atos constitutivos de direitos


podem ser anulados administrativamente no prazo
de 5 anos, a contar da respetiva emissão – nº 4

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Classificação do a.a.
- Nas situações referidas do nº 5 – quando o a.a.
seja inimpugável ( pelos particulares) isto é,
decorridos 3 meses após ser eficaz – artº 58º nº 1
b) CPTA, o a.a. só pode ser anulado administrati-
vamente.

- O nº 6 garante aos beneficiários de um a.a.


constitutivo de direitos o direito a uma
indemnização, desde que ….

- Ver/ler o nº 7 do mesmo artigo


Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 56
ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.

INICIATIVA DA REVOGAÇÃO OU ANULAÇÂO


- Oficiosamente, do próprio órgão competente; ou
- A pedido dos interessados, mediante reclamação
ou recurso – art. 169º nº 1 CPA
- COMPETÊNCIA PARA A REVOGAÇÃO - artº 169º
nº 2 CPA)
- Os seus autores, através da retratação
- Os superiores hierárquicos (ao abrigo do poder de
supervisão), desde que a competência do subalterno
não seja exclusiva

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 57


ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
- PARA A ANULAÇÃO artº 169º nº 3 CPA
- Os seus autores
- Os superiores hierárquicos

- PARA REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO


- Delegante, subdelegante, delegado subdelegado – no
âmbito da delegação e subdelegação – art. 169º nº 4
- Órgãos com poderes de superintendência ou órgãos
tutelares no âmbito da superintendência ou tutela
administrativa – artº 169º nº 5
- O órgão competente para a prática do a.a. nos casos de
vício de incompetência – art. 169º nº 6… revogação !?
Explicar … é invalidade, não é mérito …
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 58
ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
FORMA E FORMALISMO DO A. DE REVOGAÇÃO
OU ANULAÇÃO – art. 170º CPA
O a. de revogação ou anulação administrativa deve revestir
a forma legalmente exigida para o a. revogado – nº 1
- …. o ato de revogação ou de anulação deve revestir a
forma utilizada para a prática do a. revogado ou anulado
administrativamente – nº 2 – princípio do paralelismo da
forma … assim são publicados do mesmo modo …
- Em regra deve ser utilizado na prática do ato de
revogação e anulação as formalidades exigidas para a
prática do ato revogado ou anulado que …

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 59


ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
EFEITOS DA REVOGAÇÃO – artº 171º CPA
Em regra, a revogação tem efeitos ex nunc, isto é,
para futuro, mas
- O autor do ato pode, no próprio ato, atribuir-lhe
efeitos retroativos – ex tunc – com fundamento em
demérito ou inoportunidade, quando a
retroatividade seja favorável aos interessados ou
quando estes concordem expressamente e não
estejam em causa direitos ou interesses
indisponíveis – nº 1

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 60


ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
- A revogação de um ato revogatório só produz
efeitos repristinatórios se a lei ou o ato de
revogação assim expressamente o determinar – nº
2.

EFEITOS DA ANULAÇÃO
- Salvo se a lei dispuser de modo diferente, a
anulação administrativa produz efeitos retroativos
ex tunc - mas o autor da anulação pode atribuir-
lhe eficácia para o futuro, quando o ato se tenha
tornado inimpugável por via jurisdicional - art. 171º
nº 3
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 61
ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
- A anulação administrativa produz, em regra,
efeitos repristinatórios … art. 171. nº 4 CPA

CONSEQUÊNCIAS DA ANULAÇÃO – ART. 172º


CPA
- a AP tem do dever de reconstituir a situação que
existiria se o ato anulado não tivesse sido praticado,
bem como …. nº 1 . Para o efeito pode praticar atos
retroativos, desde que … nº 2 Ver restantes números

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 62


ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.

ALTERAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DOS ATOS


ADMINISTRATIVOS – art. 173º CPA

RETIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS -


art 174º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 63


ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.

• ATOS EFICAZES (executórios) e NÃO EFICAZES


(não executórios) (FA., vol.II, p. 263)
Um ato eficaz é um a.a. que está apto a produzir
efeitos

Ver arts. 155º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 64


ESTG 2017/2018
Classificação do a.a.
• ATOS DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA E ATOS
DE EXECUÇÃO DURADOURA (continuada) (FA.,
vol.II, p. 257/258)
Os efeitos de um a.a. de execução instantânea
(decisão de encerrar uma escola; ordem de
despejo) esgotam-se imediatamente
Os efeitos de um a.a. de execução duradoura
(licença concedida a um operador privado de
televisão) projetam-se ao longo do tempo

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 65


ESTG 2017/2018
A força jurídica do a.a.
O a.a. goza, nos termos da lei, de força própria e, por
isso, ele próprio pode estar na base de uma
execução, mas só nos casos previstos ... IMPTT
As obrigações e as limitações resultantes de um a.a. só
podem ser impostas coercivamente pela própria AP,
sem recurso prévio aos tribunais, nos casos e
segundo as formas e termos expressamente
previstos na lei, ou em caso de urgente necessidade
pública devidamente fundamentada – (apenas após
a lei prevista … qua ainda não existe), em
princípio, não há privilégio de execução prévia – art.
176.º CPA
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 66
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
(FA, VolI, p. 322-380)
A atividade administrativa não se esgota na tomada de
decisão – antes de cada decisão há toda uma série
de atos preparatórios (estudos, pareceres, vistorias,
exames, averiguações) ... e depois da tomada de
decisão há novos trâmites a observar (vistos,
aprovação, notificação aos interessados, publicação)

... a atividade administrativa caminha por fases ...


observância de formalidades, de trâmites, que se
sucedem numa certa sequência.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


67
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO

• NOÇÃO (FA., vol II, p. 265 e ss.)

Sucessão juridicamente ordenada (causal e


cronologicamente) de atos e formalidades
tendentes à formação, manifestação e
execução da vontade dos órgãos da AP – art.
1º do CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 68


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO

– Análise da noção:

• SUCESSÃO – os vários elementos que compõem


o procedimento administrativo encontram-se numa
dada sequência, numa dada ordem ... não se
encontram organizados de qualquer maneira ...
constituem uma sucessão, um encadeamento de
atos e formalidades

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


69
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• (Sucessão) JURIDICAMENTE ORDENADA – é a
lei que determina os atos a praticar e as
formalidades a observar; é a lei que determina a
ordem por que devem ser cumpridos e o momento
da prática de cada um ... as formalidades e
trâmites estão ligadas entre si de um modo causal,
pois há entre elas uma relação de causa e efeito
... cada um visa preparar o que lhe sucede e este
é a consequência do anterior; além disso estão
cronologicamente ordenadas, pois se uns visam
preparar os outros, necessariamente têm que os
anteceder ...
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
70
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• (Sequência de) ATOS (instauração do
procedimento, a suspensão do arguido) e
FORMALIDADES (o decurso do prazo, um
parecer).

• O procedimento administrativo tem por objeto “A


VONTADE DA AP” – isto é, um ato administrativo,
um contrato ou um regulamento.

• A FORMAÇÃO, MANIFESTAÇÃO E EXECUÇÃO


DA VONTADE DA AP – distinção entre
procedimentos, decisão e execução.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
71
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Procedimento administrativo é diferente de processo
administrativo FA, p. 268):
Artigo 1.º Definição
1. – Entende-se por procedimento administrativo a sucessão
ordenada de atos e formalidades tendentes à formação,
manifestação e execução da vontade dos órgãos da AP. - (é
uma noção do mundo jurídico)
2. – Entende-se por processo administrativo o conjunto de
documentos em que se traduzem os atos e formalidades que
integram o procedimento administrativo. - (é uma noção do
mundo físico; é o dossier) art. 1º nº 2 do CPA. Fala-se,
também em processo administrativo para referir o processo
junto dos tribunais administrativos.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 72


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• Objetivos da regulamentação do procedi-
mento administrativo - art. 267º CRP (FA.,
vol. II, p. 268/269)
– O procedimento administrativo visa:
• garantir uma melhor ponderação da decisão a
tomar, tendo em vista a prossecução do interesse
público legal;
• assegurar a participação dos particulares nas
decisões que lhes digam respeito; e, consequente-
mente;
• assegurar o respeito pelos direitos subjetivos e
interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 73
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• Princípios fundamentais do procedimento
administrativo (FA., vol. II, p. 274/)
– Princípio do carácter escrito – art. 150º CPA - em
regra. Ver artigo 64º - documentos e diligências e
integridade do processo administrativo.

– Princípio da simplificação do formalismo – a lei


fixa apenas algumas formalidades essenciais e deixa
para a AP as escolha de outras, conforme os casos e
as circunstâncias;

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 74


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da adequação procedimental
Intimamente ligado ao princípio da simplificação
está o princípio da adequação procedimental,
consagrado no art. 56º do CPA – que
estabelece que, na ausência de normas
imperativas, o responsável pela direção do
procedimento goza de poder discricionário
(poder de escolha) na estruturação do
procedimento – celebração de acordos
endoprocedimentais … art. 57º
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
75
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio do inquisitório – a AP não está
limitada pelo pedido do particular, é ativa,
pode adotar as medidas que entenda
necessárias tendo em vista promover a
satisfação dos interesses públicos postos por
lei a seu cargo – ler art. 58º CPA. Constituem
manifestações deste princípio as regras
contidas nos arts. 115º e ss. do CPA relativas
à instrução.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 76


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da celeridade – art. 59º CPA
Este princípio está intimamente ligado ao princípio
da boa administração (art. 5º CPA) ao princípio da
adequação procedimental (art. 56. CPA). Quem
dirige o procedimento deve providenciar por um
andamento rápido e eficaz do procedimento,
recusando e evitando tudo o que for impertinente e
dilatório … promovendo tudo o que for necessário
para que a decisão ocorra dentro do prazo
razoável

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 77


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da cooperação e da boa-fé
procedimental – art. 60º CPA – intimamente
ligado ao princípio da colaboração da AP com os
particulares (art. 11º CPA) e da boa fé (art. 5º) –
a cooperação deve ser permanente .... várias
cabeças pensam melhor que uma ...
Administração colaborante, dialogante ...; Os
interessados devem abster-se de requerer
diligências e de recorrer a expedientes dilatórios
… nº 2 art. 60º.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 78


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da utilização dos meios
eletrónicos . art. 61º CPA – este princípio é
um corolário do princípio da administração
eletrónica (art. 14º CPA), com a sua
consagração visa-se desmaterializar
fisicamente os procedimentos e processos
administrativos

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 79


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio do direito à informação – art. 268 n.º 1
CRP ... os particulares têm o direito de ser
informados não só no final do procedimento, mas a
qualquer momento do procedimento, se assim o
entenderem. REQUISITOS – o particular tem que
REQUERER; o particular tem que ser
DIRETAMENTE INTERESSADO. Se o direito à
informação for recusado, o particular, para além de
uma eventual indemnização, se for o caso, pode, se
tal recusa se verificou antes da decisão final,
impugnar o ato administrativo final invocando o vício
de procedimento por preterição de uma formalidade
essencial (o ato, neste caso, é anulável).
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 80
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
Este princípio está, também, consagrado no CPA, arts.
82º a 85º (CAPÍTULO IV - Do direito à informação -
Artigo 82.º Direito dos interessados à informação;
Artigo 83.º Consulta do processo e passagem de
certidões; Artigo 84.º Certidões independentes de
despacho; Artigo 85.º Extensão do direito de
informação)
Quando não seja dada integral satisfação aos pedidos
formulados no exercício deste direito à informação o
particular pode requerer a intimação da autoridade
administrativa competente – CPTA, arts. 104º a 108º

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 81


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da administração aberta ou do arquivo
aberto – art. 268º nº 2 CRP e art. 17º CPA –
independente de estar em curso qualquer
procedimento administrativo, todas as
pessoas têm o direito de acesso aos arquivos
e registos administrativos, dentro de limites
... (Comissão de Acesso aos Documentos
Administrativos (CADA) – lei que regula o
acesso à informação administrativa e
ambiental ( Lei n.º 26/2016, de 22 de
agosto)
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
82
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da participação dos particulares na
formação das decisões que lhes digam respeito –
art. 267º nº 5 CRP ...
Art. 12º CPA – os órgãos da AP devem assegurar “ ...
“.
Este princípio manifesta-se através:
• do direito de audiência dos particulares – arts. 121º e ss.
• do direito de formular sugestões e de prestar informações à
AP – art.11º nº 1
• do ónus dos interessados durante a fase de instrução dos
procedimentos – arts. 115 e ss., nomeadamente ónus da
prova (art. 116º), solicitação de provas aos interessados (art.
117º)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 83


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• direito de participação procedimental - Lei n.º 83/95, de
31 de agosto, retificada pela Declaração de Retificação n.º
4/95, de 12 de outubro e alterada pelo DL n.º 214-G/2015, de
02/10 – quando estão em causa interesses no âmbito da
saúde pública, do ambiente, da qualidade de vida, da
proteção do consumo de bens e serviços, do património
cultural e do domínio público (art. 1º nº 2). (São titulares do
direito procedimental de participação popular e do direito de
ação popular quaisquer cidadãos no gozo dos seus direitos
civis e políticos e associações e fundações defensoras dos
interesses previstos no artigo anterior, independentemente de
terem ou não interesse direto na demanda. São igualmente
titulares dos direitos referidos no número anterior as autarquias
locais em relação aos interesses de que sejam titulares
residentes na área da respetiva circunscrição (art. 2)).
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 84
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da decisão - art. 13º CPA ..... Art.
13º nº 2 - .... Como diz Vieira de Andrade ...
“exclui o dever de decisão quando a AP tenha
decidido expressamente há menos de 2 anos
pretensão idêntica, e obriga-a a, ao fim de 2
anos ou mais, reapreciar, se assim for
requerido, ainda que com os mesmos
fundamentos, os seus atos de indeferimento”.
Devendo a AP decidir … se não decide … o particular tem que interpor
uma ação administrativa para a condenação da AP à prática do a.a.
legalmente devido e ilegalmente omitido ou recusado – arts. 66º e ss.
CPTA.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 85
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Princípio da boa administração – art. 5º
CPA – a AP deve organizar-se de modo a
fazer uma utilização racional dos meios ao
seu dispor, simplificando, tanto quanto
possível, as suas operações e também o
relacionamento com os particulares. Deve
pautar-se por critérios de eficiência,
economicidade e celeridade
– Princípio da gratuitidade – art. 15º CPA ....
exceções
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 86
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• Espécies de Procedimentos (FA., vol. II, p.
285/287)
– Critério da iniciativa (art. 53º CPA)
• Procedimentos de iniciativa pública (p. ex. –
proced. destinado à realização de uma obra
pública, a abertura de um concurso para admissão
de uma pessoa, a realização de uma hasta
pública, proced. disciplinar ...)
• Procedimentos de iniciativa privada (proced.
iniciados a requerimento de um particular para obter uma
autorização, uma licença, uma pensão, um subsídio ...)
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 87
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Critério do objeto
• procedimentos decisórios – visam preparar a
prática de um ato (a.a., regulamento ou contrato)
da AP

• procedimentos executivos – visam dar execução a


um ato da AP – ex. proced. pelo qual a AP
promove a demolição de um prédio que ameaça
ruína, quando o particular não cumpra a ordem de
demolição que lhe foi feita

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 88


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Outro critério
• procedimento comum – é regulado pelo CPA e
deve ser seguido em todos os casos em que não
haja legislação especial aplicável

• procedimentos especiais – são regulados em leis


especiais (ex. procedimento de formação dos
contratos administrativos – CCP (Código dos Contratos
Públicos); procedimento disciplinar (Lei Geral do Trabalho em
Funções Públicas).

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


89
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO

Estes procedimentos embora estejam sujeitos às


regras constantes de legislação especial, são-lhes
também aplicáveis as disposições do CPA,
“designadamente as garantias nele reconhecidas
aos particulares, aplicam-se subsidiariamente aos
procedimentos administrativos especiais” - (art.
2º nº 5 CPA)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 90


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO

• Relação jurídica Procedimental

– Sujeitos da relação jurídica procedimental –


art. 65º CPA

– Auxílio administrativo – art. 66º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 91


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Capacidade procedimental dos particulares –
art. 67º CPA

– Legitimidade procedimental – art. 68º CPA

(Qual a diferença em capacidade e legitimidade


procedimental?)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 92


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Das garantias de imparcialidade – arts. 69º a
76º CPA
IMPEDIMENTO
- Casos de impedimento – art. 69º
- arguição e declaração do impedimento – art.
70º
- Efeitos da arguição do impedimento …
suspender … até à decisão do incidente artº 71º
- efeitos da declaração de impedimento
substituição – art. 72º
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 93
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO

ESCUSA E SUSPEIÇÃO
- Fundamentos – artº 73º
- Formulação do pedido – art. 74º
- Decisão sobre a escusa e suspeição – art.
75º

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 94


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
Violação das regras acabadas de referir art. 76ª
CPA :
- Os atos administrativos são anuláveis – art.
76º CPA – vício de falta de legitimidade do
órgão para agir
- A omissão do dever de comunicação do
impedimento constitui falta grave para efeitos
disciplinares
- …..

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 95


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Conferência procedimental – arts 77º a 81º
CPA
• Quando exista, é mais uma fase do procedimento
• Destina-se ao exercício em comum ou conjugado
das competências de diversos órgãos da AP
• Diz respeito a um único procedimento complexo
ou a vários procedimentos conexos
• Dirige-se à tomada de uma única decisão, ou
• À adoção de várias decisões conjugadas, isto é de
vários atos administrativos autónomos;

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 96


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
• A conferência pode ser deliberativa – destinada ao
exercício conjunto das competências decisórias
dos órgãos participantes, através de um único ato
de conteúdo complexo, que substitui a prática, por
cada um deles, de a.a. autónomos – art. 77º nº 3
a) CPA
• A conferência pode ser de coordenação, destinada
a exercício individualizado, mas simultâneo, das
competências dos órgãos participantes, através da
prática, por cada um deles de a.a. autónomos – art
77 nº 3 b)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 97


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Os prazos – arts. - 86º a 88º CPA
Prazo geral para a prática de atos por parte dos
órgãos administrativos é de 10 dias
• Também de 10 dias o prazo para os interessados
requererem ou praticarem quaisquer atos …
• Contagem - art 87º CPA
• Começa a contar independentemente de qualquer
formalidade
– Não se inclui o dia do evento
– Suspende aos sábados, domingos e feriados …..
• Dilação – art. 88º CPA
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 98
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Medidas provisórias – arts. 89º e 90º CPA
• Podem ser adotadas em qualquer fase do
procedimento … visam evitar situações de facto
consumado ou a produção de prejuízos de difícil
reparação para os interesses públicos ou privados em
jogo … – art. 89 nº 1; a sua adoção ou alteração tem
que ser fundamentada, assim como a sua revogação;
podem ser objeto de impugnação contenciosa ou
administrativa – nºs. 2 a 4 do art. 89º CPA
• Caducam nas hipóteses referidas no art. 90º

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 99


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Pareceres – arts. 91º e 92º do CPA
• Espécies – obrigatórios ou facultativos / vinculati-
vos ou não vinculativos … - art. 91º nº 1
• Regra – são obrigatórios e não vinculativos – nº 2

• Forma e prazos dos pareceres – art. 92º CPA

A falta de um parecer obrigatório faz com que o


ato seja inválido – vício de procedimento e a
sanção é a regra – anulabilidade.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 100


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
– Extinção do procedimento – art. 93º a 95º
CPA
• Decisão – arts. 93º e 94 CPA

• Impossibilidade ou inutilidade superveniente – art.


95º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 101


ESTG 2017/2018
Procedimento do
Regulamento

• Esta matéria já foi lecionada a propósito


do regulamento

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 102


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• O procedimento decisório de 1º grau – as
fases (FA., vol. II, p. 287/300)
– A – fase inicial (iniciativa) – arts. 102º a 109º CPA
– B – fase de instrução – arts. 115º a 120º CPA
– C – fase de audiência dos interessados art. 121º a 125º
CPA
– D – fase de preparação da decisão – art. 126º CPA
– E – fase da decisão – arts. 127 a 133º e 93º a 95º CPA
– F – fase complementar ou integrativa de eficácia

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 103


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• A – FASE INICIAL - arts. 102º a 109º CPA
– Art. 53º CPA – iniciativa oficiosa - da AP - através de um
ato interno. Neste caso deverá haver comunicação/
notificação aos interessados – art. 110º nº 1 e 3 CPA
– iniciativa do particular, a solicitação dos interessados
através de um requerimento. Neste caso, o
procedimento inicia-se através de um requerimento,
escrito de que conste ... art. 102º nº 1 CPA
Excecionalmente a lei poderá admitir a formulação
verbal do pedido – art. 102º nº 1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 104


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
O órgão deve começar por ver se é competente – art. 40º
CPA
Se o requerimento for apresentado a órgão incompetente-
ver art. 41º nº 1 CPA.
O requerimento pode ser apresentado nos serviços dos
órgãos a que são dirigidos (local de apresentação) –
arts. 103º CPA, e ser entregue pessoalmente ou enviado
pelo correio, com aviso de receção, ou … (forma de
apresentação) – art. 104º.
Uma vez apresentado, o requerimento deve ser registado
– art. 105º CPA e, se o requerente o solicitar, ser-lhe-á
passado um recibo – art. 106º CPA
O art. 108º CPA estabelece as regras relativas à
“deficiência do requerimento inicial”.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 105
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Logo após a entrada, o requerimento pode ser:
- objeto de despacho de indeferimento liminar
(rejeição), se o requerente não estiver identificado
ou se o pedido for ininteligível – art. 108 nº 3 CPA;
- objeto de um despacho de aperfeiçoamento –
art. 108 nº 1 CPA
Nas hipóteses previstas no nº 2 do art. 108 cabe à
AP, suprir oficiosamente as deficiências (nas demais
situações (nº 1) não pode de todo suprir as deficiências, cabe aos
particulares, sob pena de ilegalidade)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 106


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Da fase inicial pode ainda fazer parte a tomada de
medidas provisórias – art. 89º CPA – “em qualquer
fase do procedimento ...”, portanto sempre que
haja justo receio de, sem tais medidas, se
constituir uma situação de facto consumado ou se
produzirem prejuízos de difícil reparação ... aos
interesses públicos ou privados em”. Esta
possibilidade já estava prevista para alguns
procedimentos antes do CPA, com este estendeu-
se a todos os procedimentos em que se torne
necessário a sua adoção - ex. suspensão
preventiva do arguido no procedimento disciplinar.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
107
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

– Questões prejudiciais – art. 109º CPA

– Das notificações – ver arts. 110º a 114º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 108


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• B – FASE DA INSTRUÇÃO
– Destina-se a averiguar os factos que interessam à
decisão final e, nomeadamente, à recolha das provas
que se mostrem necessárias – arts. 115º a 120º CPA
– Nesta fase o princípio que impera é o do inquisitório (art.
58º CPA)
– O instrutor / responsável pela direção do procedimento
pode ser o órgão competente para a decisão final, ou
aquele a quem ele delegue a competência para o efeito
– art. 55º CPA
– São admissíveis todos os meios de prova admitidos em
direito – art. 115º nº 1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 109


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• Regras relativas à prova:
- dever de averiguação dos factos por parte da AP – art. 115º
nº 1 1ª parte CPA;
- admissão ampla de meios probatórios – art. 115º nº 1
parte final CPA;
- livre apreciação da prova – art. 119º nº 2 CPA;
- desnecessidade de prova ou alegação de factos públicos
ou notórios ou dos que o órgão, por força do exercício das
suas funções, tenha conhecimento – art. – art. 115º nº 2
CPA;
- ónus da prova a cargo dos interessados relativamente a
factos que aleguem, sem prejuízo do dever geral de
averiguação a cargo da AP – arts. 116º e 117º CPA.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha ESTG 110


2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• C – FASE DA AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS
– arts. 121º a 124º CPA

É uma das faces dos princípios da colaboração da


AP com os particulares – art. 11º nº 1 CPA e da
participação dos interessados – art. 12º CPA e art.
267º nº 5 CRP “participação dos cidadãos na
formação das decisões ou deliberações que lhes
disserem respeito”.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


111
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

Tradicionalmente – “requerimento/instrução
(informação dos serviços)/decisão final”.

Hoje – “requerimento/instrução (informação dos


serviços)/ audiência dos interessados/ decisão
final”.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 112


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

A audiência dos interessados implica a:

- notificação dos interessados “para dizerem


o que se lhes oferecer” – art. 122º nº 1 in fine
CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 113


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Para que o particular possa exercer o direito de
ser ouvido deve ser informado sobre o
sentido provável da decisão - art. 121º nº 1) –
para o efeito é notificado do projeto de
decisão art. 122º nº 2 CPA, isto é, sobre se a
decisão projetada é favorável ou desfavorável
aos interessados. Segundo Freitas do Amaral, o
sentido provável da decisão deve ser
acompanhado de fundamentação para que os
interessados na audiência possam contra-
argumentar
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 114
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Quando tem lugar a audiência – em regra,
sempre que a AP se incline para uma decisão
desfavorável aos interessados – art. 124º nº 1
f) a contrario CPA e sempre antes da tomada
de decisão – art. 121º nº 1 CPA.
Há casos em que a audiência prévia dos inte-
ressados é dispensada. Isto é, o responsável
pela direção do procedimento pode não
proceder à audiência - art. 124º nº 1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 115


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Modalidades de audiência dos interessados – art. 122º
nº 1 CPA:
- escrita
- oral
Cabe ao responsável pela direção do procedimento o
poder discricionário de optar entre uma ou outra.
Aos interessados é dado um prazo não inferior a 10
dias – logo igual ou superior – para dizerem o que se
lhes oferecer
Audiência oral – art 123º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 116


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

Falta da audiência prévia dos interessados – é


uma ilegalidade nos casos em que é
obrigatória – o ato final enfermará de um
vício de procedimento por preterição de
uma formalidade essencial, sanção
anulabilidade

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 117


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• D – FASE DE PREPARAÇÃO DA DECISÃO – art.
126º CPA

Há autores que não autonomizam esta fase (bem


assim como a anterior, que consideram incluídas
na fase preparatória – onde destacam a fase de
instrução, a audiência dos interessados e a
preparação da decisão).

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 118


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Nesta fase, o responsável pela direção do procedimento
vai analisar todo o procedimento desde o início, isto é,
o pedido que foi feito, a prova recolhida na instrução e
os argumentos aduzidos pelo particular na audiência
dos interessados. De seguida (quando não for o órgão
competente para a decisão final), elabora um
RELATÓRIO em que indica o pedido do interessado,
resume o conteúdo do procedimento, incluindo a
fundamentação da dispensa da audiência dos
interessados, quando for o caso, e formula uma
proposta de decisão sintetizando as razões de facto e
de direito que a justificam – art. 126º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 119


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• E – FASE DA DECISÃO (CONSTITUTIVA) – art
127º a 133º CPA
O órgão competente para decidir toma a decisão
final, que pode ser a prática de um a.a. ou a
celebração de um contrato (devido aos acordos
endoprocedimentais previstos no art. 57º nº 3 do
CPA) – arts. 127º CPA
O órgão competente para decidir pode ser
- um órgão singular
- um órgão colegial – tem que respeitar as regras
...

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 120


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
– Prazos para a decisão do procedimento – art,
128º CPA
• Procedimentos de iniciativa de particulares, devem
ser decididos no prazo de 90 dias, salvo … - nºs 1
a4
• O não cumprimento dos prazos pode originar
responsabilidade disciplinar do prevaricador – nº 5
• Os procedimentos de iniciativa oficiosa que podem
levar a uma decisão desfavorável para os
interessados caducam no prazo de 180 dias – nº 6

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


121
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
– Incumprimento do dever de decisão (art. 13º)
– art. 129º CPA – confere ao particular a
possibilidade de recorrer aos meios de tutela
administrativa e jurisdicional adequados –
nomeadamente lançar mão da ação para a
condenação da AP à prática do ato
legalmente devido e ilegalmente omitido – art.
268º nº 4 CRP e art. 66 e ss. CPTA.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 122


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Para além da decisão final (art. 93º CPA) são
previstas para o a.a. outras causas de extinção do
procedimento administrativo, a saber:

- formação de ato tácito de deferimento (quando a


lei ou o regulamento determine que a ausência de
notificação da decisão final tem o valor de
deferimento) – art. 130º nº 1 do CPA.
- há deferimento tácito se a notificação de a.a. não
for expedida até ao 1º dia útil seguinte ao termo do
prazo da decisão – nº 2

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 123


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

- desistência do pedido – art. 131º CPA;


- renúncia por parte dos interessados aos direitos
ou interesses que pretendiam fazer valer – art.
131º CPA;
- deserção dos interessados – art. 132º CPA;
- impossibilidade ou inutilidade superveniente do
procedimento – art. 95º CPA;
- falta de pagamento de taxas ou despesas – art.
133º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 124


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
– Comunicações prévias – art. 134º CPA
O CPA prevê a possibilidade de se obter os efeitos de
um a.a. sem que o mesmo seja emitido pela AP e sem
que decorra um qualquer procedimento administrativo.
Assim determinado efeito jurídico-administrativo pode
decorrer diretamente da mera comunicação prévia pelo
interessado à AP de que preenche os requisitos
tipificados na lei para a verificação desses efeitos –
neste caso não há nem procedimento nem a.a. – nº 1.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 125


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
EXEMPLO:
Art. 34. n.º 2 RJUE - A comunicação prévia consiste numa
declaração que, desde que corretamente instruída, permite ao
interessado proceder imediatamente à realização de
determinadas operações urbanísticas após o pagamento das
taxas devidas, dispensando a prática de quaisquer atos
permissivos.
Exemplo de operação urbanística sujeita a comunicação prévia
art. 4º n.º 4 alínea c) RJUE - obras de construção em área
abrangida por operação de loteamento.
Os requisito para a correta instrução do processo estão
regulamentados na Portaria n.º 113/2015, de 22 de abril

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 126


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Ou a mera comunicação prévia apenas produz efeitos
jurídicos positivos benéficos para os interessados em
caso de não pronúncia negativa pelo órgão
competente, no prazo estabelecido na lei – nº 2. Neste
caso não se trata de um ato tácito de deferimento – nº 3

Exemplo - Artigo 11.º n.º 2 RJUE - No prazo de oito dias a


contar da apresentação do requerimento, o presidente da câmara
municipal profere despacho: de aperfeiçoamento do pedido; de
rejeição liminar ou ....

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


127
ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

Art. 11.º n.º 5 RJUE - Não ocorrendo rejeição liminar ou


convite para corrigir ou completar o pedido ou comunicação,
no prazo previsto no n.º 2, presume-se que o requerimento ou
comunicação se encontram corretamente instruídos.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 128


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• F – FASE COMPLEMENTAR – FASE INTEGRA-
TIVA DE EFICÁCIA
Já há decisão, o ato já está perfeito, mas ainda não
pode começar a produzir os seus efeitos. Para
tanto é necessário que sejam adotados certos atos
e formalidades posteriores à decisão final –
aprovação tutelar, visto do tribunal de contas,
publicação no DR, ou Boletim da Autarquia, ou
afixação edital, notificação ...

Enquanto não ocorrer esta fase o ato é


juridicamente INEFICAZ

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 129


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO

Nesta fase pode haver:


- a. de controlo preventivo – ex. aprovação
- a. de adesão ou aceitação – a. recetícios
- outros requisitos de eficácia – publicação, notificação,
sinais gráficos ou luminosos

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 130


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• O procedimento executivo – art. 175º e ss.
CPA – remissão - (FA., vol. II, p. 419 e ss.)

Vamos estudar mais adiante

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 131


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
• A atuação da AP com desrespeito das
regras procedimentais – o estado de
necessidade e a urgência (FA., vol. II, p. 304-
308)
– Art. 3 nº 2 CPA
Desde que se verifiquem os requisitos do estado de
necessidade por nós estudados (estudantes rever
– objeto de avaliação) a AP pode desrespeitar as
normas do CPA - é, por isso, uma causa de exclusão da
ilicitude

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 132


ESTG 2017/2018
PROCEDIMENTO do ATO
ADMINISTRATIVO
Noção de urgência (FA, VolI, p. 305) – situação da
vida real em que, pela sua especial gravidade ou
perigosidade, a AP tem o poder legal de efetuar
uma intervenção imediata, sob pena de, se for
mais demorada, se frustrar a possibilidade de
atingir os fins de interesse público – now or never
Exemplos de urgência:
- arts. 26 nº 2 e 71 nº 2 CPA
- arts. 100, 124 nº 1 a) e 176 nº 1 CPA
A atuação administrativa urgente está sempre prevista na lei. É
uma atuação legal especial, integrada no normal agir da AP, e
não uma atuação excecional

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


133
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Antes, uma palavra sobre a inexistência (FA,
363/365)
Hoje, a inexistência é considerada por muitos como
sem interesse, desadequada e desnecessária.
Praticamente se confunde com a nulidade. FA tem
opinião diferente.
De qualquer modo, um a.a. inexistente ou nulo não
produz quaisquer efeitos … no entanto, hoje, o ato
nulo pode ser aproveitado através da reforma ou da
conversão, não sendo tal possível para os atos
juridicamente inexistentes (… daí FA considerar que
se justifica fazermos a diferenciação).

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 134


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• Validade do a.a. (FA, p. 309/324.)
– Noção – é a capacidade de o a.a. produzir,
ab initio, os seus efeitos jurídicos de modo
estável e consistente (desde que se tenham
verificado também os requisitos de eficácia)
ou
É a aptidão intrínseca do a.a. para produzir os
efeitos jurídicos correspondentes ao tipo legal
a que pertence, em consequência da sua
conformidade com a ordem jurídica (FA, 309)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 135


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– A invalidade é, pois, a inaptidão intrínseca do
a.a. para a produção de efeitos, decorrente
de uma ofensa da ordem jurídica. Pode ser :
• Absoluta – nulidade
• Relativa – anulabilidade

Não obstante o a.a. ser um todo indivisível, para


facilidade e comodidade de estudo, vamos “dividi-
lo” em vários elementos, elementos esses que, no
seu conjunto, constituem a estrutura do a.a.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 136


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Assim, vamos estudar os requisitos de
validade do a.a. em relação a:
• Os sujeitos;
• (Os pressupostos)
• O conteúdo
• O objeto
• A forma
• O procedimento
• O fim

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 137


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Os sujeitos – são, por um lado, o órgão que
pratica o a.a. e, por outro lado, o(s) seu(s)
destinatário(s). Os requisitos de validade
relativos aos sujeitos são:

Quanto ao órgão:
• Competência
• Legitimação ou legitimidade do órgão para agir

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 138


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• Competência
- O órgão tem que ser competente em abstrato, isto
é, o ato tem que se inscrever no âmbito das
atribuições da pessoa coletiva a que pertence o
órgão seu autor (tipo de ato)
- O órgão tem que ser competente em concreto ou
em razão da matéria, isto é, tem que ter
competência para a prática do a.a. em causa
- O órgão tem que ser competente em razão da
hierarquia

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 139


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- O órgão tem que ser competente em razão do
local
- Há que ter em linha de conta os casos de
competência conjunta (1 só é incompetente)
- E a delegação de poderes (se não corretamente
estabelecida, nomeadamente quando ainda não
publicada, o órgão delegado é incompetente)

Se o órgão não é competente, se não tinha poderes


para praticar o a.a., o ato enferma do vício de
incompetência
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 140
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
O vício de incompetência pode ter 3 gradações:

- Vício de incompetência relativa - .... violação de


competência .... anulabilidade .... um órgão de
uma pessoa coletiva pratica um ato que é da
competência de outro órgão da mesma pessoa
coletiva; ou os órgão pertencem ao mesmo
Ministério ....
O ato pode ser convalidado pela ratificação .....

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 141


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- Vício de incompetência absoluta - ... violação de
atribuições ... nulidade, art. 161º nº 2 b) CPA
... um órgão de uma pessoa coletiva pratica um
ato que é da competência de outro órgão de outra
pessoa coletiva; ou trata-se de órgãos de
diferentes Ministérios

- Vício de usurpação de poderes - ... violação do


princípio da separação de poderes ... nulidade, art.
161º nº 2 a) CPA... um órgão administrativo pratica
um a. da competência, p. ex., dos tribunais

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 142


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
(FA, p. 311)

O art. 10º nº 1 a 5 do CPTA, considera autora do a.a. a


pessoa coletiva cujo órgão o praticou.
“Quem pratica o ato é o órgão; mas a vontade por este
manifestada é imputada à pessoa coletiva cujo órgão se
pronunciou. Assim, a autoria real é do órgão – do seu(s)
titular(es), mas a autoria jurídica é imputada por lei à
pessoa coletiva”.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 143


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• A legitimação
Para que um órgão respeite os requisitos de
validade relativos ao sujeito, não basta que seja
competente. É, também, necessário que possa
exercer a competência, isto é, que esteja
legitimado para exercer, nessa situação concreta,
a sua competência. Normalmente o órgão é
competente e tem legitimidade para agir, mas há
casos em que o exercício da competência
depende, por exemplo:

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 144


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- Da autorização de um outro órgão (autorização
constitutiva de legitimidade)
- Da investidura dos titulares do órgão – o órgão é o
competente, mas não a pode exercer enquanto os
seus titulares não estiverem legalmente investidos
nas suas funções (p.ex. se se tratar de órgão colegial tem
que estar regularmente constituído, tem que ter sido regularmente
convocado e tem que estar em condições de funcionar legalmente
(quórum))
Há que ter também em linha de conta a :
- Avocação – o superior hierárquico ou delegante chamam a si a
resolução de um caso concreto, por isso, apesar de ser
competente, o órgão não tem legitimidade para agir ...
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 145
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- Os casos em que a competência está temporal-
mente limitada – a lei define um prazo para o
exercício da competência, daí que o seu exercício
antes ou depois desse prazo, leva a que o órgão
não tenha legitimidade para agir
- Os casos em que o agente está, por lei, impedido
de participar no procedimento que culmina com a
prática do a.a. – art. 69º do CPA

Vício de falta de legitimidade ou legitimação do


órgão ... anulabilidade

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 146


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

Quanto ao(s) destinatário(s)

A lei exige que sejam identificados de forma


adequada – arts. 102 nº 1 b) e 151º nº 1 b) CPA –
ou seja, pelo nome e morada, se possível
números de identificação civil e fiscal ou de modo
a poder determinar-se com segurança quem é o
destinatário

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 147


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Pressupostos (não são um elemento do a.a. …)
Noção – são as circunstâncias de facto e/ou de
direito que indiciam a existência de uma
necessidade pública (real e concreta) a satisfazer
e, por isso, legitimam o exercício de uma
competência e consequente prática de um a.a.
Não é pelo facto de o órgão ser competente, que
pode exercer a competência, ele só a pode
exercer quando exista na vida real uma
necessidade pública que tenha que ser satisfeita
através de 1 a.a.; ... para a satisfação de
necessidades concretas, reais, sentidas

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 148


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Por vezes, o legislador indica, expressamente, quais
as circunstâncias de facto e/ou de direito que têm
que se verificar para que o a.a. possa ser
validamente praticado – pressupostos vinculados

Outras vezes, o legislador limita-se a indicar a


necessidade pública a ser satisfeita, deixando ao
órgão competente o poder discricionário de
escolher as circunstâncias de facto que, no seu
entender, demonstram a existência dessa
necessidade ... – pressupostos discricionários
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
149
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Nestes casos, é o órgão que vai escolher as
circunstâncias de facto que vão servir de
pressuposto do a.a.. Na fundamentação, o órgão
deve indicar essas circunstâncias (justificação)

Se os factos dados como ocorridos (nos dois casos)


não tiverem ocorrido, ou forem mal qualificados, o
a.a. é anulável – vício de violação de lei –
sanção regra, anulabilidade

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 150


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Conteúdo
Noção – são os efeitos jurídicos que o a.a. visa
produzir
Requisitos:
- o conteúdo tem que ser certo e determinado
(inteligível, preciso) – sob pena de vício de
violação de lei – sanção: nulidade – art.
161º nº 2 c) CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 151


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

- O conteúdo tem que ser legal (tem que estar


permitido por lei), sob pena de vício de
violação de lei – sanção: anulabilidade

- O conteúdo tem que ser possível, sob pena


de vício de violação e lei – sanção: nulidade,
art. 161º nº 2 c) CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 152


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

- O conteúdo de um a.a. não pode, sob pena de vício


de violação de lei - sanção nulidade:
- constituir um crime – art. 161º nº 2 c) CPA;
- ofender o conteúdo essencial de um direito
fundamental – art. 161º nº 2 d) CPA,
- nem desrespeitar as sentenças dos tribunais
transitadas em julgado – art. 161º nº 2 i) CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 153


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
O conteúdo pode ser:
- essencial ou típico ou necessário – efeitos
típicos de um a.a.
- eventual ou facultativo ou acessório –
constituído pelas cláusulas acessórias – art.
149º CPA
- condição
- termo
- modo
- reserva
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 154
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
As cláusulas acessórias são possíveis?
São, desde que a lei não as proíba, sejam compatíveis
com o fim do a.a., tenham relação direta com o
conteúdo principal do a.a. e respeitem os princípios
gerais da atividade administrativa, nomeadamente o
principio da proporcionalidade – nº 1 do art. 149º
CPA
Condição – Arts. 149º, 145º e 157º CPA .. evento
futuro e de verificação incerta ...
- suspensiva - ... início da produção dos efeitos ....
- resolutiva - ... o a.a. deixa de produzir efeitos ...
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
155
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

Termo - arts . 149º, 145º e 157º CPA ... evento futuro


mas certo
- inicial ou suspensivo - ... início da produção dos
efeitos ....
- final ou resolutivo - ... o a.a. deixa de produzir
efeitos ...
Modo – art. 149º - CPA é um encargo adjacente que a
AP apõe ao destinatário de um a.a. favorável. Pode
consistir numa obrigação de fazer, de não fazer ou de
suportar algo
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 156
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

IMP - O modo (encargo) não interfere com a eficácia do


a.a.. Se o encargo não for cumprido voluntariamente
a AP pode obrigar o destinatário a cumpri-lo ... em
último recurso utiliza a via judicial ...
A cláusula do modo tem que ser devidamente
fundamentada; o encargo tem que ser proporcional à
vantagem
Ver art. 149º nº 1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 157


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Reserva: a AP “fica” com o direito de posteriormente
interferir no conteúdo do a.a..
Pode ser reserva de revogação ou de modo

Reserva de revogação – pode ser aposta a um a.a.


constitutivo de direitos ou interesses legalmente
protegidos válido (que é, como sabemos,
irrevogável), para que mais tarde a AP possa revogá-
lo por razões de interesse público – art. 167 nº 2 d)
CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


158
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

Reserva de modo – é uma cláusula aposta a um a.a.


favorável, através da qual a AP mantém (se reserva)
o direito de, mais tarde, poder impor ao destinatário
desse a.a. um encargo

Ver arts. 149 nº 1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


159
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

– Objeto
Noção – é a realidade sobre a qual vão incidir
os efeitos de um a.a.. Pode ser uma pessoa
(contratação de um funcionário), uma coisa
(demolição de um prédio), um animal (ordem
de abate de vacas loucas) ou um ato
administrativo (a. de ratificação de um a.
anulável)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 160


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Requisitos
O objeto tem que ser:
- certo, isto é, estar devidamente determinado, de
modo a que seja inteligível, sob pena de vício de
violação de lei; sanção – nulidade – art. 161º nº 2
c) CPA
- legal – isto é, tem que obedecer às caraterísticas
exigidas na lei; tem que obedecer ao modelo legal.
Ex. nomeação de um licenciado em história, quando
a lei exige licenciatura em psicologia. Vício de
violação de lei; sanção - anulabilidade
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
161
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- Possível – se for impossível (chamar para
uma consulta alguém que já faleceu) – vício
de violação de lei; sanção – nulidade – art.
161º nº 2 c) CPA e 280º CC
RESUMINDO: QUANTO AOS PRESSUPOS-
TOS, CONTEÚDO, OBJETO E PRINCÍPIOS
GERAIS DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
– vício de violação de lei – sanção regra,
anulabilidade, salvo se o CPA ou a lei
estabelecer a nulidade
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 162
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Forma
Noção – forma é o modo como se manifesta ou
exterioriza a vontade administrativa

Relativamente à forma vamos distinguir:


- a forma propriamente dita
- a fundamentação do a.a.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 163


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• A forma propriamente dita
No mínimo os a.a. administrativos devem ter a forma
escrita. Só não será assim quando da lei ou da
natureza (ordens de polícia) e circunstâncias (a.
praticados em estado de necessidade) do a.a. resulte
outra forma – art. 150º nº 1 CPA. A forma escrita só é
obrigatória para os atos dos órgãos colegiais quando a
lei o determinar – art. 150º nº 2 CPA
Por vezes, a lei exige não só a forma escrita, mas uma forma
mais solene para o documento que o consubstancia. É o que
acontece, p. ex., em relação a certos atos do Governo,
quando a lei determina, expressamente, que tenham a forma
X (decreto, que tem que ser assinado pelo PR, ou a
Resolução do CM ou a portaria ... )

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


164
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Quando o a.a. não assume a forma exigida por lei –
enferma do vício de forma – sanção – nulidade
– art. 161º nº 2 g) CPA - … que careçam em
absoluto de forma legal

Há a.a. que não têm forma, nem escrita nem oral –


são as declarações anómalas:
- atos tácitos ou silentes
- atos concludentes
- atos implícitos

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


165
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• atos tácitos ou silentes – são a.a. que resultam do
silêncio da AP (FA p. 300/302)
Se um particular apresenta:
- Um requerimento
- Dirigido e entregue ao órgão administrativo
competente
- O órgão administrativo está em condições legais e
físicas para se pronunciar
- O órgão competente está juridicamente obrigado a
pronunciar-se, isto é, não goza de poder
discricionário quanto ao momento
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 166
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- Decorre o espaço de tempo definido na lei, em
regra 90 dias (... ver art. 130º CPA. Considera-se
que há deferimento tácito se a notificação do ato
não for expedida até ao primeiro dia útil seguinte
ao termo do prazo da decisão).
Hoje o CPA apenas prevê os atos tácitos de
deferimento – art. 130º
Os atos tácitos de deferimento são verdadeiros a.a.
para todos os efeitos, nomeadamente, para efeitos
de recurso contencioso e de revogação / anulação
(...sujeitos, por isso, ao regime de revogação e
anulação dos atos favoráveis)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 167


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• atos concludentes – são a.a. que resultam doutros
a.a. - ex. da escolha de um concorrente num
concurso público, decorre a não escolha dos
demais concorrentes.

Estes a.a. não têm autonomia estrutural relativa-


mente ao a.a. expresso. Têm diversos elementos
em comum ... Se queremos impugnar o a.
concludente temos que impugnar o a. expresso

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 168


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• atos implícitos – são a.a. que se deduzem da
execução de um a.a.

Estes atos, por força do art. 177º nº 2 CPA, só


podem surgir em situações de estado de
necessidade

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


169
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

• Do a.a. devem sempre constar as menções


referidas no art. 151º nsº 1 e 2 CPA (relembrar o
que já foi estudado)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


170
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• A fundamentação – arts. 152º a 154º CPA (FA,
Vol. II, pp. 314-320)

Noção – é a enunciação explícita das razões que


levaram a AP a praticar um a.a. com aquele
conteúdo

Razões da consagração legal da fundamentação:


- Interesse público na legalidade da atuação
administrativa ...
- Facilita o autocontrolo administrativo ...
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 171
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
- Facilita o recurso por parte dos particulares ....
- Mais fácil aceitação dos a.a. pelos seus
destinatários

O objetivo essencial e imediato da fundamentação é


esclarecer a motivação do a.a. e permitir a
reconstituição do iter cognoscitivo que determinou
a adoção de um a.a. com determinado conteúdo

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


172
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Atos sujeitos a fundamentação – art. 152º nº 1 CPA
... atos desfavoráveis aos destinatários e atos
resultantes do exercício do poder discricionário ...
Dispensa de fundamentação – art. 152º nº 2 CPA
– IMP ....

Requisitos da fundamentação – art. 153º CPA


Indicação das razões de facto e de direito ...
Expressa ... Sucinta .... Clara ... Congruente ou
lógica ... Suficiente ...

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


173
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Uma fundamentação mal feita equivale à falta de
fundamentação – vício de forma –
anulabilidade
Fundamentação dos atos orais – art. 154º CPA (...
Deliberações dos órgãos colegiais, ordem policial
– a AP deve satisfazer o pedido no prazo de 10
dias ( ... arts. 60º e 104º CPTA)

IMP – e se a fundamentação estiver legalmente


bem feita, mas os fundamentos invocados não
forem exatos? Verdadeiros? ( ... Pressupostos)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 174


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Procedimento (já estudamos)
Noção: procedimento administrativo é a
sucessão ordenada de atos e formalidades
tendentes à formação, manifestação e
execução da vontade dos órgãos da
Administração Pública.

Os a.a. raramente são instantâneos

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 175


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Normalmente, um a.a. só pode ser validamente
praticado depois de ter sido observado um
conjunto de formalidades, trâmites, a.
preparatórios (estudos, vistorias, pareceres,
audiência dos interessados ...) ... que
constituem, no seu conjunto, o procedimento
administrativo e de cuja observância a lei faz
depender a sua validade
..... Vício de procedimento ... sanção –
anulabilidade
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 176
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

Estudar slides relativos ao procedimento


administrativo

Falar de novo nos pareceres – arts. 91º e 92º


CPA – nas vistorias ....

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 177


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

• As formalidades – NOÇÃO - trâmites que a lei


manda observar tendo em vista garantir a correta
formação da decisão administrativa e o respeito
pelos direitos subjetivos ou interesses legalmente
protegidos dos particulares

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


178
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
• As formalidades podem ser:
- essenciais
- relativamente essenciais (supríveis)
- absolutamente essenciais (insupríveis)
- não essenciais (dispensáveis)

As formalidades relativamente essenciais são


aquelas que, se forem preteridas, implicam, em
princípio, a anulabilidade do a.a..

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


179
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.

No entanto, se o resultado que o legislador visava


com a formalidade tiver sido alcançado, por outra
via, em toda a sua extensão, a sua preterição não
prejudica a validade do a.a.
Ex.: falta de convocatória para uma reunião de um
órgão colegial ... se todos comparecerem ...
conhecerem a ordem de trabalhos e os dossiers
.... e ninguém se opuser à realização da reunião
.... os atos aprovados são válidos .... art. 28º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


180
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Formalidades absolutamente essenciais – são
aquelas que, se forem preteridas, implicam
sempre a nulidade do a.a. – ex. audiência do
arguido em procedimento disciplinar. Ver, também,
art. 161º nº 2 h) CPA

Formalidades não essenciais – são aquelas que se


não forem observadas não prejudicam a validade
do a.a., implicando apenas a sua irregularidade –
ex. .... falta de menção de que o a.a. é praticado
no exercício de uma competência delegada (ver
art. 60 nº 4 CPTA)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 181


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
REGRA GERAL – as formalidades exigidas por lei
são relativamente essenciais. Só serão absoluta-
mente essenciais ou não essenciais quando tal
resultar da lei

Prazo - ... 10 dias – art. 86º CPA

IMP – as formalidades não têm autonomia estrutu-


ral e funcional – se preteridas impugna-se o a.a.
final, com fundamento na preterição da formalida-
de – vício de procedimento – sanção regra –
anulabilidade

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 182


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
– Fim – é a finalidade, o objetivo que se
pretende prosseguir com a prática do a.a.. “É
o interesse público cuja realização o legisla-
dor pretende quando confere à AP um
determinado poder de agir.” (FA p. 402)

Devemos distinguir o fim legal – o fim que a lei


pretende que seja prosseguido – do fim real –
o fim que foi efetivamente prosseguido pelo
autor do a.a.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


183
ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
O fim só tem relevo autónomo quando a AP
está a atuar no exercício de poderes
discricionários

Se o poder é vinculado:
legal ...
ilegal ...

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 184


ESTG 2017/2018
Validade do a.a.
Se o poder é discricionário e não é prosseguido
o fim público legal ou este não é o motivo
principalmente determinante da atuação do
órgão administrativo – o a.a. enferma do
vício de desvio de poder ... sanção ...
anulabilidade - quando o fim efetivamente
prosseguido é um fim público (embora
diferente do legal); ou a nulidade – quando
o fim prosseguido é a privado (é um
interesse privado) – art. 161º nº 2 e) CPA).

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 185


ESTG 2017/2018
Invalidade do a.a.
• Regime jurídico da nulidade e da anulabili-
dade (FA, p. 355/362)

– Invalidade do a.a. pode ser:


– Absoluta - nulidade
– Relativa – anulabilidade
– Regra geral – anulabilidade
Nulidade só quando prevista na lei, nomeada-
mente no art. 161º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 186


ESTG 2017/2018
Invalidade do a.a.
– Nulidade – arts. 161º e 162º CPA
É a forma mais grave de invalidade;
• Um a.a. nulo não produz quaisquer efeitos
jurídicos;
• A nulidade (é invocável a todo o tempo por
qualquer interessado). O a.a. nulo só pode
convalidar-se através da reforma e conversão -
art. 164º nº 2 CPA;
• A nulidade pode ser declarada pelo autor do a.a.,
ou pelo seu superior hierárquico, ou pelo tribunal,
sem dependência de prazo art. 164º nº 2 CPA;
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 187
ESTG 2017/2018
Invalidade do a.a.
• Logo, um a.a. nulo pode ser impugnado a todo o
tempo – art. 58º nº 1 CPTA;
• Os particulares podem desobedecer a um a.a.
nulo e resistir à tentativa da sua execução, sem,
com isso, incorrerem em responsabilidade criminal
• A nulidade é de conhecimento oficioso do tribunal,
não estando, por isso, a sua declaração depen-
dente da arguição do interessado
• O ato nulo não pode ser revogado nem anulado –
art. 166º nº 1 a) CPA
• Reconhecida a nulidade o tribunal declara-a
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 188
ESTG 2017/2018
Invalidade do a.a.
– Anulabilidade – art. 163º

A anulabilidade é a sanção regra em Direito


Administrativo
• O ato anulável, se tiver cumprido todos os
requisitos de eficácia, é juridicamente eficaz, até
que seja anulado administrativa ou contenciosa-
mente;
• Enquanto não for anulado o a. anulável é tratado
como se válido fosse e produz os seus efeitos,
embora de forma instável e pouco consistente,
vinculando a AP e os particulares
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 189
ESTG 2017/2018
Invalidade do a.a.
• A anulabilidade é sanável pelo decurso do prazo –
quando o a.a. já não possa ser anulado
administrativa e contenciosamente; ou através de
um a. convalidante (ratificação, reforma e
conversão) ou através da aceitação do destinatá-
rio;
• Enquanto não for anulado, o a.a. anulável é
obrigatório para os particulares e para a AP
• Não é legítimo resistir ou desobedecer à execução
de um a.a. anulável

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 190


ESTG 2017/2018
Invalidade do a.a.
• O a.a. anulável pode ser anulado pela AP nos
condicionalismos do art. 168º CPA
• O a.a. anulável só pode ser impugnado contencio-
samente dentro de determinados prazos: 3 meses
para os particulares e 1 ano para o Ministério
Público – arts. 58º nº 1 a) e b) e 59º nºs. 1, 2, 3, 6
e 7 CPTA
• A anulabilidade é decretada pelo tribunal, a pedido
dos interessados, ou pela AP, através da anulação
• Ler art. 163º e interpretar

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 191


ESTG 2017/2018
Convalidação dos a.a.
A convalidação pode ser :
- através de um a.a. convalidante
Remissão para a matéria dada (e também FA
369/371)

[Com o tempo os a.a. anuláveis tornam-se


ininmpugnáveis e só podem ser anulados
oficiosamente (art. 168º nº 5 CPA) – a
invalidade mantém-se, mas não se pode pedir
mais a impugnação ou anulação do a.a.]
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 192
ESTG 2017/2018
Revogação do a.a.

Remissão para a matéria dada – atos válidos,


falta de mérito

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 193


ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
• Noção – um a.a. eficaz é um ato suscetível de
execução material e jurídica, isto é, suscetível
de produzir os seus efeitos
Ver arts. 155º a 160º CPA (FA, p. 324/330)

Os a.a. válidos e os a. anuláveis só produzem os seus


efeitos depois de observados todos os requisitos de
eficácia a que estão sujeitos

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 194


ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
Validade e eficácia dos a.a. são realidades distintas e
sujeitas a requisitos distintos
Requisitos de eficácia são as exigências que a lei faz
para que um a.a. possa produzir os seus efeitos

Por isso, pode haver:


- a.a. válidos e eficazes
- a.a. válidos mas ineficazes
- a.a. inválidos (anuláveis) mas eficazes
- a.a. inválidos e ineficazes (a. nulos e atos anuláveis
em relação aos quais não foram cumpridos os
requisitos de eficácia)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 195


ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
Art.º 155 – n.º 1 CPA ....
Regra geral - o ato logo que praticado é eficaz
(princípio da imediatividade dos efeitos
jurídicos).

Mas quando se deve considerar o a.a.


praticado? – art. 155º nº 2 CPA ...

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


196
ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
Exceções à regra geral da imediatividade dos efeitos
jurídicos:
- art. 156º CPA ... – eficácia retroativa – o a.a. pode
produzir efeitos a partir de um momento anterior ao
da sua prática. Ver também art. 164º nº 5 e 171º nº 3
CPA

- Art. 157º CPA ... – eficácia diferida ou condicionada


– o a.a. apenas poderá produzir os seus efeitos em
momento posterior ao da sua prática

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


197
ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
Eficácia diferida ou condicionada - art. 157º CPA:
- publicidade:
- publicação – arts. 158º e 159º CPA
- notificação – arts. 160º, 110º a 114º,
máxime 114º CPA
- sinais gráficos e luminosos
- aprovação
- visto (Tribunal de Contas)
- referendo
- condição ou termos suspensivos
- aprovação da ata das deliberações colegiais - art.
34º nº 6 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 198


ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
• Publicação é o ato pelo qual se permite o
conhecimento geral por parte de toda a
coletividade de um a.a, facto ou situação

• Notificação é o ato pelo qual se transmite


individualmente ao destinatário específico de um
a.a. o conteúdo do mesmo ou se lhe faz saber um
facto ou uma situação de seu interesse próprio
(ver art. 268º nº 3 CRP)
.......
IMP. – art. 160º - Eficácia dos a.a. constitutivos de
deveres ou encargos ... notificação dos a.a.
desfavoráveis
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 199
ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
• Sinais gráficos e luminosos – sinais de trânsito
• Aprovação - ... ver supra
• Visto (do Tribunal de Contas) – ver supra - os
a.a. geradores de despesa pública que estão
sujeitos ao controlo prévio do Tribunal de Contas
só podem, em princípio, produzir efeitos depois de
ter sido “concedido” o visto.
O visto é um ato de um órgão jurisdicional do qual
cabe recurso para o Plenário do Tribunal de
Contas

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 200


ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
• Referendo (local) – Alguns atos dos órgãos das
autarquias locais que sejam submetidos a
referendo só podem produzir efeitos depois de
terem sido aprovados pelos eleitores, em consulta
popular regularmente convocada

• Condição e termo suspensivos - ... ver supra ...

• Aprovação das atas (ou minutas) dos órgãos


colegiais ... já estudado - rever

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


201
ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
– As notificações e publicações têm um conteúdo
obrigatório, delas devendo constar - art.º 114º nº 2 e
159º CPA:
• o texto integral do a.a., com indicação de
• o autor do a.a.. com menção do uso de delegação ou ... (se
for o caso) e Identificação do destinatário
• fundamentos da decisão (quando exigido pela lei);
• data do a.a.
• Identificação do procedimento
• No caso da notificação – do órgão competente para apreciar
a impugnação administrativa do a.a. e o prazo, no caso de
estar sujeito a impugnação administrativa necessária

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 202


ESTG 2017/2018
Eficácia dos a.a.
Se a notificação ou a publicação não contiverem o
sentido da decisão, considera-se que não há
publicação ou notificação – art.º 60.º n.º 1 do CPTA
Faltando qualquer outro dos elementos que devem
constar da notificação ou da publicação, o
destinatário do a.a. pode, no prazo de 30 dias – ver
art.º 60.º n.º 3 CPTA – requerer ao autor do ato que
lhe dê a conhecer os elementos faltantes. Se o fizer,
o prazo para a impugnação contenciosa só começa
a contar quando esses elementos lhe forem
notificados. Ver ainda art.º 59.º n.º 8 CPTA quanto à
mera retificação – não inicia novo prazo.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 203
ESTG 2017/2018
Ineficácia

A não verificação dos requisitos de que


depende a produção dos efeitos de um a.a.
leva a que esse a.a. seja juridicamente
ineficaz ( e como tal não possa produzir
efeitos, não possa ser objeto de execução
material e/ou jurídica)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 204


ESTG 2017/2018
Retroatividade/retrotração/retro-
datação
– Retroatividade – o a.a. produz efeitos a partir de um
momento anterior àquele em que foi praticado
– Retrotração – o a.a. começa a produzir efeitos
desde o momento da sua prática, desde o momento
em que se constituiu, não desde a data da verificação
do evento integrativo da eficácia (requisito) – p. ex. -
visto, aprovação – produzido o visto ou a aprovação,
o a.a. principal desenvolve os seus efeitos, não
desde a data desse evento integrativo, mas desde o
momento em que se constituiu.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 205


ESTG 2017/2018
Retroatividade/retrotração/retro-
datação

– Retrodatação – é uma forma especial de


retroatividade – os efeitos do a.a. reportam-se
a um momento em que, por imposição legal,
o a.a. deveria ter sido praticado... ex.
progressão na carreira ...

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 206


ESTG 2017/2018
Interpretação ou aclaração do a.a.

(FA, p. 333/335)
– Interpretar é determinar o sentido e alcance
juridicamente relevante do texto interpretado

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 207


ESTG 2017/2018
Interpretação ou aclaração do a.a.
– Na interpretação de um a.a. deve atender-se:
• aos termos da declaração do órgão administrativo
– elementos literal - e elementos constantes do
procedimento administrativo ...
• ao tipo legal do a.a. e leis e princípios aplicáveis
• às circunstâncias do tempo e lugar – elemento
histórico, bem como ao comportamento posterior
da AP e/ou do particular
• aos motivos que levaram o órgão a atuar
• ao fim ou interesse público prosseguido –
elemento racional ou teleológico

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 208


ESTG 2017/2018
Interpretação ou aclaração do a.a.
• Tipos de interpretação/aclaração
– aclaração confirmativa - ...o ato aclarado é
inteligível .... - ver art.º 156º -1-a) CPA. O prazo para
o recurso contencioso conta-se desde a prática do
a.a. aclarado
– aclaração propriamente dita – o conteúdo do a.a. é
ambíguo, obscuro, ininteligível .... não se sabe bem
qual ou quais os seus efeitos ... O ato de aclaração é
que é o verdadeiro a.a. Ver art.º 161º-2-c)
(ininteligível) CPA. O prazo de recurso conta-se a
partir do a. de aclaração
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
209
ESTG 2017/2018
Interpretação ou aclaração do a.a.

– aclaração revogatória ou modificativa – a


AP dá ao a.a um sentido que ele não
comporta ....é, portanto, uma modificação,
logo sujeita ao regime da revogação dos a.a.,
com as necessárias adaptações – art.º 173.º
n.º 1 CPA
– VER

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 210


ESTG 2017/2018
Interpretação ou aclaração do a.a.

– Quem pode interpretar:


• A própria AP, em especial o autor do a.a.
A última palavra sobre a interpretação
• cabe sempre aos tribunais

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


211
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
Art.º 175.º e ss. CPA (FA, p. 419/435)

A AP goza do poder de definir imperativamente


o direito aplicável ao caso concreto, isto é, os
direitos e deveres quer dela própria quer dos
particulares envolvidos na relação jurídico-
administrativa – princípio da autotutela
declarativa

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha


212
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
A AP pode impor coercivamente a satisfação de obrigações
e o respeito por limitações decorrentes de a.a. mas
apenas nos casos e segundo as formas e termos
previstas na lei, ou em situações de urgente
necessidade pública – a lei aqui referida deveria ter sido
aprovada no prazo de 60 dias após a entrada em vigor do
decreto lei 4/2015, de 7 de janeiro … não ainda não foi,
pelo que
Ainda se encontra em vigor o art. 149º nº 2 do DL442/91
de 15 de novembro, alterado pelo DL nº 6/96, de 31 de
janeiro, isto é CPA antigo - a AP pode impor coercivamente os
seus atos (caso o destinatário não cumpra voluntariamente) sem
necessidade de prévio recurso ao tribunal – art.º 149.º n.º 2 CPA ...
desde que a imposição seja feita pelas formas e nos termos previstos
no CPA ou na lei.
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
213
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
Para que a AP possa executar coercivamente
os seus atos é necessário:
- Que haja um a.a. exequível e eficaz que de
forma imediata crie ou estabeleça deveres ou
encargos para o particular;
- Que se verifique a recusa do destinatário do ato
em efetuar o seu cumprimento voluntário;
- Que a lei não se oponha à execução por via
administrativa (de futuro – que a lei permita - nos casos e
segundo as formas e termos permitidos por lei, novo CPA)
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 214
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
A AP, na execução dos seus atos, deve obedecer aos
seguintes princípios:

– princípio da legalidade da execução – tem que


respeitar a lei (agora …. e depois …. );
– princípio do a.a. prévio - a AP necessita de um ato
jurídico para poder realizar uma operação material,
para poder executar o seu conteúdo. É o a.a.
exequendo que legitima a sua intervenção (tem que
ser exequível e eficaz) – art.º 177.º-1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 215


ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
– princípio da proporcionalidade e da necessidade
– art.º 178º CPA
– princípio da subsidariedade – a AP só pode impor
a sua decisão pela força se o destinatário não a
aceitar voluntariamente (1.º cumprimento voluntário);
– princípio da humanidade da execução - a
execução tem que respeitar sempre os direitos
fundamentais e o respeito devido à pessoa humana –
art.º 178, n.º 2 CPA (ex. tortura, ameaça de utilização
de armas de fogo)

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 216


ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
– Condições da execução
• 1 – existência de um a.a. exequendo (art.º 177º-1
CPA)
O a.a. exequendo é um título executivo que
habilita a AP a agir (ver art.º 177.º nº 1 CPA) – se
não há a.a. ou nos casos de nulidade ou
inexistência do a.a. estamos perante uma via de
facto; uma “execução” ilegal/ilegítima que pode ser
impugnada contenciosamente, podendo também o
particular resistir passivamente – art.º 182 CPA (ler
e explicar).
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
217
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
Além disso, mesmo havendo a.a. válido ou
meramente anulável, a execução coativa deve
fazer-se dentro dos limites do ato exequendo …

• 2 – tipicidade legal das formas e termos da


execução (art.º 149 n.º 2 CPA velho) ... Arts. 179º,
180º e 181º CPA
Futuramente – tem que haver uma lei que permita a
execução coerciva e que defina os respetivos
casos, as formas e os termos - art. 176º nº 1 CPA
(lei vai ser feita, mas que ainda não o foi)
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha
218
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
• 3 – emissão de uma decisão autónoma devida-
mente fundamentada, determinando o início da
execução, na qual o órgão competente determina
o conteúdo e os termos da execução – art. 177 nº
2 CPA
• 4 - notificação ao destinatário (art.º 177º nº 3 CPA)
da intenção de proceder à execução e indicação
de um prazo para dar cumprimento à execução.
Esta notificação pode ser feita juntamente com a
notificação do a.a. exequendo – art. 177º nº 4 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 219


ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.
– O procedimento de execução tem autonomia
relativamente ao procedimento de formação e
manifestação do a.a..
A execução só se inicia com a notificação da decisão
de proceder à execução.
Se não há tal notificação – a execução
administrativa é ilegal por vício do respetivo
procedimento – e o destinatário pode impugnar a
execução com fundamento neste vício. Ler art.º 177º nº
3 CPA e 182º nº 1 CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 220


ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.

– Proibição de embargos administrativos ou


judiciais em relação à execução coerciva de
a.a. que contenha uma obrigação pecuniária
– art.º 182º nº 2 CPA, mas os executados
podem impugnar administrativa e contencio-
samente o ato exequendo … e a decisão de
proceder à execução assim como requerer
em tribunal a suspensão da eficácia do a.a.
… - 182º nº 1 CPA
Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 221
ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.

– Sempre que a AP não disponha de poder de


autoridade, isto é, não possa coercivamente
impor um a.a. (o que, de futuro, quando for a
lei a permitir a execução coerciva, será a
regra), pode solicitar ao tribunal
administrativo a respetiva execução, nos
termos do disposto na lei processual
administrativa – art. 183º CPA.

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 222


ESTG 2017/2018
Execução dos a.a.

– Fim da execução
• execução de obrigações pecuniárias – art. 179º
CPA

• execução para entrega de coisa certa – art. 180º


CPA (requisição de um automóvel)

• execução para prestação de facto – art. 181º CPA

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 223


ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)

– Os a.a. desde que lesem os direitos ou


interesses legalmente protegidos dos
particulares podem ser impugnados

• Impugnação administrativa
• Impugnação contenciosa

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 224


ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)

– 1 – Impugnação administrativa para a AP –


arts. 184º a 199º
• reclamação - para o próprio autor do a.a.
• recurso hierárquico – dirigido ao superior
hierárquico do seu autor
• recurso administrativo especial

IMPORTANTE: fazer revisões – objeto de


avaliação

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 225


ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)

– 2 – Imgugnação contenciosa – meio de


impugnação perante os tribunais administra-
tivos:
– STA (1) – órgão superior da hierarquia dos
tribunais da jurisdição administrativa e fiscal–
arts.º 11º e ss. ETAF.
– TCA (2) – Norte e Sul - arts.º 31.º e ss. ETAF.
– TAC (vários) – 1.ª instância – art.º 39º e ss.
... 44º-1 ETAF.
Ver art.º 8.º ETAF

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 226


ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)
– Art.º 209.º - 1 CRP ... Tribunais Administrativos e
Fiscais
Os tribunais administrativos constituem a jurisdição
comum com competência em matéria de litígios
emergentes de relações jurídico-administrativas. No
entanto, não são uma jurisdição exclusiva no que
toca aos conflitos resultantes de tais relações. A lei
atribui aos tribunais judiciais a resolução de diversos
tipos de litígios, resultantes de relações jurídico-
administrativas, como por ex.: relativamente aos atos
registrais; contencioso das contraordenações e
litígios relativos aos montantes das indemnizações
devidas por expropriações por utilidade pública

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 227


ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)

– Âmbito da jurisdição – art.º 4.º ETAF

– Competência dos tribunais


• Fixação de competência – art.º 5.º-1-ETAF
TAC – tribunais de 1.ª instância – são os tribunais
comuns da jurisdição administrativa – art.º 44.º-1-
ETAF
TCA – Seções do contencioso – art.º 37.º ETAF
STA - “ “ - art.º 24.º ETAF

Rosa Mª de Sousa Martins Rocha 228


ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)

– Competência territorial – arts.º 16.º a 22 do


CPTA
– Erro na determinação do tribunal – art.º 14.º
CPTA
– Sede e área de jurisdição dos tribunais
administrativos - arts.º 1.º, 2.º e 3.º DL
325/2003, de 29/12, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 182/2007, de 9 de Maio e pelo Decreto-Lei
n.º 190/2009, de 17 de Agosto

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ESTG 2017/2018
Impugnabilidade dos a.a.
(noção breve – remissão)

– Prazo de recurso – art. 58º nº 1 CPTA


• 1 ano MP
• 3 meses nos restantes casos

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ESTG 2017/2018
Perguntas
• Distinga procedimento administrativo de processo
administrativo
• Diga quais as diferentes fases dos procedimentos
administrativos do regulamento e do a.a.
• Distinga sujeitos do procedimento de interessados no
procedimento
• Indique o prazo geral de conclusão do procedimento do
a.a.
• Refira-se às conferências procedimentais
• Quais as diferentes formas de extinção do procedimento
administrativo do a.a.
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ESTG 2017/2018

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