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Deus e o Infinito

1. O que é Deus?

— Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.(1)

2. O que devemos entender por infinito?

— Aquilo que não tem começo nem fim; o desconhecido; todo o desconhecido é
infinito.(2)

3. Poderiamos dizer que Deus é o infinito?

— Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para


definir as coisas que estão além da sua inteligência.

Deus é infinito nas suas perfeições, mas o infinito é uma abstração; dizer que Deus
é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda
não conhecida, por outra que também não o é.

(1) As frases que se seguem às perguntas são as respostas dadas pelos Espíritos. Suprimimos as
aspas nesta edição, por considerá-las desnecessárias. As notas e explicações de Kardec,
intercaladas no texto, e a partir deste capítulo até a questão nº 1018, são compostas com fonte e
alinhamento diferentes, de maneira que não há possibilidade de confusão. (N. do T.)

(2) Os Espíritos se referem ao Universo. Tudo quanto nele conhecemos tem começo e tem fim; tudo
quanto não conhecemos se perde no infinito. Aplicação da expressão francesa: passer du connu a
l'inconnu. (N. do T.)

Provas da Existência de Deus

4. Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?

— Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a
causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá.

Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação. O Universo


existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que
todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

5. Que conseqüência podemos tirar do sentimento intuitivo, que todos os homens


trazem consigo, da existência de Deus?

— Que Deus existe; pois de onde lhes virá esse sentimento, se ele não se apoiasse
em nada? É uma conseqüência do princípio de que não há efeito sem causa.

6. O sentimento íntimo da existência de Deus, que trazemos conosco, não seria o


efeito da educação e o produto de idéias adquiridas?

— Se assim fosse, porque os vossos selvagens também teriam esse sentimento?


Se o sentimento da existência de um ser supremo não fosse mais que o produto de
um ensinamento, não seria universal e nem existiria, como as noções científicas
senão entre os que tivessem podido receber esse ensinamento.

7. Poderíamos encontrar a causa primária da formação das coisas nas propriedades


íntimas da matéria?

— Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É sempre necessária uma
causa primária.

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria


tomar o efeito pela causa, pois essas propriedades são em si mesmas um efeito,
que deve ter uma causa.

8. Que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma combinação fortuita
da matéria, ou seja, ao acaso?

— Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso como um
ser inteligente? E, além disso, o que é o acaso? Nada!

A harmonia que regula as forças do universo revela combinações e fins


determinados, e por isso, mesmo um poder inteligente. Atribuir a formação primária
ao acaso, seria uma falta de senso, porque o acaso é cego e não pode produzir
efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria um acaso.

9. Onde se pode ver, na causa primária, uma inteligência suprema, superior a todas
as outras?

— Tendes um provérbio que diz o seguinte: pela obra se conhece o autor. Pois
bem: vede a obra e procurai o autor! É o orgulho que gera a incredulidade. O
homem orgulhoso nada admite fora de si, e é por isso que se considera um espírito
forte. Pobre ser que um sopro de Deus pode abater!

Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras. Como nenhum ser humano
pode criar o que a Natureza produz, a causa primária há de estar numa inteligência
superior à Humanidade.

Sejam quais forem os prodígios realizados pela inteligência humana, esta


inteligência tem também uma causa, e quanto maior for a sua realização, maior
deve ser a causa primária. Esta inteligência superior é a causa primária de todas as
coisas, qualquer que seja o nome pelo qual o homem a designe.

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