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Património, Lazer e Turismo Cultural

O turismo passou a ser considerado enquanto atividade económica a partir de


meados do século XX, sendo que o século XXI caracteriza-se por ser a era do turismo
devido essencialmente à multiplicação dos meios de transporte e comunicação assim
como ao aumento da disponibilidade para viajar. Hoje em dia o turismo é um dos
principais setores da economia a nível mundial e em Portugal é a maior atividade
económica exportadora do pais, contribuindo de forma essencial para o PIB. Outra das
suas características prende-se com o facto de ser responsável pela criação de emprego,
tendo evidenciado uma grande capacidade de geração de emprego que em 2019 rondava
os 336,8 mil empregos que corresponde a 6,9% na economia nacional.

A nível nacional, Portugal é um país com uma elevada atividade turística que se
deve entre outros fatores, ao seu clima, à sua segurança, num cenário mundial com
guerras sem fim á vista e terrorismo sem fronteiras, Portugal revela-se um pais seguro, à
sua culinária, fruto da boa matéria prima que temos a nível de peixes e marisco e dos
vinhos, ao seu povo que é hospitaleiro e trata bem os seus turistas e por fim aos seus
baixos preços, isto é, Portugal revela-se um destino turístico barato para os seus visitantes.
No entanto, o grande problema é que Portugal, comparativamente com outros destinos
turísticos, não é um destino conhecido, o que se deve a uma falta de estratégia e
planeamento a nível de marketing que promova o nosso país neste aspeto.

Acresce que, como sabemos, o ano de 2020 e o ano de 2021 ficaram


essencialmente marcados pela pandemia gerada pela Covid - 19, que veio trazer impactos
nefastos para o turismo mundial e também nacional, alterando de forma drástica aquelas
que eram as previsões no inicio do ano de 2020 com efeitos críticos para a economia
nacional que depende de forma inegável da atividade turística.

Ainda assim é importante ter em conta que, a industria do turismo, mesmo após
algumas crises sanitárias e económicas, tende a recuperar, demonstrando níveis de
resiliência consideráveis. Para além disso este tipo de crises, que são sempre momento de
perturbação e perda, são igualmente uma oportunidade de instituir um novo começo com
mudanças de trajetória, trazendo uma oportunidade para a industria do turismo explorar
novas formas e se reinventar, nomeadamente através do desenvolvimento de nichos
turísticos como o ecoturismo, o turismo no espaço rural, o enoturismo e o turismo
criativo, com particular aposta no turismo natural e cultural das comunidades,
apresentando estas opções um menor risco de contaminação e gestão de grupos. No fundo
procurar-se-á reduzir a oferta mais massificada em prol de um turismo mais sustentável.

Há efetivamente cada vez mais turistas à procura de uma experiência que se


distancie dos padrões de consumo massificado, optando por experiências autênticas que
proporcionem um contacto mais direto com a cultura e populações locais. Sendo este tipo
de turismo personalizado que procura responder a interesses específicos do consumidor
o chamado turismo de interesse especial ou de nicho, permitindo aos turistas participarem
em atividades que os introduzem a outras culturas, ideias e comunidades enriquecendo
de forma cultural a experiência turística, algo que em Portugal é já a alguns anos uma
preocupação revelada no plano de ação para o turismo em território nacional chamado
TURISMO 2020 em que o principal destaque foi dado ao desenvolvimento da oferta de
nicho.
Este desenvolvimento da oferta turística de nicho é feita mediante aumento do
chamado turismo cultural, que se traduz num tipo de turismo que permite ao turista
experienciar as diferentes formas de vida de uma população, os seus costumes, tradições
ideais, assim como o património histórico arquitetónico e arqueológico, sendo este
chamado de novo turismo que se caracteriza pela sua flexibilidade e pelas experiências
turísticas mais autênticas, que se distancia do chamado velho turismo caracterizado pela
massificação, estandardização e rigidez dos pacotes de férias e hotéis.

Este turismo cultural, atrai três tipos diferentes de turistas, o turista especialista
que viaja regularmente relacionando o turismo com a sua atividade profissional, o turista
motivado que viaja principalmente pela motivação cultural do destino e o turista ocasional
que é aquele que viajem com um propósito principal de lazer mas que acaba por realizar
alguma atividade cultural durante a viagem, sendo desde a década de 90 do século
passado até aos dias de hoje, uma das maiores áreas de crescimento com valores a rondar
os 15% de crescimento por oposição aos 4% de outros tipos de turismo.

Esta mudança de paradigma a que se veem assistindo nas últimas décadas fez com
que se aumentasse o interesse e o investimento por parte de países e regiões em captar
um maior numero e mais diversificado de visitantes, sendo exemplo disso em Portugal o
caso das cidades Capitais Europeias da Cultura, Lisboa, Porto e Guimarães.

Associado ao desenvolvimento do turismo cultural não podia deixar de se ter em


conta a questão do Património cultural, o qual cada vez mais para além dos monumentos
históricos se encontra associado também aos quotidianos, aos sabores, aos sons, aos
cheiros, as pequenas vivências e ás paisagens multissensoriais, isto é, o turismo ligado ao
património deixou de ser entendido exclusivamente como uma oportunidade de voltarão
passado e àquela que é a herança patrimonial de um determinado destino para passar a
relacionar-se também o património cultural contemporâneo.

Património e turismo são duas industrias compatíveis e que se complementam


mutuamente, o papel do património é converter locais em destinos turísticos e o papel do
turismo é viabiliza-los assistindo-se a um processo de mercantilização da cultura e
turistificação da cultura que tem a si associados impactos positivos e também impactos
negativos.

São impactos positivos do turismo do património, entre outros, a regeneração e


autossustentabilidade do próprio património, ligada à requalificação urbana dada a
valorização deste tipo de turismo, o desenvolvimento e crescimento económico das
atividades mais tradicionais a nível local como o artesanato e ainda um fortalecimento da
consciência histórica da população local.

Enquanto impactos negativos do turismo ligado ao património podemos apontar,


os impactos sobre o meio ambiente, os danos nos locais históricos e de interesse
arquitetónico, e também enquanto consequência do aumento do interesse pela atividade
turística ligada ao património, um sacrifico de outros setores da economia em prol de um
desenvolvimento da industria turística, este último, no entanto, é um impacto previsível
e esperado, sendo duvidosa a sua qualificação como de negativa.

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