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Políticas públicas de saúde para a mulher no brasil: uma análise das conquistas
Laíza Nília da Silva
Suely de Fátima Ramos Silveira
Resumo
Considera-se que mulheres e homens possuem característica e necessidades específicas, apontando para a reflexão
de políticas públicas e programas destinados exclusivamente para a saúde de mulheres e homens. O objetivo deste
estudo foi identificar quais são as principais políticas públicas de saúde implementadas pelo governo brasileiro
para as mulheres, que podem ser consideradas um marco. Foi realizada uma pesquisa descritiva com abordagem
qualitativa por meio do método documental e, para o tratamento dos dados utilizou-se da análise de conteúdo.
Foram selecionadas quatro políticas públicas objeto de análise. Os resultados indicam o aprimoramento do olhar
direcionado à saúde pública das mulheres, evidenciando grandes conquistas que essa população teve acesso.
Entretanto, desafios ainda são encontrados, como a desigualdade econômica, social, territorial e cultural, falta de
recursos e estrutura e das ações e políticas públicas de outras áreas que subsidiem a garantia da saúde física e
psicológica das mulheres.
Palavras Chave:
Políticas Públicas. Saúde Pública. Saúde da Mulher .
VII Encontro Brasileiro de Administração Pública, Brasília/DF, 11, 12 e 13 de novembro de 2020
Políticas públicas de saúde para a mulher no brasil: uma análise das conquistas
Resumo: Considera-se que mulheres e homens possuem característica e necessidades específicas, apontando
para a reflexão de políticas públicas e programas destinados exclusivamente para a saúde de mulheres e homens.
O objetivo deste estudo foi identificar quais são as principais políticas públicas de saúde implementadas pelo
governo brasileiro para as mulheres, que podem ser consideradas um marco. Foi realizada uma pesquisa descritiva
com abordagem qualitativa por meio do método documental e, para o tratamento dos dados utilizou-se da análise
de conteúdo. Foram selecionadas quatro políticas públicas objeto de análise. Os resultados indicam o
aprimoramento do olhar direcionado à saúde pública das mulheres, evidenciando grandes conquistas que essa
população teve acesso. Entretanto, desafios ainda são encontrados, como a desigualdade econômica, social,
territorial e cultural, falta de recursos e estrutura e das ações e políticas públicas de outras áreas que subsidiem a
garantia da saúde física e psicológica das mulheres.
Palavras-chave: Políticas Públicas. Saúde Pública. Saúde da Mulher.
Introdução
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 traz em seu texto a saúde
pública como um direito fundamental garantido a todos os brasileiros. Por meio do artigo 196
a carta magna assegura a saúde como um direito de todos e dever do Estado, sendo criado para
esta finalidade o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1988). A Constituição de 1988 é o
principal marco da saúde pública que envolve todos os brasileiros, a mesma representou um
importante avanço na garantia dos direitos relativos à saúde.
Foi a partir deste momento que a saúde pública passou a ter um novo significado e
abranger outros cidadãos senão aqueles que faziam parte do sistema previdenciário da época.
O conceito de saúde passou por mudanças que aprimoram seu entendimento, não estando
atrelado apenas no fato da ausência de doenças como colocado por Boorse (1977), mas sim do
bem-estar e da qualidade de vida que os cidadãos possuem (BRASIL, 2017). De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é definida como um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não somente a ausência de doenças e enfermidades (OMS, 1946).
O conceito aperfeiçoado põe luz sobre outras vertentes a não ser das doenças e agravos de
saúde, trazendo uma perspectiva mais holística.
A partir do momento que a saúde passa a ser disponibilizada para todos, surge novas
necessidades, como de criar ações, programas e políticas públicas que garantam o acesso à
saúde de forma universal, assim como ocorreu com o SUS. Considerando que a saúde de
mulheres e homens requer atenções próprias, fica aparente a importância de intervenções
governamentais que considerem as diferenças existentes entre a saúde dos mesmos.
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o leque de problemas que necessitam de solução política, como também os anseios da sociedade
(WARGAS, 2004).
Por meio da análise da trajetória da saúde pública no Brasil é possível perceber a
fragilidade inicial das ações de saúde. As ações públicas começaram no século XIX com
intervenções voltadas para o controle e prevenção de quadros de epidemias e para o saneamento
básico. Mas, tais ações representavam muito pouco perante a necessidade que a população
possuía, sendo o setor realmente estabelecido de forma efetiva no século XX (BRAVO, 2006).
Este século foi marcado por grandes mudanças no curso das ações governamentais destinadas
à saúde que permanecem essenciais até nos dias de hoje.
Mesmo considerando o avanço existente durante o século, o mesmo também foi
marcado por grande desigualdade no acesso à saúde. Por um período considerável de tempo o
acesso à saúde durante o século XX era percebido por meio três situações, a primeira era a
continuação do controle de doenças, a segunda garantia saúde pública somente aos
trabalhadores que tinham vínculo com o sistema previdenciário da época (LIMA; FONSECA;
HOCHMAN, 2005) e a terceira situação era daquelas pessoas que podiam pagar pelos serviços
de saúde. Destarte, o panorama que se tinha era de expressiva parte da população desamparada
quanto aos serviços públicos de saúde e a relevância do setor privado de prestação de serviço
(MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2017).
Foi a partir da década 1980 que a saúde pública começou a trilhar novos caminhos e
passar por uma reestruturação. O destaque da época foi a Constituição Federal de 1988 que
trouxe em seu texto a Seguridade Social de caráter universal garantindo além da saúde,
assistência social e previdência social (BRASIL, 1988), sendo uma proteção coletiva
característica do Estado de bem-estar social. Além disso, foi o texto constitucional que instituiu
a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) para beneficiar toda a população. As mudanças
foram fundamentais para reduzir a disparidade e expandir o acesso aos serviços públicos de
saúde.
Resguardando a importância que o SUS representa para a sociedade brasileira e do
arcabouço que o mesmo caracteriza para as políticas públicas, tem-se outras políticas públicas
de saúde que foram criadas, que funcionam em paralelo e que asseguram a igualdade de gênero.
Para Scott (1995) o entendimento de gênero está direcionado ao respeito das diferenças sexuais,
históricas, culturais e sociais.
Dessa maneira, a equidade de gênero deve existir para todos, entretanto, as particularidades de
saúde devem ser tratadas diferentemente, pois mulheres e homens possuem diferenças biológicas e
atributos que lhes diferenciam quanto aos cuidados com a saúde e doenças. Portanto, fica sob a
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responsabilidade do Estado também considerar as diferenças, neste caso, biológicas, sociais, econômicas
e regionais, no momento da definição e análise do problema, bem como da formulação e implementação
de políticas públicas.
Da definição do problema a implementação de políticas públicas
Uma das maneiras de analisar as políticas públicas é por meio do modelo do ciclo de
políticas públicas, que é uma forma de assimilar o processo político por meio de um modelo
analítico composto por etapas sequenciais (JANN; WEGRICH, 2007). Considerando o modelo
do ciclo de política públicas, Secchi (2014) apresenta os setes estágios, tais sejam: identificação
do problema, formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de decisão,
implementação, avaliação e extinção, sendo considerado na perspectiva deste referencial
teórico até o estágio da implementação. Isto posto, o processo de políticas públicas é iniciado
pela existência de um problema. As políticas públicas são respostas a problemas em que os
atores governamentais e não-governamentais debruçam esforços para solucionar. Entretanto,
atenta-se para o fato que nem todo problema deve ser tratado pelo poder público.
Subirats (2006) considera problema como a discrepância existente entre a situação atual
e a situação desejada. Conforme o autor, os problemas fazem parte da realidade que é vivida
pelos indivíduos, necessitando que os analistas possam construí-los e estruturá-los a fim de que
sejam resolvidos (SUBIRATS, 2006). A construção e a definição do problema são uma
importante etapa que deve ser muita bem-feita para não ocasionar em erro. Assim como em
outros setores, a saúde possui políticas que são soluções para problemas que foram identificados
em um contexto que demandava ações de mudança pelo poder público.
Após um problema ser construído e definido o mesmo deve ser considerado relevante
para fazer parte da agenda governamental ou agenda-setting, sendo definida como o conjunto
de assuntos que o governo empregará atenção em um determinado momento (KINGDON,
2003). Além dos atores governamentais que influenciam para que um problema faça parte da
agenda governamental, outros atores também dispõem deste poder como os grupos de interesse,
pesquisadores, acadêmicos, a mídia e movimentos sociais (KINGDON, 2003; CAPELLA,
2006; SOUZA, 2006).
A partir do momento que o problema entra para a agenda vão ser destinados esforços
para a formulação de alternativas. Secchi (2014) explica que nesta etapa os atores envolvidos
no processo elaboram métodos, programas, estratégias e ações com o intuito de alcançar os
objetivos propostos. Tanto a entrada de um problema para a agenda governamental como a
formulação de uma política pública envolvem a participação de outros atores além dos
governamentais (SOUZA, 2006; KINGDON, 2003; CAPELLA, 2006).
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Parte 2. Metodologia
O presente artigo é caracterizado como uma pesquisa descritiva, pois teve a intenção de
descrever e analisar as políticas públicas que podem ser consideradas um marco para a saúde
pública das mulheres brasileiras. Segundo Gil (2008) este tipo de pesquisa busca a descrição e
o levantamento das características do objeto pesquisado. Quanto aos procedimentos técnicos é
classificada como pesquisa bibliográfica e documental, na qual utilizou de dados secundários.
Quanto à abordagem, a pesquisa é qualitativa, pois teve como objetivo a interpretação dos
objetos estudados (OTANI; FIALHO, 2011), sendo possível extrair significado dos dados.
A coleta de dados se deu por meio de plataformas eletrônicas em websites
governamentais. O método utilizado no estudo foi o documental e para interpretar os dados foi
utilizada a análise de conteúdo, que serão melhores apresentados nos dois próximos tópicos.
Pesquisa documental
A pesquisa documental foi realizada para obter informações das políticas que foram
tratadas neste estudo. Conforme Cellard (2008) é uma pesquisa direcionada a investigação dos
documentos, consistido em uma importante fonte de pesquisa. Este método visa apresentar o
conteúdo de uma forma que facilite sua interpretação. No Quadro 1, são apresentadas as
políticas públicas objeto deste estudo bem como algumas informações relevantes sobre as
mesmas.
Quadro 1 – Políticas públicas marco para a saúde da mulher no Brasil
Programa/ Política Ano Presidente
Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM) 1984 João Figueiredo
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) 2004 Luiz Inácio Lula da Silva
Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
2011 Dilma Rousseff
Travestis e Transexuais (LGBT)
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saúde pública para mulheres. Após um período de vinte e um anos o Brasil passou por
significativas mudanças, nas quais incluiu a situação das mulheres, que passaram ter seus
direitos assegurados por meio de leis (BRASIL, 2004).
A PNAISM pode ser caracterizada como um aprimoramento da PAISM, pois ampliou
as ações nos planos, passando a considerar grupos que eram excluídos das políticas públicas
em suas especificidades, como mulheres lésbicas e bissexuais, trabalhadoras rurais, índias,
negras quilombolas, as que vivem a transexualidade, presidiárias, portadoras de deficiência, as
que estão em situação de rua e ciganas (BRASIL, 2004).
A elaboração da política contou com a participação do movimento de mulheres, o
movimento negro, trabalhadoras rurais, sociedades científicas, pesquisadores da área,
organizações não-governamentais, gestores do SUS e agências de cooperação internacional
(BRASIL, 2004). O envolvimento de vários atores na elaboração indica a preocupação de
elaborar a melhor alternativa possível, considerando as diversas visões acerca de um mesmo
tema e as experiências, que tanto a teoria quanto a prática proporcionam.
A política inclui todas as mulheres em todos os períodos do ciclo de vida, resguardando
as especificidades das diferentes faixas etárias e dos diferentes grupos que a política atende. A
atenção integral refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e
recuperação da saúde nos diferentes níveis de atenção à saúde, sendo eles o básico, o médio e
o de alta complexidade.
A PNAISM possui seus objetivos gerais bem próximos aos estabelecidos pela PAISM,
porém, há diferença no que tange o aperfeiçoamento que ocorreu na construção da nova política.
Portanto, é incluso os diversos grupos populacionais sem discriminação de qualquer espécie e
a ampliação, qualificação e humanização da atenção integral à saúde da mulher no SUS.
De acordo com o seu documento, a PNAISM reflete o compromisso com a
implementação de ações de saúde pública que contribuam para a garantia dos direitos humanos
das mulheres e que reduzam a morbimortalidade por causas que são preveníveis e evitáveis
(BRASIL, 2004).
O aprimoramento existente do programa para a política pode ser compreendido por meio
do modelo incremental de políticas públicas, no qual, conforme Dye (2009), ocorre mudanças
de caráter incremental, evitando desgastes político, além de ser considerado mais conveniente
uma vez que considera as incertezas e conflitos de decisões a serem tomadas. Neste caso,
percebe-se que o programa passou por modificações de caráter incrementais para configurar a
política.
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em uma forma de violação dos direitos humanos, que afeta o direito à vida, à saúde e à
integralidade física (BRASIL, 2011), fazendo-se necessário que o Estado elabore e implemente
políticas públicas para todas as mulheres englobando as diferentes formas nas quais a violência
se expressa.
O movimento feminista também reivindicava ações em torno da temática violência e foi
em 1985 que a primeira conquista neste sentido foi implementada com a criação da primeira
Delegacia de Defesa da Mulher e criado o Conselho Nacional dos Direitos da Defesa da Mulher
e, após um ano, foi criada a Casa Abrigo para mulheres que se encontravam em situação de
morte. Até a implementação da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres foram desenvolvidas outras políticas que tinham como temática a violência (BRASIL,
2011), evidenciando a continuidade do cuidado.
A violência contra as mulheres possui diferentes tipos, a violência doméstica (física,
sexual, patrimonial, psicológica e moral), a violência sexual, o abuso e exploração sexual, o
assédio sexual no trabalho, o assédio moral, o tráfico de mulheres e a violência institucional
(BRASIL, 2011). Por meio da caracterização da violência e dos seus diferentes tipos é possível
perceber a relação existente entre saúde da mulher e violência, principalmente se tratando da
violência física, sexual e psicológica que são praticadas. Este fato corrobora o tratamento da
política de enfrentamento da violência na concepção da saúde pública da mulher. Segundo Lima
et al. (2016) a violência contra as mulheres configura como uma grave questão de saúde pública.
A política possui o objetivo de “enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres a
partir de uma perspectiva de gênero e de uma visão integral deste fenômeno” (BRASIL,
2011, p. 35). Dentre suas ações estão a prevenção contra qualquer tipo de violência
e a atenção à saúde das mulheres que se encontram nessa situação (BRASIL, 2011).
Por mais uma vez a saúde pública da mulher é alvo de políticas que abarcam diferentes
temas, mas que culminam em um objetivo maior que é promover ações públicas que visam a
igualdade de gênero, o acesso à saúde e aos cuidados e a consideração de grupos que são alvo
de vulnerabilidade social. É fundamental perceber a evolução da atenção pública para atender
as demandas, que apesar de não serem recentes não estavam sendo consideradas nas proporções
das quais deveriam. A seguir, na Figura 1, é apresentada uma matriz na qual evidencia a atenção
das políticas públicas em seus diferentes aspectos que foram tratados neste estudo.
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MULHER
Grupos em vulnerabilidade
Inclusão de diferentes grupos
social
(2004)
(2011)
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1980. Por meio da construção histórica é relevante identificar como delonga certas questões
para que as mesmas sejam consideradas pelo poder público e que passem a ter uma solução
pública e disponibilizada para todos os cidadãos brasileiros usufruírem de sua cidadania e de
seus direitos alicerçados pela Constituição Federal de 1988.
As políticas públicas apresentadas representam uma emancipação de uma trajetória de
submissão, de adequação à sociedade patriarcal e de preconceitos. A Constituição Federal de
1988 garantiu o papel do Estado como promotor de direitos civis, políticos e sociais e assegurou
a igualdade entre mulheres e homens, mesmo que percebida, ainda, de maneira tímida.
Conclusões
Os desafios à serem superados ainda são grandes, mas o que se pode observar é que
esforços têm sido direcionados para a promoção, proteção da saúde das mulheres desde o final
do século XX. A saúde como sendo um direito de todos e dever do Estado faz com que as
políticas públicas sejam criadas para garantir a qualidade de vida, o bem-estar e o atendimento
das necessidades da população.
As políticas de atenção às mulheres ainda se encontram em construção e consolidação,
haja visto que algumas foram criadas há pouco tempo e considerando a realidade do país de
desigualdades econômicas, sociais, territoriais e culturais que dificultam o processo de
implementação, operacionalização e de geração de resultados. Ainda, tem-se os limites
estruturais e financeiros de um país em desenvolvimento e de dimensões continentais, que
expressam grande barreira no desempenho das ações propostas pelas políticas, como também
da elaboração de novas. Apesar disso, o que não se espera são retrocessos nas conquistas que
foram alcançadas na saúde, dado que muitas foram aguardadas por um longo período de tempo.
Mesmo diante de dificuldades, as conquistas são muitas. Os direitos das mulheres estão
sendo considerados em seus mais diversos aspectos, podendo ser observado a evolução do
cuidado com a saúde, tendo em vista o conceito ampliado de saúde colocado pela OMS. Assim
como é possível identificar a presença dos problemas que envolvem o tema na agenda
governamental que culminaram, por exemplo, na Política Nacional de Saúde Integral de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e na de enfrentamento da violência contra
as mulheres que evidenciam o avanço no país em considerar outras necessidades, que apesar de
não serem novas, antes não tinham a atenção do governo.
Como limitação do estudo aponta-se para o fato de não considerar todas as políticas
públicas de saúde para as mulheres. O presente estudo observou quatro políticas públicas
voltadas para as mulheres, embora existam outras nas quais sugere-se que, para próximas
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pesquisas, sejam analisadas para entender a rede que se pode observar no tratamento das
demandas da mulher, tanto na saúde como em outras áreas, que possibilitam a igualdade de
gênero e o empoderamento feminino a fim de traçar um panorama holístico das ações que o
governo tem direcionado.
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