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VII Encontro Brasileiro de Administração Pública, Brasília/DF, 11, 12 e 13 de novembro de 2020

VII Encontro Brasileiro de Administração Pública


ISSN: 2594-5688
ebap@sbap.org.br
Sociedade Brasileira de Administração Pública

Políticas públicas de saúde para a mulher no brasil: uma análise das conquistas
Laíza Nília da Silva
Suely de Fátima Ramos Silveira

Disponível em: http://ebap.sbap.org.br/

Resumo
Considera-se que mulheres e homens possuem característica e necessidades específicas, apontando para a reflexão
de políticas públicas e programas destinados exclusivamente para a saúde de mulheres e homens. O objetivo deste
estudo foi identificar quais são as principais políticas públicas de saúde implementadas pelo governo brasileiro
para as mulheres, que podem ser consideradas um marco. Foi realizada uma pesquisa descritiva com abordagem
qualitativa por meio do método documental e, para o tratamento dos dados utilizou-se da análise de conteúdo.
Foram selecionadas quatro políticas públicas objeto de análise. Os resultados indicam o aprimoramento do olhar
direcionado à saúde pública das mulheres, evidenciando grandes conquistas que essa população teve acesso.
Entretanto, desafios ainda são encontrados, como a desigualdade econômica, social, territorial e cultural, falta de
recursos e estrutura e das ações e políticas públicas de outras áreas que subsidiem a garantia da saúde física e
psicológica das mulheres.

Palavras Chave:
Políticas Públicas. Saúde Pública. Saúde da Mulher .
VII Encontro Brasileiro de Administração Pública, Brasília/DF, 11, 12 e 13 de novembro de 2020

Grupo de Trabalho 8: Relações Raciais e Interseccionalidade: compreendendo experiências e


contextos no marco das Políticas e Administração Pública

Políticas públicas de saúde para a mulher no brasil: uma análise das conquistas

Resumo: Considera-se que mulheres e homens possuem característica e necessidades específicas, apontando
para a reflexão de políticas públicas e programas destinados exclusivamente para a saúde de mulheres e homens.
O objetivo deste estudo foi identificar quais são as principais políticas públicas de saúde implementadas pelo
governo brasileiro para as mulheres, que podem ser consideradas um marco. Foi realizada uma pesquisa descritiva
com abordagem qualitativa por meio do método documental e, para o tratamento dos dados utilizou-se da análise
de conteúdo. Foram selecionadas quatro políticas públicas objeto de análise. Os resultados indicam o
aprimoramento do olhar direcionado à saúde pública das mulheres, evidenciando grandes conquistas que essa
população teve acesso. Entretanto, desafios ainda são encontrados, como a desigualdade econômica, social,
territorial e cultural, falta de recursos e estrutura e das ações e políticas públicas de outras áreas que subsidiem a
garantia da saúde física e psicológica das mulheres.
Palavras-chave: Políticas Públicas. Saúde Pública. Saúde da Mulher.

Introdução
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 traz em seu texto a saúde
pública como um direito fundamental garantido a todos os brasileiros. Por meio do artigo 196
a carta magna assegura a saúde como um direito de todos e dever do Estado, sendo criado para
esta finalidade o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1988). A Constituição de 1988 é o
principal marco da saúde pública que envolve todos os brasileiros, a mesma representou um
importante avanço na garantia dos direitos relativos à saúde.
Foi a partir deste momento que a saúde pública passou a ter um novo significado e
abranger outros cidadãos senão aqueles que faziam parte do sistema previdenciário da época.
O conceito de saúde passou por mudanças que aprimoram seu entendimento, não estando
atrelado apenas no fato da ausência de doenças como colocado por Boorse (1977), mas sim do
bem-estar e da qualidade de vida que os cidadãos possuem (BRASIL, 2017). De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é definida como um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não somente a ausência de doenças e enfermidades (OMS, 1946).
O conceito aperfeiçoado põe luz sobre outras vertentes a não ser das doenças e agravos de
saúde, trazendo uma perspectiva mais holística.
A partir do momento que a saúde passa a ser disponibilizada para todos, surge novas
necessidades, como de criar ações, programas e políticas públicas que garantam o acesso à
saúde de forma universal, assim como ocorreu com o SUS. Considerando que a saúde de
mulheres e homens requer atenções próprias, fica aparente a importância de intervenções
governamentais que considerem as diferenças existentes entre a saúde dos mesmos.

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Neste sentido, especificamente quando é analisada a trajetória da saúde pública da


mulher, é importante analisar como ela iniciou para que haja uma compreensão da importância
da formulação e implementação de políticas públicas para esta população.
Inicialmente, a atenção voltada para a saúde da mulher estava associada a perspectiva
procriativa, que sublinhava a figura da mulher como mãe. Entretanto, a negligência quanto aos
outros aspectos da saúde da mulher foi ao longo do tempo sendo minimizada. Foi a partir de
1983 que o antigo cenário começou a ser mudado. Por meio do movimento sanitário e do
movimento feminista os interesses ganharam força e em 1984 foi criado o Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) como a primeira ação governamental
direcionada para o público feminino. A PAISM representa a primeira política pública
exclusivamente para a população feminina, dentre outras que foram sendo formuladas e
implementadas posteriormente.
As políticas públicas brasileiras de saúde da mulher configuram um importante passo
rumo ao novo cenário de saúde pública que o Estado brasileiro deve assegurar para as mulheres.
Com um apoio duplo, formado entre governo e sociedade, fortalece ainda mais para que novas
conquistas sejam alcançadas e os desafios deste percurso sejam reduzidos. Face a este cenário,
propõe-se a questão de pesquisa: quais são as políticas públicas de saúde direcionadas para a
mulher que o governo brasileiro implementou e que podem ser consideradas um marco? Para
responder à questão proposta no artigo, tem-se como objetivo geral identificar e analisar as
políticas públicas que possuem destaque para a saúde da mulher brasileira. Mais
especificamente pretendeu-se: i) descrever as políticas públicas de saúde da mulher quanto suas
características que as fazem ser consideradas um marco e; ii) analisar as características das
políticas públicas identificadas.
A necessidade da atenção do governo para a saúde das mulheres ultrapassa a visão
biológica. De acordo com Souto (2008) reconhecer a desigualdade de gênero, de classe, de raça,
de etnia, como fatores sociais que determinam o adoecimento permite que os formuladores
pensem em políticas públicas em benefício da saúde coletiva, da promoção, assim como da
qualidade de vida das mulheres.
Os estudos direcionados às ações do governo perante a saúde das mulheres se tornam
importantes tendo em vista que a saúde extrapola a ausência de doenças e na atualidade outras
demandas ganharam espaço dentro do panorama da saúde, como questões relacionadas à
violência e a identidade e igualdade de gênero.

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O artigo encontra-se estruturado em quatro seções, além desta introdução. Na primeira,


é apresentado o referencial teórico e na segunda os procedimentos metodológicos.
Posteriormente, são apresentados os resultados e as discussões e, por último, as conclusões.

Parte 1. Referencial teórico


Políticas públicas de saúde no Brasil
Não existe uma única definição do que seja política pública, existindo, na literatura, uma
pluralidade de definições que denotam a arbitrariedade das exposições (SOUZA, 2006;
SECCHI, 2014). De acordo com Secchi (2014) uma política pública é elaborada para responder
a um problema considerado público, que seja entendido como coletivamente relevante.
Dye (2013) define políticas públicas como tudo aquilo que os governos fazem ou
deixam de fazer. Dessa maneira, as políticas públicas são todas as ações que os governos põem
em prática e que impactam na sociedade, bem como aquelas ações que os mesmos não fazem e
que também irá gerar impacto na sociedade. O motivo da falta de ação pode ser em decorrência
do cenário, da pressão, de adversários políticos, ou seja, em função da atividade política.
Segundo este autor a não ação dos governos também configura em política pública.
Para Heidemann (2009) as políticas públicas são as decisões e as ações de governo
juntamente com outros atores sociais que tem como objetivo solucionar questões gerais e
específicas da sociedade. De acordo com o autor, o Estado passa a atuar de maneira mais prática
e direta na sociedade, que depreende políticas de alcance geral (política econômica) como
também de alcance setorial (política de saúde) (HEIDEMANN, 2009).
Mesmo existindo uma diversidade de conceitos em torno de políticas públicas é possível
identificar uma congruência entre alguns aspectos, como: a existência de um problema
relevante e público, a resolução de problemas, o envolvimento de vários atores e o
estabelecimento de estratégias para combater o problema identificado.
As políticas públicas de saúde são ações do governo destinadas a garantir o direito
previsto na Constituição Federal de 1988 de os cidadãos brasileiros terem acesso à saúde. Tais
políticas públicas estão orientadas para a organização e disponibilidade dos serviços de saúde.
De acordo com Heidemann (2009), as mesmas fazem parte das políticas sociais, referindo-se a
políticas do ponto de vista setorial, assim como as de educação, transporte, segurança e renda.
As políticas públicas de saúde para Wargas (2004) concerna todas as ações
governamentais que regulam e organizam as funções públicas do Estado para a organização do
setor. Ainda conforme a autora, possui uma agenda ampla de temas, que expressam não somente

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o leque de problemas que necessitam de solução política, como também os anseios da sociedade
(WARGAS, 2004).
Por meio da análise da trajetória da saúde pública no Brasil é possível perceber a
fragilidade inicial das ações de saúde. As ações públicas começaram no século XIX com
intervenções voltadas para o controle e prevenção de quadros de epidemias e para o saneamento
básico. Mas, tais ações representavam muito pouco perante a necessidade que a população
possuía, sendo o setor realmente estabelecido de forma efetiva no século XX (BRAVO, 2006).
Este século foi marcado por grandes mudanças no curso das ações governamentais destinadas
à saúde que permanecem essenciais até nos dias de hoje.
Mesmo considerando o avanço existente durante o século, o mesmo também foi
marcado por grande desigualdade no acesso à saúde. Por um período considerável de tempo o
acesso à saúde durante o século XX era percebido por meio três situações, a primeira era a
continuação do controle de doenças, a segunda garantia saúde pública somente aos
trabalhadores que tinham vínculo com o sistema previdenciário da época (LIMA; FONSECA;
HOCHMAN, 2005) e a terceira situação era daquelas pessoas que podiam pagar pelos serviços
de saúde. Destarte, o panorama que se tinha era de expressiva parte da população desamparada
quanto aos serviços públicos de saúde e a relevância do setor privado de prestação de serviço
(MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2017).
Foi a partir da década 1980 que a saúde pública começou a trilhar novos caminhos e
passar por uma reestruturação. O destaque da época foi a Constituição Federal de 1988 que
trouxe em seu texto a Seguridade Social de caráter universal garantindo além da saúde,
assistência social e previdência social (BRASIL, 1988), sendo uma proteção coletiva
característica do Estado de bem-estar social. Além disso, foi o texto constitucional que instituiu
a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) para beneficiar toda a população. As mudanças
foram fundamentais para reduzir a disparidade e expandir o acesso aos serviços públicos de
saúde.
Resguardando a importância que o SUS representa para a sociedade brasileira e do
arcabouço que o mesmo caracteriza para as políticas públicas, tem-se outras políticas públicas
de saúde que foram criadas, que funcionam em paralelo e que asseguram a igualdade de gênero.
Para Scott (1995) o entendimento de gênero está direcionado ao respeito das diferenças sexuais,
históricas, culturais e sociais.
Dessa maneira, a equidade de gênero deve existir para todos, entretanto, as particularidades de
saúde devem ser tratadas diferentemente, pois mulheres e homens possuem diferenças biológicas e
atributos que lhes diferenciam quanto aos cuidados com a saúde e doenças. Portanto, fica sob a

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responsabilidade do Estado também considerar as diferenças, neste caso, biológicas, sociais, econômicas
e regionais, no momento da definição e análise do problema, bem como da formulação e implementação
de políticas públicas.
Da definição do problema a implementação de políticas públicas
Uma das maneiras de analisar as políticas públicas é por meio do modelo do ciclo de
políticas públicas, que é uma forma de assimilar o processo político por meio de um modelo
analítico composto por etapas sequenciais (JANN; WEGRICH, 2007). Considerando o modelo
do ciclo de política públicas, Secchi (2014) apresenta os setes estágios, tais sejam: identificação
do problema, formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de decisão,
implementação, avaliação e extinção, sendo considerado na perspectiva deste referencial
teórico até o estágio da implementação. Isto posto, o processo de políticas públicas é iniciado
pela existência de um problema. As políticas públicas são respostas a problemas em que os
atores governamentais e não-governamentais debruçam esforços para solucionar. Entretanto,
atenta-se para o fato que nem todo problema deve ser tratado pelo poder público.
Subirats (2006) considera problema como a discrepância existente entre a situação atual
e a situação desejada. Conforme o autor, os problemas fazem parte da realidade que é vivida
pelos indivíduos, necessitando que os analistas possam construí-los e estruturá-los a fim de que
sejam resolvidos (SUBIRATS, 2006). A construção e a definição do problema são uma
importante etapa que deve ser muita bem-feita para não ocasionar em erro. Assim como em
outros setores, a saúde possui políticas que são soluções para problemas que foram identificados
em um contexto que demandava ações de mudança pelo poder público.
Após um problema ser construído e definido o mesmo deve ser considerado relevante
para fazer parte da agenda governamental ou agenda-setting, sendo definida como o conjunto
de assuntos que o governo empregará atenção em um determinado momento (KINGDON,
2003). Além dos atores governamentais que influenciam para que um problema faça parte da
agenda governamental, outros atores também dispõem deste poder como os grupos de interesse,
pesquisadores, acadêmicos, a mídia e movimentos sociais (KINGDON, 2003; CAPELLA,
2006; SOUZA, 2006).
A partir do momento que o problema entra para a agenda vão ser destinados esforços
para a formulação de alternativas. Secchi (2014) explica que nesta etapa os atores envolvidos
no processo elaboram métodos, programas, estratégias e ações com o intuito de alcançar os
objetivos propostos. Tanto a entrada de um problema para a agenda governamental como a
formulação de uma política pública envolvem a participação de outros atores além dos
governamentais (SOUZA, 2006; KINGDON, 2003; CAPELLA, 2006).

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Na continuação do ciclo tem-se a tomada de decisão, que preconiza o momento no qual


os interesses dos atores são ponderados e as intenções são explicitadas (SECCHI, 2014). A
última fase considerada neste artigo é a implementação da política pública, que é o momento
no qual é concretizado todos os processos definidos anteriormente. É a fase em que a
administração pública toma-se de suas funções essenciais, transcendendo a intenção e
concretizando pela ação (SECCHI, 2014).
É importante ressaltar que o modelo do ciclo de política públicas apesar dos estágios
serem apresentados de forma sequencial isso não necessariamente acontece na realidade. O
modelo é uma representação da realidade que serve de ferramenta analítica de orientação para
os estudos, não sendo condizente, muitas vezes, com o que acontece na prática.

Parte 2. Metodologia
O presente artigo é caracterizado como uma pesquisa descritiva, pois teve a intenção de
descrever e analisar as políticas públicas que podem ser consideradas um marco para a saúde
pública das mulheres brasileiras. Segundo Gil (2008) este tipo de pesquisa busca a descrição e
o levantamento das características do objeto pesquisado. Quanto aos procedimentos técnicos é
classificada como pesquisa bibliográfica e documental, na qual utilizou de dados secundários.
Quanto à abordagem, a pesquisa é qualitativa, pois teve como objetivo a interpretação dos
objetos estudados (OTANI; FIALHO, 2011), sendo possível extrair significado dos dados.
A coleta de dados se deu por meio de plataformas eletrônicas em websites
governamentais. O método utilizado no estudo foi o documental e para interpretar os dados foi
utilizada a análise de conteúdo, que serão melhores apresentados nos dois próximos tópicos.
Pesquisa documental
A pesquisa documental foi realizada para obter informações das políticas que foram
tratadas neste estudo. Conforme Cellard (2008) é uma pesquisa direcionada a investigação dos
documentos, consistido em uma importante fonte de pesquisa. Este método visa apresentar o
conteúdo de uma forma que facilite sua interpretação. No Quadro 1, são apresentadas as
políticas públicas objeto deste estudo bem como algumas informações relevantes sobre as
mesmas.
Quadro 1 – Políticas públicas marco para a saúde da mulher no Brasil
Programa/ Política Ano Presidente
Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM) 1984 João Figueiredo
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) 2004 Luiz Inácio Lula da Silva
Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
2011 Dilma Rousseff
Travestis e Transexuais (LGBT)

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Programa/ Política Ano Presidente


Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres 2011 Dilma Rousseff
Fonte: elaborado pela autora.
A escolha de tais políticas se deu pela importância que as mesmas tiveram e pela sua
significância na manutenção e acesso à saúde pelas mulheres, tomando-se como referência a
evolução das questões que passaram a ser consideradas nas políticas. Essas quatro políticas
neste estudo são consideradas marcos da saúde pública da mulher no Brasil.
Análise de conteúdo
A análise de conteúdo é uma técnica de análise que pode ser aplicada sobre várias formas
de comunicação, inclusive em documentos governamentais, como foi trabalhado no presente
estudo (BARDIN, 2011). Para executar a análise de conteúdo Bardin (2011) apresenta três
fases, a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
A pré-análise é caracterizada pela organização dos procedimentos iniciais como a leitura
“flutuante” que possibilita a escolha dos documentos, a organização sistemática dos indicadores
e a preparação do material (BARDIN, 2011). A pré-análise foi utilizada para identificar e ler
superficialmente os documentos do programa e das políticas, bem como para construir as
categorias de análise, como são apresentadas no Quadro 2.
Quadro 2 – Categorias de análise
Categorias Descrição
Público-alvo Apresenta para quem a política é destinada.
Atores na elaboração Corresponde a quem participou da elaboração da política pública.
Objetivo geral É o objetivo que condensa a intenção da política pública.
Ações É o que o programa ou política tem como proposta para o problema em questão.
Representa o momento em que a política pública foi pensada, elaborada e
Contexto
implementada.
Fonte: elaborado pela autora com base em Baptista e Rezende (2015).
A exploração do material é a fase que foi aplicado procedimentos manuais para
decompor os dados referentes às categorias já construídas. A última fase proposta por Bardin é
o tratamento dos resultados, que buscou a interpretação e a produção de sentido para a
compreensão das quatro políticas públicas.

Parte 3. Resultados e discussões


As ações, programas e políticas de saúde pública são respostas às necessidades sociais.
Necessidades estas que a partir do momento que são consideradas pelo governo são
formalizadas e transformam-se em propostas públicas. A saúde pública direcionada
especificamente para a mulher foi alvo de políticas públicas no final do século XX, antes
inclusive da instituição do SUS, sendo o passo inicial que serviu para mostrar a importância de
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manter o tema nas agendas de outros governos posteriores, principalmente no decorrer do


século seguinte.
A primeira política pública de saúde direcionada à todas as mulheres foi elaborada em
1983 e instituída em 1984 pelo Ministério da saúde, intitulada de Programa de Assistência
Integral à Saúde da Mulher (PAISM), com a proposta de descentralização, hierarquização e
regionalização dos serviços (BRASIL, 1984). O contexto que o Brasil estava passando era da
busca pela redemocratização e a atuação forte dos movimentos sociais e de mulheres que
contribuíram para a mudança (ALVAREZ, 1990).
Tal programa é o marco principal no cuidado e atenção as mulheres e representou o
começo das políticas públicas para a mulher, no qual propôs estratégias para destinar recursos
na operacionalização de ações vinculadas à população feminina, enxergando-a em sua
integralidade. Antes do programa, as ações, inicialmente, eram destinadas a assistência da
mulher como mãe, estando associadas aos cuidados durante o ciclo gravídico-puerperal. Assim,
o foco concentrava-se na saúde reprodutora desconsiderando outros cuidados.
O PAISM enquanto uma política pública de saúde surgiu para atender à outras questões
que até então não eram consideradas para a população feminina e para a regulação do
atendimento direcionado à saúde reprodutora. O programa teve como objetivo geral promover
melhorias nas condições de vida e saúde das mulheres e a ampliação do acesso aos meios e
serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde e contribuir para a redução
da morbidade e mortalidade, principalmente por causas evitáveis.
O PAISM incluiu ações educativas, preventiva, de diagnóstico, de tratamento e
recuperação, abrangendo a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e
puerpério, no climatério, no planejamento familiar, nas Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST), no câncer de colo de útero e no de mama (BRASIL, 1984).
A implementação da PAISM teve um grande significado social, que assim como Osis
(1998), constituiu em elemento catalisador de debates importantes no momento de
democratização pelo qual a sociedade brasileira estava passando. Contudo, apesar do grande
passo, a mulher ainda era vista com foco na maternidade, além da desconsideração de
características distintas entre as mesmas.
A partir disso, em 2003 iniciou-se a construção da Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher (PNAISM), que foi lançada pelo Ministério da Saúde em 2004,
comtemplando princípios, diretrizes e um plano de ação para 2004-2007. No mesmo ano do
lançamento da política, o Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva designou o ano
2004 como o Ano da Mulher. Esta política é considerada neste estudo o segundo marco da
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saúde pública para mulheres. Após um período de vinte e um anos o Brasil passou por
significativas mudanças, nas quais incluiu a situação das mulheres, que passaram ter seus
direitos assegurados por meio de leis (BRASIL, 2004).
A PNAISM pode ser caracterizada como um aprimoramento da PAISM, pois ampliou
as ações nos planos, passando a considerar grupos que eram excluídos das políticas públicas
em suas especificidades, como mulheres lésbicas e bissexuais, trabalhadoras rurais, índias,
negras quilombolas, as que vivem a transexualidade, presidiárias, portadoras de deficiência, as
que estão em situação de rua e ciganas (BRASIL, 2004).
A elaboração da política contou com a participação do movimento de mulheres, o
movimento negro, trabalhadoras rurais, sociedades científicas, pesquisadores da área,
organizações não-governamentais, gestores do SUS e agências de cooperação internacional
(BRASIL, 2004). O envolvimento de vários atores na elaboração indica a preocupação de
elaborar a melhor alternativa possível, considerando as diversas visões acerca de um mesmo
tema e as experiências, que tanto a teoria quanto a prática proporcionam.
A política inclui todas as mulheres em todos os períodos do ciclo de vida, resguardando
as especificidades das diferentes faixas etárias e dos diferentes grupos que a política atende. A
atenção integral refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e
recuperação da saúde nos diferentes níveis de atenção à saúde, sendo eles o básico, o médio e
o de alta complexidade.
A PNAISM possui seus objetivos gerais bem próximos aos estabelecidos pela PAISM,
porém, há diferença no que tange o aperfeiçoamento que ocorreu na construção da nova política.
Portanto, é incluso os diversos grupos populacionais sem discriminação de qualquer espécie e
a ampliação, qualificação e humanização da atenção integral à saúde da mulher no SUS.
De acordo com o seu documento, a PNAISM reflete o compromisso com a
implementação de ações de saúde pública que contribuam para a garantia dos direitos humanos
das mulheres e que reduzam a morbimortalidade por causas que são preveníveis e evitáveis
(BRASIL, 2004).
O aprimoramento existente do programa para a política pode ser compreendido por meio
do modelo incremental de políticas públicas, no qual, conforme Dye (2009), ocorre mudanças
de caráter incremental, evitando desgastes político, além de ser considerado mais conveniente
uma vez que considera as incertezas e conflitos de decisões a serem tomadas. Neste caso,
percebe-se que o programa passou por modificações de caráter incrementais para configurar a
política.

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O terceiro marco é Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,


Travestis e Transexuais (LGBT), instituída em 2011 pelo Ministério da Saúde por meio da
Portaria nº 2.836. A implementação da política representou um grande avanço para as políticas
públicas de saúde, reconhecendo as demandas desta população. Seu documento é um norteador
e legitimador das necessidades e especificidades, corroborando a equidade que está prevista na
Constituição Federal de 1988. Desde o final da década de 1970 surgiram movimentos sociais
na defesa de grupos específicos e da liberdade sexual. O movimento tomou maiores proporções
que culminaram na expansão dos ideais, e por meio das reflexões e práticas ativistas têm
viabilizado importantes transformações de princípios na sociedade como um todo. As mudanças
ocorridas permitiram a visibilidade política para a população LGBT e de suas demandas, que
refletiram em maiores exigências junto ao poder público (BRASIL, 2013).
A elaboração contou com a participação de diversas lideranças, técnicos, pesquisadores,
sendo inclusive submetida à consulta pública anteriormente de ser apresentada e aprovada pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 2013). Por meio da consulta pública foi possível
legitimar a participação social na elaboração, como mecanismo de averiguar se as necessidades
da população estavam sendo atendidas.
A política tem como objetivo geral propiciar “a saúde integral de lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais, eliminando a discriminação e o preconceito institucional,
bem como contribuindo para a redução das desigualdades e a consolidação do SUS como
sistema universal, integral e equitativo” (BRASIL, 2013, p. 18). Suas ações tem a intenção de
promover a equidade no sistema de saúde para que as demandas dessa população sejam
atendidas, como também que o sistema tenha a qualificação necessária para realizar o
acolhimento.
Vale salientar a importância e a complexidade que envolve a temática. É importante que
o sistema de saúde esteja preparado para atender às necessidades do grupo, dado que a violação
dos direitos e a exclusão social ainda são fatores que impedem a concretização da
universalidade, integralidade e equidade do acesso à saúde. A política promove, em vários
aspectos, o reconhecimento das singularidades que envolvem o grupo e avança para que todos
se sintam atendidos por políticas públicas com diretrizes e objetivos que sejam convenientes.
Assim como é apresentado no documento, a discriminação por orientação sexual e por
identidade de gênero afeta na determinação social da saúde.
Como último marco considerado neste artigo tem-se a Política Nacional de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que foi instituída também em 2011 e formulada
pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). A violência contra a mulher constitui-se
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em uma forma de violação dos direitos humanos, que afeta o direito à vida, à saúde e à
integralidade física (BRASIL, 2011), fazendo-se necessário que o Estado elabore e implemente
políticas públicas para todas as mulheres englobando as diferentes formas nas quais a violência
se expressa.
O movimento feminista também reivindicava ações em torno da temática violência e foi
em 1985 que a primeira conquista neste sentido foi implementada com a criação da primeira
Delegacia de Defesa da Mulher e criado o Conselho Nacional dos Direitos da Defesa da Mulher
e, após um ano, foi criada a Casa Abrigo para mulheres que se encontravam em situação de
morte. Até a implementação da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres foram desenvolvidas outras políticas que tinham como temática a violência (BRASIL,
2011), evidenciando a continuidade do cuidado.
A violência contra as mulheres possui diferentes tipos, a violência doméstica (física,
sexual, patrimonial, psicológica e moral), a violência sexual, o abuso e exploração sexual, o
assédio sexual no trabalho, o assédio moral, o tráfico de mulheres e a violência institucional
(BRASIL, 2011). Por meio da caracterização da violência e dos seus diferentes tipos é possível
perceber a relação existente entre saúde da mulher e violência, principalmente se tratando da
violência física, sexual e psicológica que são praticadas. Este fato corrobora o tratamento da
política de enfrentamento da violência na concepção da saúde pública da mulher. Segundo Lima
et al. (2016) a violência contra as mulheres configura como uma grave questão de saúde pública.
A política possui o objetivo de “enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres a
partir de uma perspectiva de gênero e de uma visão integral deste fenômeno” (BRASIL,
2011, p. 35). Dentre suas ações estão a prevenção contra qualquer tipo de violência
e a atenção à saúde das mulheres que se encontram nessa situação (BRASIL, 2011).
Por mais uma vez a saúde pública da mulher é alvo de políticas que abarcam diferentes
temas, mas que culminam em um objetivo maior que é promover ações públicas que visam a
igualdade de gênero, o acesso à saúde e aos cuidados e a consideração de grupos que são alvo
de vulnerabilidade social. É fundamental perceber a evolução da atenção pública para atender
as demandas, que apesar de não serem recentes não estavam sendo consideradas nas proporções
das quais deveriam. A seguir, na Figura 1, é apresentada uma matriz na qual evidencia a atenção
das políticas públicas em seus diferentes aspectos que foram tratados neste estudo.

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Enfrentamento da violência Mãe


(2011) (1984)

MULHER

Grupos em vulnerabilidade
Inclusão de diferentes grupos
social
(2004)
(2011)

Figura 1 - Conquistas de políticas públicas de saúde para as mulheres


Fonte: elaborada pela autora.
Dentre as políticas descritas, a mulher se posiciona como o fator central sendo o público-
alvo de quase todas elas, resguardando as diferenças de gênero existente na Política Nacional
de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Foi possível identificar a participação de diversos atores na formulação de alternativas,
sendo uma característica relevante uma vez que se procura a melhor resolução para o problema
público. Como afirma Secchi (2014), é o momento que vários atores são envolvidos com a
finalidade de formular alternativas. Essa característica foi possível ser observada em quase
todas as políticas com exceção da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres, que não ficou evidente os atores governamentais e não governamentais que
interagiram na busca de alternativas.
Cada política descrita e analisada possui um objetivo geral que apresenta sua intenção
mais abrangente. De acordo com Heidemann (2009) as políticas públicas são propostas para
solucionar questões específicas da sociedade, tendo cada uma, um objetivo. Contudo, apesar
dos objetivos individuais é possível compreender a convergência dos mesmos no sentido de
promover avanços na valorização da saúde da mulher e por luz sobre perspectivas de igualdade
de gênero e do empoderamento feminino.
Caminhando na mesma direção que os objetivos, estão as ações que foram formalizadas
para cada política. As ações fazem parte do processo de implementação que é o momento no
qual ocorre a concretização dos processos definidos anteriormente, disponibilizando o que
pretende ser feito. As ações são diversas entre as políticas, contudo percebe-se mais
proximidade entre a PAISM e a PNAISM, justamente pelo fato de poderem ser analisadas por
meio do modelo incremental.
Outra característica considerada na análise das políticas foi o contexto em que foram
formuladas. Foi possível identificar que todas foram resultado de lutas sociais, principalmente
de movimentos sociais, que ocorreram ainda no século XX, sobretudo nas décadas de 1970 e

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1980. Por meio da construção histórica é relevante identificar como delonga certas questões
para que as mesmas sejam consideradas pelo poder público e que passem a ter uma solução
pública e disponibilizada para todos os cidadãos brasileiros usufruírem de sua cidadania e de
seus direitos alicerçados pela Constituição Federal de 1988.
As políticas públicas apresentadas representam uma emancipação de uma trajetória de
submissão, de adequação à sociedade patriarcal e de preconceitos. A Constituição Federal de
1988 garantiu o papel do Estado como promotor de direitos civis, políticos e sociais e assegurou
a igualdade entre mulheres e homens, mesmo que percebida, ainda, de maneira tímida.

Conclusões
Os desafios à serem superados ainda são grandes, mas o que se pode observar é que
esforços têm sido direcionados para a promoção, proteção da saúde das mulheres desde o final
do século XX. A saúde como sendo um direito de todos e dever do Estado faz com que as
políticas públicas sejam criadas para garantir a qualidade de vida, o bem-estar e o atendimento
das necessidades da população.
As políticas de atenção às mulheres ainda se encontram em construção e consolidação,
haja visto que algumas foram criadas há pouco tempo e considerando a realidade do país de
desigualdades econômicas, sociais, territoriais e culturais que dificultam o processo de
implementação, operacionalização e de geração de resultados. Ainda, tem-se os limites
estruturais e financeiros de um país em desenvolvimento e de dimensões continentais, que
expressam grande barreira no desempenho das ações propostas pelas políticas, como também
da elaboração de novas. Apesar disso, o que não se espera são retrocessos nas conquistas que
foram alcançadas na saúde, dado que muitas foram aguardadas por um longo período de tempo.
Mesmo diante de dificuldades, as conquistas são muitas. Os direitos das mulheres estão
sendo considerados em seus mais diversos aspectos, podendo ser observado a evolução do
cuidado com a saúde, tendo em vista o conceito ampliado de saúde colocado pela OMS. Assim
como é possível identificar a presença dos problemas que envolvem o tema na agenda
governamental que culminaram, por exemplo, na Política Nacional de Saúde Integral de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e na de enfrentamento da violência contra
as mulheres que evidenciam o avanço no país em considerar outras necessidades, que apesar de
não serem novas, antes não tinham a atenção do governo.
Como limitação do estudo aponta-se para o fato de não considerar todas as políticas
públicas de saúde para as mulheres. O presente estudo observou quatro políticas públicas
voltadas para as mulheres, embora existam outras nas quais sugere-se que, para próximas
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pesquisas, sejam analisadas para entender a rede que se pode observar no tratamento das
demandas da mulher, tanto na saúde como em outras áreas, que possibilitam a igualdade de
gênero e o empoderamento feminino a fim de traçar um panorama holístico das ações que o
governo tem direcionado.

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