Você está na página 1de 19

Fı́sica II

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani


(luis.mamani@ufrb.edu.br)

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia


UFRB

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II


Referências bibliográficas:

[1] Raymond A. Serway, Jhon W. Jewett, Princı́pios de Fı́sica, Vol 2., 5a edição.1
[2] Moysés Nussenzveig, Curso de Fı́sica Básica, vol 2.
[3] Halliday - Resnick, Fundamentos de Fı́sica, vol 2.

1
A maioria das figuras apresentadas nestas notas de aula foram tiradas desta referência.

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 1 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 2 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais
Previamente, estudamos o calor necessário para incrementar a temperatura de Ti →
Tf de uma substância de massa m.

Q = mC (Tf − Ti )

Contudo, é possı́vel reescrever a equação acima em termos da quantidade de


substância. Lembrando que n = m/M, logo,

Q = mC (Tf − Ti ) → Q = MnC ∆T

Finalmente, definimos o calor molar, Q/M, como

Q = nC ∆T

onde c é o calor especı́fico molar e n a quantidade de substância.

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 3 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais

Sabemos, da primeira lei da termodinâmica, que


o calor necessário para ir de um estado com tem-
peratura Ti (isoterma) para outro com temper-
atura Tf (isoterma), veja figura ao lado. Como
∆T não muda para os três processos mostrados
na figura, ∆Eint também não muda. Logo,

Q = ∆Eint − W
Como o trabalho depende do processo termodinâmico (caminho para ir do estado inicial
para o estado final), o calor também depende do processo termodinâmico.
Essa dependência é resolvida quando definimos os calores especı́ficos molares.

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 4 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais

Para o processo isócoro, temos

Q = nCV ∆T (1)

onde CV é o calor especı́fico molar a volume constante.


Enquanto que para o processo isobárico, temos

Q = nCP ∆T (2)

onde CP é o calor especı́fico molar a pressão constante. Os valores de essas con-


stantes podem ser encontrados em tabelas.
Gás monoatômico: é constituı́do de um átomo por molécula,

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 5 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais
Se o gás monoatômico for submetido a um processo
isocórico, pela primeira lei da termodinâmica, temos,
3
Q = ∆Eint = nR∆T
2
Comparando com (1), temos,

3
CV = R (3)
2

Se o processo for isobárico, temos,

Q = ∆Eint − W

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 6 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais
onde W = −P∆V . Substituindo (2), temos,

nCP ∆T = nCV ∆T + P∆V

Podemos simplificar a equação acima considerando a equação de estado dos gases ideais
P∆V = nR∆T , obtemos uma relação entre os calores especı́ficos e a constante universal
dos gases,
Cp − CV = R (4)
Para gases ideais monoatômicos, temos,

5
CP = R (5)
3

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 7 / 18


Calores especı́ficos molares dos gases ideais
A razão entre os calores especı́ficos definem
o coeficiente de expansão adiabática

CP
γ= (6)
CV

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 8 / 18


Exemplo
Exemplo: Um cilindro contém 3,00 mol de gás hélio a uma temperatura de 300 K. a) Se
o gás é aquecido a um volume constante, quanta energia deve ser transferida por calor
do gás para a temperatura aumentar para 500 K? b) Quanta energia deve ser transferida
por calor para o gás para a temperatura aumentar para 500 K?
Solução: a) Como o gás é sometido a um processo isocórico, o trabalho é zero e
podemos obter o calor usando a equação
QV = nCV ∆T → QV = (3mol)(12.5J/molK )(500 − 300)K
QV = 7, 50 × 103 J
b) Para a segunda situação precisamos calcular o calor em um processo a pressão con-
stante porque o pistão irá realizar trabalho sobre a vizinhança
QP = nCP ∆T → QV = (3mol)(20.8J/molK )(500 − 300)K
3
QP = 12, 5 × 10 J
Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 9 / 18
Processos adiabáticos para um gás ideal
Lembrando que no processo adiabático não existe transferência de calor entre a vizin-
hança e o sistema sob estudo. Neste ponto surge uma questão interessante. Há alguma
quantidade que não muda num processo adiabático? Análogo ao que é observado num
processo isobárico, isocórico e isotérmico?
Para responder essa pergunta vamos considerar gás expandindo-se adiabaticamente num
cilindro com paredes isolantes de calor. Sabemos que as variáveis termodinâmicas, como
o volume, pressão e temperatura irão mudar. Considerando uma variação infinitesimal,
logo o trabalho e energia interna são:
dW = −PdV , e dEint = nCV dT (7)
A primeira lei da termodinâmica para um processo adiabático pode ser reescrita na
forma,
dEint = dW → nCV dT = −PdV (8)

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 10 / 18


Processos adiabáticos para um gás ideal
Por outro lado temos, da equação de estado dos gases ideais PV = nRT ,
P V
PdV + VdP = nRdT → ndT = dV + dP (9)
R R
Substituindo em (8) e considerando (R = CP − CV )
CV CV
PdV + VdP + PdV =0
R R
V R
dV + dP + dV =0
P CV
dP (R + CV ) dV
+ =0
P CV V
dP CP dV
+ =0
P CV V

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 11 / 18


Processos adiabáticos para um gás ideal
Substituindo o coeficiente adiabático
dP dV
+γ =0
P V
Que pode ser escrito usando derivadas
d ln P + γd ln V = 0
d ln P + d ln V γ = 0
d (ln P + ln V γ ) = 0
d ln [PV γ ] = 0
Do qual concluı́mos que
PV γ = constante (10)
Que representada uma função hiperbólica no plano PV.

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 12 / 18


Processos adiabáticos para um gás ideal

A equação acima pode ser representada como

P0 V0γ = Pf Vfγ (11)

Que significa que o produto não muda quando avaliado no


ponto inicial e final do processo termodinâmico. Na figura
do lado podemos observar a diferença entre as hipérboles
do processo isotérmico e adiabático.
Exercı́cio: mostrar que a inclinação da hipérbole correspondente ao processo
adiabático é maior que a inclinação da hipérbole do processo isotérmico num
ponto qualquer no plano PV, por exemplo em P0 e V0 .

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 13 / 18


Processos adiabáticos para um gás ideal
Agora podemos calcular o trabalho realizado sobre o sistema quando é sometido a um
processo adiabático para ir do estado inicial ao final. Lembrando que
ˆ Vf
W =− PdV (12)
V0

Podemos isolar a pressão da equação (10)


constante
P= (13)

onde a constante pode ser fixada em qualquer ponto sobre o plano PV, por exemplo no
estado inicial. Logo,
P0 V0γ = constante (14)

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 14 / 18


Processos adiabáticos para um gás ideal
Substituindo na equação para calcular o trabalho, temos
ˆ ˆ Vf
P0 V0γ
Vf
γ
W =− dV = −P0 V0 V −γ dV
V0 Vγ V0
 −γ+1  Vf "
−γ+1 −γ+1
#
V V V
W = − P0 V0γ = −P0 V0
γ f
− 0

−γ + 1 −γ + 1 −γ + 1
V0
" #
γ V0
−γ+1
Vf−γ+1 1 h i
W = − P0 V0 − = P0 V0γ Vf−γ+1 − P0 V0
γ−1 γ−1 γ−1
P0 V0γ
 
1
W = Vf − P0 V0
γ − 1 Vfγ

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 15 / 18


Processos adiabáticos para um gás ideal

Usando o fato que P0 V0γ = Pf Vfγ , podemos simplicar a expressão acima. Finalmente,

Pf Vfγ
 
1
W = Vf − P0 V0
γ − 1 Vfγ
1
W = [Pf Vf − P0 V0 ]
γ−1

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 16 / 18


Exemplo
Exemplo.- O ar a 20,0 ◦ C dentro de um cilindro de um motor a diesel é comprimido
de sua pressão inicial de 1,00 atm e volume de 800,0 cm3 a um volume de 60,0 cm3 .
Suponha que o ar se comporte como um gás ideal, com γ = 1, 40, e a compressão seja
adiabática. Calcule a pressão e a temperatura finais do ar.

Solução: Sabemos que num processo adiabático P0 V0γ = Pf Vfγ , como temos a pressão
inical, volume inicial e final podemos usar essa equação para calcular a pressão final

P0 V0γ
 γ
V0
Pf = γ = P0
Vf Vf
1,4
800cm3

Pf = 1atm → Pf = 37, 6 atm
60cm3

Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 17 / 18


Exemplo
Para calcular a temperatura final, podemos usar a equação de estado dos gases ideais e
fazer algumas manipulações
nRT
PV = nRT , → P =
V
γ γ
Substituindo em P0 V0 = Pf Vf = constante
nRT0 γ nRTf γ
V0 = Vf → T0 V0γ−1 = Tf Vfγ−1
V0 Vf
Logo, a temperatura final é
 γ−1 0,4
800cm3

V0 ◦
Tf = T0 = 293 K
Vf 60cm3
Resolvendo, temos
Tf = 826◦ K (15)
Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Fı́sica II UFRB 18 / 18

Você também pode gostar