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1.

INTRODUÇÃO

A Bacia do Betânia, localizada na região oeste de Belo Horizonte (BH), é uma


sub-bacia da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Arrudas (Figura 01), que pertence a Bacia
do Rio das Velhas. Essa sub-bacia tem uma nota de prioridade igual a 30,66 e está na
ordem 67 de acordo com o plano municipal de Saneamento de Belo Horizonte (Figura
02) e vale ressaltar que a mesma possui uma área superficial de 0,73km², conforme foi
calculado por meio dos dados obtidos.

Figura 01 - Mapa das Grandes Bacias Hidrográficas de Belo Horizonte

Fonte: Plano Municipal De Saneamento - 2008/2011


Figura 02 - Priorização das Sub- Bacias.

Fonte: Plano Municipal De Saneamento - 2008/2011

2. DIAGNOSTICO AMBIENTAL
Para efeito da elaboração do Diagnóstico Ambiental da área de planejamento as
características dos meios físicos e antrópico, serão abordadas segundo a situação atual
da bacia hidrográfica.

2.1 Meio Físico


a) Área da Bacia

A área da bacia foi determinada com o auxílio de ferramentas compostas no


programa AutoCAD , e foi igual à 726178,6098m ou 0,73 km².

Figura 03: Desenho da Sub Bacia do Córrego Betânia.

Fonte: Material disponibilizado pela Professora Aline Nunes de Araújo - 2018.

b) Declividade
A velocidade de escoamento de um rio está diretamente relacionada com a
declividade das calhas fluviais. Podemos calcular a declividade por três métodos (Figura
03)

Figura 04: Métodos de calculo da declividade do curso de água principal.

Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014

 S1: Obtém a declividade de um curso de água, entre dois pontos, dividindo-se a


diferença total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso de água
entre esses dois pontos;
 S2: Obtém a declividade traçando-se no gráfico do perfil longitudinal uma linha,
tal que a área, abaixo desta, seja igual aquela abaixo do perfil. Logo, a
declividade média é aproximada pela inclinação da hipotenusa do triângulo de
área igual à área compreendida entre o perfil longitudinal e o eixo das abscissas;
 S3: Obtém-se a declividade através de uma média harmônica ponderada da raiz
quadrada das declividades dos diversos trechos retilíneos, tomando-se como
peso a extensão de cada trecho;

Onde: S3 é a declividade equivalente (m/m); Li é o


comprimento de cada trecho de rio (m); e Si é a declividade de cada
trecho de rio.

Vale ressaltar que a declividade da sub-bacia do Betânia foi calculada pelo


método S3, uma vez que, é o índice que melhor representa a declividade média do perfil
longitudinal.
Tabela 01: Tabela para determinação da declividade média do Rio principal

TRECHO LI (M) ELEV.(M) HI (M) SI (M/M) (SI)^(1/2) LI/(SI)^(1/2)


1 142,07 890 - - - -
2 160,71 885 5 0,03111 0,176 911,128
3 254,93 880 5 0,01961 0,140 1820,314
4 124,77 875 5 0,04007 0,200 623,276
5 14,59 870 5 0,34270 0,585 24,923
TOTAL 697,07         3379,641
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

S 3= ( 697,07 2
3379,641 ).:

m
S 3=0,04254 → S 3=4,25 %
m

Logo, concluímos que a declividade do curso principal é igual a 4,25%.

c) Calculo de concentração

Tempo de Concentração é o intervalo de tempo contado a partir do início de uma


precipitação para que toda a bacia hidrográfica passe a contribuir para o escoamento
superficial na seção de saída da mesma.

Existem várias fórmulas e ábacos que fornecem o valor do tempo de


concentração em função das características físicas da bacia.

Tabela 02: Formulas para o calculo de concentração.

Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014.


Onde: L é o comprimento do talvegue principal (km); S é a declividade desse
talvegue (%); e A é a área de drenagem (km2 ).

A formula escolhida para o calculo de concentração foi o de G.B Williams, uma


vez que, a formula não estabelece um valor máximo e/ou mínimo para a área da bacia.

0,61 x 0,69707
Tc ( h )= 0,11 0,20
→ 0,329 h
0,73 x 4,25
Tc=20 minutos

d) Meio Físico

A topografia da região é muito acidentada, apresentando raros e descontínuos


trechos de declividade suave. Destaca-se como local mais acidentado da região, o
aglomerado Morro das Pedras, que apresenta uma declividade variável de 20 a 50%,
caracterizada pela existência de áreas de risco, formadas por solos de rochas graníticas,
de pouca resistência às intempéries e, por isso, de fácil deslizamento, o que é agravado
pelo alto adensamento da área. (SOUZA,2009)

A Figura 1 mostra que as Regionais Venda Nova, Norte e Nordeste possuem as


menores cotas altimetrias, situadas na bacia do Ribeirão do Onça, de grande número de
córregos convergentes, constituindo-se as áreas mais aplainadas do município, como
também as Regionais Pampulha e a parte norte da Noroeste, que possuem cotas
altimetrias entre 780 e 900 m. A Leste, Centro-Sul, Oeste e Barreiro possui diferença
hipsométrica de 500 m, sendo que na regional Barreiro essa diferença chega a 780 m,
todas elas situadas na bacia do Ribeirão Arrudas.

Figura 05: Mapa Hipsométrico de Belo Horizonte.


Fonte: Base Cartográfica PRODABEL-PBH - 2007.

Toda a região Oeste situa-se na bacia do ribeirão Arrudas, sendo a maior parte do
território regional interceptada por afluentes da margem direita, entre os quais se
destacam os córregos Piteiras e Marinho, que foram canalizados e capeados,
transformando-se nas avenidas Barão Homem de Melo e Silva Lobo, e o córrego do
Cercadinho, que ainda corre a céu aberto, separando os bairros Havaí e São José, Estoril
e Buritis.(SOUZA,2009).

Figura 06: Mapa das bacias hidrográficas e tipologias dos cursos d’água de Belo
Horizonte.
Fonte: IBGE (2007) e PRODABEL - 2010.

Existem na região adjacentes da área de estudo 827.809 metros quadrados de


áreas verdes distribuídos entre 7 parques municipais, que abrigam espécies como pau-
brasil, pau-ferro e sibipiruna, além de diversos tipos de animais. A sub - área que
engloba os bairros Betânia e Palmeiras abrigam a única mata nativa de preservação
ambiental restante na região, que está concentrada próxima à BR-262(SOUZA,2009).

A Folha Belo Horizonte insere- se na Província Geotectônica São Francisco


(Padilha, 1991), tendo rochas da crosta intermediária, de fácies anfibolito, e
supracrustas de fácies xisto- verde a anfibolitobaixo e epimetamórficas, além de rochas
sedimentares. O Com plexo Belo Horizonte é constituído por uma suíte TTG cuja
migmatização remonta a 2.860 Ma. No Complexo Belo Horizonte as estruturas mais
importantes são: uma foliação de transposição e milonítica de baixo ângulo, que
deforma estruturas migmatíticas, sendo aquela modificada por uma foliação de alto
ângulo associada a zonas de cisalhamento N-S.

Figura 07: Carta geológica de Belo Horizonte.


Fonte: Serviço Geológico do Brasil - 1999.

A primeira unidade de clima local foi definida como Tropical de Altitude da


Depressão de Belo Horizonte, ocupando a área onde surgiram os primeiros
assentamentos urbanos. Neste clima local foram caracterizados em diversos
mesoclimas. A região oeste corresponde ao mesoclima B-1 em destaque no mapa,
compreende a faixa central do município no alongamento leste-oeste.
Figura 08: Unidade climaticas naturais do municipio de Belo Horizonte.

Fonte: PRODABEL – PBH - 2002.


Os grupos de solos das series de Minas e Itacolomi apresentam-se em formação
continua ao sul e leste de Belo Horizonte, estendendo-se até Ouro Preto e Mariana, ao
sul, a leste até as proximidades de Santa Barbara e ao norte em larga faixa prossegue
pela serra do Cipó e adjacências. São solos de terra arenosa e terra areno-limosa, de
extrema pobreza, cobertos por escassos cerrados ou, em sua maioria, por extensos
campos de barba-de-bode, apenas aproveitáveis como pastagens durante o período
chuvoso do ano. Os vales e encostas podem ser explorados com pastagens,
reflorestamentos ou mesmo culturas pouco exigentes. Os produtos da decomposição de
ardósias, margas e folhelhos argilosos, pobres em cal, formam a terra vermelha de
Lagoa Santa com alto teor de argila. São solos de ótimas condições físicas, prestando-se
a agricultura, apesar da carência de nutrientes, principalmente cálcio. Aí se encontram
cerrados e cerradões, onde vegetam, entre outros, o pequizeiro, pau-santo, cabiúna,
vinhatico-do-campo, bolsa-de-pastor, gaiteira, barbatimão, etc. São solos que podem ser
aproveitados, desde que se faça a correção da acidez e se melhorem os teores de húmus
e sais minerais e se assegure boa irrigação. O grupo de terra clara argilosa tem como
rocha originaria a mesma formadora da terra vermelha argilosa de Lagoa Santa e nele se
encontram cerrados, que também aparecem no grupo terra siliciosa, os quais são os
piores solos da Série Bambui.(ARAUJO,1996).

2.2 Meio Antrópico

A sub-bacia do Betânia, como elucidado fica na região Oeste de Belo Horizonte,


possuindo o maior centro comercial da região, obtendo assim um destaque em meio às
características antrópicas. Os bairros Milionários, Palmeiras e Salgado Filho também
recebem o abastecimento e influência da bacia em estudo.

A região conta com a presença de agências bancárias, farmácias, padarias,


quadras poliesportivas, supermercados, escolas, academias de ginástica e postos de
gasolina.

Além de bares, restaurantes e pizzarias, os moradores têm também à disposição


boas opções de lazer, destacando-se neste contexto o Parque Ecológico Jacques
Costeau. Com uma área de 456 mil metros quadrados, o parque é administrado pela
Prefeitura de Belo Horizonte e conta com bucólicas trilhas ecológicas, brinquedos
infantis, lagos para criação de peixes ornamentais e espaço para plantio de mudas de
árvores de várias espécies. Criado em 1971 e implantado em 1999, o espaço
anteriormente funcionou como depósito de lixo da cidade e, posteriormente, como horto
para a produção de mudas de árvores e plantas ornamentais a serem utilizadas no
paisagismo de Belo Horizonte. Muitas dessas mudas cresceram e floresceram no
parque, sendo as primeiras a integrarem a vegetação da Mata local.

Figura 09: Parque Ecológico Jacques Costeau

Através da ferramenta online BH Map, fornecida no site da PBH, foi possível


conhecer e contabilizar alguns dos serviços públicos oferecidos à população.

a) Abastecimento de Água e Serviço de Esgoto

A COPASA é a empresa prestadora do serviço de abastecimento de água ao


longo de toda a região da bacia. Este serviço pode ser encontrado em quase toda a área,
com exceção de pequenos trechos isolados.
Assim como o Abastecimento de água, a Rede de Esgoto também abrange a
maior parte das ruas que compõe a bacia, com exceção de pequenos trechos.

b) Limpeza Urbana

A Coleta de Residuos é realizada diariamente ou em dias alternados.

c) Limpeza Urbana Especializada

 Quatro URPV - Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes


 Dois LEV – Local de Entrega Voluntária (2 especializadas em vidros; 1 em
metal, plástico, papel e vidro)

d) Saúde

 Sete Centros de Saúde


 Quatro Centros de Especialidades Odontológicas
 Três Centros de Controle de Zoonoses
 Um Centro de Referência em Saúde do Trabalho
 Três Academias da Cidade

e) Educação / Escolas

 Cinco Redes Municipais


 Oito Redes Estaduais
 Vinte E Três Redes Particulares
 Cinco UMEI’S
 Cinco Creches Conveniadas

f) Espaços de Entretenimento e Lazer

 Três Centros Culturais


 Duas Quadras / Campos de esportes
 Oito Espaços Esportivos
 Treze Academias
g) Indicadores Socioeconômicos e Demográficos

Em relação aos principais indicadores socioeconômicos e demográficos,


associasse estes com os números encontrados para toda a regional Oeste. De acordo
com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), temos então:

Tabela 03: Indicadores Socioeconômicos e demográficos.

INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS

DENSIDADE 8.030,1 hab./km²


IDH 0,853
ÍNDICE DE GINI 0,61
EXPECTATIVA DE VIDA AO 71,65
NASCER (ANOS)
DOMICÍLIOS 76.949
RENDIMENTO MÉDIO MENSAL 634,71
Fonte: PNUD - 2000.

3. PLANEJAMENTO PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM DIQUE

Considerando que no exutório da bacia hidrográfica será implantado um dique


marginal para proteção da área urbanizada a jusante, faz- se necessário conhecer a vazão
de dimensionamento para o dique. Os dados necessários são: valor da precipitação da
área em estuda localizada na cidade de Belo Horizonte e valores de CN que devem ser
estabelecidos de acordo com a ocupação da bacia.

3.1 Precipitação de Belo Horizonte no Período de Um Ano

Os dados da tabela abaixo foram extraídos do site da INMET os mesmos se


remetem ao período entre 01/01/1961 á 31/01/2017.

Vale ressaltar que os dados do ano corrente (2018) não foram utilizados, uma
vez que, estamos no mês de novembro.
Tabela 04: Precipitação do município de Belo Horizonte.

Tabela Precipitação Diária Máxima Anual


Ano P(mm)
1961 79,8
1962 124,9
1963 83
1964 109,6
1965 76,7
1966 116,9
1967 68,2
1968 68,4
1969 108,6
1970 67,4
1971 70,8
1972 91,6
1973 86
1974 58,9
1975 93,7
1976 91
1977 79,4
1978 164,2
1979 91,8
1980
1981 95
1982 112,6
1983 79,6
1984
1985
1986 72,2
1987
1988 68
1989 109,6
1990 56,6
1991 97
1992 130,6
1993 85,8
1994 64,9
1995 138,7
1996 88
1997 147,4
1998 88,7
1999 84,2
2000 158,8
2001 63,7
2002 75,9
2003 83,4
2004 81,4
2005 84,4
2006 156,3
2007 53
2008 94,2
2009 102,8
2010 75,5
2011 91,4
2012 80,6
2013 111,4
2014 71,3
2015 68,6
2016 108,1
2017 93,2

Média: 92,52453
Desvio Padrão: 26,21108
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

3.2 Tempo de Retorno

Através da tabela 5, que considera o risco hidrológico associado ao custo médio


de cada tipo de obra hidráulica, foi possível estimar Tempo de Retorno válido para essa
obra, que será igual a 100 anos.

Tabela 05: Tempo de retorno para obras hidráulicas.

Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014.


3.3 Estudos Estatísticos de Eventos

Para a determinação da Precipitação crítica, serão realizadas 3 análises estatísticas


para valores máximos:

a) Distribuição Normal;
b) Distribuição Log Normal;
c) Distribuição Gumbel Máximos.

a) Distribuição Normal

Tal distribuição é normalmente utilizada para modelar a frequência de variáveis


aleatórias contínuas que tenham distribuição amostral simétrica. E pode ser obtida
através da formula:

x=z σ + μ

Onde:

x = Precipitação em um determinado “T”;

μ = Média das precipitações da série histórica – dado calculado na tabela 02

σ = Desvio padrão das precipitações da série histórica – dado calculado na tabela 02

z = Tal valor é tabelado e para a determinação do mesmo, até o tempo de retorno


determinado (100 anos), foi utilizada a tabela abaixo – eventos máximos.
Tabela 06: Valores usuais de “z”.

Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014.

Tabela 07: Valores de Precipitação – Distribuição Normal.

T "z" Desvio Média “x”


(anos)
1,25 -0,856 26,2110 92,5245 70,08785
8
2 0 26,2110 92,5245 92,52453
8
5 0,841 26,2110 92,5245 114,568
8
10 1,282 26,2110 92,5245 126,1271
8
25 1,751 26,2110 92,5245 138,4201
8 autores.
Fonte: Elaboração pelos próprios
50 2,055 26,2110 92,5245 146,3883
8
100 2,326 26,2110 92,5245 153,4915
8

b) Distribuição Log Normal

A distribuição Log-Normal calcula as precipitações a partir do logaritmo natural


(ln) das precipitações.

A tabela 4 também será utilizada para esta análise para encontrar os valores de
“z”, que também pode ser calculado da seguinte pela equação:
ln x+ ln μ
z=
ln σ

Onde:

ln x = logaritmo natural (ln) da precipitação em um determinado “T”;

ln μ = logaritmo natural (ln) da média das precipitações da série histórica (ln μ = 4,71
mm);

ln σ = logaritmo natural (ln) do desvio padrão das precipitações da série histórica (ln σ =
0,30 mm).

Os valores de “z” são fornecidos pela tabela acima para cada “”T, sendo a única
incógnita os valores de “x”, sendo, portanto, a equação simplificada para:

ln x=z ln σ + ln μ

Que pode ser representada por:

z ln σ +ln μ
x=e

Tabela 08: Valores de Precipitação – Distribuição Log Normal.

T "z" Desvio Média Aplicação da


(anos) Formula
1,25 -0,856 26,211 92,5245 71,19297273
1
2 0 26,211 92,5245 92,52453
1
5 0,841 26,211 92,5245 119,6966904
1
10 1,282 26,211 92,5245 137,0000083
1
25 1,751 26,211 92,5245 158,1547067
1
50 2,055 26,211 92,5245 173,5817617
1
100 2,326 26,211 92,5245 188,598464
1
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.
c) Distribuição Gumbel Maximos

Os parâmetros utilizados para esta distribuição são:

 α = 1,2825/σ .: α = 1,2825/26,2111 .: α = 0,0489


 β = μ – 0,45σ .: β = 92,5245 – 0,45 x 26,2111 .: β = 80,77455

A equação utilizada é:

1
x=β− ln ¿ ¿
α

Onde T é o tempo de retorno adotado (100 anos).

Tabela 09: Valores de Precipitação – Distribuição Gumbel Maximos.

T "z" Desvio Média Aplicação


(anos) da
Formula
1,25 -0,856 26,2111 92,5245 71,0427505
2 0 26,2111 92,5245 88,2697018
5 0,841 26,2111 92,5245 111,448169
10 1,282 26,2111 92,5245 126,794332
25 1,751 26,2111 92,5245 146,184249
50 2,055 26,2111 92,5245 160,568797
100 2,326 26,2111 92,5245 174,847131
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

3.4 Escolha da Distribuição

A distribuição que mais se adequa ao projeto é escolhida através de uma


plotagem dos gráficos das três análises realizadas, comparando com os dados reais
observados.
Os dados observados foram calculados, com auxílio do Excel, ordenando as
precipitações em ordem decrescente, calculando a probabilidade (posição de plotagem)
de cada precipitação através da fórmula:

m
P ( % )=
57+ 1

Em função da série histórica ser pequena em relação ao tempo de retorno


adequado, ao número total de precipitações observadas será somada 1 unidade (56+1).

O tempo de retorno (T) é calculado pela equação:

1
T=
P (%)

Os valores de P(%) e T para cada precipitação observada estão calculados na


Tabela abaixo.

Tabela 10: Dados observados.

m P(mm) Plotage T anos


m
1 164,2 0,017 58,000
2 158,8 0,034 29,000
3 156,3 0,052 19,333
4 147,4 0,069 14,500
5 138,7 0,086 11,600
6 130,6 0,103 9,667
7 124,9 0,121 8,286
8 116,9 0,138 7,250
9 112,6 0,155 6,444
10 111,4 0,172 5,800
11 109,6 0,190 5,273
12 109,6 0,207 4,833
13 108,6 0,224 4,462
14 108,1 0,241 4,143
15 102,8 0,259 3,867
16 97 0,276 3,625
17 95 0,293 3,412
18 94,2 0,310 3,222
19 93,7 0,328 3,053
20 93,2 0,345 2,900
21 91,8 0,362 2,762
22 91,6 0,379 2,636
23 91,4 0,397 2,522
24 91 0,414 2,417
25 88,7 0,431 2,320
26 88 0,448 2,231
27 86 0,466 2,148
28 85,8 0,483 2,071
29 84,4 0,500 2,000
30 84,2 0,517 1,933
31 83,4 0,534 1,871
32 83 0,552 1,813
33 81,4 0,569 1,758
34 80,6 0,586 1,706
35 79,8 0,603 1,657
36 79,6 0,621 1,611
37 79,4 0,638 1,568
38 76,7 0,655 1,526
39 75,9 0,672 1,487
40 75,5 0,690 1,450
41 72,2 0,707 1,415
42 71,3 0,724 1,381
43 70,8 0,741 1,349
44 68,6 0,759 1,318
45 68,4 0,776 1,289
46 68,2 0,793 1,261
47 68 0,810 1,234
48 67,4 0,828 1,208
49 64,9 0,845 1,184
50 63,7 0,862 1,160
51 58,9 0,879 1,137
52 56,6 0,897 1,115
53 53 0,914 1,094
54 0 0,931 1,074
55 0 0,948 1,055
56 0 0,966 1,036
57 0 0,983 1,018
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

Tabela 11: Tabela das Distribuições.

T "z" Desvio Média Log Normal Gumbel


(anos) Normal
1,25 -0,856 26,2111 92,5245 71,19 70,09 71,04
2 0 26,2111 92,5245 92,52 92,52 88,27
5 0,841 26,2111 92,5245 119,70 114,57 111,45
10 1,282 26,2111 92,5245 137,00 126,13 126,79
25 1,751 26,2111 92,5245 158,15 138,42 146,18
50 2,055 26,2111 92,5245 173,58 146,39 160,57
100 2,326 26,2111 92,5245 188,60 153,49 174,85
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

Gráfico 01: Distribuição do Probabilidade Empírica.

Distribuição da Probabilidade Empírica


200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1.25 2 5 10 25 50 100

Log Normal Normal Gumbel Observado

Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

Ao observar o gráfico acima, é possível notar que a distribuição Gumbel foi a


que mais se aproximou dos dados observados. A chuva adotada para o tempo de retorno
de 100 anos será 174,85mm, pois foi o maior valor calculado entre as duas
distribuições. Portanto a chuva de projeto será 174,85mm com duração de 24 horas. A
tabela 12 será utilizada para cálculo da desagregação da chuva em um período de 1h ,
que é o valor que se aproxima do tempo de concentração calculado igual à 20 min.

Tabela 12: Fatores de Desagregação das Chuvas.


De acordo com a tabela 12, o fator de correção que será utilizado é 0,42, ou seja, os
valores de precipitação diários serão multiplicados por 0,42, e o valor corrigido da
chuva de projeto é igual à 73,44mm com duração de 20min.

3.5 Determinação da Precipitação Efetiva

A precipitação efetiva é a parcela do total precipitado que gera o escoamento


superficial. Para obter o hidrograma correspondente à precipitação efetiva é necessário
retirar os volumes evaporados, retidos nas depressões e os infiltrados. Existem vários
metodologias para a determinação da precipitação efetiva. Porém, neste curso
apresentaremos apenas aquela desenvolvida pelo Soil Conservation Service (SCS) a
partir das relações funcionais. O método desenvolvido pelo SCS (1957) utiliza a
seguinte formulação:

 Pe =0 se P≤Ia;
(P−I a)2 25.400
 Pe = se P> I a; com: S= −254 e Ia=0.2∗S .
P−I a +S CN

Onde: Pe é a precipitação efetiva (mm); P é a precipitação total (mm); Ia é a abstração


inicial (mm); S é o armazenamento (mm); e CN é o fator curva índice tabelado de
acordo como o tipo e o uso do solo.

Tabela 13 : Valores de CN para diferentes áreas.


Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014

Grupos Hidrológicos: Grupo A: Solos que produzem baixo escoamento superficial


e alta infiltração, tais como solos arenosos bem graduados profundos. Grupo B: Solos
menos permeáveis que o anterior, solos arenosos menos profundos que o do tipo A e
com permeabilidade superior à média. Grupo C: Solos com escoamento superficial
acima da média com capacidade de infiltração abaixo da média, pouco profundos e com
porcentagem considerável de argila. Grupo D: Solos com argila expansivas, rasos e
bastante impermeáveis

Conforme a descrição da área feita no item de Meio Antrópico, a bacia em estudo


possui valores consideráveis de uso e ocupação do solo classificando a área como
Grupo Hidrológico C. A área é bastante urbanizada, com setores comerciais e
residências, devido a esses fatores o solo tem um escoamento superficial acima da
média com capacidade de infiltração abaixo da média, poucos profundos e com
porcentagem considerável de argila de acordo com a composição do solo que se destaca
pelo grupo de terra clara argilosa quem tem como rocha originaria a mesma formadora
da terra vermelha argilosa de Lagoa Santa e nele se encontram cerrados, que também
aparecem no grupo terra silicosa, os quais são os piores solos da Série Bambui.

Fazendo-se uma estimativa visual, através de dados cartográficos fornecidos pela


Prefeitura de Belo Horizonte e das imagens aéreas do Google Mapas, a porcentagem do
uso e ocupação do solo da bacia ué:
 5% de Bosque ou Zonas Florestais com cobertura esparsa;
 25% de Zonas comerciais;
 70% de Zonas Residenciais com lotes < 500m² e 65% impermeáveis.

O CN adotado será a média ponderada dos CN dos três tipos de terrenos que
formam a bacia:

CN adotado =0,05 x 77+ 0,25 x 94+ 0,70 x 90 . :CN adotado =90,35

De posse do valor de CN é possível calcular Ia e S, cujas formulas foram demonstradas


anteriormente:

25400
S= −254 .: S=27,13
90,35

I a=0,2 x 27,13 . :5,42mm

Ou seja, se ocorrer uma chuva de até 5,42 mm, não haverá escoamento superficial.

A Precipitação Total da bacia em estudo é de 73,44 mm em 20 minutos (0, 329


horas). Para acharmos Precipitação Efetiva será necessário fazer a distribuição temporal
das precipitações. De acordo com o material de didáticos disponibilizados estudos
mostram que existe grande variabilidade na distribuição temporal das chuvas durante as
tempestades. Huff (1970) utilizou 49 postos com 11 anos de registros no estado de
Illinois (USA) para determinar as características da distribuição temporal. O autor
classificou as tempestades inicialmente em quatro grupos. Cada precipitação intensa
teve a sua duração total dividida em quatro partes (quartis) e as mesmas foram
classificadas de acordo com a parte da duração em que a precipitação máxima caiu. Para
cada quartil foi realizada uma análise estatística obtendo-se curvas de distribuição
temporal com um determinado nível de probabilidade de ocorrência para cada um dos
quatro tipos. Na figura a seguir são apresentadas as curvas para a probabilidade de 50%
dos quatro quartis. Existe uma tendência na utilização da curva do 2o quartil, com
probabilidade de 50% de ocorrência, como padrão de distribuição temporal de chuva.

Os valores tempo de concentração e o intervalo de discretização da chuva unitária


indicam que a chuva será discretizada em 5 intervalos de tempo diferentes (20%,
40%,60%, 80% e 100%).
tc 0,329
∆ t= = . :∆ tc=0,0658 horas
5 5

0,329 = 100% .: 0,0658 = 20%

Gráfico 02: Padrões de distribuição temporal de chuva.

Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014

Tabela 14: Calculo da Chuva Efetiva.

Tempo (h) P (%) PPT (mm) Pef.Ac. (mm) Pef. (mm)


0,06 0,13 9,5472 0 0
0,13 0,52 38,1888 17,4296 17,4296
0,19 0,86 63,1584 38,5818 21,1522
0,26 0,97 71,2368 45,8602 7,27843
0,32 100 73,44 47,8686 2,00839
Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

O valor de Pe acumulada na primeira fileira é igual a zero, pois Pacumulada


calculada foi menor que Ia, ou seja, nada do que choveu escoou, portanto não houve
escoamento superficial. De acordo com a tabela 13, o valor da chuva efetiva em 20
minutos é 48,62mm, ou seja, dos 73,44mm que choveu neste intervalo de tempo,
48,62mm escoou e 24,62mm foi perdido por infiltração, evapotranspiração e
interceptação.

3.6 Determinação do Hidrograma Unitário

O hidrograma unitário é o hidrograma de escoamento superficial resultante de


uma chuva efetiva unitária uniformemente distribuída sobre a bacia. A princípio, o HU
somente pode ser determinado para uma bacia que tenha medições simultâneas de chuva
(estação pluviométrica) e de vazão (estação fluviométrica) estimativa do escoamento
superficial através de dados de chuva é o método mais utilizado em localidades onde
não existem estações fluviométricas próximas.

O HU é uma constante da bacia hidrográfica, refletindo as suas propriedades


com relação ao escoamento superficial. Desta forma, as diversas características físicas
da área de drenagem devem influenciar as condições do escoamento e contribuir para a
forma final do HU. Esse fato, associado à frequente necessidade de se estabelecer
relações hidrológicas para rios desprovidos de estações fluviométricas, fez surgir
métodos para a determinação dos chamados Hidrogramas Unitários Sintéticos. O
número de métodos existentes é muito grande para que se possa incluir a sua totalidade
nestas notas de aula. Desta forma, usaremos o método do HU Triangular Sintético do
SCS, desenvolvido pelo Soil Conservation Service (USA):

Figura 10: HU Triangular Sintético do SCS.


Fonte: Notas de Aula de Hidrologia – 2014

tc ∆t 0,208∗A
∆ t= ( Horas) tp= +0,6∗tc td =1,67∗tp qp= ¿)
5 2 tp

Onde: t é o intervalo de discretização da chuva unitária (h); tp é o tempo de pico do


HU (h); td é o tempo de descida do HU (h); qp é a vazão de pico unitária do HU
(m3 /scm); e A é área de drenagem da bacia hidrográfica (km2 ).

Para início do cálculo, será considerado que o gráfico do hidrograma é composto


de 2 retas, conforme figura 9. Serão calculados a vazão de pico, os tempos de pico e de
descida, e o tempo de discretização da chuva. Feito isto, será encontrada as equações
das duas retas e calculados, através das equações, a vazão em cada intervalo de tempo
da chuva discretizada em Δt intervalos de tempo.

0,329
∆ t= .: ∆t=0,0645 h
5

0,0645
tp= + 0,6∗0,329 .:tp=0,224 h
2

td=1,67∗0,224 . :td=0,37408 h

0,208∗0,73
qp= . :qp=0,6778 ¿)
0,224

Com o auxílio do Excel, as retas foram plotadas no gráfico a partir dos pontos
calculados. O programa forneceu as equações das retas.

Figura 15: Pontos do HU triangular.

Eq. “Subida” Eq. “Descida”

(0;0) ( 0,224 ; 0,6778 )


( 0,224 ; 0,6778 ) ( 0,5980 ; 0 )

Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

Gráfico 03: Equações das retas do HU triangular.

0.8

0.7
f(x) = 3.02614795918367
f(x) = − 1.81206464621777
x x + 1.08375962360992
0.6 R² = 1
0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

Tabela 16: Vazões para cada intervalo de tempo

Tempo (h) HU
(m3/s.cm)
0 0
0,064 0,1936704
0,128 0,3873408
0,192 0,5810112
0,256 0,6199024
0,32 0,503928
0,384 0,3879536
0,448 0,2719792
0,512 0,1560048
0,576 0,0400304
0,64 0

Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

** qu no tempo igual à 0,64 horas resulta em um valor


negativo, como não existe vazões negativas o valor foi
substituído por zero.

Gráfico 04: Hidrograma Unitário.


CN 90
30

25

20
Vazaão(m³/s)

15

10

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Tempo (h)

Fonte: Elaboração pelos próprios autores.

3.7 Convolução e Determinação da Cheia de Projeto da Estrutura Hidráulica

A seguir são enunciados os princípios básicos para desenvolvimento e aplicação


do HU, válidos para chuvas de intensidade constantes e distribuição uniforme sobre a
bacia:

Em uma dada bacia hidrográfica, o tempo de duração do escoamento superficial (tb)


é constante para chuvas de igual duração;

 Duas chuvas de igual duração, produzindo volumes diferentes de escoamento


superficial, dão lugar a hidrogramas em que as ordenadas, em tempos
correspondentes, são proporcionais aos volumes totais escoados;
 A distribuição, no tempo, do escoamento superficial de determinada precipitação
independe de precipitações anteriores.

Dos princípios anteriores, podem ser derivados dois postulados:

a) Postulado da Proporcionalidade – os hidrogramas resultantes de chuvas com a


mesma duração, mas diferentes alturas, terão o mesmo tempo de base e
ordenadas proporcionais às alturas das precipitações.
b) Postulado da Sobreposição – o hidrograma resultante de uma sequência de
períodos de precipitação terá as respectivas ordenadas iguais à soma das
ordenadas dos hidrogramas correspondentes a cada um dos períodos.

Aplicando os princípios da proporcionalidade e da superposição é possível


calcular os hidrogramas resultantes de eventos complexos a partir do hidrograma
unitário. Este cálculo é feito através da Convolução.

A convolução do HU foi realizada por meio de tabela em Excel, considerando o


Hidrograma Unitario do item anterior e a chuva efetiva discretizada calculada na Tabela
14.

Tabela 17 : Convolução do HU.

      Precipitações (mm)  
Tempo (h) HU   0 17,42956601 21,15222 7,27843 2,008389 Q (m3/s)
(m3/s.cm) 1
0 0   0         0
0,064 0,1936704 0 0       0
0,128 0,3873408   0 3,375591021 0     3,375591
0,192 0,5810112   0 6,751182042 4,096559 0   10,84774
0,256 0,6199024   0 10,12677306 8,193119 1,409617 0 19,72951
0,32 0,503928   0 10,8046298 12,28968 2,819233 0,388965 26,30251
0,384 0,3879536   0 8,78324634 13,11231 4,22885 0,777931 26,90234
0,448 0,2719792   0 1,309572689 10,6592 4,511917 1,166896 17,64758
0,512 0,1560048   0 4,74047942 5,752965 3,667805 1,245005 15,40625
0,576 0,0400304   0 1,685574111 5,752965 2,823693 1,012083 11,27432
0,64 0   0 0,067474206 3,299848 1,979582 0,779162 6,126066
0,704       0 0,846732 1,13547 0,54624 2,528442
0,768         0 0,291358 0,313318 0,604677
0,832           0 0,080397 0,080397
0,896             0 0
5 MODELAGEM HIDROLOGICA ABC6

Gráfico 05: Hidrograma Unitário modelado pelo software.

Fonte: Elaboração pelos próprios autores através do software ABC6.

Tabela 17 : Convolução do HU modelada pelo software.

Fonte: Elaboração pelos próprios autores através do software ABC6.


4. CONCLUSÃO

A vazão de dimensionamento para o dique será de 26,09 m³/s, um valor que se


aproxima dos dados gerados pelo software ABC6.

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila de Hidrologia – NOTAS DE AULA. 2014

ARAUJO, W. A. BOLETIM AGRICOLA DEP. PRODUCAO VEGETAL, BELO


HORIZONTE, V.7, N.7/8, jul./ago. 1958.

INMET – INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA

Plano Municipal De Saneamento - DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE


ESGOTAMENTO SANITÁRIO. 2008/2011

PBH – MAPAS E ESTATITICAS DE BELO HORIZONTE.2018

PNUD – RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO. 2010

REVISTA BRASILEIRA DE CLIMATOLOGIA ANO 11 – VOL. 16 .JAN/JUL


2015

CPRM- SERVIÇO GEOLOGICO DO BRASIL.2018

SIURBE - BH MAP

SOUZA.B.João – REVISTA BAIRROS DE BELO HORIZONTE .Janeiro de 2009.

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