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REPERTÓRIÜ
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JUIUSPRlJI~
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1
Nº 22/97 Tributário, Constitucional e Administrativo 2ª NOVEMBRO

ÍNDICE

DOUTRINA - Municípios - ICM e ICMS - participação no produto da arreca-


dação - CF/69 e CF/88 - critério de rateio - exegese.. 1/11639
Medida desastrada acaba com a regulamentação das profissões (artigo
de Vicente Greco Filho). . .............. 1/11 660 Execução fiscal
SIMPLES: privação das empresas de profissionais liberais (artigo de Os- Competência - oportu n idade - modificações posterio res do es-
wa ldo Othon de Pontes Saraiva Filho).... 1/11659 tado d e fato o u de direito - irrelevância .................... .. 1/1 1638
Isenções de impostos estaduais e municipais concedidas pela União Estado - representação processual 1/11637
(artigo de Hugo de Brito Machado)................... 1/1 1658 Funrural
Tributação no Mercosul: Conclusões do XXII Simpósio N acional de Empresa ligada à produção urbana - desoneração - republ ica-
Direito Tributário.. ..... ........ .. ..................... 1/1 1657 1/ 11 636
Emp resa urbana - obrigatoriedade do pagamento ...... 1/11635
ICMS
EMENTÁRIO
Base de cálculo - redução promocional na venda a consumidor
Tributário e Constitucional - inserção no financiam ento - exegese ...................... 1/11634
Bem de ativo fixo da empresa - venda - não-incidêncía .. 1/11633
Adic ional estadua l do IR
Crédito extemporâneo - correção monetária - obstacu li zação
Repetição de indébito - transferência do encargo financeiro - pelo Fisco - efeito ............................. . 1/11632
CTN, art. 166 - exegese; juros - termo inicial; correção monetá- Crédi tos fiscais - documentos inidôneos - desconhecimento d o
ria - índice. critério.. ........................... 1/11656 impedimento o perado pelo Fisco 1/11631
Restitu ição - transferência do ônus financeiro - prova - inexigi - Prestação de serviço de transporte de m ercadoria destinada ao
bilidade.. 1/11655 exterior - não-i ncidência . 1/ 11630
Compensação IR - depó~ito jud icial - Lei nº B.541/<)2, art. ~ - indedutibilid ad e .. . 1/1 1629
- Contribuição previdenciária - lim ites - lei aplicável ... 1/11654 ISS - administradores de consórcios - local da prestação de serviços 1/11628
- Tutela antecipada - impossibilidade ....... 1/11 653 ITR - cobrança - CF/88.e Lei n• 8 .022/90 - atribuição .. 1/11 627
Contribuição previdenciária para o SESC e SENAC - empresa de vigi- IUEE - p articipação dos m u nicípios - recebimento em dinheiro - d i reito
lância - desobrigato riedade; rest itu ição do indébito - prova do re- assegurado 1/11 626
passe - inexigibilidade .. ...................... . 1/11652 PIS - Dl s. n2 s 2.445/88 e 2.445/88 declarados inco nstitucionais - sub-
Contribuição sindical - custeio do sistema confederativo - c aráter sistênc ia do recolhimento nos moldes da LC n° 7/70 . . 1/11 625
não-tributário - CF/88 - exegese .. 1/11 651 Taxa de limpeza urbana e de ilu minação públ ica - M u nicípio de São
Contribu ição social sobre o lucro - sociedades cooperativas - tributa- Paulo • SP - Lei n' 10.921/90 .- decisões do STF e do STJ - incons-
ção - exegese ...... 1/11650 titucionalidade - exegese.. 1/ 11 624
Correção monetária
ADMINISTRATIVO
- Inflação - índice a ser considerado - critério .. 1/11649
Aro admin istrativo com missão normativa - alteração - d iscricionarie-
- TR - ca mpo de aplicação - decisão do STF - ex~gese .. 1/11648 dade do poder público - possibilidade .................................. _.... , 1/ 11623
Direito Const it ucional Bem público - i móvel residenc ia l admin istrado pelas Forças Armadas
ADln - e ntidades privadas - figuração no pólo passivo - impos- - compartim ento destinado à moradia.do zelador - alienação - im -
sibi lidade; Advogado-Geral da U nião - função processual - exe- possibilidade ..... 1/ 11622
gese .............................................. . 1/ 11647 Concurso público
AD ln - Lei nº 10.820/92-MG - deficie ntes físicos - transporte c o- Ca ndidato excluído por motivo relevante - apuraçào em sindi-
letivo - exigência de adaptação dos veícu los - medida liminar cância sigilosa - medidas cabíveis ......... 1/11621
não referendada; questão de ordem - proclamação do resu ltado Deficiente físico - reserva de vagas - obrigatoriedade ...... l/llf,20
- retificação de voto - possibil idade.... 1/11646 Escolaridade específica - exigência no momento da inscrição -
ADl n ~ medida provisória pendente de apreciação no Congres- val idade ............................................... . 1/1161 9
so Nacional revogada por oul ra medida provisória - efeito .. 1/1 1645 Exigência de prática forense - legalidade; demonst ração - opor-
tunidade ......................... . 1/11618
Conselho Estadual de Just iça-PA - composição mista - ofensa ao
pri ncipio da separação dos Poderes - inconstitucionalidade de Juiz de Direito - exa me psicotécnico - previsão editalícia - au-
d isposit ivos 1/11644 sência de base legal - ilegit imid ade .. ........ . 1/1161 7
Convênios firmados pelo Pode r Executivo - subm issão à.Assem - llesapropriaçllo - disputa sobre o preço da indenizaÇão • DL n' 3.365/41 -
bléia Legislativa - norma estadual - i nconstitucional idade ........ 1/11643 1/11 616
Farmácias e drogarias - fixação d e horário para funcionamento Ensi no - aprovação em vestibular sem conclusão do segundo grall • tér-
- competência munícipal ...................... 1/ 11642 mino antes da sentença de primeiro grau - e:xegese ... 1/11615
Registro profissional
Instituição de salário mínimo profissional - Constituição Esta~
duaVMS - vício de iniciativa; reajustamento automático de ven- CRQ - d istribu idora de derivados de petróleo e álcool po.ssuido~
c imentos vinculado a índices federais - autonomia do Estado - ra d e mini-laboratório - obrigatoriedad e 1/11614
1/ 11641 OAB - inscrição - CF/88 - m anutenção d a necessidade ......... .. 1/ 1161 3
Lei n11 5.584/70 - decisões de única instância - CF/88 - recep- Responsabilid ade civi l do Estado - licitação para cessão de uso d e bem
1/1 1640 plJbl ico - terceiros interessados - direito - alcance..... ............•..... 1/11612
[I)
TRIBUTÁRIO, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

Sem falar na "urgência", obviamente inexistente O fato é que, da forma com que foi feito, ou é compatíveis com esse rei
e que justificaria, nos termos constitucionais, a Medi- inconstitucional ou não passa de uma asnice (no bom concedido em face de relE
da Provisória, que é editada sem qualquer discussão ou mau sentido, como queiram). Precisa a norma ser vista social e econômico.
dos interessados e da sociedade. imediatamente revogada, sob pena de não se saber o
que vai acontecer. Nota-se, de logo, a
Não é o caso, aqui, de se opinar se um sistema preceptivo do artigo 9º, in<
de regulamentação (ou auto-regulamentação ou li- * Professor Titular da Faculdade de Direito da Univer- o qual reza que " não p0<
berdade) profissional é bom ou ruim. sidade de São Paulo. pessoa jurídica que prest,
corretor, representante coI
empresário, diretor ou proI
co, dançarino, contador, ,
co, administrador, prograr
advogado, psicólogo, prol
rio, fisicultor, ou assemel~
profissão cujo exercício d
tuição Federal, o tratamento diferenciado, dirigido às fissional legalmente exigid
SIMPLES: PRIVAÇÃO DAS EMPRESAS DE
microempresas e às empresas de pequeno porte que
PROFISSIONAIS LIBERAIS estej am compatíveis com os requisitos legais, simpli- Pela avaliação das at
ficado, através das previsões de pagamento unificado cas, em geral, mencionada
OSWALDO O THON DE PONTES SARAIVA FILHO* de certos impostos e contribuições bem como de pro- de suas potencial idades, o
cedimentos desburocratizados quanto às obrigações ção de que elas, no mor
acessórias, é favorecido, mediante a exoneração de dentro da moldura almejac

~
Sumário: 1. Introdução. 2 . O "Simples" e a consti- tituição, não sendo necei
tuciona lidade do tratamento fiscal diferenciado. 3.
alguns tributos e a redução da carga tributária de ou-
tros. cendo a elas um tratament,
Conclusão. ção extrafiscal.
Tal discriminação a favor das verdadeiras micro
1. Introdução No que tange às soe
e pequenas empresas não pode ser questionada, mor-
de serviços profissionais re
A Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 (in mente porque encontra, de fato, explícito respaldo da
fissão legalmente regulan
DOU de 6.12.96), dispõe .sobre o regime tributário Carta Política de 1988, que, no seu art. 179, dispõe:
existir o perigo do domínic
"A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
das microempresas e das empresas de pequeno porte, grandes empresas, que os
pios dispensarão às microempresas e às empresas de
institui o Sistema Integrado de Pagamentos de Impos- suas sociedades não estão,
pequeno porte, assim defin idas em lei, tratamento ju-
tos e Contribuições das Microempresas e das Empre- nomia informal, que essas
sas de Pequeno Porte - Simples e dá outras providên- rídico diferenciado, visando a incentivá-las pela sim-
lo do preparo científico, tÉ
plificação de suas obrigações admin istrativas, tributá-
cias. em cond ições de disputar,
rias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação
as fatias do mercado de tr
ou redução destas por meio de lei".
Tal lei, proveniente de aprovação de medida "Simples" não traria para
provisória editada no mês anterior, veio a agradar a que as sociedades civis de
quase todos. Os claros objetivos do supradestacado precei- profissões regulamentadas
to constitucional, todos colimados pela Lei nº nam, segundo as suas neCE
Não digo "todos", porque as sociedades civis de 9.3 17/96< 1>, ao incentivar essas empresas, com apre-
prestação de serviços profissionais relativos ao exercí- visão de uma carga tributária mais adequada e a sim- Assim, a norma do a
cio de profissão legalmente regulamentada têm se in- plifi cação dos procedimentos burocráticos, são: evi- nº 9.317/96, apenas, excE
surgido contra o preceptivo do artigo 9º, inciso XIII, tar o abuso do poder econômico pelas empresas mais denominado "Simples" as E
do supracitado diploma legal, o qual não permite que fortes, retirar as micro e pequenas empresas da clan- receitas brutas anual própr
elas optem pela sua inserção no sistema denominado destinidade ou da chamada economia informal, gerar empresas, mostram outras
"Simples", o que impede que essas sociedades de empregos e possibilitar às pessoas, que, cada vez cem os objetivos pelos qua
profissionais liberais (ou de profissões regulamenta- mais, estavam sendo alijadas do mercado de trabalho fiscal favorec ido.
das) possam auferir as vantagens previstas em lei, des- por falta de capacitação científica, técni ca ou profis-
de que inclusas nos limites financeiros de receita bru- sional, de manter o seu próprio negócio dentro de sua Portanto, a ressalva e
ta anual nela expressos. habilidade natural. prestem serviços profissio
profissão cujo exercício de
Argumentam que a retirada delas da sistemáti ca O artigo 9º da Lei nº 9.31 7, de 5.12.1996, rela- fissional legalmente exigid
do "Simples" representaria um desrespeito aos princí- ciona, no entanto, as pessoas jurídicas que não pode- receita bruta auferida, do 1
pios da igualdade tributári a (CF, art. 150, li) e da ca- rão optar pelo "Simples", contemplando situações in- croempresas e das Empres,
pacidade contributiva (CF, art. 145, § 1º). Sistema Integrado de Pagar
(1) Seixas Filho, Aurélio Pitanga - "Teoria e prática das isenções tri- tribuições - Simples, não n
2. O "Simples" e a constitucionalidade do tra- butárias", Rio de Janeiro, Forense, 1990, p. 11 O - resume o seu ção arbitrária, posto que co
tamento fiscal diferenciado pensamento a respeito, d izendo: " pode-se concluir que da áveis adotados pelo legisl

A Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996,


regra da igualdade ou isonom ia ou generalidade é permitido
ao legislador conceder tratamento desigual, ou seletivo, em
favor de situações ou fatos que, por alguma parlicularidade
.~
tíveis com o arti go 179 da 1

como expressamente declarado por ela, regula, de relevante do ponto de vista econôm ico o u socia l, mereçam Insta ser enfatizado q1
conformidade com o disposto no art. 1 79 da Consti- não ser tratadas igualmente." criminar por motivo extrafi

REPERTÓRIO 1OB DE JURISPRUDÊNCIA - 2' Q UINZENA D E NOVEMBRO DE 1997 - Nº 22/97 - CADERNO 1 · PÁGINA 547 REPERTÓRIO 1OB DE Jl
~• 00
TRIBUTÁRIO, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

1 que foi feito, ou é compatíveis com esse regime e com o favor fi scal dade econômica, desde que a distinção sej a razoável,
Jma asnice (no bom concedido em face de relevantes razões do ponto de derivada de uma finalidade objetiva, e se aplique a
Precisa a norma ser vista social e econômico. todas as pessoas da mesma classe ou categoria121 •
1a de não se saber o
Nota-se, de logo, a fragilidade das críticas ao No caso em exame, como vimos, as desseme-
precepti vo do artigo 92 , inciso XII, da Lei n2 9.3 17/96, lhanças entre as pessoas benefi ciadas pelo "Simples"
e Direito da Univer- o qual reza que " não poderá optar pelo Simples, a e as não abrangidas repousam, exclusivamente, na
pessoa jurídica que preste serviços profissionais de correspondência ou não delas com os objetivos legais
corretor, representante comercial, despachante, ator, pretendidos, segundo considerações de ordem sócio-
empresário, diretor ou produtor de espetáculos, músi- econômicas por parte do legislador, para merecerem
co, dançarino, contador, auditor, consultor, estatísti- o gozo dos benefícios, conforme prevê a Constituição
co, administrador, programador, analista de sistema, que a lei estabeleça, observada a teleologia das nor-
advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitá- mas que simplificam as obri gações acessórias e redu-
rio, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra zem a carga tributária das m icro e pequenas empre-
profissão cujo exercício dependa de habilitação pro- sas, normas estas harmônicas com a regra constitu-
·enciado, dirigido às fissional legalmente exi gida". cional do art. 179.
pequeno porte que
1isitos legais, simpli- Pela avaliação das atividades das pessoas jurídi- A exoneração de certos tributos e a redução da
0agamento unificado cas, em geral, mencionadas no arti go 9 2 , inciso XIII, e carga tributária em rel ação a outros, no caso, não se
!S bem como de pro- de suas potencialidades, o legislador chegou à dedu- justificam apenas pelo aspecto fiscal da compatibili-
uanto às obrigações ção de que elas, no momento, não se enquadram zação do tributo com a capacidade econômica do su-
1te a exoneração de dentro da moldura almejada pelo artigo 179 da Cons- jeito passivo, mas.vai mais além, pois tem sua primor-
1rga tributária de ou- tituição, não sendo necessário incentivá-las, forne- dial motivação em aspectos extrafiscais<11, visando a
cendo a elas um tratamento privilegiado com motiva- uma fin al idade objeti va: provocar alterações sociais e
ção extrafiscal. na economia privada, com o fomento das microem-
presas e empresas de pequeno porte espinçadas pelo
as verdadeiras mi cro
No que tange às sociedades civis de prestação legislador.
er questionada, mor-
de serviços profissionais relativos ao exercício de pro-
~xplícito respaldo da
fissão legalmente regulamentada, concluiu-se não Al iás, convém deixar ressaltado que o princípio
seu art. 179, dispõe:
existir o perigo do domínio do mercado por parte de da igualdade tributária não se identifica exclusiva-
Federal e os Municí-
grandes empresas, que os profissionais liberais e as mente com o princípio da capacidade contributiva,
, as e às empresas de
suas sociedades não estão, em grande parte, na eco- de modo que o exame da constitucionalidade de pre-
!m lei, tratamento ju-
nomia informal, que essas pessoas, sendo receptácu- ceptivo legal, quanto à observância ou não do princí-
centivá- las pela sim-
lo do preparo c ientífico, técnico e profissional, estão pio da vedação de discriminação arbitrária entre con-
11inistrativas, tributá-
em condições de disputar, sem o amparo do Estado, tribuintes, pode se dar em face de dois fundamentos:
·, ou pela eliminação
as fatias do mercado de trabalho, bem como que o os motivos fiscais, onde aí importa a capacidade eco-
ei" .
" Simples" não trari a para o setor mais empregos do nômica do suj eito passivo de pagar tributos, e os mo-
que as sociedades c ivis de profissiona is liberais ou de ti vos extrafiscais, onde aí, a capacidade econômica
Jradestacado precei- profissões regu lamentadas normalmente proporcio- do contribuinte pode até ser desconsiderad a, desde
nados pela Lei n2 nam, segundo as suas necess idades. que seja garantida a não incidência da regra de tribu-
!mpresas, com a pre- tação em relação a uma faixa mínima de renda indis-
ds adequada e a sim- Assim, a norma do artigo 92 , inciso XIII, da Lei pensável para a vida humana digna ou capaz de via-
:.irocráticos, são : evi- nº 9.317/96, apenas, excepciona da sistemática do bilizar a atividade econômica, razoavelmente gerida,
pelas empresas mais denominado "Simples" as empresas que, mesmo com pois o que importa é o alcance de valiosos obj etivos
as empresas da clan- receitas brutas anual próprias das micro e pequenas sócio-econômicos.
1omia informa l, gerar empresas, mostram outras características que distor-
soas, que, cada vez cem os objetivos pelos quais fora criado o tratamento Esta é mais uma razão porque o preceptivo do §
mercado de trabalho fiscal favorecido. 1º, do art. 145, da Constituição Federal, de 1988, dis-
ca, técnica ou profis- põe que " sempre que possível, os impostos terão ca-
1egócio dentro de sua Portanto, a ressa lva das pessoas jurídicas, que
prestem serviços profissionais relativos a qualquer (2) No mesmo sentido: Torres, Ricardo Lobo - "Os direitos huma-
profissão cujo exercício dependa de habilitação pro- nos e a tributação: imunidade e isonomia", Rio de Janeiro,
1 Renova~ 1995, p. 382 .
, de 5.1 2.1996, rela- fissional legalmente exigida, independentemente da (3) Coêlho, Sacha Calmon Navarro - "Comentários à Conslituição
·ídicas que não pode- receita bruta auferida, do Regime Tributário das Mi- de 1988: sistema tributário", Rio de Janeiro: Forense, 1990, p.
nplando situações in- croempresas e das Empresas de Pequeno Porte e do 331, opina: " Em certas situações o legislador está autorizado a
Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Con- tratar desigualmente aos iguais, sem ofensa ao princípio, tais
são os casos derivados da extrafiscalidade e do poder de po lí-
l e prática das isenções tri- tribuições - Simples, não representa uma discrimina- cia." e explicita que "a exlrafiscalidade é a utilização dos tri-
990, p. 11 O - resume o seu ção-arbitrária, posto que corresponde a critérios razo- bulos para fins outros que não os da simples arrecadação de
'pode-se concluir que da
áveis adotados pelo legislador ordinário e compa- meios para o Estado. Nesta hipótese o tributo é instrumento de
genera lidade é permitido
tíveis com o artigo 1 79 d a Constituição. políticas eco nômicas, socia is, cul turais etc." Considera o
desigual, ou seletivo, em
citado jurista que não repugna ao princípio da isonomia tribu-
or alguma parl icularidade
tária, por exemplo, a po lítica governamental que venha a
,mico ou social, mereçam Insta ser enfatizado que a lei tributária pode dis- i ncentivar as artes, a educação, a cultura e a previdênc ia pri-
criminar por motivo extrafiscal entre ramos de ativi- vada .

1 - PÁGINA 547 REPERTÓ RIO 10 8 DE JURISPRUDt NCIA - 2• Q U INZENA DE N O VEMBRO DE 1997 - N" 22/97 - CADERNO 1 - PÁGINA 546
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TRIBUTÁRIO, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

ráter pessoal e serão graduados segundo a capacida- podo gozo de tratamento fiscal mais favorecido, sem tá-la à capacidade c
de econômica do contribuinte ... ". que houvesse necessidade do privilégio, especial- ída, quanto poderá,
mente porque os indivíduos dessas profissões, obser- político, limitar ou r
Al iás, o Excelentíssimo Senhor Ministro Moreira vada a concorrência normal, não estão alijados do extrafiscais), quand<
Alves, com sua singular perspicácia, muito bem ob- mercado de trabalho como um todo e, em regra, não princípio da capac
servou, em voto proferido no RE nº 153.771-MG, no atuam clandestin amente ou na economia informal. outros princípios e
/eading case IPTU e progressividade, que "em se tra- cos, que considere r
tando de aplicação extrafiscal de imposto, não está Assim, a extensão da sistemática do "Simples"
à oferta de emprego
em jogo a capacidade contributiva que só é levada às pessoas jurídicas prestadoras de serviços, enume- go (CF, arts. 170, VI
em conta com relação a impostos pessoais com fina- radas no artigo 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.3 17/96, des-
l idade fiscal" 141• curaria a vedação do preceito constitucional do artigo
150, inciso li, diante da falta de razão substancial Ademais, conforme
O artigo 150, inciso li, da Constituição Federal, para o tratamento privilegiado. premo Tribunal FedE
de 1988, veda à União, aos Estados, ao Distrito Fede- do Código Tributárit
ral e aos Municípios de criar tratamento fiscal desi- Vale ressaltar que o acoimado preceito legal tra- sivas de isenções tr
gual, divorciado de fundamento, através não só de ta igualmente todas as pessoas jurídicas que prestem vamente interpretad
discriminações arbitrárias ou desarrazoadas em pre- serviços de profissionais liberais ou cujo exercício de-
juízo do contribuinte, que como v imos não se cons- penda de habilitação profissional legalmente exigida, Deve ser meditado
tata no caso em comento, mas também de privilégios em harmonia, portanto, com o art. 150, 11, da Consti- fatos signos presuntivos d
od iosos a favor do sujeito passivo do tributo<5J. tuição Federal. dades dos contribuintes, n
E o que pretendem as sociedades civis prestado- bem como colimados me
Cabe ponderar que é próprio das isenções ex-
ras de serviços de profissionais liberais ou de profis- vas, ou seja, sendo justific
trafiscais tratar desigualmente categorias desiguais,
sões legalmente regulamentadas é justamente obter tindo pertinência entre a
existindo razoabilidade na seleção das respectivas
privilégio, neste caso, destituído de razoabilidade, protegido ou fim pretendi,
atividades.
beneficiando-se, assim, de exonerações totais e parci- extrafiscais, não pode o P
ais de tributos e a redução do controle burocrático, Ademais, as chamadas isenções totais ou parci- política dos Poderes corr
sem um motivo objetivo, ou seja, a contrapartida no ais, institutos que devem obediência ao estreito prin- sões ou incentivos fiscais
que concerne aos efeitos sócio-econômicos almeja- cípio da reserva legal, fundamentam-se pela política proveito de pessoas ou sit1
dos pela Constituição e pela lei. até certo ponto discricionária de conveniência e sob pena de, em assim agi
oportunidade da Administração Pública, quer pela lo do princípio da separé:
Caso permitido ô acesso das empresas de servi- seleção da capacidade contributiva de certas catego- para Carta Política de 198
ços, relacionadas no art. 9Q, inc. XIII , da Lei nº 9.317, rias, quer quanto à necessidade de incentivo fiscal a sido colocada no pedesta
na sistemática do "Simples", estar-se-ia promovendo determinadas atividades. art. 60, § 4º, inc. 111)181_
um privilégio odioso, não tolerado pelo art. 150, li, in
fine, da Carta Política de 1988, uma vez que essa sis- Em modesto artigo intitu.lado Isenção - Micro-
Da mesma forma, o
temática, por exemplo, concede uma redução a zero empresas (Exceção de algumas empresas, especial-
tem se manifestado, repeti
da alíquota do imposto de renda para receitas de até mente dos representantes comerciais/61 , tive a oportu-
cento e vinte mil reais por ano e, acima disso, alíquo- nidade de realçar:
(7) STF (2ª Turma), RMS nº 10.(
tas bastante reduzidas, ao passo que os mesmos pro- Nogueira, in " RTJ" 36/328.
"Como ressabido, a Constituição Federal é ins-
fissionais autônomos e assalariados estão sujeitos a (8) Exatamente no sentido em qt
tributação com base na tabela do imposto de renda trumento de atribuição de competência tributá- decisão da 1• Turma de nos
das pessoas físicas com isenção de apenas dez mil e ria, ficando cada Unidade da Federação com o sião do ju lgamento, por u1
poder de legislar plenamente sobre os tributos 178.932-8-SP, publicado in [
oitocentos reais por ano e alíquota mínima de quinze ilustre Ministro Celso de Mel
por cento e máxima de v inte e cinco por cento. que lhes foram repartidos, através do Poder pró-
pectiva Ementa, peço vênia ~
prio. " Ementa: Recurso Extraordir
No entanto, esses profissionais liberais, por 2.434/88 (art. 6º) - guia de ir
exemplo, advogados, médicos, etc. teriam um estí- Compete ao Poder Legislativo de cada entidade anterior a 1º de julho de 1981
mulo a mais para estabelecerem uma sociedade civil tributante, dentro dos parâmetros delimitados cal - exclusão de benefício
pela Constituição Federal e lei complementar, isonomia - inocorrência - no
de prestação de serviços, agora com o principal esco- arbitrário - atuação do Judi<
definir a hipótese de incidência da obrigação
inadmissibilidade - RE conhe
(4) ln Informativo STF nº 60. tributária, reduzi-la, através de norma isencio- - A isenção tributária concec
(5) Coêlho, Sacha Calmon N avarro - obra já citada, p. 332, aviva nal, restringir e revogar a isenção anteriormente precisamente porque se ach;
q ue, ao falar o inciso 11, do artigo 1 50, da Constituição de concedida (nos tributos estaduais e do Distrito ente de arbitrariedade, não
1988, de vedação de qualquer distinção em razão de ocupa- Federal, de acordo com convênios celebrados) razões de política governar
ção profissional ou função por eles exercidos, independente- como instrumento de ilegítir
mente, da denominação jurídica de rendimentos, títulos ou
e estabelecer definição do sujeito passivo desta
em favor de determinados esl
direitos, "esteve o constitu inte a pensar nos lucros bursáteis, obrigação e assim por diante, segundo seus cri- A concessão desse benefício
nos militares, nos legisladores, nos juízes, nos fazendeiros, nas térios políticos. rio que, fundado em juízo de
sociedades de profissionais liberais e outros, desenganada- Poder Público, destina-se, a
mente beneficiados pela não incidência do IR ou incidência Assim, o legislador ordinário poderá instituir, cos e impessoais estabelecic
mitigada deste sobre os seus ganhos." Na mesma senda : reduzir ou revogar tanto as exclusões (isenções legal, a implementar objetiv,
Machado, Hugo de Brito - "Os Princípios jurídicos da tributa- dos pela nota da extrafisca lid
ção na Constituição de 1988", 3ª ed. São Paulo : Revista dos
fiscais), como forma de retificar a abrangência
- A ex igência constitucional e
Tribunais, 1994, p. 57 : "Todos sabem que a regra do art. 150, da hipótese de incidência tributária para adap- isenções p m matéria tributár
item li, teve um objetivo específico: fazer com que os milita- culo à postulação do contr
res, magistrados e parlamentares paguem o imposto de renda (6) Saraiva Filho, Oswaldo Othon de Pontes, in " Revista de benefícios isencionais, por "
sobre a totalidade da respectiva remuneração." Direito Tributário" nº 53, julho-setembro de 1990, pp. 181/2 ção absoluta do dogma da se

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TRIBUTÁRIO, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

fiscal mais favorecido, sem tá-la à capacidade contributiva da pessoa exclu- titucionalidade de tratamento fiscal diferenciado em
e do privilégio, especial- ída, quanto poderá, de acordo com seu critério face de importantes motivos objetivos de natureza ex-
>s dessas profissões, obser- político, limitar ou revogar incentivos (isenções trafiscal, mesmo diante do princípio da igualdade tri-
1al, não estão alijados do extrafiscais), quando atenuando a aplicação do butáriac9,o, n.
um todo e, em regra, não princípio da capacidade contributiva, visar a
J na economia informal.
outros princípios constitucionai s programáti- Quanto à preocupação no que concerne ao
cos, que considere relevantes, como o estímulo princípio da capacidade contributiva, pelo fato de
sistemática do " Simples"
foras de serviços, enume- à oferta de emprego e à busca do pleno empre- existirem pessoas jurídicas de profissionais liberais ou
go (CF, arts. 170, VIII, e 179)." de profissões legalmente regul amentadas com as
11, da Lei nº 9.317/96, des-
it o constitucional do artigo mesmas receitas brutas anual, definidas, pela Lei nº
alta de razão substancial Ademais, conforme decisões reiteradas do Su- 9.317/96, para as microempresas e as empresas de
ido. premo Tribunal Federal, na esteira do artigo 111 pequeno porte, insta repisar que, na espécie, não
do Código Tributário Nacional, "as leis conces- cabe perquirir sobre tal princípio, posto que a siste-
:oimado preceito legal tra- sivas de isenções tributárias devem ser restriti- mática do "Simples" é marcada por critérios e finali-
oas jurídicas que prestem vamente interpretadas" 17l . dades extrafiscais.
~rai s ou cujo exercício de-
sional legalmente exigida, De qualquer modo, cumpre, apenas, comentar
Deve ser meditado que, tendo observado a lei
n o art. 150, li, da Consti- que, tal qual a carga de impostos112l é graduada, por
fatos signos presuntivos de renda, patrimônio e ativi-
dades dos contribuintes, nos casos de isenções fiscais, Os magistrados e Tribunais - que não dispõem de função legis-
próprio das isenções ex- bem como colimados motivos ou finalidades objeti- lativa - não podem conceder, ainda que sob o fundamento de
nte categorias desiguais, vas, ou seja, sendo justificável a discriminação e exis- isonomia, o benefício da exclusão do créd ito tributário em
tindo pertinência entre a discrimin ação e o motivo favor daqueles a quem o legislador, com apoio em critérios
seleção das respectivas
protegido ou fim pretendido, na hipótese de isenções impessoais, racionais e objetivos, não quis contemplar com a
vantagem da isenção. Entend imento diverso, que reconhe-
extrafiscais, não pode o Poder Judiciári o discordar da cesse aos magistrados essa anômala função jurídica, eqü ivale-
, isenções totais ou parci- política dos Poderes competentes e estender exclu- ria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em
1ediência ao estreito prin- sões ou incentivos fiscais, por v ia jurisdicional, em inadmissível legislador posilívo, cóndição institucional esta
amentam-se pela política proveito de pessoas ou situações não previstas em lei, que lhe recusou a própria Lei Fundamental do Estado. É de
acentuar, neste ponto, que, em tema de controle de constituci-
ária de conven iênc ia e sob pena de, em assim agindo, colidir com o obstácu-
ona lidade de atos estatais, o Poder Jud iciário só atua como
ação Pública, quer pela lo do princípio da separação dos poderes, tão raro legislador negativo (RT) 146/461, rei M in. Celso de Mello)"
ributiva de certas catego- para Carta Política de 1988, a ponto de tal diretriz ter (9) Da decisão, por unanimidade de votos, da 2• Turma do STF, no
lade de incentivo fi scal a sido colocada no pedestal das cláusulas pétreas (CF, RE nº 202.981-5-SP, Relator o em inente Ministro Maurício
art. 60, § 4º, inc. lll)t8l. Corrêa, destaco o seguinte trecho da respectiva Ementa: "A
isenção fiscal decorre do implemento da política fiscal e eco-
itu'l ado Isenção - Micro- nômica, pelo Estado, tendo em vista o interesse social. É ato
Da mesma forma, o Supremo Tribunal Federal discricionário que escapa ao controle do Poder Judiciário e
m as empresas, especial- envolve juízo de conveniência e oportunidade do Poder Exe-
mercia isJ6>, tive a oportu- tem se manifestado, repetidas vezes, acerca da cons-
cutivo." (in "Revista dos Tribunais" vol. 735, janeiro de 1997,
p. 206)
(7) STF (2ª Turma), RMS nº 10 .004-GB, Relator M inistro Adalício (1O) No mesmo d iapasão da nota anterior, a decisão da 2• Turma
mstituição Federal é ins- Nogueira, in "RTJ" 36/328. do STF no julgamento do RE n" 157.228-1-SP, Relator o Exce-
(8) Exatamente no sentido em que estamos nos posicionando foi a lentíssimo Senho r Ministro Pau lo Brossard (in "DJU" de
. de competência tributá- decisão da 1• Turma de nossa Corte Constitucional, por oca- 3.6.94, p. 13.860).
ade da Federação com o sião do ju lgamento, por unanimidade de votos, do RE n" (11 ) No julgamento do RE nº 205 .211 -6, Relator, o Excelentíssimo
1mente sobre os tributos 178.932-8-SP, publicado in DJU de 7.4.95, p. 8892, Relator o Senhor M inistro Maurício Corrêa, ocasião em que se d iscutia
os, através do Poder pró- ilustre M inistro Celso de Mello, de cujas lições, insertas na res- a juridicidade da vedação de importação de veículos usados
pectiva Ementa, peço vênia para transcrever: em face dos princípios da isonomia, da legalidade e da capa-
"Ementa: Recurso Extraord inário - IOF/câmbio - Decreto-lei cidade contributiva, tendo em vista a perm issão para a impor-
2.434/88 (art. 6") - guia de importação exped idas em período tação de veículos novos, o Augusto Pretório decidiu pela
si ativo de cada entidade anterior a 1° de ju lho de 1988 - inaplicabilidade da isenção fis- constitucionalidade da Portaria DECEX nº 8/91, com a
parâmetros delimitados cal - exclusão de benefício - alegada ofensa ao princípio da seguinte fundamentação : 1. Imposto de importação. Função
irai e lei complementar, isonomia - inocorrência - norma legal destituída de conteúdo predominantemente extrafiscal, por ser mu ito mais um instru-
nc idência da obrigação arbitrário - atuação do Judiciário como legislador positivo - mento de proteção da indústria nacional do que de arrecada-
inadmissibilidade - RE conhecido e provido. ção de recursos financeiros, sendo valioso instrumento de
·avés de norma isencio-
- A isenção tributária concedida pelo art. 6º do DL 2.434/88, política econômica ... 3. Princípio da isonom ia. Vulneração.
a isenção anteriormente precisamente porque se acha despojada de qua lquer coefici- Inexistênc ia. Os conceitos de igualdade e de desigualdade
; estaduais e do Distrito ente de arbitrariedade, não se qualifica, tendo presentes as são relativos: impõem a confrontação e o contraste entre duas
1 convênios celebrados) razões de política governamenta l que lhe são subjacentes, o u várias situações, pelo que onde só uma ex iste não é possí-
do sujeito passivo desta como instrumento de ilegítima outorga de privilégios estatais vel indagar sobre o tratamento igual ou d iscriminatório. 3.1. A
em favor de determinados estratos de contribu intes. restrição à importação de bens de consumo usados tem como
liante, segundo seus cri- A concessão desse benefício isenc iona l traduz ato discricioná- destinatários os importadores em geral, sejam pessoas jurídi-
rio que, fundado em juízo de conveniência e oportunidade do cas ou físicas. Lícita, pois, a restrição à importação de veícu-
Poder Público, destina-se, a partir de critérios racionais, lógi- los usados. " (in Informativo STF nº 71 J
:linário poderá instituir, cos e impessoais estabelecidos de modo legítimo em norma °,
(12) Como está expresso no art. 145, § 1 da CF/88, o princípio da
J as exclusões (isenções legal, a implementar objetivos estatais nitidamente qualifica- capacidade contributiva d irige-se aos impostos, embora, que-
· retificar a abrangência dos pela nota da extra fiscal idade. rendo, o legislador possa levar em consideração tal princípio
- A ex igência constitucional de lei formal para a veiculação de em relação a o utros tributos, como a isenção do pagamento
:ia tributária para adap- isenções em matéria tributária atua como insuperável obstá- da taxa judiciária a pessoas reconhecidamente pobres. No
culo à postulação do contribuinte, eis que a extensão dos exemplo dado, o que mais justifica a isenção é o dogma cons-
de Pontes, in "Revista de benefícios isencionais, por via j urisd ic ional, encontra l imita- titucional de que a lei não exclu irá da apreciação do Poder
itembro de 1990, pp. 181 /2 ção absoluta do dogma da separação de poderes. Judic iário lesão ou ameaça a direito (CF, art. 5º, inc. XXXV).

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TRIBUTÁRIO, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

natureza setorial, pois s,


lei, para os advogados, médicos, etc., quando atuam abarcar o magistrado em cada caso concreto em rela- ADCT se aplicam.
como profissionais autônomos ou como empregados ção a om determinado contribuintel13 14l .
ou servidores públicos, de acordo com a possibilida- 3. Isenção e não in
de econômica desses profissionais, existindo, por 3. Conclusão
exemplo, faixas de isenção do imposto de renda e alí- A distinção entre ii
quotas progressivas de acordo com o volume dos ren- Concluindo, não encontrei qualquer inconstitu- rece destaque no presen
dimentos, o mesmo sucede com as sociedades civis cionalidade na Lei n2 9.317, de 05 de dezembro de bilidade de existência,
de prestação de serviços de profissionais liberais; 1996, menos ainda no que tange ao preceptivo do União, de normas que nl
seu artigo 9º, inciso XIII. embora o afirmem expre
Portanto, se olharmos por mais este ângulo,
também não encontraremos qualquer inconstitucio- 454, e Bottalo, Eduardo - "Capacidade contributiva", Revista A lei define a situaç
de Direito Tributário, nº 47, p. 239, janeiro a março de 1989. tizada, o tributo é devidc
nal idade na Lei nº 9 .31 7/96. No sentido de que o princípio da capacidade contributiva é
programático e depende de definição de lei complementar,
ria. É a hipótese de inci,
não podendo o Judiciário fixar os padrões de compatibilidade ção, ou simplesmente, a.
Apenas para encimar, cumpre dizer que Bernar- situação não ocorre, a
dos impostos com a capacidade econômica dos contribuintes:
do Ribeiro de Moraes, embora não negue qualquer Canto, Gilberto de Ulhôa (in "Capacidade contributiva", mente não incide. Tem-s,
eficácia jurídica ao princípio da capacidade contribu- Cadernos de Pesquisas tributárias nº 14, São Pau lo: Resenha a isenção constitui exceç
tiva, não chega a estender a sua eficácia de modo a Tributária e Centro de Estudos de Extensão Universitária,
1989, p. 16). em face da qual a norma
norma de isenção retira, 1
(13) Moraes, Bernardo Ribeiro - in " Compêndio de direito tribuJá-
rio", volume 2, Rio de Janeiro: Forense, 2' ed., 1994, pp.
daquilo que está abrangi,
122/3. se de incidência da norrr
(14) No mesmo sentido: Becker, Alfredo Augusto - "Teoria Geral
do Direito Tributário", São Paulo: Saraiva, 2ª edição, 1972, p. * Consultor da União. Exemplifiquemos. ~
da norma de tributação ,
v iagem de automóvel, ou
outro meio de transporte
concretiza tal hipótese, e
pagar esse tributo. Tem-sE
1,
não incidência. A norm,
simplesmente porque nãc
Pode, entretanto, a lei, d(
ISENÇÕES DE IMPOSTOS ESTADUAIS E Recente decisão do Supremo Tribunal Federal tributo aquele que viajar
consagra o entendimento de que o art. 151 , inciso Ili, fato de viajar em aviões n
MUNICIPAIS CONCEDIDAS PELA UNIÃO da vigente Constituição, ao proibir à União conceder taria abrangido pela hipó1
isenções de tributos estaduais e municipais, não revo- de tributação que é viajar
HUGO DE BRITO MACHADO* gou as isenções por esta concedidas com base no art. da mesma excluído por e
19, § 2º, da Constituição anterior, devendo a re- de isenção. Assim, sobre

m 1. Introdução
vogação operar-se com observância das regras de
transição inscritas no art. 41, §§ 1º, 2º e 3º, do AD-
CT.I1)
nomotores a norma de tri
se-ia, por isto, afirmar qu
de não incidência, o que,
~ Em face da regra do art. 151 , inciso 111, da vi- porque, aqui, se fosse ret"
gente Constituição, tem sido questionada a sobrevi- Essa decisão nos motiva a escrever novamente de tributação incidiria, va
vência das isenções de tributos estaduais e munici- sobre o tema, fazendo nova abordagem daqueles as- nascimento da obrigaçã
pais, concedidas por lei federal na vigência da pectos dos quais já havíamos tratado, e cuidando de-se na hipótese de incid
. Constituição anterior, cujo art. 19, § 2º, autorizava a também do aspecto relativo às regras de transição. Ficou, entretanto, da mE
União a fazê-lo. isentiva, que estabeleceu,
2. Reprodução das normas federais isentivas à hipótese de incidência e
Sustentamos, já faz algum tempo, em artigo pu- Pode ocorrer tambél
Nos casos em que Estados e Municípios repro-
blicado neste Repertório IOB de Jurisprudência, que a o legislador, para evitar d1
duziram as normas isentivas federais, mesmo que se
norma da atual Constituição, que proíbe a União de que o tributo não incide E
admita a revogação, pela Constituição, daquelas nor-
conceder tais isenções, não revogou as normas isenti- que de todo modo realme
mas isentivas federais, certamente as isenções, nesses
vas já então editadas. pótese de incidência tribu
casos, sobrevivem, porque constantes de leis dos pró-
prios Estados, e Municípios. em simples explicitações,
A questão não é tão simples como pode parecer. notáveis efeitos práticos.
É necessário, em seu deslinde, considerarmos: (a) as Nesses casos, é certo que as entidades tributan-
hipóteses nas quais os Estados, e Municípios, repro- tes poderão revogar os dispositivos isentivos, mas de- Alcides Jorge Costa,
duziram, em suas leis, as normas isentivas federais; (b) vem ser observadas as regras de transição às quais se de Bujanda, admite a exist
a distinção entre isenção e não incidência tributária; reportou a Corte Maior, se estas foram aplicáveis, vale o caráter de não incidênci
(c) a distinção entre o fundamento de validade formal, dizer, se estiverem em cogitação incentivos fiscais de dos realme.nte fora da esf,
do fundamento de validade material ou substancial vale dizer, situados fora de
da norma jurídica, e, finalmente, (d) a questão da (1) RE nº 159.343-1, Rei.: Ministro Carlos Velloso, Informativo STF cidência da norma de trib1
isenção condicional ou a prazo certo. n" 29, de 8/5/96, p. 4.
REPERTÓRIO I0B DE J
REPERTÓRIO I0B D E JU RISPRUDÊNCIA - 2' QUINZENA DE NOVEMBRO DE 1997 - Nº 22/97 - CADERNO 1 - PÁGINA 543

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