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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

ENGENHARIA DE ENERGIA

EDSON CARLOS QUINTELA CAVALCANTE JÚNIOR


16111746

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INDÚSTRIAS

Rio Largo
2022
Sumário
1 Introdução .......................................................................................................................................... 3
2 Componentes de Instalações Industriais ...........................................................................3
2.1 Motor elétrico ..............................................................................................................................3
2.2 Compressor .................................................................................................................................4
2.3 Chiller .............................................................................................................................................4
2.4 Transformador............................................................................................................................4
3 Eficiência Energética em Motores Elétricos .....................................................................6
4 Retrofit em Instalações Industriais .......................................................................................7
5 Aplicações .......................................................................................................................................8
Referências ........................................................................................................................................9
1 Introdução

A eficiência energética emprega conceitos de engenharia, economia e administração


aos sistemas energéticos. A aplicação de técnicas e métodos utilizada tem como objetivo
definir ações visando melhorar o desempenho energético e reduzir perdas, mediante a
abordagem dos fluxos de energia, visa determinar quem, quanto e como está sendo
consumida a energia e fundamentar a implantação de um programa de uso racional e
econômico.
Segundo o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional de 2021, publicado pela
Empresa de Pesquisa Energética, o setor industrial foi responsável por consumir 32,1% de
toda a energia gerada no país. Os motores elétricos são os equipamentos mais utilizados em
todos os setores industriais, usando cerca de 70% da energia elétrica total consumida na
indústria.

2 Componentes de Instalações Industriais

2.1 Motor elétrico

Os motores elétricos são máquinas destinadas a transformar energia elétrica em


energia mecânica. Podem ser alimentados com corrente contínua ou alternada. Os motores
elétricos alimentados com corrente alternada podem ser divididos em duas categorias:
síncronos e assíncronos (de indução).
Os motores de corrente contínua (DC) são normalmente motores de custo elevado que
precisam de uma fonte de corrente contínua ou de um dispositivo que converta a corrente
alternada em contínua. Podem funcionar com velocidade variável e são muito fáceis de
controlar e precisos. São utilizados em casos especiais onde as exigências compensam o
custo mais alto.
Os motores de corrente alternada (AC) são os mais utilizados na indústria, seu
princípio de funcionamento baseia-se no campo girante que surge quando um sistema
trifásico de correntes alternadas é aplicado em polos desfasados de 120º.
Os motores síncronos funcionam com velocidade fixa. Utilizam um circuito induzido
que possui um campo constante pré-definido, e com isso, aumentam a resposta ao processo
de arrasto criado pelo campo girante. São geralmente utilizados quando se necessita de
velocidades estáveis, com cargas variáveis. Também podem ser utilizados para grandes
potências, com um binário constante.
Os motores assíncronos ou de indução funcionam normalmente com velocidade
constante, que varia ligeiramente com a carga mecânica aplicada ao eixo. Devido à sua
grande simplicidade, robustez, baixo custo e manutenção mínima, são os motores mais
utilizados. De fato, estes motores são utilizados em quase todos os tipos de máquinas
elétricas encontradas na indústria como bombas, ventiladores, compressores, misturadores,
moinhos, guinchos, elevadores, esteiras, teares e máquinas de tração.

2.2 Compressor

O compressor é um equipamento industrial concebido para aumentar a pressão de um


fluido em estado gasoso. Os compressores podem ser classificados em 2 tipos principais,
conforme seu princípio de operação: compressores de deslocamento positivo (ou estáticos) e
compressores dinâmicos.

2.3 Chiller

É um tipo de máquina térmica geradora que transforma algum tipo de energia,


habitualmente mecânica, em energia térmica para obter e manter em um recinto uma
temperatura menor que a temperatura exterior. A energia mecânica necessária pode ser
obtida previamente a partir de outro tipo de energia, como a energia elétrica mediante um
motor elétrico.
Esse tipo de equipamento é utilizado principalmente no resfriamento de água e ar em
processos industriais.

2.4 Transformador

Um transformador é um dispositivo destinado a modificar os níveis de tensão e


corrente elétrica, mantendo a potência elétrica constante, modificando também os valores das
impedâncias elétricas de um circuito elétrico.
Os transformadores são dispositivos que funcionam através da indução de corrente de
acordo com os princípios do eletromagnetismo, onde é possível criar uma corrente elétrica
em um circuito uma vez que esse seja submetido a um campo magnético variável. Por
necessitar dessa variação no fluxo magnético os transformadores só funcionam em corrente
alternada.

3 Eficiência Energética em Motores Elétricos


Muitos motores em funcionamento não se encontram devidamente dimensionados
para alimentar o sistema de potência que se encontram inseridos, trabalhando em regime de
carga parcial ou variável ao longo do tempo. Esta situação é bastante frequente devido ao
habitual sobredimensionamento dos motores eléctricos que alimentam bombas, ventiladores
e compressores, colocando um motor com uma potência maior que a necessária, causando
o desperdício de energia. Outros fatores que influenciam no rendimento são o acoplamento
mecânico, o desalinhamento, a tensão inadequada das correias e a falta de limpeza e
lubrificação.
O consumo elétrico dos motores durante o acionamento direto é muito maior que no
funcionamento normal. As indústrias, para solicitar energia à concessionária, têm que fazer
uma estimativa e definir qual será o seu maior consumo, ou seja, sua demanda. Se este valor
for ultrapassado a indústria paga um valor muito superior ao normal, por ter ultrapassado a
demanda. Para evitar este tipo de problema evita-se acionar vários motores ao mesmo tempo
e, nos motores de maior porte, usa-se outros tipos de acionamentos. Os mais usados são os
sistemas estrela triângulo e o acionamento com inversor de frequência.
O dimensionamento do motor deve ser definido estudando o que a carga exige. Devem
ser definidas a potência e a velocidade. O motor deve fornecer o torque exigido pela carga,
também chamado de conjugado que varia com a rotação.
O torque acelerante é o conjugado resultante da diferença entre o torque produzido
pelo motor e torque resistente da carga, capaz de acelerar a carga até que atinja a rotação
nominal. Neste ponto, o conjugado do motor é igual ao conjugado da carga. Se a carga for
aumentada, a velocidade tende a diminuir, devido ao escorregamento. Na medida em que a
carga aumenta o escorregamento também aumenta, aumentando o torque do motor até atingir
seu valor máximo. Neste processo haverá um sobreaquecimento do motor e, a partir deste
ponto, se a carga não for retirada, o conjugado diminui rapidamente provocando o travamento
do motor.
Se o acoplamento entre o motor e a carga for direto, o conjugado do motor é igual ao
conjugado da carga e a potência do motor pode ser calculada pela equação:

2𝜋 ∙ 𝑛𝑐 ∙ 𝐶𝑐𝑛
𝑃=
60

𝑛𝑐 = Rotação nominal da carga (RPM).


𝐶𝑐𝑛 = Conjugado nominal da carga (Nm).
Para calcular o rendimento do acoplamento usa-se a seguinte equação:
𝑃𝑐
𝑛𝑎𝑐 =
𝑃𝑛
Onde:
𝑛𝑎𝑐 = Rendimento do acoplamento motor-carga.
𝑃𝑐 = Potência transmitida à carga (W)
𝑃𝑛 = Potência nominal do motor (W)

Se este valor estiver acima de 0,75, isto é, um carregamento superior a 75% pode-se
considerar que o motor está bem dimensionado. No entanto se o rendimento (fator de
carregamento) estiver abaixo de 75% pode-se considerar que há indícios de
sobredimensionamento.
De maneira prática essa potência poderá ser medida empregando-se um Wattímetro
alicate. Na impossibilidade da medição da rotação pode-se estimar a partir da linearização da
curva de corrente versus rotação do motor e medição da corrente de operação.
A rotação será dada por:
𝐼𝑡 − 𝐼0
𝑛𝑡 = 𝑛𝑠 − ( ) ∙ (𝑛𝑠 − 𝑛𝑁 )
𝐼𝑁 − 𝐼0
Onde,
𝐼𝑁 = corrente nominal
𝐼0 = corrente em vazio
𝐼𝑡 = corrente de trabalho medida pelo alicate amperímetro
Quando não for possível desacoplar o motor de uma carga, pode-se estimar o valor
da corrente em vazio percentual usando a seguinte expressão:
𝐼0
⁄𝐼 = 𝐴0 − 𝐵0 ∙ 𝐼𝑁 (𝑃𝑁 )
𝑁

Onde,
𝑃𝑁 = potência nominal do motor em CV
𝐴0 = coeficiente que varia com o número de polos
𝐵0 = coeficiente que varia com o número de polos

4 Retrofit em Instalações Industriais

Para aumentar a eficiência dos sistemas de potência industriais têm sido


desenvolvidas e aplicadas várias tecnologias que incluem os motores elétricos de alta
eficiência e os variadores eletrônicos de velocidade (VEVs).
Os motores de alta eficiência, como o próprio nome indica, apresentam um rendimento
e um fator de potência mais elevados que os motores convencionais (standard). A melhoria
no desempenho é alcançada com a utilização de materiais construtivos e acabamentos
melhores ou pela alteração das características dimensionais do motor (aumento da seção dos
condutores no estator, aumento do comprimento do circuito magnético, etc.).
Apesar de serem mais econômicos energeticamente, os motores de alta eficiência são
motores que exigem um investimento inicial cerca de 25% a 30% superior em relação aos
motores convencionais.
Além da utilização de motores de alta eficiência tem-se observado a utilização de
variadores electrónicos de velocidade (VEVs) como a medida com maior potencial de
poupança em sistemas motorizados devido ao seu papel extremamente importante na
economia direta de energia.
O sobredimensionamento de motores de indução é uma situação muito frequente,
devido à utilização sistemática de fatores de segurança muito elevados. Como muitas vezes
não se sabe com rigor qual a carga que o motor vai atender, opta-se por sobredimensionar o
motor. O sobredimensionamento excessivo dos motores de indução acarreta três
desvantagens principais: maior investimento inicial na aquisição do motor e da aparelhagem
associada, diminuição do rendimento do motor, o que leva a maiores custos de operação e
diminuição do fator de potência da instalação, o que leva a um aumento da fatura de energia
devido a energia reativa ou à necessidade de aquisição de banco de capacitores.
Além da possibilidade de regulação de velocidade, os VEV´s, também chamados
fontes de frequência variável (ou inversores de frequência) substituem, com enormes
vantagens, todos os sistemas até agora utilizados para o arranque dos motores de indução.
Normalmente, estes aparelhos convertem a frequência e a tensão fixa da rede, em valores
ajustáveis, apropriados às características do motor. Como é sabido, neste tipo de motores é
a frequência que determina a sua velocidade pela conhecida expressão:

120 ∙ 𝐹
𝑉=
𝑃
Sendo:
𝑉 = velocidade
𝐹 = frequência
𝑃 = número de pares de polos

A velocidade do motor é proporcional à frequência de saída, de modo que o ajuste de


frequência permite controlar a velocidade do motor. Regular a velocidade permite também
efetuar arranque suaves. Estes além de diminuírem substancialmente a corrente de arranque,
reduzem também o desgaste no equipamento mecânico acionado.
Para calcular a viabilidade da substituição de um motor standard por um motor de alto
rendimento, pode-se utilizar das seguintes expressões:

𝐼 < 𝑇𝑟 ∙ 𝐸

𝐼 = Custo de investimento no motor novo (R$).


𝑇𝑟 = Vida residual do motor existente (anos).
𝐸 = Economia anual com a instalação de um motor melhor dimensionado.
Para o cálculo de E tem-se:

𝑃𝑁 ∙ 𝑛𝑡 (𝑛𝑠 − 𝑛𝑡 ) 100 100


𝐸 = 0,736 ∙ ∙ ∙ 𝐻 ∙ 𝑇𝐸 ∙ ( − )
𝑛𝑁 𝑛𝑠 − 𝑛𝑁 𝜂𝑉 𝜂𝑁
Onde:
𝑃𝑁 = Potência do motor novo (kW).
𝐻 = Número de horas de operação por ano (h).
𝑇𝐸 = Preço da tarifa (R$/kWh).
𝑛𝑡 = Rotação de trabalho do motor (RPM).
𝑛𝑠 = Rotação síncrona (RPM).
𝑛𝑁 = Rotação nominal do motor (RPM)
𝜂𝑉 = Rendimento de operação do motor velho (%).
𝜂𝑁 = Rendimento de operação do motor novo (%).

A rentabilidade dos VEVs depende da potência do motor e do tipo de aplicação. No


entanto, existem outros fatores importantes, como o número de horas de funcionamento e o
regime de carga do motor. Em relação a este último fator, quanto mais variável for o regime
de carga, maior será o potencial de poupança energética.
Considerando a existência de regimes de carga, a economia anual total resultante da
implementação de um VEV num motor elétrico inicialmente sem controle de velocidade, é
dada na seguinte equação:
𝑃𝑚,𝑖 𝑃𝑉𝐸𝑉,𝑖
𝐸 = 𝐻 ∙ 𝑇𝐸 ∙ ( − )
𝜂𝑚,𝑖 𝜂𝑉𝐸𝑉,𝑖
onde:
i = índice correspondente ao regime de carga;
𝐻 = número de horas de funcionamento do motor no regime de carga i (h/ano);
𝑇𝐸 = preço médio da eletricidade; (R$/kWh)
𝑃𝑚,𝑖 = potência útil mecânica do motor no regime de carga i (kW);
𝜂𝑚,𝑖 = rendimento do motor no regime de carga i;
𝑃𝑉𝐸𝑉,𝑖 = potência útil mecânica do motor com VEV no regime de carga i (kW);
𝜂𝑉𝐸𝑉,𝑖 = rendimento do motor com VEV no regime de carga i.

5 Aplicações

Um motor de indução trifásico tem em sua placa de identificação potência, corrente e


rotação de 15 CV, 22 A e 1740 rpm, respectivamente. Para avaliação do seu carregamento
não foi possível medir a rotação de trabalho. A corrente de trabalho, contudo, medida no
centro de controle de motores é de 18 A. Qual o carregamento do motor?

Solução:

Como não foi possível medir a rotação de trabalho, vamos utilizar a linearização da curva de
corrente. A corrente em vazio percentual é:

𝐼𝑜 (%) = 67,484 − 7,940 𝐼𝑛 (15)

𝐼𝑜 (%) = 47,2%

𝐼𝑜 (%) = 10,4 𝐴

Com a corrente em vazio é possível descobrir a rotação de trabalho:

18 − 10,4
𝑛𝑡 = 1800 − ( ) ∙ (1800 − 1760)
22 − 10,4
𝑛𝑡 = 1760 𝑟𝑝𝑚
Conhecida a rotação é possível determinar o conjugado e a potência de trabalho:
15 1800 − 1760
𝑀𝑡 = ( )∙( )
1740 1800 − 1740
10
𝑀𝑡 = ( ) 𝑐𝑣/𝑟𝑝𝑚
1740
1760 ∙ 10
𝑃𝑡 = ( )
1740
𝑃𝑡 = 10,11 𝑐𝑣
10,11
𝐹𝑐 = ( )
15
𝐹𝑐 = 0,674
Referências

Medidas de Eficiência Energética Aplicáveis à Indústria Portuguesa: Um


Enquadramento Tecnológico Sucinto. Disponível em:
https://strathprints.strath.ac.uk/73119/1/Magueijo_etal_2010_Medidas_de_eficiencia_energe
tica_a plicaveis_a_industria_portuguesa.pdf, Portugal, 2008.
GASPAR, Eficiência energética na indústria. Disponível em:
https://www.voltimum.pt/sites/www.voltimum.pt/files/pdflibrary/pag._50-59.pdf. Acesso em
julho de 2022.
ELETROBRÁS/PROCEL EDUCAÇÃO. Eficiência energética: teoria & prática. Fupai,
2007.
WEG, S. A. Motores elétricos: guia de especificação. WEG, Jaraguá do Sul-SC, 2012.
MELLO, R. L. C. Eficiência energética em motores elétricos trifásicos de indução.
Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto Nacional de Telecomunicações, Santa Rita do
Sapucaí, 2013.
RAMOS, M. C. do E. S. Metodologia para avaliação e otimização de motores elétricos
de indução trifásicos visando a conservação de energia em aplicações industriais.
Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

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