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FLUXO DE IMIGRANTES ÁRABES AO BRASIL É CONSTANTE

O País é destino de sírios, de libaneses e de cidadãos de outros países do mundo árabe


desde o fim do século 19. Entre aumentos e diminuições na quantidade de imigrantes,
Brasil sempre surge como opção de refúgio em meio a conflitos. A imigração árabe ao
Brasil passa por momentos de grandes fluxos e outros de menor volume desde o final do
século 19. Mas não para. Diretamente relacionada a êxodos provocados por conflitos e
instabilidades nos países de origem, a imigração também tem relação com a presença de
descendentes nas cidades brasileiras e com iniciativas do governo brasileiro em recebê-
los. Nesta quinta-feira, 25 de março, é o Dia da Comunidade Árabe.

“Podem ser exemplos questões locais e regionais: no final do século 19 questões como a
vinda de cristãos para fugir do endurecimento de medidas do Império Turco-Otomano (do
qual Líbano e Síria atuais faziam parte) ou dos conflitos religiosos entre drusos e
maronitas; as guerras mundiais como outro motivo, já que as condições de vida precárias e
a presença das potências europeias na região impulsionaram outras levas. A Guerra Civil
do Líbano (1975-1990) também pode ser apontada como um fator local e mais atualmente
a Guerra Civil da Síria em curso desde 2011”, afirma Osman. Nos últimos anos, a
imigração de árabes ao Brasil assume uma outra condição: a de refugiados.

“O Brasil adotou políticas para receber os refugiados sírios no auge da crise e se


apresentou como um país receptivo a eles. No entanto, não há uma estrutura de inserção
na sociedade aqui”, afirma Laura. Em todo o ano de 2020, 27 refugiados sírios foram
registrados no ADUS, volume que em 2013 e 2014 passou de 300 refugiados assistidos
pela instituição, que oferece cursos de capacitação, orientação jurídica e aulas de
português, entre outras atividades de apoio.

ESTATÍSTICAS
A quantidade de árabes que migram ou migraram para o Brasil é motivo de controvérsia.
Samira Osman cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que
mostram que em 1940 aproximadamente 40 mil imigrantes sírios e libaneses chegaram ao
Brasil, um número que não parou de crescer no decorrer dos anos.

“As estatísticas são controversas, sobretudo do ponto de vista de uma avaliação histórica
desse fluxo migratório. O principal problema refere-se à forma como esses imigrantes
foram registrados, sem uma padronização. Nos dados oficiais podem aparecer como
turcos, turcos árabes, turcos não árabes, sírios, libaneses, sírios-libaneses, sírios e
libaneses, árabes. O que podemos ter certeza: entre o final do século 19 e o final da
Primeira Guerra eram registrados como turcos porque era o Império Otomano que expedia
os passaportes. A região de origem (Líbano ou Síria) poderia ser especificada, mas não
necessariamente era registrada pelos órgãos oficiais. Além disso, mesmo que provenientes
desses lugares, também poderiam incorporar outras comunidades como armênios ou
judeus”, afirma Osman.

Em julho do ano passado, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira divulgou uma


pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência e a H2R Pesquisas Avançadas sobre os
imigrantes árabes. O estudo mostrou que, em 2020, viviam no Brasil 11,6 milhões de
árabes e seus descendentes, sendo que 10% do total é imigrante e 41% são netos de
imigrantes. Assim como ocorreu no passado e ocorre no presente, há uma tendência de
que a imigração árabe se mantenha no Brasil, com momentos de maior fluxo e outros, de
menor intensidade.

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