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O que é AIDS?

Aids é uma doença crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o


sistema imunológico e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras
infecções (tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras).
A Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndrome da
imunodeficiência adquirida, em português) também facilita a ocorrência de
alguns tipos de câncer, como sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar
perda de peso e diarreia.
Apesar de ainda não existir cura para a doença, atualmente há
tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de vida dos
soropositivos.

Diferença entre HIV e AIDS

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana (human


immunodeficiency virus), que é o causador da AIDS. AIDS, no entanto, se trata
do estágio mais avançado da infecção por HIV.
O HIV é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser
contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical, ou seja, a
mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o filho durante
a gravidez, parto ou amamentação.

Aids no Brasil e mundo

No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas


sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15 a 49 anos é
de 0,6%, segundo atualização em 2013.
De acordo com o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência
maior que os seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru,
com 0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo.
No Haiti a taxa é de 2%, mas os números são muito mais altos em
países africanos como Zimbábue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%),
Uganda (7,4%) e Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção
pelo vírus é de 0,3%.

Causas

Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu pela


primeira vez em algumas populações de chimpanzés e macacos na África,
onde eram caçados para servirem de alimento.
O contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no
processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em contato com os
seres humanos e se tornar o HIV.
Células infectadas pelo vírus HIV - Foto Getty Images

Transmissão da Aids

O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vaginais,


anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preservativo;
e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com sangue, o
que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que também podem contrair
mais doenças, como hepatites.
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Outras vias de transmissão são por transfusão de sangue, porém é
muito raro, uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a
vertical, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação,
amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode ser
prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-nascido.
A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é tratada e
sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois, mesmo sem sintomas,
o HIV continua se multiplicando e atacando as células de defesa,
principalmente os linfócitos TCD4+.
Por definição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de
linfócitos TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de
aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extrapulmonar etc.
O tratamento antirretroviral visa impedir a progressão da doença para aids.
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Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifestarem?
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva, e não
necessariamente apresentar comprometimento do sistema imune com
depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem manifestar sintomas ou
desenvolver a AIDS.
Existe também o período chamado de janela imunológica, que é o
período entre o contágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo.
Nesse período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda
não há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a
pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é transmissora.
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Saiba mais: Aids: cuidados com a dieta evitam infecções
Fatores de risco
Para se contrair Aids é necessário que a pessoa seja infectada pelo
vírus HIV.
Todos estão sujeitos a contrair o vírus HIV, uma vez que a doença
não escolhe cor de pele, idade, gênero ou preferências sexuais, contudo, há
alguns comportamentos de risco para a infecção por HIV:
 Relação sexual (vaginal, anal ou oral) com pessoa
infectada sem o uso de preservativos
 Compartilhamento de seringas e agulhas,
principalmente, no uso de drogas injetáveis
 Reutilização de objetos perfurocortantes com presença
de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV.
Mulheres HIV-positivas que queiram engravidar também precisam tomar
as providências, sob orientação médica, para não transmitir o vírus para os
seus filhos durante a gestação ou parto.
Mulheres infectadas pelo HIV não devem amamentar, pois o vírus pode
ser transmitido pelo leite materno.
Sintomas
Sintomas de AIDS
Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são:
Saiba mais: Conheça os sintomas de HIV em cada fase da doença
 Fraqueza
 Febre
 Emagrecimento
 Diarreia prolongada sem causa aparente
Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns são:
 Problemas nos pulmões
 Diarreia
 Dificuldades no desenvolvimento
Fase sintomática inicial da Aids:
 Candidíase oral
 Sensação constante de cansaço
 aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço
 Diarreia
 Febre
 Fraqueza orgânica
 Transpirações noturnas
 Perda de peso superior a 10%
Infecção aguda da Aids:
 Febre
 Afecções dos gânglios linfáticos
 faringite
 dores musculares e nas articulações
 ínguas e manchas na pele que desaparecem após
alguns dias
 Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais
 Falta de apetite
 Estado de prostração
 Dor de cabeça
 Sensibilidade à luz
 Perda de peso
 Náuseas e vômitos
Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem:
 Emagrecimento não intencional
 Fadiga
 Aumento dos linfonodos, ou ínguas
 Sudorese noturna
 Calafrios
 Febre superior a 38ºC durante várias semanas
 Diarreia crônica
 Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou
boca
 Dor de cabeça
 Fadiga persistente e inexplicável
 Visão turva e/ou distorcida
 Erupções cutâneas e/ou inchaços
Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento adequado, além
de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apresentar outros sinais mais
graves dependendo da doença oportunista que desenvolver.
Diagnóstico e Exames
Buscando ajuda médica
Nem todas as pessoas infectadas pelo HIV apresentam sintomas.
Por isso, a testagem para HIV é recomendada para todas as pessoas,
especialmente aquelas com vida sexual ativa.
Os centros de testagem do SUS (CTA, Centro de Testagem e
Acolhimento) realizam não só o teste rápido para HIV (em sangue ou saliva)
bem como exames para hepatites B, hepatite C e sífilis.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar AIDS são:
 Clínico geral
 Infectologista
Caso a pessoa já tenha sido diagnosticada como portadora do HIV, o
médico analisará a evolução da doença, a resposta do organismo ao
tratamento, os exames do paciente, a sua condição geral de saúde e quais
doenças oportunistas ele contraiu neste período de tempo.
É importante levar suas dúvidas para o consultório por escrito,
começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas
para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar.
Diagnóstico de AIDS
Para diagnóstico de aids o médico analisará a condição de saúde geral
do paciente, a evolução do HIV, a resposta aos tratamentos e a presença de
doenças oportunistas.
Existem vários testes para determinar em que estágio a doença está,
dentre eles:
 Contagem de CD4 - As células CD4 são um tipo de
glóbulo branco que é especificamente destruído pelo HIV. A
contagem de células CD4 em uma pessoa sem HIV pode variar
de 500 a mais de 1.000. A infecção pelo HIV costuma diminuir a
contagem de CD4. Quanto menor for o CD4, pior o
comprometimento do sistema imunológico. Contagens abaixo
de 200 células/mm3 mostram que o paciente tem risco de
apresentar infecções oportunistas
 Carga viral - O teste mede a quantidade de vírus no
sangue e quanto maior a carga viral, mais o sistema
imunológico pode ser agredido.
Carga viral
O teste mede a quantidade de vírus no sangue e quanto maior a carga
viral, mais o sistema imunológico pode ser agredido.
Outros testes
O médico também pode solicitar testes para outras infecções ou
complicações relacionadas ao HIV/aids:
 Tuberculose
 Hepatite
 Toxoplasmose
 Outras doenças sexualmente transmissíveis (DST)
 Danos nos rins e fígado
 Infecções de trato urinário
 Sífilis
Teste de Aids
Teste rápido:
Ele funciona da mesma forma que o teste convencional, com a diferença
de que o resultado sai no mesmo dia, cerca de trinta minutos até duas horas
após a realização do exame.
Pode ser feito com sangue (inclusive da ponta do dedo) e na saliva. Isso
permite com que o paciente fique sabendo do resultado no momento da
consulta médica. O teste é feito após o aconselhamento pré-teste.
Com o resultado, seja ele positivo ou negativo, a pessoa passa por um
aconselhamento pós- teste, muito importante para esclarecer dúvidas a
respeito das formas de transmissão, tratamento e prevenção.
Fluído oral:
O teste de fluido oral é a mais recente modalidade de testagem. Para
realizar o exame, é necessário retirar uma amostra do fluido presente na boca,
principalmente das gengivas e da mucosa da bochecha, com o auxílio de uma
haste coletora.
O resultado sai em 30 minutos e pode ser realizado em qualquer lugar,
dispensando estruturas laboratoriais.
No entanto, o teste de fluido oral serve apenas como triagem para o
paciente.
Western Blot:
É um exame que detecta diferentes tipos de anticorpo contra o HIV 1 e 2
e pode ser útil no caso de resultados discrepantes nos exames acima.
PCR ou carga viral para HIV:
Via de regra, este exame é solicitado quando um dos exames acima é
positivo. Ele detecta e quantifica o vírus HIV no sangue e é importante para
monitorar o tratamento.
Testes confirmatórios:
Todo exame positivo para HIV precisa ser confirmado com um segundo
teste.
Testes convencionais:
O teste convencional foi o primeiro a ser desenvolvido. A ele, dá-se o
nome de Ensaio Imunoenzimático, ou ELISA.
Nele os profissionais de laboratório colhem uma amostra do sangue do
paciente e buscam por anticorpos contra o vírus.
Se a amostra não apresentar nenhuma célula de defesa específica para
o HIV, o resultado é negativo e, então, oferecido ao paciente.
Porém, caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, é
necessária a realização de um teste adicional, o chamado teste confirmatório,
para que se tenha certeza absoluta do diagnóstico. Nele, os profissionais
buscam por fragmentos de HIV na corrente sanguínea do paciente.
Saiba tudo sobre os diferentes tipos de teste e quando fazê-los aqui.
Tratamento e Cuidados
Tratamento de AIDS
A recomendação atual é que todos as pessoas infectadas, independente
do CD4, devam ser tratadas o mais brevemente possível.
O objetivo é minimizar os danos que o HIV causa no corpo e reduzir a
transmissão: pessoas em tratamento e com carga viral indetectável =
intransmissível.
Há várias medicações disponíveis e o tratamento é sempre combinado
com pelo menos três drogas.
Há um consenso brasileiro de tratamento de HIV/Aids do Ministério da
Saúde, que visa uniformizar o tratamento. A medicação de primeira escolha
hoje está disponível em um único comprimido, que é a combinação de três
remédios.
No caso de contraindicação, efeitos adversos ou resistência, temos
opções de outros antirretrovirais que deverão ser individualizados para cada
paciente.
A escolha do esquema de tratamento deve ser discutida entre o médico
e o paciente.
O importante é que uma vez iniciado o tratamento, o paciente deve estar
ciente de que ele não deve ser interrompido sem motivo e que as medicações
devem ser tomadas todos os dias e nos intervalos prescritos.
Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento pode falhar por
surgimento de vírus resistentes.
Outras medicações utilizadas são as para prevenção de algumas
doenças oportunistas, que em geral são suspensas com a melhora da
imunidade do paciente.
Conheça a seguir como cada um deles é usado:
Inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa: Essa classe de
medicamentos atua sobre a enzima transcriptase reversa, tornando conversão
do RNA em uma cadeia de DNA viral defeituosa, impedindo a inclusão desta
no DNA das células de defesa do organismo hospedeiro. Essa ação impede
que o vírus se reproduza.
 Abacavir
 Lamivudina
 Tenofovir
 Zidovudina
 Truvada
Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa: Essa classe
de medicamentos também atua sobre a enzima transcriptase reversa,
bloqueando diretamente sua ação, impedindo a multiplicação do vírus.
 Efavrienz
 Nevirapina
 Etravirina
Inibidores de protease: Medicamentos que atuam na enzima protease,
bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias do vírus HIV.
 Atazanavir
 Darunavir
 Ritonavir
Inibidores de fusão: Medicamentos que impedem a entrada do vírus do
HIV nas células de defesa do organismo hospedeiro via proteína CD4,
impedindo o ciclo reprodutivo do vírus
 Enfuvirtida (T20)
Inibidores da integrase: Medicamentos que bloqueiam a atividade da
enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do vírus HIV (após ação
da transcriptase reversa que converte RNA do vírus em DNA) ao DNA humano.
Isto permite a inibição da replicação do vírus e sua capacidade de infectar
novas células.
 Dolutegravir
 Raltegravir
Profilaxia Pós-exposição (PEP)
A Profilaxia Pós-exposição (PEP), estratégia para prevenção da infecção
pelo HIV, foi inicialmente disponibilizada para profissionais de saúde que
acidentalmente se expunham ao HIV (com agulhas e outros instrumentais
contaminados) ou para vítimas de violência sexual.
Desde 2010, no entanto, existe a versão PEP sexual. Esta é uma
estratégia complementar ao sexo seguro, indicada para pessoas que se
expuseram a situações sexuais de risco para infecção pelo HIV: falha no uso
ou ainda rompimento de preservativos.
A ideia da PEP é que tão logo a pessoa tenha sido exposta, ela seja
avaliada e testada para o HIV.
Essa medida irá verificar se ela já havia sido infectada anteriormente
(imediatamente após a exposição não é possível saber se a pessoa contraiu o
vírus ou não, pois é preciso aguardar o tempo da janela imunológica para o
exame ficar positivo).
Caso o (a) parceiro (a) esteja presente na consulta, poderá também
passa pela testagem. Quando indicado, a pessoa exposta sexualmente ao
vírus HIV (ou ao risco de), recebe medicamentos antirretrovirais que devem ser
usados por 4 semanas, para evitar a infecção pelo HIV.
Saiba tudo sobre a PEP neste artigo.
Convivendo (prognóstico)
AIDS tem cura?
Antigamente receber a notícia de uma infecção por HIV era como
assinar uma sentença de morte. Hoje, contudo, apesar de ainda não se ter
descoberto a cura para a infecção, este quadro mudou.
Atualmente existem medicamentos antirretrovirais, que são coquetéis
antiaids que aumentam a sobrevida dos soropositivos, mas é fundamental
seguir todas as recomendações médicas e tomar os medicamentos conforme a
prescrição.
Caso o paciente não faça o tratamento conforme recomendado ele pode
acabar tornando o vírus mais resistente antes do tempo, dificultando o
tratamento e prejudicando a sua saúde no geral.
A Aids continua sendo um dos maiores desafios da saúde pública no
mundo, especialmente nos países mais pobres.
No Brasil temos centros especializados no tratamento da doença com
equipes multidisciplinares que podem ajudar o paciente com aids a viver da
melhor forma possível, desde que use os seus medicamentos e siga todas as
demais recomendações médicas para o seu caso.
Um problema grave que o diagnóstico por aids trazer muita angústia,
dificuldade de lidar com o diagnóstico e suas implicações, receio em
compartilhar a notícia com a família, parceiros (as) e amigos.
Por isso, converse com quem possa ajudá-lo nesta questão, médicos,
psicólogos, ou profissionais do serviço social, entre outros.
Complicações possíveis
Quando o sistema imunológico está muito enfraquecido pelo HIV, outras
infecções e doenças oportunistas se aproveitam – são as chamadas infecções
oportunistas.
Dentre as infecções temos:
 Tuberculose
 Salmonella
 Citomegalovírus
 Candidíase
 Meningite criptocócica
 Toxoplasmose
 Criptosporidiose
Pessoas infectadas pelo HIV têm risco aumentado para alguns tipos
de câncer. Dentre os tipos de câncer que podem se desenvolver com maior
facilidade em pacientes soropositivos estão:
Sarcoma de Kaposi: Raro em pessoas sadias e mais comum entre
pessoas com aids e imunossupressão severa. O Sarcoma de Kaposi surge
com lesões escuras na pele e boca da pessoa e também pode afetar os órgãos
internos como o trato digestivo e os pulmões. Em muitos casos, tratar o HIV
acaba por resolver o sarcoma. Quando muito avançado, demanda
quimioterapia.
Linfomas: Esse tipo de câncer se origina nos glóbulos brancos do
sangue e usualmente aparece primeiramente nos nódulos linfáticos. Requer
quimioterapia para seu tratamento.
Outras complicações podem incluir:
Síndrome de Wasting ou do definhamento: É definida como a perda
de ao menos 10% da massa corpórea do paciente, acompanhada de diarreia,
fraqueza crônica e febre. Com os tratamentos, o número de casos de Síndrome
do Definhamento tem diminuído, mas ainda afeta muitas pessoas com HIV.
Complicações neurológicas: Sintomas neurológicos como confusão,
esquecimento, ansiedade, dificuldade de caminhar podem acontecer em
pessoas com aids. A demência relacionada à aids é uma complicação em geral
tardia e de muito difícil condução.
Doenças renais: A nefropatia associada ao HIV é uma inflamação dos
pequenos filtros dos rins, que removem o excesso de líquido e resíduos do
sangue e os passa para a urina.
Lipodistrofia: Caracteriza-se pela concentração excessiva de gordura
no abdome, tórax e nuca e perda de gordura na face, braços e pernas de
pessoas soropositivas que estão utilizando a Terapia Anti-retroviral Altamente
Ativa (HAART), também conhecida como terapia de combinação ou coquetel
para o tratamento anti-HIV.
Pode ocorrer aumento de gordura na região do abdome/ventre (gordura
central), entre os ombros, em volta do pescoço ou no tórax (especialmente em
mulheres) ou perda de gordura da pele, mais aparente nos braços, pernas,
nádegas e rosto, resultando em enfraquecimento da face, atrofiamento das
nádegas e veias aparentes nas pernas e braços.
Saiba mais: Entenda por que o HIV favorece o aparecimento de
doenças crônicas
Pessoas com HIV também tem risco aumentado para doenças
cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral
(AVC). Por este motivo, talvez mais que a população em geral, pessoas com
HIV precisam manter hábitos de vida saudáveis:
 Não fumar
 Manter atividade física regular
 Evitar obesidade
 Consumir alimentos pobres em gorduras e açúcares,
preferindo frutas, verduras, legumes
Convivendo/ Prognóstico
Uma vez que o paciente soropositivo desenvolve aids significa que o seu
sistema imunológico já está bastante comprometido. Por isso, é essencial fazer
escolhas saudáveis para que se possa viver por mais tempo e com mais
qualidade.
As seguintes sugestões podem ajudar os pacientes soropositivos a
ficarem saudáveis por maior período de tempo:
Coma alimentos saudáveis
Frutas e vegetais frescos, grãos e proteínas, em uma dieta equilibrada,
ajudam a manter o paciente forte, liberar mais energia e a dar suporte ao
sistema imunológico.
Mas cuidado: doenças relacionadas a ingestão de alimentos podem ser
especialmente mais severas em pessoas vivendo com HIV/Aids.
Evite produtos lácteos não pasteurizados, ovos crus e frutos do mar
crus, como ostras e peixes. Cozinhe a carne até que ela fique bem passada ou
até que não haja nenhum traço cor de rosa.
Tome suas vacinas
A imunização pode prevenir infecções como pneumonia, hepatite
B, hepatite A, HPV, meningite, febre amarela, sarampo, tétano e gripe, entre
outros.
Converse com seu médico, que saberá dizer quando e qual vacina está
recomendada para você. Lembre-se que algumas vacinas, compostas de vírus
vivos, não deverão ser usadas por pessoas com contagens baixas de CD4, por
risco aumentado de efeito adverso grave.
Tome cuidado com os animais de estimação
Alguns animais podem carregar parasitas que causam infecções em
pessoas soropositivas ou com o sistema imunológico enfraquecido.
As fezes do gato, por exemplo, podem causar toxoplasmose, répteis
podem carregar salmonela e os pássaros certos tipos de fungo.
O ideal é conversar com o seu médico para saber se esta é a melhor
hora de manter um bichinho em casa e sob quais condições.
Não fume
Pacientes soropositivos têm o sistema imunológico enfraquecido e estão
mais susceptíveis a diversas doenças, inclusive comorbidades relacionadas
aos pulmões. Então, se ainda fuma, busque parar de fumar o quanto antes.
Aids na gestação
Durante a gestação, uma mulher soropositiva não vai necessariamente
transmitir o vírus para o bebê. O maior risco é durante o parto e depende da
carga viral da paciente: se for muito alta o ideal é fazer uma cesárea.
Durante toda a gestação a mulher deve ser medicada, pois isso reduz
drasticamente o risco de transmissão para o bebê.
Além disso, durante o parto, a mãe deve receber medicação
endovenosa contra o HIV.
Os filhos nascidos de mãe infectada pelo HIV também devem receber
medicamento contra HIV no início da vida – todas estas estratégias
combinadas diminuem muito o risco do bebê ser infectado pelo HIV.
Além disso, estes bebês NÃO devem receber leite materno, que pode
transmitir HIV.
Saiba mais detalhes sobre os cuidados com o HIV na gestação aqui.
Aids na terceira idade
Os pacientes idosos com HIV enfrentam os mesmos problemas
relacionados ao envelhecimento que as outras pessoas. O envelhecimento
pode ser acelerado na infecção pelo HIV, bem como maior o risco de doenças
cardiovasculares.
Pacientes idosos recebem o mesmo tratamento que adultos jovens, mas
deve-se levar em consideração interações com outros remédios que o paciente
eventualmente precise usar.
Nem todos os remédios combinam entre si. Por isso, o infectologista
precisa centralizar o cuidado, em especial de pacientes com múltiplas
comorbidades.
É equivocado quem esquece de pensar em HIV como diagnóstico em
idosos. Ao fazer isto, atrasamos o diagnóstico e com isso, atrasamos o
tratamento.
Saiba mais: Veja como lidar com o HIV em relacionamentos
Perguntas frequentes
A prática da masturbação com parceiro eventual implica risco de contágio pelo
HIV/Aids?
Não havendo troca de sangue, sêmen ou secreção, a prática da
masturbação a dois não implica qualquer risco de infecção pelo HIV/Aids.
Saiba mais: Masturbação: como praticar de forma saudável?
Qual o risco de contágio por HIV/Aids com objetos cortantes como aparelhos de
barbear, brincos, alicates e piercings?
Atualmente, a maioria dos aparelhos pérfuro-cortantes fabricados, como
seringas, máquinas de tatuar, aparelhos para colocar brincos ou piercings, são
feitos com materiais descartáveis, que não podem ser usados mais de uma
vez.
Em caso de dúvida, sugerimos perguntar no local sobre os materiais
utilizados.
O risco de contaminação da HIV/Aids no contato do sangue com a pele
e mucosa oral é menor do que a exposição percutânea (injeção), porque há
maior quantidade de células-alvo suscetíveis à infecção pelo HIV/Aids na
corrente sanguínea.
Além disso, na pele e na mucosa oral existem barreiras imunológicas e
não-imunológicas que conferem um determinado grau de proteção, uma vez
que estes lugares estão em permanente contato com o meio externo e com
micro-organismos.
Saiba mais: Aids: conheça as maiores complicações
Mesmo com a ausência de ejaculação durante o ato sexual é possível ser
infectado pelo vírus da Aids?
Apesar de o vírus da Aids estar mais presente no esperma, essa não é a
única forma do vírus ser transmitido em uma relação sexual. Há, também, a
possibilidade de infecção pela secreção expelida antes da ejaculação ou pela
secreção da vagina, por exemplo.
Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV/Aids, nesses
casos, são: imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, relação sexual
durante a menstruação e presença de outras doenças sexualmente
transmissíveis como cancro mole, sífilis e herpes genital.
O beijo, no caso de um dos parceiros ter feridas ou fissuras na boca, é uma via de
contágio da Aids?
Segundo estudos, não há evidências de transmissão do vírus da Aids
pelo beijo. Para que houvesse possibilidade de transmissão, seria necessário
que houvesse uma lesão grave de gengiva e sangramento na boca. O HIV
pode ser encontrado na saliva, porém as substâncias encontradas nela são
capazes de neutralizá-lo. Práticas como beijar na boca, fumar o mesmo cigarro,
tomar água no mesmo copo, não oferecem riscos.
Saiba mais: Você sabe usar a camisinha feminina?
A prática do sexo oral sem proteção implica risco de infecção pelo HIV?
Se comparado a outras formas de contágio (sexo vaginal, sexo anal e
compartilhamento de seringas, por exemplo), o risco relacionado ao sexo oral é
baixo.
Contudo, oferece riscos maiores para quem pratica (ou seja, o parceiro
ativo), dependendo fundamentalmente da carga viral (quantidade do vírus no
sangue) do indivíduo infectado e se há presença de ferimentos na boca de
quem pratica (gengivites, aftas, machucados causados pela escova de dente).
Caso não haja nenhum ferimento na boca, o risco de contágio é menor.
Isto se explica, talvez, pela acidez do estômago, que pode tornar o vírus da
Aids inativo, quando deglutido.
No entanto, na prática de sexo oral desprotegido, há o risco de se
contrair herpes, uretrite, hepatite B, ou HPV, independente da sorologia do
parceiro.
O que é janela imunológica?
Janela imunológica é o tempo que o corpo demora para reconhecer a
presença do HIV (ou qualquer outro vírus) na corrente sanguínea e, assim,
começar a produzir anticorpos contra ele.
E como os testes de diagnóstico buscam esses anticorpos na amostra
de sangue colhida, se o exame for feito dentro deste período o resultado pode
dar negativo mesmo que a pessoa já esteja infectada.
Há chance de me infectar se eu fizer sexo com alguém soropositivo?
Isso também não é verdade. Poucos sabem, mas é muito mais difícil ser
infectado pelo HIV com um soropositivo do que com uma pessoa que
desconhece sua sorologia.
Isso porque, graças ao tratamento, a carga viral de muitas pessoas que
vivem com o vírus está indetectável, ou seja, com menos de 40 cópias de vírus
por mililitro de sangue.
Isso é insuficiente para que haja a transmissão. Para se ter uma ideia,
se um soropositivo com carga viral indetectável há pelo menos um ano fizer o
teste de HIV, o resultado tem muitas chances de ser negativo.
Estudos internacionais já mostraram que um soropositivo em tratamento
e há seis meses com a carga viral suprimida tem 96% menos chances de
transmitir o vírus durante o ato sexual.
Essa, que foi eleita a descoberta científica do ano em 2011 pela revista
Science, é também um dos mais importantes passos contra a discriminação de
soropositivos e um salto na qualidade de vida de quem vive com HIV.
Prevenção
Prevenção
Como prevenir a Aids?
A forma mais efetiva de se prevenir a aids é prevenindo a infecção pelo
vírus HIV. Para se prevenir contra o HIV, o mais importante é não se colocar
em situação de risco para a infecção pelo vírus, ou seja:
 Faça sexo (vaginal, anal ou oral) sempre com proteção
 Não compartilhe agulhas e seringas
 Não reutilize objetos perfurocortantes no geral
 No caso de violência sexual, comunique as autoridades
o quanto antes e vá a um hospital, de preferência especializado,
para que eles possam ministrar os remédios de profilaxia de
infecção pelo HIV ou outras doenças sexualmente
transmissíveis (DST).
As chances de não se desenvolver essas doenças quando a profilaxia é
feita poucas horas após o ato é muito maior;Se você descobriu que tem o vírus,
comunique o seu parceiro ou pessoas com as quais teve relações sexuais.
Ele precisará fazer os testes, pois um diagnóstico precoce faz com que o
tratamento seja muito mais efetivo. Além disso, eles precisam saber se estão
com o vírus para que não acabem por infectar outras pessoas.
Se você já foi diagnosticado com HIV, para se prevenir a aids o mais
importante é que você tome todos os seus medicamentos conforme prescrição
e siga todas as demais orientações médicas, além de procurar ter uma vida
mais saudável, se alimentando bem, mantendo o peso compatível com a sua
idade, sexo e altura e, se ainda fuma, deixar de fumar.
No caso de infecções oportunistas ou outros sintomas enquanto está se
tratando do HIV, é importante procurar assistência médica para tomar as
providências corretas contra a doença o quanto antes, que incluem medicações
que não interfiram com os seus antirretrovirais.
PeRP: medicamentos para prevenção do HIV
No começo de julho de 2014, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
fez uma recomendação do uso de quimioprofilaxia através de uma combinação
de antirretrovirais para tentar diminuir a transmissão do HIV entre os homens
que fazem sexo com homens (HSH), transgêneros femininos, usuários de
drogas injetáveis, profissionais do sexo e pessoas que estejam em privação de
liberdade no sistema prisional.
Desde 2018 o PreP, feito com a combinação dos antirretrovirais
Tenofovir e Emtricitabina, unidos em uma pílula única, é oferecido no SUS.
Pessoas com risco acrescido de se infectarem por HIV e fazem uso
regular deste medicamento tem diminuído o risco de se infectarem pelo HIV. A
proteção conferida pelo remédio não muda a recomendação de se fazer sexo
protegido, com camisinha.
Pessoas que recebem este medicamentos precisam ser acompanhadas
regularmente, para monitorar eventuais efeitos adversos do remédio e serem
testados para HIV e outras DST.
Como vimos acima, a infecção pelo HIV tem tratamento mas ainda
impacta negativamente na saúde dos infectados. Deste modo, prevenir é
sempre melhor.
A PreP é uma estratégia que deve sempre ser combinada às demais
estratégias de prevenção – camisinha, camisinha, camisinha, carga viral
indetectável, indetectável, indetectável.
Links Úteis
Sociedade Viva Cazuza
Referências
Revisado por: Sumire Sabake, médica infectologista, CRM 94070
Karina T. Miyaji, médica infectologista do Ambulatório dos Viajantes do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP) – CRM: 108285/SP.
Graziella Hanna, médica infectologista do Hospital Santa Cruz de São
Paulo – CRM: 51071/SP.
Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais
Clínica Mayo – organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que
reúne conteúdos sobre doenças, sintomas, exames médicos, medicamentos,
entre outros.
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS).

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