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O CAPITAL DE MARX

MAIS-VALIA
ABSOLUTA
LIVRO I – CAPÍTULOS 5 a 9
SEÇÕES
SEÇÃO I — MERCADORIA E DINHEIRO

SEÇÃO II — A TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL

SEÇÃO III — A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA ABSOLUTA

SEÇÃO IV — A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA RELATIVA

SEÇÃO V — A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA ABSOLUTA E RELATIVA

SEÇÃO VI — O SALÁRIO

SEÇÃO VII — O PROCESSO DE ACUMULAÇÃO DO CAPITAL


Seção III A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA ABSOLUTA
Capitulo V - Processo de Trabalho e Processo de Valorização

Capitulo VI - Capital Constante e Capital Variável

Capitulo VII - A Taxa de Mais-valia

Capitulo VIII - A Jornada de Trabalho

Capitulo IX - Taxa e Massa da Mais-valia


TEORIA BURGUESA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
VALOR É MEDIDO PELOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
temos três problemas que ferem de morte esta
teoria:

1) Uma fórmula tautológica: o valor é igual a


soma de suas partes (o que não explica
absolutamente nada).
2) O valor é explicado em termo de outros
valores, o que levaria a uma circularidade infinita
e insolúvel.
3) Se o valor da mercadoria é explicado pelos
custos de produção, então o lucro do capitalista
aparece como um valor que aparece do nada,
sem qualquer explicação e origem.
Capitulo 5 - Processo de Trabalho e Processo de Valorização
Analogamente ao procedimento expositivo
adotado no curso das duas primeiras seções de
O Capital, Marx inicia a análise do processo de
trabalho em sua forma abstrata e comum ao
conjunto das formas histórico-sociais.

O PROCESSO DE TRABALHO: processo visto


unicamente do ponto de vista homem-
natureza, abstraindo a forma como os homens
se organizam para se apropriar da natureza.
Capitulo 5 - Processo de Trabalho e Processo de Valorização
Capitulo 5 - Processo de Trabalho e Processo de Valorização
DUAS PERSPECTIVAS PARA O MESMO PROCESSO

HOMEM-NATUREZA HOMENS ENTRE SI


FORÇAS PRODUTIVAS FORMA SOCIAL

Produto Mercadoria
Valores de uso Valor
Trabalho Concreto Trabalho abstrato
Processo de trabalho Processo de valorização

MARX PARTE SEMPRE DO QUE É COMUM (CATEGORIA


DA PERSPECTIVA HOMEM-NATUREZA) E BUSCA SUA
FORMA SOCIAL ESPECÍFICA (POR ISSO A COMPARAÇÃO
COM OUTRAS FORMAS SOCIAIS, BUSCANDO A
ESPECIFICIDADE).
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
“produção de valores de uso ou de bens não
sofre nenhuma alteração em sua natureza pelo
fato de ocorrer para o capitalista e sob seu
controle, razão pela qual devemos, de início,
considerar o processo de trabalho
independente de qualquer forma social
determinada” (C I, p. 255).

Nesse sentido, unicamente, dizemos que o


processo de trabalho é a-histórico: ou seja,
decorre de aspectos técnicos e não sociais,
ainda que só possa atuar DENTRO de uma
forma social. Todo desafio de Marx é encontrar
esta forma social específica.
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
Características do processo de trabalho

“é um processo entre o homem e a Natureza”

“medeia, regula e controla o seu metabolismo
com a Natureza” OBS: não existe TROCA entre
homem e natureza, mas METABOLISMO.

“Agindo sobre a natureza externa e
modificando-a por meio desse movimento, ele
modifica, ao mesmo tempo, sua própria
natureza”.

produto objetivado “já estava presente na
representação do trabalhador no início do
processo”(C I, p. 255-256). Exemplo da abelha
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
Características do processo de trabalho

uma atividade especificamente humana que transforma
um objeto “segundo uma finalidade concebida desde o
início”.

se estingue no produto, que, por sua vez, nada mais é do
que trabalho objetivado. Isto significa que “o que do lado
do trabalhador aparecia sob a forma do movimento,
agora se manifesta, do lado do produto, como qualidade
imóvel, na forma do ser” (C I, p. 257).

Estando o processo de trabalho e os produtos do trabalho
cindidos no tempo e no espaço, existe a possibilidade de
que contemplemos os produtos do trabalho em sua
qualidade imóvel na FORMA DO SER, sem nos
questionarmos sobre o movimento nele contido.
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
Características do processo de trabalho

Expôs o processo de trabalho “em seus momentos
simples e abstratos”.

POR QUE É ABSTRATO? “condição universal do
metabolismo entre homem e natureza, perpétua
condição natural da vida humana e, por conseguinte,
independente de qualquer forma particular dessa vida,
ou melhor, comum a todas as suas formas sociais”.

Em função desta abstração, continua Marx, “não tivemos
necessidade de apresentar o trabalhador em sua relação
com outros trabalhadores, e pudemos nos limitar ao
homem e seu trabalho de um lado, e à natureza e suas
matérias, de outro” (C I, p. 261).
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
É PRECISO SUPERAR A ABSTRAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO
“assim como o sabor do trigo não nos diz nada
sobre quem o plantou, tampouco esse processo
nos revela sob quais condições se realiza, se sob o
açoite brutal do feitor de escravos ou sob o olhar
ansioso do capitalista” (C I, p. 261).

“Voltemos, agora, a nosso capitalista aspirante”. E


prossegue: nosso “capitalista põe-se, então, a
consumir a mercadoria por ele comprada, a força
de trabalho, isto é, faz com que o portador da força
de trabalho, o trabalhador, consuma os meios de
produção mediante seu trabalho” (C I, p.262).
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
NÃO SE PODE SALTAR DE UMA ABSTRAÇÃO PRA ASPECTOS CONCRETOS
Como salienta Zeleny, uma “abstração assim, que
fixa propriedades comuns, prescinde do
desenvolvimento do fenômeno e da especificidade
de suas fases” históricas, apenas tem uma função
positiva se se “tem consciência de sua limitação e
do caráter insuficiente”. De outro modo, “converte
em um obstáculo, se faz falsa e supra-histórica,
apaga a especificidade das formas históricas
qualitativamente diferentes e serve para
apresentar as formas historicamente específicas
como formas supra-históricas de caráter absoluto”
(p. 168).
ZELENY, J. La estructura lógica de “El capital” de Marx. México:
Grijalbo, 1974.
Capitulo 5 – PROCESSO DE TRABALHO
POR QUE ENTÃO ANALISAR O PROCESSO DO TRABALHO DO PONTO DE VISTA ABSTRATO
“a natureza universal do processo de trabalho não se
altera em nada pelo fato de o trabalhador realizá-lo para
o capitalista, e não para si mesmo. Tampouco o modo
determinado como fabricam as botas ou se fiam os fios é
imediatamente alterado pela intervenção do capitalista”
(C I, p. 262). (p. 168).
“tratamos, até este momento, apenas um aspecto do
processo. Tal como a própria mercadoria é unidade de
valor de uso e valor, seu processo de produção tem de ser
a unidade do processo de trabalho e do processo de
formação do valor” (C I, p. 263). “Devemos, aqui,
considerar esse trabalho sob um aspecto totalmente
distinto daquele que ele assume durante o processo de
trabalho” (C I, p. 265).
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
TODAS DETERMINAÇÕES DO PROCESSO DE TRABALHO VIRAM AO AVESSO
INVERSÕES: PROCESSO FORMADOR DE VALOR
1) “Lá, tratava-se da atividade orientada à transformação
do algodão em fio” (C I, p. 265), a finalidade última do
processo
2) agora, o produto acabado é apenas meio para uma
única finalidade: a valorização do valor.

1) Antes, quanto “mais o trabalho é orientado a esse fim,


tanto melhor é o fio, pressupondo-se inalteradas todas
demais circunstâncias”
2) agora, não se trata mais “da qualidade, do caráter e do
conteúdo específicos do trabalho, mas apenas de sua
quantidade”.
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
TODAS DETERMINAÇÕES DO PROCESSO DE TRABALHO VIRAM AO AVESSO
INVERSÕES: PROCESSO FORMADOR DE VALOR
1) Antes, o “trabalho do fiandeiro é especificamente distinto
dos outros trabalhos produtivos, e a diferença se revela
subjetiva e objetivamente na finalidade particular do ato de
fiar, em seu modo particular de operação, na natureza
particular de seus meios de produção, no valor de uso
particular de seu produto”;
2) agora, sendo os múltiplos trabalhos, enquanto trabalho
abstrato, criadores de valor, o trabalho do fiandeiro “não difere
em absolutamente nada do trabalho do produtor de canhões”.

1) Antes, algodão “e fuso servem como meios de subsistência


do trabalho de fiação” (C I, p.266);
2) agora, pouco importa, da perspectiva do sorridente
capitalista, o papel social da mercadoria produzida, se para
vestir ou matar.
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
EMERGÊNCIA DA MAIS-VALIA
Como o trabalhador vende sua força de trabalho, mas é a
efetivação desta força que cria valor, nosso capitalista,
enquanto comprador desta mercadoria específica, “previu
esse estado de coisas, e o caso o faz rir”(C I, p. 270).

Pode, a princípio, consumi-la ao seu bel-prazer e estender


seu consumo para além dos limites necessários ao
pagamento da mercadoria que comprou. Isto é, pode
estender o uso da força de trabalho para além do
necessário ao pagamento do salário e extrair daí um
excedente,a mais-valia. Eis o segredo da valorização do
valor, que na esfera da circulação aparecia como um mais
valor oriundo do nada.
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
EMERGÊNCIA DA MAIS-VALIA
Duas peculiaridades do modo de produção
capitalista:

1) O trabalhador trabalha sob controle do


capitalista a quem pertence o seu trabalho.
OBS: Nunca esquecer, o trabalhador é proprietário
de sua força de trabalho, não de seu trabalho.
2) O produto é propriedade do capitalista, e não do
produtor direto, do trabalhador.
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
MAIS-VALIA NÃO É TRABALHO EXCEDENTE
TRABALHO EXCEDENTE: Comum a todas formas históricas
de produção. O trabalhador tem que ter excedente do
trabalho anterior acumulado para voltar a trabalhar.

MAIS-VALIA: Forma social do trabalho excedente no


capitalismo.

Na produção de mais-valia: todas as “condições do
problema foram satisfeitas, sem que tenha ocorrido
qualquer violação das leis da troca de mercadorias.
Trocou-se equivalente por equivalente”.
O capitalista pagou ao trabalhador o equivalente pela
sua força de trabalho.
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
PRODUÇÃO DE MAIS-VALIA NÃO OCORRE SOMENTE NA PRODUÇÃO
MAIS-VALIA: “ciclo inteiro, a transformação de seu
dinheiro em capital, ocorre no interior da esfera da
circulação e, ao mesmo tempo, fora dela. Ele é mediado
pela circulação, porque é determinado pela compra da
força de trabalho no mercado. Mas ocorre fora da
circulação, pois esta apenas dá início ao processo de
valorização, que tem lugar na esfera da produção” (C I, p.
271).

Unidade entre o processo de trabalho e o processo de


formação do valor ou de valorização “é processo de
produção capitalista, forma capitalista de produção de
mercadorias” (C I, p. 273).
Capitulo 5 – PROCESSO DE VALORIZAÇÃO
MAIS-VALIA CONSIDERADA QUALITATIVAMENTE
NÃO EXISTE FÓRMULA MATEMÁTICA QUE EXPRESSE A
MAIS-VALIA EM SEU CONJUNTO. A FÓRMULA É APENAS
SUA DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA. O FUNDAMENTAL É
O PROCESSO SOCIAL. ENVOLVE:

PRODUÇÃO-CIRCULAÇÃO: ao mesmo tempo;

COMPRA E VENDA DA FORÇA DE TRABALHO: ocorre na
esfera da circulação.

TRABALHO OU CONSUMO DA FORÇA DE TRABALHO:
ocorre na esfera da produção. Trabalhador não recebe
nada pelo seu trabalho. O trabalho não é mercadoria.
Ele recebe apenas pela sua capacidade de trabalha,
pago na esfera da circulação.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
MAIS-VALIA CONSIDERADA QUANTITATIVAMENTE
PROCESSO FORMADOR DE VALOR: Cap. 5
temos a determinação qualitativa da mais-
valia. Inter-relação entre trabalhadores,
capitalistas, meios e materiais de produção
nos âmbitos da produção-circulação.

CAPITAL CONSTANTE E VARIÁVEL: Cap. 6


temos a determinação QUANTITATIVA da
mais-valia. Como calcular a mais valia. Calculo
pressupõem os aspectos qualitativos, não os
elimina.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
CAPITAL CONSTANTE
1) o trabalhador traz à vida o trabalho
passado, trabalho morto, contido no interior
dos meios de produção, ao mudá-lo
qualitativamente de forma.
2) Mas quantitativamente o valor dos meios
de produção se conserva no processo de
produção, isto é, passa integralmente para o
produto.
3) MEIOS DE PRODUÇÃO, MÁQUINAS NÃO
CRIAM VALOR. Por isso, denominada capital
constante.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
CAPITAL CONSTANTE
Isto significa que o capital, sem a força viva do
trabalhador, seja na forma de dinheiro ou de
meios de produção, não tem qualquer utilidade
para o capitalista. Por si mesmos, os meios de
produção desgastam-se, degradam-se, o “ferro
enferruja, a madeira apodrece” até o seu
completo perecimento. É o trabalhador, e
somente ele, que traz o trabalho morto e
ineficaz do capital à vida.

Mudança qualitativa de forma garante a manutenção


do valor dos meios de produção no produto.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
CAPITAL VARIÁVEL
FORÇA DE TRABALHO “modifica seu valor no
processo de produção. Ela não só reproduz o
equivalente de seu próprio valor, como produz
um excedente, um mais-valor,que pode variar,
sendo maior ou menor de acordo com as
circunstâncias” (C I, p. 273), sendo, por isso,
denominada capital variável.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
CUSTOS DE PRODUÇÃO
TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO: A teoria
dos custos de produção funde em um só
conceito o capital constante e o capital variável.
Por isso, ela ofusca a natureza do processo e as
relações sociais mesmas, ao traduzir em um
único conceito aspectos qualitativa e
quantitativamente distintos: capital constante e
variável.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
TUDO ERRADO: VEJA O QUE FAZEM OS ECONOMISTAS AO ANALISAREM TUDO QUANTITATIVAMENTE

NÃO EXISTE MODELO MARXISTA DE PORRA


NENHUMA
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
CAPITAL VARIÁVEL NÃO É SALÁRIOS
CAPITAL VARIÁVEL NÃO SE RESUME A SOMA DE
SALÁRIOS:

QUANTITATIVAMENTE a soma de salários e
benefícios é igual ao capital variável.

QUALITATIVAMENTE salário é renda do
trabalhador, não é capital. Quando o
trabalhador recebe seu salário o capital atua
como trabalho disponível para produção
(Capital Produtivo) e o dinheiro investido pelo
capitalista, inicialmente capital variável na
forma de dinheiro, deixa de ser capital
quando chega nas mãos dos trabalhadores.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
A MALUQUICE DO PROCESSO
TRABALHO CONCEBIDO POSITIVAMENTE: “fonte viva
do valor”, a “possibilidade universal do capital”

TRABALHO CONCEBIDO NEGATIVAMENTE: “não


matéria-prima, não instrumento de trabalho, não
produto bruto: trabalho separado de todos os meios
e objetos de trabalho, separado de toda sua
objetividade” (G, p. 230).

Daí resulta que o trabalho, a fonte viva do valor, não possui,


para o capital, valor algum. O trabalho é usufruído
gratuitamente pelo capitalista como todo consumidor
usufrui gratuitamente da mercadoria que comprou.
Somente a força de trabalho, algo, portanto, subjetivo,
possui valor.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
A forma essencial e mais fundamental do trabalho na
forma capitalista não pode ser apreendida apenas
positivamente enquanto metabolismo entre homem
e Natureza, enquanto processo de trabalho. A
“essência do trabalho” sob essa forma social se
mostra, diversamente de sua determinação
unilateralmente positiva, como um processo
absolutamente contraditório, concebido tanto
positiva quanto negativamente,em que o trabalho é,
do ponto de vista de seu conteúdo, a fonte geradora
de toda riqueza e, do ponto de vista da forma
histórica em que tal conteúdo é efetivado, um mero
momento do capital e a ele formalmente
subordinado.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL

“proposições inteiramente contraditórias


condicionam-se mutuamente e resultam da
essência do trabalho, pois é pressuposto
pelo capital como antítese, como existência
antitética do capital e, de outro lado, por
sua vez, pressupõe o capital”
(G, p. 230).
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
NÃO SE PODE SALTAR DE UMA ABSTRAÇÃO PRA ASPECTOS CONCRETOS
o processo de trabalho, na medida em que se
realiza na abstração homem e natureza, segue
sendo comum a todas as formas sociais, por esse
motivo, “o que importa são estas formas sociais
ques e distinguem do conteúdo proporcionado pela
natureza” (p. 228). (p. 168).
ROSDOLSKY, R. La significación de El Capital para la investigación
marxista contemporánea. In: FAY, V. (Org.). Leyendo “El capital”.
Madrid: Fundamentos, 1972. p. 223-235.

UM EXEMPLO PROBLEMÁTICO: “o trabalho é a


categoria fundante do mundo dos homens por ser,
em seu metabolismo com a Natureza, uma
condição eterna de sua existência.”
LESSA, S. Trabalho e Proletariado no Capitalismo
Contemporâneo.São Paulo: Cortez, 2007.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
SÍNTESE DO PROCESSO (NÃO DOS NÚMEROS)
O processo de valorização, ao nível da produção,
ou consumo da força de trabalho se dá através do
encontro entre :
1) os fatores subjetivos (força de trabalho)
2) os fatores objetivos (meios de produção)

Os primeiros são o capital variável e os segundos o


capital constante.
A) O capital constante ("meios de produção, isto é,
matéria prima, matérias auxiliares, e meios de trabalho")
"não altera sua grandeza de valor no processo de
produção".
B) O capital variável "reproduz seu próprio equivalente e,
além disso, produz um excedente, uma mais-valia que ela
mesma pode variar, ser maior ou menor.
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
CAPITAL CONSTANTE DETALHAMENTO
VALOR E VALOR DE USO NO CAPITAL CONSTANTE
1) Certos materiais auxiliares como óleo carvão
desaparecem sem deixar vestígio no corpo do novo valor
de uso, apesar de seus valores aparecerem por inteiro no
valor novo.
2) O valor de uso da matéria prima, como couro para o
sapato, reaparece tanto por inteiro no novo valor de uso.
O mesmo acontece com seu valor que é totalmente
transferido para o valor novo.
3) Meios de produção, como maquinaria e prédios, apesar
do valor de uso atuar por inteiro no processo de trabalho,
seu valor só aparece em partes no valor do novo valor de
uso. A parte depreciada
Capitulo 6 – CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
ANÁLISE QUANTITATIVA DA MAIS-VALIA

Como o valor do capital constante se conserva
no curso do processo de produção,
consistindo o processo de trabalho,nessa
perspectiva, unicamente em revificar seu
valor até então adormecido nos meios de
produção e na matéria-prima, na análise
quantitativa da mais-valia, o capital constante
pode ser abstraído.

OBS:Capital Constante é abstraído porque mais-


valia é analisada apenas quantitativamente
nesse capítulo.
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
DOIS MOMENTOS (QUANTITATIVOS) DO PROCESSO DE TRABALHO
1) Tempo de trabalho necessário: um primeiro período
do processo de trabalho, o trabalhador“produz apenas
o valor de sua força de trabalho, isto é, o valor
necessário à sua subsistência” (C I, p. 292).
2) Mais-trabalho: “segundo período do processo de
trabalho, em que o trabalhador trabalha além dos
limites do trabalho necessário, custa-lhe, de certo,
trabalho, dispêndio de força de trabalho, porém não
cria valor algum para o próprio trabalhador”, mas um
mais-valor que aparece para o capitalista com “o
charme de uma criação a partir do nada. A essa parte
da jornada de trabalho denomino tempo de trabalho
excedente, e ao trabalho nela despendido denomino
mais-trabalho” (C I, p. 293).
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
FÓRMULA DA TAXA DA MAIS-VALIA
Tempo de trabalho necessário,
apropriado pelo trabalhador NA
FORMA do salário
Grau de exploração da ___________________________
força de trabalho ou a =
TAXA DE MAIS-VALIA Tempo de trabalho excedente,
apropriado pelo capitalista NA
FORMA da mais-valia.

É POSSÍVEL TRADUZIR MATEMATICAMENTE A FORMA


SOCIAL DA MAIS-VALIA E DO SALÁRIO NO CÁLCULO
DA TAXA DE EXPLORAÇÃO?
NÃO MESMO. MATEMÁTICA SÓ TRADUZ ASPECTOS
PURAMENTE QUANTITATIVOS
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
FORMA E CONTEÚDO DA EXPLORAÇÃO
“O que diferencia as várias formações econômicas da
sociedade, por exemplo, a sociedade da escravatura
daquela do trabalho assalariado, É APENAS A FORMA
pela qual esse mais-trabalho é extraído do produtor
imediato, do trabalhador” (C I, p. 293).

O conteúdo das formas de sociedade assentadas na


divisão entre classes sociais e na exploração de uma
sobre a outra é sempre o mesmo: a usurpação da
classe dos produtores diretos por outra classe social
que nada produz.
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
FORMA E CONTEÚDO DA EXPLORAÇÃO
PONTOS EM COMUM (SOCIEDADE DE CLASSES): “o
capital não inventou o mais-trabalho. Onde quer que uma
parte da sociedade detenha o monopólio dos meios de
produção, o trabalhador, livre ou não, tem de adicionar ao
tempo de trabalho necessário a sua autoconservação um
tempo de trabalho excedente a fim de produzir os meios de
subsistência para o possuidor dos meios de produção”.
(CI,p.309)
DIFERENÇAS (SOCIEDADE DE CLASSES): “toda formação
econômica da sociedade onde predomina não o valor de
troca, mas o valor de uso do produto, o mais-trabalho é
limitado por um círculo mais amplo ou mais estreito de
necessidades, mas nenhum carecimento descomedido de
mais-trabalho surge do próprio caráter da produção”.(C I, p. 309)
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
FORMA E CONTEÚDO DA EXPLORAÇÃO
“O que diferencia as várias formações econômicas da
sociedade, por exemplo, a sociedade da escravatura
daquela do trabalho assalariado, É APENAS A FORMA
pela qual esse mais-trabalho é extraído do produtor
imediato, do trabalhador” (C I, p. 293).

O conteúdo das formas de sociedade assentadas na


divisão entre classes sociais e na exploração de uma
sobre a outra é sempre o mesmo: a usurpação da
classe dos produtores diretos por outra classe social
que nada produz.
Capitulo 7 – A TAXA DE MAIS-VALIA
FORMA E CONTEÚDO DA EXPLORAÇÃO
Não sem razão, aumentar o tempo de trabalho
excedente em relação ao tempo de trabalho
necessário constitui a busca imperiosa do capital.
Este possui “um único impulso vital, o impulso de se
autovalorizar, de criar mais-valor, de absorver, com
sua parte constante, que são os meios de produção, a
maior quantidade possível de mais-trabalho”.

“capital é trabalho morto, que, como um vampiro,


vive apenas da sucção de trabalho vivo, e vive tanto
maisquanto mais trabalho vivo suga” (C I, p. 307).
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
FORMA E CONTEÚDO DA EXPLORAÇÃO
O capitalista “é apenas capital personificado. Sua
alma é a alma do capital”(C I, p. 307). O objetivo social do
capitalista NÃO é a satisfação de suas necessidades
pessoais, como em outras formas sociais passadas.

Da perspectiva do capitalista, o “trabalhador […] não


é mais do que TEMPO DE TRABALHO
PERSONIFICADO. Todas diferenças individuais se
dissolvem na distinção entre trabalhadores” (C I, p. 317).

“Toda colorida “multidão de trabalhadores de todas


as profissões, idades e sexos” se apagam e se igualam
no mercado. “diante do capital, todos os seres
humanos são iguais” (C I, p. 327). Eis os direitos humanos.
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
CAPITAL É SUJEITO ABSOLUTO?
Na forma geral do capital (cap. 4), o capital se
mostrava como sujeito absoluto do processo.

Agora,

O confronto entre o trabalhador enquanto


pessoa ante o capitalista que o tem como mero
tempo de trabalho personificado começa a
assolar todas as estruturas do edifício que
formalmente se mostrava sólido.
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
OS DIREITOS DO CAPITALISTA
Seguindo seu impulso imanente de apropriação do
tempo de trabalho excedente, o capitalista procura
estender a jornada de trabalho ao limite.

ao fazê-lo não contraria as leis iguais e justas da


troca de mercadorias, mas “faz valer seus direitos
como comprador quando tenta prolongar o
máximo possível a jornada de trabalho e
transformar, onde for possível, uma jornada de
trabalho em duas” (C I, p. 309).

Eu faço o que quiser com a mercadoria que comprei


Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
OS DIREITOS DO TRABALHADOR
“o trabalhador faz valer seu direito como vendedor
quando quer limitar a jornada de trabalho a uma
duração normal determinada” (C I, p. 309).

A situação lúdica presente na esfera da circulação


de mercadorias, em que vendedores e
compradores, segundo sua livre vontade e o
comum acordo selado pelo contrato, compram e
vendem, começa a se dissipar.
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
DIREITO CONTRA DIREITO
Na delimitação da jornada de trabalho é colocada
“uma antinomia, um direito contra outro direito,
ambos igualmente apoiados na lei da troca de
mercadorias”. Ocorre que entre “direitos iguais,
quem decide é a força” (C I, p. 309).

ENTRE DIREITOS IGUAIS QUEM


DECIDE É A FORÇA: POSTA A LUTA
DE CLASSES COMO ALGO INTERNO
E INELIMINÁVEL DO CAPITAL
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
DIREITO CONTRA DIREITO
entre “direitos iguais, quem decide é a força” e,
não sem razão, a “regulamentação da jornada de
trabalho se apresenta, na história da produção
capitalista, como luta em torno dos limites da
jornada de trabalho”, não uma luta entre
indivíduos enquanto indivíduos, mas“uma luta
entre o conjunto dos capitalistas, isto é, a classe
capitalista, eo conjunto dos trabalhadores, isto é, a
classe trabalhadora” (C I, p. 309).

OBSERVAÇÃO: Não existe lei capaz de


regulamentar autonomamente a jornada de
trabalho.
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
LUTA EM TORNO DA JORNADA DE TRABALHO
o prolongamento da jornada de trabalho não
“depende da boa ou má vontade do capitalista
individual. A livre concorrência impõe ao capitalista
individual, como leis eternas inexoráveis, as leis
imanentes da produção capitalista” (C I, p. 342).

A regulamentação da jornada de trabalho, que institui


“com uma uniformidade militar os horários, os limites,
as pausas do trabalho de acordo como sino do
relógio”, não foi “de modo algum produto das
lucubrações parlamentares” (C I, p. 354), mas produto
de uma luta secular. “Sua formulação, seu
reconhecimento oficial e sua proclamação estatal
foram o resultado de longas lutas de classes” (C I, p. 354-355).
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
DIREITOS HUMANOS
“a igual exploração da força de trabalho é o
primeiro direito humano do capital”(C I, p. 364).
Daí advém “a gritaria dos próprios capitalistas por
igualdade nas condições de concorrência, isto é, por
limitações iguais à exploração do trabalho” (C I, p. 560).
Capitulo 8 – A JORNADA DE TRABALHO
CATEGORIAS COMEÇAM A GANHAR VIDA
“nosso trabalhador sai do processo de produção diferente
de quando nele entrou”
Após assinado o contrato:
“descobre-se que ele não era ‘nenhum agente livre’, que o
tempo de que livremente dispõe para vender sua força de
trabalho é o tempo em que é forçado a vendê-la, que,na
verdade, seu parasita não o deixará enquanto houver um
músculo, um nervo, uma gota de sangue para explorar”(C I,p. 373)

“Para ‘se proteger’ contra a serpente de suas aflições, os


trabalhadores têm de se unir e, como classe, forçar a
aprovação de uma lei, uma barreira social intransponível que
os impeça a si mesmos de, por meio de um contrato
voluntário com o capital, vender a si e a suas famílias à morte
e à escravidão” (C I, p. 373-374).
Capitulo 10 – TAXA E MASSA DE MAIS VALIA
MASSA DE MAIS-VALIA
"A massa de mais-valia é determinada por dois fatores:
1) a taxa de mais-valia e a
2) grandeza do capital variável.

A massa de mais-valia está em razão direta com o capital


variável. Se diminui o número de trabalhadores, explora-
se mais o trabalhador, aumentando a taxa de mais-valia.
Portanto, mais-valia absoluta é obtida
(a) aumentando a jornada de trabalho, e também é obtida
(b) aumentando a intensidade do trabalho, com isso
aumenta o número de mercadorias.”

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