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O CAPITAL DE MARX

LIVRO I – CAPÍTULO 4
O CAPITAL
ESTRUTURA
SEÇÃO I – MERCADORIA E DINHEIRO
CIRCULAÇÃO SIMPLES DE MERCADORIAS

SEÇÃO II → CAPÍTULO ÚNICO


?

SEÇÕES III A VI
PRODUÇÃO DE MAIS-VALIA

SEÇÃO INTERMEDIÁRIA ENTRE


CIRCULAÇÃO E PRODUÇÃO
ESTRUTURA
PRESSUPOSTO DA SEÇÃO 2:
SEÇÃO I: CIRCULAÇÃO SIMPLES DE MERCADORIAS.

SEÇÃO I – Trata-se da circulação de


mercadorias, não da circulação de capital.
A circulação de capital é o tema do LIVRO II.

MAS,

Para estudar a circulação de capital é preciso


estudar primeiro sua PRODUÇÃO, tema do
LIVRO I.
Capitulo 4: Transformação do Dinheiro em Capital
A circulação de mercadorias é o ponto de
partida do capital.

“A circulação simples de mercadoria começa


com a venda e termina com a compra, a
circulação do dinheiro como capital começa
com a compra e termina com a venda. Lá a
mercadoria, aqui o dinheiro constitui o ponto
de partida e o ponto de chegada do
movimento.”

O dinheiro, em vez da mercadoria, passa a ser


aqui a finalidade do processo
Capitulo 4: Transformação do Dinheiro em Capital
Na forma M – D – M temos:

Dinheiro media o processo (moeda)

A finalidade desta forma é o valor de uso

O objetivo final é o consumo

Seu movimento possui limites na satisfação
das necessidades dos indivíduos e no valor
de uso.
Capitulo 4: Transformação do Dinheiro em Capital
Na forma D – M – D temos:
1) Mercadoria é comprada não para satisfação pessoal,
mas para revendê-la
2) Dinheiro funciona como dinheiro e não como moeda,
é lançado na circulação para apoderar-se dele novamente
3) O dinheiro reflui sempre a seu ponto de partida e não
se perde na circulação simples.
4) Seu motivo indutor não é o valor de uso, mas o valor
de troca
5) Valorizar o valor de modo infinito é sua meta
absoluta.
6) O valor de uso do produto e a satisfação das
necessidades de consumo são meros meios deste
movimento insaciável se realizar
Capitulo 4: Transformação do Dinheiro em Capital
Faz sentido trocar uma nota de 100
M1 != M1 reais por outra?
D1 = D2 E uma mercadoria que vale 100 reais
por outra?
MERCADORIAS: Diferentes qualitativamente
DINHEIRO: Qualitativamente indiferenciado

FÓRMULA: M – D – M faz sentido


Troca de qualidades distintas

FÓRMULA: D – M – D não faz sentido


Troca entre qualidades idênticas: TAUTOLOGIA
Capitulo 4: FÓRMULA GERAL DO CAPITAL
D – M – D’
o processo só pode ter sentido se ao final dele
se obtiver uma diferença quantitativa. A
fórmula completa do processo é, portanto:
D – M – D'

Mais-Valia (ou Mais-Valor): Este incremento ou


excedente sobre o valor original.

Eis, a formula geral do capital: D – M – D’ ou,


mais precisamente, valor que se valoriza.
Capitulo 4: CAPITAL NÃO É DINHEIRO E NEM MERCADORIA
D – M – D’
CAPITAL NÃO É COISA
CAPITAL NÃO É DINHEIRO: Segundo Harvey, “o
capital não é uma coisa, mas o processo em que o
dinheiro é perpetuamente enviado em busca de
mais dinheiro” […] “dinheiro que busca mais
dinheiro” (2011, p. 41) NÃÃÃÃOO

CAPITAL NÃO É MERCADORIA OU MEIOS DE PRODUÇÃO


“O capital aparece no processo de trabalho de acordo com suas
relações específicas. Mas justamente aí não é mais apenas
(matéria prima) material de trabalho, meio de trabalho, aos
quais … incorporam a si o trabalho; junto com o trabalho, o
capital absorve também as combinações sociais do trabalho e o
desenvolvimento dos meios de trabalho, correspondente a
essas combinações sociais” (TMV I, pag 387)
Capitulo 4: MOMENTOS DA RELAÇÃO SOCIAL CAPITAL
D – M – D’
CAPITAL é valor que sai em busca de um mais
valor.
1) Dinheiro 2) Mercadoria 3) Personagens
dramáticos( proprietários privados, comprador
e vendedor, devedor e credor): são momentos
da relação social capital.

Na fórmula acima, a mercadoria é portadora de


valor e o dinheiro é a manifestação da medida
imanente do valor.
Capitulo 4: SURGE A FIGURA DO CAPITALISTA
“Como portador consciente desse movimento, o
possuidor de dinheiro se torna capitalista. Sua
pessoa, ou melhor, seu bolso, é ponto de partida
e de retorno do dinheiro.” (C I, p. 229)

NÍVEIS DE ABSTRAÇÃO
CAP 1: Personagens dramáticos são abstraídos
CAP 2: Todos são Proprietários Privados
CAP 3: Comprador e vendedor | Devedor e Credor

CAP 4: Capitalistas e Trabalhadores (?)


Capitulo 4: CAPITALISTA: O ENTESOURADOR RACIONAL
ENTESOURADOR pré-capitalista que procura
aumentar o seu valor “conservando seu
dinheiro fora da circulação”

CAPITALISTA: busca a mesma finalidade


lançando sempre e uma vez mais seu
dinheiro na circulação.

“mercadoria e dinheiro funcionam apenas


como momentos diversos de existência do
próprio valor: o dinheiro como seu modo de
existência universal, a mercadoria como seu
modo de existência particular” (C I, p. 229).
Capitulo 4: FETICHE DO CAPITAL
Capitalista é o portador consciente do dinheiro, todavia,
sob nenhum aspecto, o agente controlador do processo.

“valor passa constantemente de uma forma a outra,


sem se perder nesse movimento, e, com isso,
transforma-se no sujeito automático do processo”

“valor se torna, aqui, o sujeito de um processo em que


ele, por debaixo de sua constante variação de forma,
aparecendo ora como dinheiro, ora como mercadoria,
altera sua própria grandeza e, como mais-valor, repele a
si mesmo, como valor originário valoriza a si mesmo” (C
I, p. 229-230).
Todo movimento do capital segue seu curso indiferente
à vontade dos indivíduos. Os indivíduos que se
subordinal a “vontade” do capital.
Capitulo 4: FETICHE DO CAPITAL
Embora o dinheiro corresponda ao modo de existência
universal do valor, já que o dinheiro não é consumido e,
por isso, permaneça sempre sendo a manifestação
imanente do valor; não é o dinheiro o sujeito do
processo.

Isto porque o dinheiro circula, passa de uma mão a


outra, de um capitalista a outro; sem que com isso o
capitalista perca o seu capital, o seu valor.

Quando o capitalista investe seu capital, este muda de


forma, de dinheiro para mercadoria, sem com isso
deixar de ser capital do qual o capitalista é portador.

CAPITAL É, PORTANDO, VALOR QUE SE VALORIZA E


NÃO DINHEIRO QUE SE VALORIZA.
Capitulo 4: METAFÍSICA DO CAPITAL
ARISTÓTELES: Primeiro motor imóvel

pensamento que pensa a si mesmo;

causa suprema divina, causa de tudo, mas não é
causado por nada.

Ato puro. (Met. XII, 6-10)

HEGEL: Absoluto

Auto-relação que se relaciona a si mesma.

Só se relaciona a si e permanece idêntico a si
mesmo.

Único que é princípio, meio e fim para si próprio e
do completo desenrolar de suas mediações. (Enz,
160,163).
Capitulo 4: METAFÍSICA DO CAPITAL
→ “como Um ou Unidade se defronta desde o início com os
trabalhadores como Muitos.” (Grund, p.490)
→ “em cada fase particular o capital é a negação de si
mesmo como o sujeito das distintas transformações”
(Grund, p.518)
→ “potência econômica da sociedade burguesa que tudo
domina. Tem de constituir tanto o ponto de partida quanto
o ponto de chegada”. (Grund, p.60)
→ “substância em processo, que move a si mesma [... se
encontrando] numa relação privada consigo mesmo” (Cap I,
p. 230).
→ “tal como Deus Pai se diferencia de si mesmo como Deus
Filho, sendo ambos da mesma idade e constituindo, na
verdade, uma única pessoa” (Cap 1, p. 230).
→ “A imortalidade a que o dinheiro aspirava quando se pôs
negativamente perante a circulação, quando se retirou
dela, o capital consegue porque se conserva precisamente
pelo fato de que se expõe à circulação” (Grund, p.202).
Capitulo 4: Como D – M – D’ é possível ?
CONTRADIÇÃO: como é possível produzir mais-
valia se na troca de equivalentes sempre se
troca valores de igual magnitude um pelo
outro?

“Nosso possuidor de dinheiro, que ainda é


apenas um capitalista em larva, tem de
comprar as mercadorias pelo seu valor, vendê-
las pelo seu valor e, no entanto, no final do
processo, retirar da circulação mais valor do
que nela lançara inicialmente”.
Capitulo 4: MAIS-VALIA SURGE DA CIRCULAÇÃO ? NÃO
Caso 1: A mais valia surge da circulação?

1) Se forem trocados equivalentes → Não nasce


daí mais-valia. Troca entre valores iguais.
2) Se forem trocados não-equivalentes → Não
nasce daí mais-valia. Um se ganha e outro
perde.

Conclusão → A circulação ou troca de


mercadorias não cria qualquer valor
Capitulo 4: MAIS-VALIA SURGE DA PRODUÇÃO ? NÃO
Caso 2: A mais-valia surgiria então fora da
circulação, ao nível da produção?
Impossível, mostra Marx: O produtor de
mercadorias, fora da órbita da circulação, sem
entrar em contato com outros possuidores de
mercadorias, não consegue "valorizar o seu
valor e consequentemente transformar
dinheiro ou mercadoria em capital".

“Capital não pode, portanto, originar-se da


circulação e, tampouco, pode não originar-se
da circulação. Deve, ao mesmo tempo, originar
e e não se originar dela.” (C I, p. 240)
Capitulo 4: CAPITAL SE ORIGINA E NÃO SE ORIGINA DA CIRCULAÇÃO
Oposição circulação-produção não é
contrariedade, não pode ser pensada como
uma oposição entre duas coisas externas. De
um lado a produção, de outro a circulação.

Oposição circulação-produção é contradição,


isto é, uma oposição entre gêneros que se
entrelaçam e engendram um ser novo
contraditório (D – M – D'), ou seja, um ser que
possui no interior de si e ao mesmo tempo a
oposição circulação-produção.
Capitulo 4: CONTRADIÇÃO E CONTRARIEDADE
CONTRARIEDADE:
A é B, A é C ou não B; sob perspectivas
diferentes ou em tempos diferentes.

CONTRADIÇÃO:
A é B e A é não B; sob a mesma perspectiva e
ao mesmo tempo.

D – M – D’: é um gênero contraditório.


Produção e circulação ao mesmo tempo e na
mesma relação.
Capitulo 4: CONTRADIÇÃO E CONTRARIEDADE
PENSAMENTO BURGUÊS: procurava explicar a
origem da mais-valia a partir ou da circulação
ou da produção. Por isso falhou em encontrar
origem do D’.

D – M – D’: Circulação e produção não são


etapas separadas do capital. O capital é
produção e circulação ao mesmo tempo.

Como esse entrelaçamento entre produção e


circulação acontece?
COMO A PRODUÇÃO SE ENTRELAÇA A CIRCULAÇÃO
D – M – D’: Como o valor se modifica?
DINHEIRO: “modificação do valor de dinheiro
(...) não pode ocorrer neste mesmo dinheiro”.
Dinheiro “só realiza o preço da mercadoria que
ele compra ou paga”.
MERCADORIA: “precisa ocorrer, portanto, com
a mercadoria comprada no primeiro ato D –
M”. “A modificação só pode originar-se,
portanto, do seu valor de uso enquanto tal, isto
é, de seu consumo”.

QUE MERCADORIA É ESTA CUJO CONSUMO


PRODUZ VALOR?
D – M – D’: COMO É POSSÍVEL? VEJAMOS COM DETALHES
MERCADORIA: Valor de uso e Valor
VALOR DE USO: Se realiza no CONSUMO.
VALOR: Se realiza na TROCA.

Vimos que a mera TROCA de mercadorias não


pode produzir valor ou ampliar os existentes.

LOGO, tem que existir alguma mercadoria cujo


CONSUMO produza valor.

D – M – D’ de tal modo que ao se consumir M,


ΔD seja produzido, em que D’ = D + D seja produzido, em que D’ = D + ΔD seja produzido, em que D’ = D + D.
FORÇA OU CAPACIDADE DE TRABALHO
“nosso possuidor de dinheiro [...] descobrir no
mercado, no interior da esfera da circulação,
uma mercadoria cujo próprio valor de uso
possuísse a característica peculiar de ser fonte
de valor” (C I, p. 242).

E, de fato, essa mercadoria miraculosa é


encontrada.

esta mercadoria é “a capacidade de


trabalho ou a força de trabalho”
O QUE É FORÇA DE TRABALHO?
"Por força de trabalho ou capacidade de
trabalho entendemos o complexo das
faculdades físicas e espirituais que existem
na corporalidade, na personalidade viva de
um homem e que ele põe em movimento
toda vez que produz valores de uso de
qualquer espécie"

FORÇA DE TRABALHO

É algo subjetivo: uma dada capacidade
pertencente ao indivíduo que trabalha.

Não produz valor: O que produz valor é o
consumo da força de trabalho, isto é, o
trabalho.
TRABALHO NÃO É MERCADORIA
“Dizer capacidade de trabalho não é o mesmo que
dizer trabalho, assim como dizer capacidade de
digestão não é o mesmo que dizer digestão” (C I, p.
248).

Força de trabalho é uma capacidade, uma potência


para realizar trabalho, o trabalho por sua vez é
esta potência em realização.

FORÇA DE TRABALHO: Potência, capacidade,
possibilidade, força interna ao indivíduo.
É propriedade sempre do trabalhador, que recebe seu
valor na forma de salário.

TRABALHO:exteriorização, atualização, realização,
efetivação da capacidade interna ao indivíduo.
Enquanto consumo da mercadoria comprada pelo
capitalista, seu resultado é sempre propriedade do
capitalista.
CONDIÇÕES PARA COMPRA E VENDA DA FORÇA DE TRABALHO
POSSUIDOR DA FORÇA DE TRABALHO

É UMA PESSOA: Dispõem livremente da força de
trabalho, de sua pessoa. Sua força de trabalho não
é proprietário de outro (como o escravo). Troca se
dá entre pessoas juridicamente iguais.

É PROPRIETÁRIO: Dispõem somente de sua força
de trabalho para vender (diferente de um servo).
Logo, foi separado dos meios que possibilitam a
força de trabalho se realizar. Foi separado dos
meios de produção.

“quando o possuidor de meios de produção e de


subsistência encontra no mercado o trabalhador
livre como vendedor de sua força de trabalho, e essa
condição histórica compreende toda uma história
mundial” (C I, p. 245).
CONDIÇÕES PARA O CONTRATO ENTRE TRABALHADOR E CAPITALISTA

1) Existência de relações de dependência


meramente econômicas e mercantis; ausência de
relações de dependência pessoal;
2) Que comprador e vendedor apareçam no
mercado como pessoas juridicamente iguais, um
como possuidor de dinheiro e o outro como
possuidor de sua própria pessoa;
3) Que o proprietário da força de trabalho só a
venda provisoriamente, por determinado tempo e
nunca em bloco;
4) O proprietário da força de trabalho aliena
apenas esta força ao comprador e não a si próprio
como pessoa;
PORQUE A FORÇA DE TRABALHO É MERCADORIA?
Satisfaz as duas determinações que constituem a
a natureza social das mercadorias:

Possuí um valor de uso, o trabalho.

Enquanto algo existente para a troca, possui,
também, um valor, medido pelo tempo
socialmente necessário para reproduzir a força
de trabalho enquanto tal.
PORQUE A FORÇA DE TRABALHO É MERCADORIA sui generis?
Satisfaz as duas determinações que constituem a
a natureza social das mercadorias:

Não passa por nenhum processo de produção
fabril.

Não é algo objetivo, existente fora e
independente dos indivíduos, mas um atributo
interno aos trabalhadores. Por isso, seu valor é
o necessário para reproduzir o seu portador
enquanto portador dessa mercadoria.

A força de trabalho é a única mercadoria cujo
proprietário é o trabalhador e não o capitalista.
SOMENTE A REALIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO PRODUZ CAPITAL

D – M – D’: expressa apenas a troca


da mercadoria força de trabalho entre
entre o capitalista e o trabalhador.

VENDEDOR: trabalhador

COMPRADOR: capitalista

M – D – M: expressa todas demais


trocas no mercado.

VENDEDOR: capitalistas

COMPRADOR: capitalistas e trabalhadores
SOMENTE A REALIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO PRODUZ CAPITAL

D – M – D’: se divide em dois


momentos:

D – M: Ocorre na esfera da circulação:
compra e venda da força de trabalho.

M – D’: Se realiza na esfera da circulação,
quando mercadorias produzidas pela
força de trabalho são vendidas, mas
valorização propriamente dita ocorre na
esfera da produção.
ESFERA DA CIRCULAÇÃO: O VERDADEIRO PARAÍSO DO LIBERALISMO

Indivíduos isolados com suas vontades livres
e iniciativas.

Indivíduos que somente se relacionam por
meio da troca de equivalentes.

Harmonia estabelecida pelo DEUS deísta do
mercado. A fé na ordem natural e na
harmonia preestabelecida de toda sociedade.

MAS AO SE SAIR DA ESFERA DA CIRCULAÇÃO


TODA UTOPIA LIBERAL IRÁ SE DISSOLVER
SOMENTE A REALIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO PRODUZ CAPITAL

podemos deixar “essa esfera rumorosa, onde


tudo se passa à luz do dia, ante os olhos de
todos”, e acompanhar “os possuidores de
dinheiro e de força de trabalho até o terreno
oculto da produção”(C I, p. 250).

“esfera da circulação ou da troca de


mercadorias, em cujos limites se move a
compra e venda da força de trabalho, é, de
fato,um verdadeiro Éden dos direitos inatos do
homem. Ela é o reino exclusivo da liberdade, da
igualdade, da propriedade e de Bentham” (C I,
p.250).
LIBERDADE

compradores e vendedores se defrontam
enquanto pessoas livres que mediante o
consentimento mútuo estabelecem um
contrato

ambos contratam como pessoas livres
juridicamente iguais;

não há comércio de corpos e pessoas mas
apenas de faculdades humanas renováveis e
utilizadas por um tempo acertado
previamente entre os contratantes;

Contrato é estabelecido a vontade de ambas
as partes.
IGUALDADE

“pois eles se relacionam um com o outro
apenas como possuidores de mercadorias e
trocam equivalente por equivalente” (C I,
p.250-251)

ninguém se apropria de coisa alheia sem
devolver algo em troca.

Trabalhador recebe do capitalista um salário
equivalente ao valor de sua força de
trabalho.

Não há troca de mais-por-menos ou menos-
por-mais.
PROPRIEDADE

“pois cada um dispõe apenas do que é seu”

os indivíduos aparecem como verdadeiros
proprietários dos bens ofertados para troca;

o capitalista aparece como proprietário de
dinheiro e mercadorias e o trabalhador como
proprietário de sua própria pessoa.
BENTHAN

teórico da moral utilitarista por excelência

a “única força que os une e os põe em
relação mútua é a de sua utilidade própria,
de sua vantagem pessoal, de seus interesses
privados” (C I, p. 251).

cada um dos contratantes cuida apenas de si
próprio;

mediante a realização de ambos os interesses
particulares alcança-se o bem comum e o
interesse geral.

A ética utilitarista dos fins se sobrepõe à
ética kantiana-aristotélica dos princípios e
das virtudes universais.
RELIGIÃO E POLÍTICA

DEMOCRACIA BURGUESA: a política não
aparece mais como o exercício do poder
fundado diretamente pela força e legitimado
pelos privilégios herdados de uma descendência
heroica ou nobre, mas como o acordo comum
entre os cidadãos fundado no diálogo, no
discurso, na comunicação.

CRISTIANISMO: O “cristianismo com seu culto
do homem abstrato, é a forma de religião mais
apropriada especialmente em seu
desenvolvimento burguês, como o
protestantismo,deísmo etc.” (C I, p. 154), e se
dissolvem as religiões assentadas no culto da
comunidade, da descendência e da natureza.
PARÁBOLA DO LIBERALISMO

“E é justamente porque cada um se preocupa
apenas consigo mesmo e nenhum se preocupa
com o outro que todos, em consequência de
uma harmonia preestabelecida das coisas ou
sob os auspícios de uma providência todo-
esperta, realizam em conjunto a obra de sua
vantagem mútua, a utilidade comum, do
interesse geral (C I, p. 251).”
TRABALHADOR E CAPITALISTAS COMO DIFERENTES

Trabalhador e capitalistas, agora, aparecem
como DIFERENTES, mas ainda não em oposição
um em relação ao outro. Estamos, ainda, no
terreno das ilusões liberais.
MAS,

Ao sairmos da esfera da circulação em que “o
livre-cambista vulgar extrai noções, conceitos e
parâmetros para julgar a sociedade do capital e
do trabalho assalariado, já podemos perceber
uma certa transformação, ao que parece, na
fisionomia de nossos personagens dramáticos”.
TRABALHADOR E CAPITALISTAS COMO DIFERENTES

Ao penetrarmos na esfera em que a força de
trabalho é consumida: Nossos personagens
começam a ganhar vida, o “primeiro
[capitalista], com um ar de importância,
confiante e ávido por negócios; o segundo,
tímido e hesitante, como alguém que trouxe
sua própria pele ao mercado e, agora, não tem
mais nada a esperar”, exceto que ela seja
curtida (C I, p. 251).

A troca de equivalentes entre o comprador e o


vendedor da força de trabalho começa a se
assemelhar mais à negociação entre o assaltante
com sua arma empunhada e o viajante que
estende sua bolsa.

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