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E-BOOK BP VÍCIOS E COMPULSÕES DO DIA A DIA


AULA BÔNUS

Pessoal, quando acabamos o curso, eu estava conversando com a

equipe e começaram a surgir novos temas e eu fiquei um pouco ressabiado

e quis justificar alguns elementos para não ficar uma certa impressão errada

sobre a aula. É claro que o curso como um todo tem o objetivo de ajudar na

identificação dos vícios, dos defeitos, das inclinações e de tornar inteligível

os efeitos disso na sociedade.

No entanto, talvez o conjunto das aulas tenha deixado uma imagem

pejorativa demais. Ao desligarmos as câmaras, começamos a conversar e

surgiram alguns debates mais interessantes. E aí eu lembrei do lado posi-

tivo de cada defeito.

Por exemplo: se o ser humano não fosse preguiçoso, grande parte

das tecnologias jamais existiria. O sofrimento em ter que combater a pre-

guiça é o que faz com que o ser humano consiga reservar mais energia.

Então, ele tem que se tornar uma pessoa mais inteligente. Existe um lado

positivo, portanto.

Outro exemplo: os irados, as pessoas que são muito mais propensas

à guerra, à batalha, que gostam e têm prazer nisso, são excelentes policiais,

militares e combatem com muito mais eficiência do que um sábio, um

intelectual. Então, conseguimos aproveitar esses elementos. Ainda, o vício

em trabalho, sobre o qual já conversamos, é a produção e o motor da socie-

dade. Entendemos que existe um lado positivo.

O que realmente precisamos entender é em que momento esses

elementos se tornam prejudiciais à nossa vida ou passam a controlá-la. É

claro que existe a vantagem, o lado positivo dos prazeres e até mesmo de

determinados vícios.

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Um dos debates que surgiu aqui foi acerca do Churchill. O Churchill é

uma figura que tem uma biografia exímia, era um indivíduo que tinha tro-

centos afazeres, que era claramente uma personalidade genial e que tinha

alguns vícios físicos. Nessa hora, eu lembrei que existem pessoas, embora

não seja algo tão comum, que buscam remediar certos excessos em si. É

interessante sabermos quais são esses excessos. No caso do Churchill, quem

sabe, poderíamos até configurar como um excesso de realidade na vida - se

é que esse termo existe - e que ele precisava de determinados elementos

que viessem anestesiar sua existência. Não sabemos se poderia ter feito as

mesmas coisas se não tivesse o vício no álcool e no tabaco.

Esse é um debate interessante que nos faz refletir sobre como o

ser humano, mesmo o sofrido, mesmo aquele que não tem condição de

combater um certo elemento e acaba buscando um vício, ainda assim, con-

segue não ser afetado dentro da sua performance e muito menos dentro

do seu caminho de consciência, plenitude, sentido e felicidade.

Então existe um componente, que quero ressaltar aqui, de vantagem

e positividade também nesses vícios, principalmente naqueles que se tra-

vestem de um comportamento que não é tão provocativo e terrível para

aquela personalidade.

Outra coisa que acho interessante mencionar, já migrando para

um assunto distinto, é que os viciados vão se defender. Se você que está

assistindo a esta aula conhece alguma pessoa que tem uma personalidade

adicta, saiba que essa pessoa vai criar métodos inteligentíssimos para se

preservar contra as acusações e contra o entendimento e a aceitação de

que é um viciado. O segundo ponto é que esses sistemas que criam podem

ser muito ardilosos, podem ser muito sedutores.

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Por último, para encerrarmos, quero falar sobre algo que não vai ter

jeito. Todo mundo que assistiu a esta aula vai carregar, de certa forma, uma

culpa, um peso, porque entendeu que existe uma hierarquia e ninguém

quer estar nos patamares inferiores desta. Todo mundo vai passar pelo

momento de pensar “Puxa vida, por que tocou neste meu ponto fraco?”.

Mais uma vez: se não é algo destrutivo para sua personalidade, se

não é algo que faça mal, se não é algo danoso para os outros, se, depois de

uma profunda análise, você consegue conceber que seu pequeno vício é

periférico dentro da sua biografia, ou seja, que quando você tem algo mais

importante a fazer consegue ignorar sua existência, é algo a se pensar se

realmente precisa ter esse tipo de controle.

Eu, Bruno, diria que sim, por que não? É mais poder, mais ascensão

para nós, sem a menor sombra de dúvida. Mas todo mundo que assiste a

este curso carrega aquele pouquinho de culpa que é natural de toda pessoa

consciente. Todo mundo que sabe que está fazendo algo, vamos dizer

assim, errado, algo que é pejorativo, vai ter que conhecer outro caminho, vai

ter que confrontar a si mesmo e isso envolve uma dor. Então é interessante

que você saiba que vai carregar um certo desconforto e que está tudo bem

quanto a isso. Afinal, falamos sobre carregar e aturar as dores da vida. E já

entendemos que quanto mais rápido você aceitar isso, melhor.

Entenda também que esse elemento de culpa pode vir a ser algo

permanente. Você vai fazer testes, mas não se torne um moralista ou, pior

ainda, um falso moralista, que seria aquele olhar de Hera, aquela pessoa que

está numa prisão moral e psíquica. Isso é terrível para você. Isso também

vai invalidar a sua evolução. Isso também vai fazer com que você se torne

rígido, enfraquecido, triste, sombrio, enfim, um zumbi em putrefação. Tome

cuidado quanto a isso.

Meu recado final era exatamente sobre isso, para você não se tornar

um moralista ou, pior ainda, um falso moralista, preso nestas amarras de

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julgamento que você mesmo criou, assim como falamos sobre a person-

alidade anancástica. Você tem que aprender o caminho do meio, entre

Dionísio e Hera. Nós conversamos sobre o equilíbrio das duas forças. Eu

quero que você consiga ter a doçura dos prazeres na sua vida, que você con-

siga ter uma flexibilidade sabendo deixar esses como elementos periféricos.

Isso também vai te ajudar no caminho da leveza para essa ascensão. Caso

contrário, definitivamente, você está saindo de uma prisão e se colocando

em uma outra.

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