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1 Este texto apresenta resultados preliminares de uma pesquisa em andamento que conta
com o financiamento da Capes.
2 Doutorando em História Social da África, Universidade estadual de Campinas,
Bolsista Capes. E-mail: marvindico@hotmail.com
4 As fontes privilegiadas para esta análise são a Cópia do Regulamento de Caça de Lourenço
Marques de 1910, posteriormente publicado no Boletim Oficial de Moçambique, Nº 42, de
15 de outubro de 1910 e a Cópia do Relatório sobre o regulamento de caça. 16.06.1906,
elaborado por Duarte Egas Pinto Coelho e José da Costa Fialho, em 30 de abril de 1906,
que se encontra no AHM, DSAC, cota: 80, maço: Regulamento de Caça de 1903 a 1906.
5 Portaria nº 11 de 10 de janeiro de 1898. Boletim Oficial de Moçambique, Nº 3, de 15 de
janeiro de 1898. Em 1903, Monteiro de Barros ocupava a tesouraria da Comissão Municipal
de Lourenço Marques. Boletim Oficial de Moçambique, Nº 18, de 2 de maio de 1903. A
comissão municipal funcionava quando não havia número suficiente de pessoas aptas para
os cargos municipais. Os nomes desta comissão eram indicados pelo governador do distrito
e confirmados pelo governador geral da colônia. Reorganização Administrativa do Distrito
de Lourenço Marques de 1887. In: Annuário de Moçambique. Lourenço Marques: Imprensa
Nacional, 1895, p. 339.
6 Proposta de nomeação José C Fialho. 19.03.1899. AHM, fundo: Sec. XIX – Governo do
Distrito Militar de Gaza, cota: 8-13, maço: 2.
7 COELHO, Duarte E. P. (1911). Relatório acerca das causas de mortalidade dos indígenas da
província de Moçambique, quando trabalhando nas industrias mineiras do Transvaal. In:
Provincia de Moçambique – Relatórios e informações. Lourenço Marques: Imprensa Nacional,
1911, págs, 203 a 242; Anuário De Lourenço Marques de 1920. Lourenço Marques: A.W.
BAILY & Co, 1920, pág. 109.
8 Portaria 398 de 17 de maio de 1906. Boletim Oficial de Moçambique, Nº 20, de 19 de maio
de 1906.
9 Portaria nº 55 de 17 de fevereiro de 1904. Boletim Oficial de Moçambique, Nº 8, de 20 de
fevereiro de 1904.
13 O Departamento de Caça do Quênia também foi criado na primeira década do século XX.
Talvez esta ocorrência simultânea seja indício de uma política internacional para o continente
africano (STEINHART, 1994, p. 65; STEINHART, 1989, p. 255).
14 Lourenço Marques era a um só tempo o nome de uma província, um dos sete distritos e
da cidade sede da capital colônia de Moçambique. (MACAGNO, 2001, p. 71).
15 Nota de encaminhamento do governador geral de Moçambique ao ministro da Marinha e
Ultramar apresentando o projeto do regulamento de caça de Lourenço Marques. 05.09.1903.
AHM, DSAC, cota: 80, maço: Regulamento de caça 1903 a 1906.
16 Portaria Nº 721 de 28 de outubro de 1903. Boletim Oficial de Moçambique, Nº 44, de 31
de outubro de 1903.
17 Portaria Nº 721 de 28 de outubro de 1903. Boletim Oficial de Moçambique, Nº 44, de 31
de outubro de 1903. Esse primeiro regulamento foi substituído pelo Regulamento de Caça
de Lourenço Marques de 1910, sobre o qual há um relatório explicando quais foram as
modificações implementadas bem como os porquês das mudanças. Por isso, preferir analisar
o segundo regulamento neste trabalho.
25 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, Cota 80,
Regulamento de caça 1903 a 1906. Em outra caixa, constam cópias de regulamentos de
caça de outras possessões britânicas no continente africano, AHM, DSAC, cota: 368, maço:
Protecção aos animais 1904 a 1907.
26 Cópia do Regulamento de Caça de Lourenço Marques de 1910. 26.07.1910. AHM, DSAC,
cota: 80, Regulamento de caça 1914 a 1930. No Quênia, em período próximo ao aqui es-
tudado, também exigia-se a compra de licenças de caça, tanto para abater animais, quanto
para portar e/ou vender seus despojos (STONE, 1972, 440).
27 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, Cota 80, Re-
gulamento de caça 1903 a 1906.
28 Cópia do Regulamento de Caça de Lourenço Marques de 1910. 26.07.1910. AHM, DSAC,
cota: 80, Regulamento de caça 1914 a 1930.
34 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, cota: 80, maço:
Regulamento de caça 1903 a 1906.
35 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, cota: 80, maço:
Regulamento de caça 1903 a 1906. Por mais paradoxal que possa parecer, os caçadores
esportivos vindos da Europa foram os primeiros a empreender uma luta pela defesa dos
animais. Estes caçadores acreditavam ser os verdadeiros e mais bem intencionados proteto-
res da caça. Por isso, cabia-lhe a elaboração de leis humanas e civilizadas para a proteção
das suas presas (CORREA, 2011, p. 165-6). Fenômeno social semelhante ocorreu em outras
colônias, como o Quênia (STEINHART, 1989, p. 251-253).
36 Assimilado e “indígena” constituíam categorias jurídicas criadas pela administração colo-
nial com o objetivo de dividir e submeter os africanos. Portaria Nº 317, Boletim Oficial de
Moçambique, Nº 02, de 5 de fevereiro de 1917, publicada no. A “Portaria do Assimilado”
ou o “Alvará do Assimilado”, dividia a sociedade colonial moçambicana em três categorias
sociojurídicas: o assimilado, que era o africano “civilizado”; o “indígena”, designativo do
africano não “civilizado”; o não “indígena”, referente ao europeu. (MOREIRA, 1997, p. 103-4).
44 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, cota: 80, maço:
Regulamento de caça 1903 a 1906.
45 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, cota: 80, maço:
Regulamento de caça 1903 a 1906. Sobre as ideias colonialista referentes à imposição do
trabalho ao “indígena” como meio de civilizá-lo, ver MACAGNO, 2001, p.74-6.
46 Cópia do Relatório sobre o Regulamento de Caça. 16.06.1906. AHM, DSAC, cota: 80, maço:
Regulamento de caça 1903 a 1906.
47Cópia do Regulamento de Caça de Lourenço Marques de 1910. 26.07.1910. AHM, DSAC,
cota: 80, Regulamento de caça 1914 a 1930. Em Lourenço Marques e nos munipios de
53 Depois da Primeira Guerra Mundial, o Quênia adquiriu a fama de paraíso dos caçadores
esportista e era frequentado pela fina flor da aristocracia política internacional (STEINHART,
1989, p. 253-4).
54 A Convenção Internacional de Londres foi o primeiro congresso internacional que se
preocupou com a criação de santuários de caça. Dela participaram representes de inúmeras
potências coloniais. O ponto mais importante dos primeiros programas de conservação,
discutidos nesta convenção, foi o estabelecimento da proteção aos animais durante certos
períodos, visando à sua conservação a fim de garantir lugares para que caçadores esportivos
pudessem se divertir. (STEINHART, 1994, p. 59-60). Se a Conferência de Berlim, convocada
para que os alemães pudessem negociar sua entrada no clube das potências colonialistas,
teve lugar em Berlim, não seria fantasioso depreender que a Convenção de Londres teve
lugar na cidade de mesmo nome, por conta dos interesses britânicos sobre a caça esportiva.
55 Thompson reitera em sua reflexão que a igualdade da lei era uma impostura quando
implantada em outras regiões do mundo, embora pudesse ser usada em proveito daqueles
sobre quem pretendia se impor. O Regulamento de 1910 impede esta possibilidade ao
criar categorias diferentes para condições jurídicas distintas. É desta forma que tal código
se tornou um perfeito instrumento do colonialismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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