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DUAS ILHAS
POR REDESCOBRIR
2021
P O RTO SA N TO
EDITORIAL
MADEIRA
visitantes desde os tempos em que servia de porto de
adaptação ao clima para quem ali passava a caminho
do hemisfério Sul.
Porquê, então, mais um guia sobre o arquipélago?
P O RTO SA N TO
Porque apesar dessa veterania na arte de saber receber,
e da hospitalidade que parece inscrita no ADN dos
madeirenses, ainda está por eliminar, de vez, um
preconceito associado ao perfil dos turistas que o visitam:
pessoas de uma certa idade que querem apenas usufruir
MADEIRA
do sol e da natureza.
Sol não falta, é um facto, e natureza muito menos. Mas a
Madeira pode ser bem mais do que isso. Pode ser emoções
fortes, a começar numa aterragem ventosa, e a acabar na
P O RTO SA N TO
prática de canyoning ou surf. Refeições inesquecíveis em
restaurantes de luxo ou em tascas onde os palitos fazem
as vezes dos talheres. Brindes de vinho engarrafado há
dois séculos ou de poncha feita ao momento. Mergulhos
em praias secretas ou banhos em cascatas à beira da
MADEIRA
estrada. Hotéis clássicos virados para o mar ou alojamentos
minimalistas solapados na paisagem. Artesanato tradicional
ou design contemporâneo. Mar ou montanha. Nuvens
ou corais. Madeira ou Porto Santo.
P O RTO SA N TO
O objetivo deste guia é, precisamente, mostrar
estes dois lados. Que não se opõem, complementam-se.
E que fazem desta pérola do Atlântico uma joia especial.
MADEIRA
T I A G O PA I S
EDITOR
P O RTO SA N TO
EDITORIAL
MADEIRA
visitantes desde os tempos em que servia de porto de
adaptação ao clima para quem ali passava a caminho
do hemisfério Sul.
Porquê, então, mais um guia sobre o arquipélago?
P O RTO SA N TO
Porque apesar dessa veterania na arte de saber receber,
e da hospitalidade que parece inscrita no ADN dos
madeirenses, ainda está por eliminar, de vez, um
preconceito associado ao perfil dos turistas que o visitam:
pessoas de uma certa idade que querem apenas usufruir
MADEIRA
do sol e da natureza.
Sol não falta, é um facto, e natureza muito menos. Mas a
Madeira pode ser bem mais do que isso. Pode ser emoções
fortes, a começar numa aterragem ventosa, e a acabar na
P O RTO SA N TO
prática de canyoning ou surf. Refeições inesquecíveis em
restaurantes de luxo ou em tascas onde os palitos fazem
as vezes dos talheres. Brindes de vinho engarrafado há
dois séculos ou de poncha feita ao momento. Mergulhos
em praias secretas ou banhos em cascatas à beira da
MADEIRA
estrada. Hotéis clássicos virados para o mar ou alojamentos
minimalistas solapados na paisagem. Artesanato tradicional
ou design contemporâneo. Mar ou montanha. Nuvens
ou corais. Madeira ou Porto Santo.
P O RTO SA N TO
O objetivo deste guia é, precisamente, mostrar
estes dois lados. Que não se opõem, complementam-se.
E que fazem desta pérola do Atlântico uma joia especial.
MADEIRA
T I A G O PA I S
EDITOR
ÍNDICE O B S E R VA D O R L I F E S T Y L E
EDIÇÃO E COORDENAÇÃO
T I A G O PA I S
DIREÇÃO DE ARTE
L U Í S A L E X A N D R E / S I LVA D E S I G N E R S
TEXTOS
MADEIRA P. 6
MARIANA ABREU GARCIA
T I A G O PA I S
FOTOGRAFIA DE CAPA
FRANCISCO CORREIA
FOTOGRAFIA
G O N Ç A L O F. S A N T O S
M A R I A N A A LVA R E Z C O R T E S
R O D R I G O C A B R I TA
T I A G O PA I S
ILUSTRAÇÃO
R A Q U E L C O S TA
REVISÃO
C ATA R I N A S A C R A M E N T O
IMPRESSÃO
NORPRINT – A CASA DO LIVRO
R UA DAS A RT E S G RÁ F IC AS, 2 0 9
4 7 8 0 -7 3 9 S A N T O T I R S O
DISTRIBUIÇÃO
VA S P
TIRAGEM MÉDIA
10 000 EXEMPLARES
REGISTO NA ERC
127289
NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO
DE PESSOA COLETIVA
515 193 003
ADMINISTRAÇÃO
J O Ã O M I G U E L TAVA R E S
RUDOLF GRUNER
ACIONISTAS
J O Ã O M I G U E L TAVA R E S
O B S E R VA D O R O N T I M E , S . A .
PUBLISHER
J O Ã O M I G U E L TAVA R E S
DIRETORA DE PUBLICAÇÕES
A N A DI AS F E R R E I RA
PORTO SANTO
PRODUTORA DE CONTEÚDOS
P. 1 20 MARIANA ABREU GARCIA
SENIOR ACCOUNT
R I TA L A G A R T O
COORDENADORA DIGITAL
FRANCISCA SOARES
DIREÇÃO-GERAL
RUDOLF GRUNER
DIRETORA COMERCIAL
ISABEL MARTINS MARQUES
DEPARTAMENTO COMERCIAL
A N A B E AT R I Z C A R N E I R O , C ATA R I N A
P E R D I G Ã O FA L C Ã O , FÁT I M A
G U E R R E I R O , M A R I A J O Ã O C O S TA ,
NUNO ESTEVES, SANDRA MORGADO
CONTACTO COMERCIAL
C O M E R C I A L @ O B S E R VA D O R . P T
EDIÇÃO E COORDENAÇÃO
T I A G O PA I S
DIREÇÃO DE ARTE
L U Í S A L E X A N D R E / S I LVA D E S I G N E R S
TEXTOS
MADEIRA P. 6
MARIANA ABREU GARCIA
T I A G O PA I S
FOTOGRAFIA DE CAPA
FRANCISCO CORREIA
FOTOGRAFIA
G O N Ç A L O F. S A N T O S
M A R I A N A A LVA R E Z C O R T E S
R O D R I G O C A B R I TA
T I A G O PA I S
ILUSTRAÇÃO
R A Q U E L C O S TA
REVISÃO
C ATA R I N A S A C R A M E N T O
IMPRESSÃO
NORPRINT – A CASA DO LIVRO
R UA DAS A RT E S G RÁ F IC AS, 2 0 9
4 7 8 0 -7 3 9 S A N T O T I R S O
DISTRIBUIÇÃO
VA S P
TIRAGEM MÉDIA
10 000 EXEMPLARES
REGISTO NA ERC
127289
NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO
DE PESSOA COLETIVA
515 193 003
ADMINISTRAÇÃO
J O Ã O M I G U E L TAVA R E S
RUDOLF GRUNER
ACIONISTAS
J O Ã O M I G U E L TAVA R E S
O B S E R VA D O R O N T I M E , S . A .
PUBLISHER
J O Ã O M I G U E L TAVA R E S
DIRETORA DE PUBLICAÇÕES
A N A DI AS F E R R E I RA
PORTO SANTO
PRODUTORA DE CONTEÚDOS
P. 1 20 MARIANA ABREU GARCIA
SENIOR ACCOUNT
R I TA L A G A R T O
COORDENADORA DIGITAL
FRANCISCA SOARES
DIREÇÃO-GERAL
RUDOLF GRUNER
DIRETORA COMERCIAL
ISABEL MARTINS MARQUES
DEPARTAMENTO COMERCIAL
A N A B E AT R I Z C A R N E I R O , C ATA R I N A
P E R D I G Ã O FA L C Ã O , FÁT I M A
G U E R R E I R O , M A R I A J O Ã O C O S TA ,
NUNO ESTEVES, SANDRA MORGADO
CONTACTO COMERCIAL
C O M E R C I A L @ O B S E R VA D O R . P T
E X P E R I M E N TA R
COMPRAR
DORMIR
CONHECER
Reza a lenda que antes de chegarem
à Madeira, em 1419, os descobridores
da ilha terão ficado longos meses a
COMER
observá-la a partir do Porto Santo.
Julgaram que se tratava de um enorme
monstro marinho e só avançaram
V I S I TA R
quando perceberam que não se mexia
ou respirava. Ora, a Madeira, sabemos
hoje, não é um monstro. Mas mexe e
respira. Do ar puro da Laurissilva às
PA S S E A R
ondas da costa oeste. Da imponência
do Norte à aridez de São Lourenço,
percorremo-la de lés a lés até chegar
EXPLORAR
E X P E R I M E N TA R
COMPRAR
DORMIR
CONHECER
Reza a lenda que antes de chegarem
à Madeira, em 1419, os descobridores
da ilha terão ficado longos meses a
COMER
observá-la a partir do Porto Santo.
Julgaram que se tratava de um enorme
monstro marinho e só avançaram
V I S I TA R
quando perceberam que não se mexia
ou respirava. Ora, a Madeira, sabemos
hoje, não é um monstro. Mas mexe e
respira. Do ar puro da Laurissilva às
PA S S E A R
ondas da costa oeste. Da imponência
do Norte à aridez de São Lourenço,
percorremo-la de lés a lés até chegar
EXPLORAR
13
13 VIS ITAR QUINTA PEDAGÓGICA
DOS PRAZERES 4 8
14 PAS S E AR TELEFÉRICO DAS ACHADAS
DA CRUZ 5 4
SÃO
M ERGU LHAR PISCINAS DO PORTO MONIZ 56
VICENTE
15
12
ESTREITO
DA CALHETA MACHICO 4
9
11
8 3
5
SANTA CRUZ
7 6 FUNCHAL
CANIÇO
15 1 VIS ITAR CASAS TÍPICAS DE SANTANA 64
2 E XPLORAR PICOS DA MADEIRA 10
3 COM PRAR WICKER IT 76
4 E XPLORAR PONTA DE SÃO LOURENÇO 74
5 COM ER VIOLA 17
6 PAS S E AR CABO GIRÃO 22
16
7 PAS S E AR FAJÃ DOS PADRES 26
8 COM ER FRIIC 24
14 9 PAS S E AR CASCATA DOS ANJOS 36
PORTO 10 B EB ER TABERNA DA PONCHA 40
MONIZ
SÃO 11 DORM IR SOCALCO NATURE CALHETA 46
JORGE 1
12 COM ER MAKTUB 51
13
13 VIS ITAR QUINTA PEDAGÓGICA
DOS PRAZERES 4 8
14 PAS S E AR TELEFÉRICO DAS ACHADAS
DA CRUZ 5 4
SÃO
M ERGU LHAR PISCINAS DO PORTO MONIZ 56
VICENTE
15
12
ESTREITO
DA CALHETA MACHICO 4
9
11
8 3
5
SANTA CRUZ
7 6 FUNCHAL
CANIÇO
EXPLORAR MADEIRA
O C O R A Ç Ã O da ilha, a norte do Fun- marinha mais ameaçada da Europa. O
chal, bate a grande altitude. A culpa é da trilho não é de extrema dificuldade, está
PICOS DA
cordilheira central, onde se encontram bem assinalado, mas exige equipamento
– na sua vertente oriental – os picos mais adequado, incluindo lanternas para
altos e famosos do arquipélago: o Pico atravessar os túneis em segurança.
Ruivo (1862 metros) e o do Arieiro Tanto o Pico Ruivo como o do
MADEIRA
(1818 metros). Arieiro são excelentes sítios para ver o
Estes dois picos estão ligados nascer do sol. Um bom plano é chegar
por um trilho de pouco mais de sete ao Pico Ruivo a tempo da aurora e partir
quilómetros, que inclui passagens por em seguida – ainda pela fresca, portanto
túneis, antigos abrigos de pastores, – para o Pico do Arieiro. Pelo meio os
O PICO DO ARIEIRO, E RESPETIVO MIRADOURO,
vistas inesquecíveis sobre todo o caminhantes encontram um terceiro
É ACESSÍVEL PELA ER 103. O TRILHO QUE LIGA OS PICOS
Maciço Montanhoso e onde também pico, o das Torres, a 1851 metros de
INICIA-SE JUNTO À POUSADA DO PICO DO ARIEIRO
é possível observar algumas espécies altitude. O trilho não é circular, pelo que
raras de aves que aqui nidificam, como convém assegurar transporte a partir do
a freira-da-madeira, considerada a ave Pico Ruivo de volta ao ponto inicial.
PICOS DA
cordilheira central, onde se encontram bem assinalado, mas exige equipamento
– na sua vertente oriental – os picos mais adequado, incluindo lanternas para
altos e famosos do arquipélago: o Pico atravessar os túneis em segurança.
Ruivo (1862 metros) e o do Arieiro Tanto o Pico Ruivo como o do
MADEIRA
(1818 metros). Arieiro são excelentes sítios para ver o
Estes dois picos estão ligados nascer do sol. Um bom plano é chegar
por um trilho de pouco mais de sete ao Pico Ruivo a tempo da aurora e partir
quilómetros, que inclui passagens por em seguida – ainda pela fresca, portanto
túneis, antigos abrigos de pastores, – para o Pico do Arieiro. Pelo meio os
O PICO DO ARIEIRO, E RESPETIVO MIRADOURO,
vistas inesquecíveis sobre todo o caminhantes encontram um terceiro
É ACESSÍVEL PELA ER 103. O TRILHO QUE LIGA OS PICOS
Maciço Montanhoso e onde também pico, o das Torres, a 1851 metros de
INICIA-SE JUNTO À POUSADA DO PICO DO ARIEIRO
é possível observar algumas espécies altitude. O trilho não é circular, pelo que
raras de aves que aqui nidificam, como convém assegurar transporte a partir do
a freira-da-madeira, considerada a ave Pico Ruivo de volta ao ponto inicial.
PASTEL
SABORES DO CURRAL. CAMINHO DA IGREJA, N1
DE CASTANHA
pastéis de castanha que criaram para
promover o produto da terra e cuja fama
Q U A I S L A P A S , qual carapuça. já chegou ao continente. “Ajudou muito
No Curral das Freiras, longe do mar, termos ido ao Goucha mostrar”, conta
as célebre lapas madeirenses são, na o responsável. Foi ele quem pegou nesta
verdade, castanhas. Não de cor mas antiga tasquinha do pai e a transformou
de fruto. É a castanha, o fruto do cas- num espaço moderno, com um terraço
tanheiro, que leva muitos fiéis clientes onde só a vista abre o apetite. E não se
ao Sabores do Curral, o restaurante do pense que tem sido um percurso fácil:
casal Orlando e Carolina. Ali podem em 2012, uma explosão devido a fuga
comê-las de diferentes formas: por de gás destruiu o restaurante e atirou
exemplo de entrada, grelhadas com mel Orlando para uma cama de hospital
– “Chamamos-lhes as Lapas do Curral”, durante quase dois meses, obrigando-o
POÇO
brinca Orlando – ou na sobremesa, nos a sessões de fisioterapia que duraram
um ano – tudo isto enquanto recons- do Curral das Freiras, rodeada de verde
truía o que ficara reduzido a escombros. a toda a volta e salvaguardada de vento, o
Um exemplo de resiliência. calor aperta nos dias de verão. Sem mar
DOS
à vista, os locais começaram a juntar-se
anualmente para criar uma zona balnear
em pleno leito da ribeira. Reorganizando
CHEFES
as pedras e limpando a vegetação, há várias
poças, umas seguidas às outras, que permi-
tem banhos e até mergulhos.
O segredo esteve bem guardado
durante anos, mas, nos últimos tempos, os
funchalenses parecem ter descoberto o
lugar e apreciado a sua tranquilidade. De
N O P R O F U N D O Vale das Freiras, toalha estendida nas pedras quentes, veem-
na zona baixa do Curral, esconde-se um -se lavadeiras (enérgicos pássaros amare-
paraíso que só se deixa descobrir a meio los) e libelinhas, ouvem-se rãs e, volta e
FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
do dia, quando o sol o ilumina por inteiro. meia, umas cigarras ao fundo.
Ali fica o Poço dos Chefes, uma pequena Fora isso, o silêncio é absoluto.
FOTOGRAFIA DR
lagoa a que podíamos chamar natural,
não fosse ela precisar de uma mãozinha
ZONA BAIXA DO CURRAL
para se formar.
DAS FREIRAS, A CERCA DE 2 KM
A água que aqui se vê pertence à ribeira
DO CENTRO DA FREGUESIA.
dos Socorridos, que nasce na montanha
COORDENADAS GPS:
e vai desaguar bem mais à frente, na zona
32.717642, -16.969173
industrial de Câmara de Lobos. Nesta área
COMER
12 PA S T E L D E C A S TA N H A MERGULHAR
13 POÇO DOS CHEFES
COMER MADEIRA MERGULHAR MADEIRA
PASTEL
SABORES DO CURRAL. CAMINHO DA IGREJA, N1
DE CASTANHA
pastéis de castanha que criaram para
promover o produto da terra e cuja fama
Q U A I S L A P A S , qual carapuça. já chegou ao continente. “Ajudou muito
No Curral das Freiras, longe do mar, termos ido ao Goucha mostrar”, conta
as célebre lapas madeirenses são, na o responsável. Foi ele quem pegou nesta
verdade, castanhas. Não de cor mas antiga tasquinha do pai e a transformou
de fruto. É a castanha, o fruto do cas- num espaço moderno, com um terraço
tanheiro, que leva muitos fiéis clientes onde só a vista abre o apetite. E não se
ao Sabores do Curral, o restaurante do pense que tem sido um percurso fácil:
casal Orlando e Carolina. Ali podem em 2012, uma explosão devido a fuga
comê-las de diferentes formas: por de gás destruiu o restaurante e atirou
exemplo de entrada, grelhadas com mel Orlando para uma cama de hospital
– “Chamamos-lhes as Lapas do Curral”, durante quase dois meses, obrigando-o
POÇO
brinca Orlando – ou na sobremesa, nos a sessões de fisioterapia que duraram
um ano – tudo isto enquanto recons- do Curral das Freiras, rodeada de verde
truía o que ficara reduzido a escombros. a toda a volta e salvaguardada de vento, o
Um exemplo de resiliência. calor aperta nos dias de verão. Sem mar
DOS
à vista, os locais começaram a juntar-se
anualmente para criar uma zona balnear
em pleno leito da ribeira. Reorganizando
CHEFES
as pedras e limpando a vegetação, há várias
poças, umas seguidas às outras, que permi-
tem banhos e até mergulhos.
O segredo esteve bem guardado
durante anos, mas, nos últimos tempos, os
funchalenses parecem ter descoberto o
lugar e apreciado a sua tranquilidade. De
N O P R O F U N D O Vale das Freiras, toalha estendida nas pedras quentes, veem-
na zona baixa do Curral, esconde-se um -se lavadeiras (enérgicos pássaros amare-
paraíso que só se deixa descobrir a meio los) e libelinhas, ouvem-se rãs e, volta e
FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
do dia, quando o sol o ilumina por inteiro. meia, umas cigarras ao fundo.
Ali fica o Poço dos Chefes, uma pequena Fora isso, o silêncio é absoluto.
FOTOGRAFIA DR
lagoa a que podíamos chamar natural,
não fosse ela precisar de uma mãozinha
ZONA BAIXA DO CURRAL
para se formar.
DAS FREIRAS, A CERCA DE 2 KM
A água que aqui se vê pertence à ribeira
DO CENTRO DA FREGUESIA.
dos Socorridos, que nasce na montanha
COORDENADAS GPS:
e vai desaguar bem mais à frente, na zona
32.717642, -16.969173
industrial de Câmara de Lobos. Nesta área
COMER
12 PA S T E L D E C A S TA N H A MERGULHAR
13 POÇO DOS CHEFES
PA S S E A R MADEIRA
MIRADOURO
COORDENADAS GPS:
32.710547, -16.966179
VERBO
14 TÍTULO VERBO MIRADOURO DA EIRA DO SERRADO
PA S S E A R MADEIRA
MIRADOURO
COORDENADAS GPS:
32.710547, -16.966179
VERBO
14 TÍTULO VERBO MIRADOURO DA EIRA DO SERRADO
COMPRAR MADEIRA COMER MADEIRA saindo em simultâneo. “Tomahawk
“Tomahawk,, t-bone…
olhe para estes nacos. Uma maravilha”,
descreve, enquanto exibe a matéria-prima
na mão.
F O I A L V O de uma remodelação recente, A carne é de vacas açorianas que
já durante a pandemia de covid-19, mas passam os seus últimos meses de vida
não perdeu a mítica viola pendurada no na Madeira. É o compromisso possível –
FIDY
A O L O N G O das várias reportagens na
Madeira, vamos arriscando a pergunta que
interessa aos locais: “Então onde é que se
PONCHA
bebe boa poncha?” As respostas variam,
claro, mas mais do que uma vez falam-nos
de uma antiga mercearia, no Calvário, ao
pé da capela. Uma coisa pequena, com um
nome estranho. “Ai, como é que se chama
mesmo?” Chama-se Fidy, Fidy Poncha, e
é, de facto, um excelente sítio para provar
o sumo aditivado típico do arquipélago.
Nesta antiga mercearia dos anos 40, bem
VIOLA
conservada, a poncha é feita sempre ao
momento e à frente do cliente – algo que
distingue os bares de confiança nesta
matéria dos restantes – e servida com o
tradicional dentinho, um petisco rápido
para alcatifar o estômago. Neste caso,
moelas estufadas com batata e cenoura.
E que boas estavam.
CAMINHO DO ESTREITINHO, 1
ESTRADA JOÃO GONÇALVES ZARCO, 596, CÂMARA DE LOBOS. 291 945 601
ESTREITO DE CÂMARA DE LOBOS
BEBER
16 UAU CACAU COMER
17 VIOLA
COMPRAR MADEIRA COMER MADEIRA saindo em simultâneo. “Tomahawk
“Tomahawk,, t-bone…
olhe para estes nacos. Uma maravilha”,
descreve, enquanto exibe a matéria-prima
na mão.
F O I A L V O de uma remodelação recente, A carne é de vacas açorianas que
já durante a pandemia de covid-19, mas passam os seus últimos meses de vida
não perdeu a mítica viola pendurada no na Madeira. É o compromisso possível –
FIDY
A O L O N G O das várias reportagens na
Madeira, vamos arriscando a pergunta que
interessa aos locais: “Então onde é que se
PONCHA
bebe boa poncha?” As respostas variam,
claro, mas mais do que uma vez falam-nos
de uma antiga mercearia, no Calvário, ao
pé da capela. Uma coisa pequena, com um
nome estranho. “Ai, como é que se chama
mesmo?” Chama-se Fidy, Fidy Poncha, e
é, de facto, um excelente sítio para provar
o sumo aditivado típico do arquipélago.
Nesta antiga mercearia dos anos 40, bem
VIOLA
conservada, a poncha é feita sempre ao
momento e à frente do cliente – algo que
distingue os bares de confiança nesta
matéria dos restantes – e servida com o
tradicional dentinho, um petisco rápido
para alcatifar o estômago. Neste caso,
moelas estufadas com batata e cenoura.
E que boas estavam.
CAMINHO DO ESTREITINHO, 1
ESTRADA JOÃO GONÇALVES ZARCO, 596, CÂMARA DE LOBOS. 291 945 601
ESTREITO DE CÂMARA DE LOBOS
BEBER
16 UAU CACAU COMER
17 VIOLA
PA S S E A R MADEIRA
P I T O R E S C A . Assim descreveu
Winston Churchill a vila de Câmara
de Lobos quando, em 1950, a visitou.
Durante a estadia, o político britânico
pintou a baía, a partir do local que viria
a ser o atual miradouro. É por isso que
hoje, mais abaixo, junto ao mar, está uma
escultura em bronze que eterniza este
momento – recordado orgulhosamente
por quem ali vive.
A poucos metros fica, no entanto,
uma outra obra, maior em dimensão e
em impacto – o Lobo Marinho do artista
plástico lisboeta Artur Bordalo, mais
conhecido como Bordalo II. Criado
em 2019 para assinalar o Dia Mundial
dos Oceanos, o enorme lobo marinho
foi integralmente construído a partir
de lixo retirado das águas ao redor da
Madeira. Levou quatro dias a ganhar
forma e agora ocupa uma parede em
frente ao mar.
A obra está inserida num projeto
de Bordalo II chamado Trash Animals,
que já se estende por mais de 20 países
e centena e meia de peças artísticas.
Na Madeira, entre bombeiros, escolas
de mergulho e associações, muitos
foram os que participaram na limpeza
subaquática que recolheu perto de
quatro toneladas de lixo. Boa parte
das redes, dos ferros e dos plásticos
LOBO MARINHO
recuperados foram utilizados para dar
DE BORDALO II
nesta zona.
CÂMARA DE LOBOS
PA S S E A R
18 BORDALO II PA S S E A R
19 BORDALLO II
PA S S E A R MADEIRA
P I T O R E S C A . Assim descreveu
Winston Churchill a vila de Câmara
de Lobos quando, em 1950, a visitou.
Durante a estadia, o político britânico
pintou a baía, a partir do local que viria
a ser o atual miradouro. É por isso que
hoje, mais abaixo, junto ao mar, está uma
escultura em bronze que eterniza este
momento – recordado orgulhosamente
por quem ali vive.
A poucos metros fica, no entanto,
uma outra obra, maior em dimensão e
em impacto – o Lobo Marinho do artista
plástico lisboeta Artur Bordalo, mais
conhecido como Bordalo II. Criado
em 2019 para assinalar o Dia Mundial
dos Oceanos, o enorme lobo marinho
foi integralmente construído a partir
de lixo retirado das águas ao redor da
Madeira. Levou quatro dias a ganhar
forma e agora ocupa uma parede em
frente ao mar.
A obra está inserida num projeto
de Bordalo II chamado Trash Animals,
que já se estende por mais de 20 países
e centena e meia de peças artísticas.
Na Madeira, entre bombeiros, escolas
de mergulho e associações, muitos
foram os que participaram na limpeza
subaquática que recolheu perto de
quatro toneladas de lixo. Boa parte
das redes, dos ferros e dos plásticos
LOBO MARINHO
recuperados foram utilizados para dar
DE BORDALO II
nesta zona.
CÂMARA DE LOBOS
PA S S E A R
18 BORDALO II PA S S E A R
19 BORDALLO II
BEBER MADEIRA COMER MADEIRA
NIKITA
VILA DA
CARNE
Oh Nikita you will never know,
anything about my home
I’ll never know how good it feels to hold you
Nikita I need you so
PÉ DE CABRA
U M D O S P R I N C I P A I S motivos de
de Abreu decidiu chamar Nikita ao cocktail
que criara nesse mesmo ano, uma mistura visita dos madeirenses a Câmara de
de cerveja, vinho branco, gelado de ananás Lobos é a tradicional espetada de carne,
e ananás fresco. Fê-lo no seu bar, que na uma das especialidades gastronómicas
altura se chamava Farol Verde, e hoje dá da ilha, e que se encontra restaurante
S Ó A L I S T A de ingredientes faz abrir os sim, restaurante sim. É provavelmente
pelo nome de Casa do Farol. olhos de espanto: vinho Madeira, cerveja
“Era uma maneira de aproveitar o que o prato de carne mais popular entre os
preta, açúcar, cacau e gema de ovo. Mistura- ilhéus e o motivo é a sua simplicidade:
sobrava dos gelados de ananás que se ven- -se tudo na medida certa e nasce, daí, um
diam aqui”, explica-nos Luís, que hoje é o trata-se de grandes pedaços de carne
pé de cabra. Fechem-se os olhos, abra-se a metidos num espeto e temperados
homem encarregado de transformar os ingre- boca, para provar aquele que será, provavel-
dientes acima listados numa bebida doce apenas com sal, alho e folhas de louro.
mente, o cocktail mais antigo da Madeira. Na Vila da Carne, que segue a tradição
especiais – “para não ficar tão pesado”. tes tipos de carne em exposição, algu-
É difícil de descrever o sabor: meio mas com meses de maturação, denun-
doce, meio ácido, meio alcoólico. ciam a variedade da oferta. Só no que
A textura é densa, de facto, mas desliza à espetada diz respeito, há de filete de
facilmente. No fundo, e como diria Pessoa vaca, de picanha nobre, de porco com
sobre outra célebre bebida: primeiro bacon e de frango. Junte-se a entremeada,
estranha-se, depois entranha-se. o entrecosto, as picanhas e os bifes da
vazia e acém, sempre preparados na
CAMINHO DA RIBEIRA DOS brasa, que se vê das mesas. Enquanto
SOCORRIDOS, 4, LOMBADA RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS, não chega o prato, come-se com os
SÃO MARTINHO. 291 774 040 30 A. 291 099 908 olhos e cresce água na boca.
BEBER N I K I TPAÉ
D EP É
C ADBER C
AABRA COMER
21 VILA DA CARNE
BEBER MADEIRA COMER MADEIRA
NIKITA
VILA DA
CARNE
Oh Nikita you will never know,
anything about my home
I’ll never know how good it feels to hold you
Nikita I need you so
PÉ DE CABRA
U M D O S P R I N C I P A I S motivos de
de Abreu decidiu chamar Nikita ao cocktail
que criara nesse mesmo ano, uma mistura visita dos madeirenses a Câmara de
de cerveja, vinho branco, gelado de ananás Lobos é a tradicional espetada de carne,
e ananás fresco. Fê-lo no seu bar, que na uma das especialidades gastronómicas
altura se chamava Farol Verde, e hoje dá da ilha, e que se encontra restaurante
S Ó A L I S T A de ingredientes faz abrir os sim, restaurante sim. É provavelmente
pelo nome de Casa do Farol. olhos de espanto: vinho Madeira, cerveja
“Era uma maneira de aproveitar o que o prato de carne mais popular entre os
preta, açúcar, cacau e gema de ovo. Mistura- ilhéus e o motivo é a sua simplicidade:
sobrava dos gelados de ananás que se ven- -se tudo na medida certa e nasce, daí, um
diam aqui”, explica-nos Luís, que hoje é o trata-se de grandes pedaços de carne
pé de cabra. Fechem-se os olhos, abra-se a metidos num espeto e temperados
homem encarregado de transformar os ingre- boca, para provar aquele que será, provavel-
dientes acima listados numa bebida doce apenas com sal, alho e folhas de louro.
mente, o cocktail mais antigo da Madeira. Na Vila da Carne, que segue a tradição
especiais – “para não ficar tão pesado”. tes tipos de carne em exposição, algu-
É difícil de descrever o sabor: meio mas com meses de maturação, denun-
doce, meio ácido, meio alcoólico. ciam a variedade da oferta. Só no que
A textura é densa, de facto, mas desliza à espetada diz respeito, há de filete de
facilmente. No fundo, e como diria Pessoa vaca, de picanha nobre, de porco com
sobre outra célebre bebida: primeiro bacon e de frango. Junte-se a entremeada,
estranha-se, depois entranha-se. o entrecosto, as picanhas e os bifes da
vazia e acém, sempre preparados na
CAMINHO DA RIBEIRA DOS brasa, que se vê das mesas. Enquanto
SOCORRIDOS, 4, LOMBADA RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS, não chega o prato, come-se com os
SÃO MARTINHO. 291 774 040 30 A. 291 099 908 olhos e cresce água na boca.
BEBER N I K I TPAÉ
D EP É
C ADBER C
AABRA COMER
21 VILA DA CARNE
FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
PA S S E A R MADEIRA
CABO
O MIRADOURO SITUA-SE
E A ENTRADA É GRATUITA.
O TELEFÉRICO FICA NA
GIRÃO
ESTRADA DE SANTA CLARA,
PA S S E A R
22 CABO GIRÃO PA S S E A R
23 CABO GIRÃO
FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
PA S S E A R MADEIRA
CABO
O MIRADOURO SITUA-SE
E A ENTRADA É GRATUITA.
O TELEFÉRICO FICA NA
GIRÃO
ESTRADA DE SANTA CLARA,
PA S S E A R
22 CABO GIRÃO PA S S E A R
23 CABO GIRÃO
COMER MADEIRA
“Gelatarias há muitas. Queríamos
fazer algo diferente”, refere Gabriela.
Começaram pelos picolés, avançaram
N Ã O P A R E C E , mas Friic é uma sigla. para os gelados de bola e, durante a pan-
Significa Fruit Island Ice Cream. E o demia, viram a procura aumentar, através
projeto explica-se quase de imediato: se de encomendas diretas. “As pessoas
há tanta fruta na ilha, porque não fazer estavam em casa e começaram a procu-
gelados dessa fruta? Foi essa a ideia rar produtos melhores”, explicam. Hoje
de Gabriela Martins, madeirense que fazem de tudo um pouco: picolés, gela-
tirou Engenharia Biológica e trabalhou dos de bola, macarons e até bolos gelados
durante vários anos em Lisboa, mas de aniversário. Isto, claro, além dos pro-
que, a dada altura, quis voltar à casa de dutos tailor made para restaurantes.
partida para mudar de vida. Desafiou “Se um chef quiser um gelado de pitanga
a amiga de infância Joana Gonçalves e wasabi, fazemos”, exemplifica Joana.
– chef pasteleira com passagens por O único stock que acumulam é de
restaurantes como Belcanto, Feitoria, fruta, comprada na devida época aos
Eleven ou 50 Seconds –, esta aceitou, produtores locais, de confiança, com
e juntas embarcaram na aventura. quem trabalham. “Compramos, tratamos
FRIIC
e conservamos em vácuo – não usamos
mixes, preparamos nós as caldas e mistu-
ramos com a fruta”, explica a pasteleira.
Aberto o apetite, resta provar: até ao final
de outubro, estará a funcionar a primeira
loja pop-up da marca, num pequeno con-
tentor pintado pela artista local Andori-
nha, no centro comercial Madeira Fórum.
FRIIC
e conservamos em vácuo – não usamos
mixes, preparamos nós as caldas e mistu-
ramos com a fruta”, explica a pasteleira.
Aberto o apetite, resta provar: até ao final
de outubro, estará a funcionar a primeira
loja pop-up da marca, num pequeno con-
tentor pintado pela artista local Andori-
nha, no centro comercial Madeira Fórum.
FAJÃ
das sete casas reabilitadas para o efeito,
ou num bungalow que, outrora, serviu de
palheiro. O sossego é garantido.
DOS
FOTOGRAFIAS TIAGO PAIS
PADRES
RUA PADRE ANTÓNIO DINIS HENRIQUES, 1, QUINTA GRANDE. 291 944 538
PA S S E A R
26 FA J Ã D O S PA D R E S PA S S E A R
27 FA J Ã D O S PA D R E S
PA S S E A R MADEIRA C H A M A - L H E a “ilha dentro da ilha”,
designação que não é, de todo, descabida:
até 1998, só quem tinha barco é que podia
aqui chegar. Depois, instalou-se um ele-
vador panorâmico, pouco recomendável
aos mais dados a vertigens, e, desde 2016,
um moderno teleférico que vence o des-
nível de 300 metros da falésia numa via-
gem emocionante de dois minutos e meio,
onde se consegue vislumbrar toda a costa
sul da Madeira, até à Ponta do Sol.
Chegados à Fajã dos Padres – que deve
o nome ao facto de ter sido propriedade
de padres jesuítas durante mais de 150
anos –, as opções variam entre passar o dia
de barriga para o ar nas espreguiçadeiras
dispostas no cais, arriscar mergulhos a
partir do pontão, petiscar no restaurante
local ou visitar as hortas biológicas e a
vinha, que foi a primeira da Madeira a
receber a casta Malvasia. A opção mais
lógica será combinar tudo isto no mesmo
dia, sendo que no caso do restaurante é
aconselhável optar pelos petiscos mais
típicos: rojões de espada, o atum sal-
presado ou os ovos jesuítas. É também
possível dormir na Fajã dos Padres, numa
FAJÃ
das sete casas reabilitadas para o efeito,
ou num bungalow que, outrora, serviu de
palheiro. O sossego é garantido.
DOS
FOTOGRAFIAS TIAGO PAIS
PADRES
RUA PADRE ANTÓNIO DINIS HENRIQUES, 1, QUINTA GRANDE. 291 944 538
PA S S E A R
26 FA J Ã D O S PA D R E S PA S S E A R
27 FA J Ã D O S PA D R E S
BEBER MADEIRA COMPRAR MADEIRA
O B U R R O à porta é o sinal da
vida anterior da Venda do André.
VENDA
“Antigamente, quem tinha mercearias
tinha um burro para acartar a
mercadoria. Era como ter o carro
estacionado à porta”, explica-nos Dona N A N O V A fábrica da Uau Cacau,
Ilda, uma instituição madeirense no inaugurada no final de 2020, o buliço
DO
que respeita à confeção da poncha. é uma constante. Tony Fernandes e a
É que se este é um dos locais mais sua equipa têm poucas mãos a medir
reputados em toda a ilha para beber para a demanda de bombons, tabletes e
a dita, deve muita dessa reputação trufas que vai aparecendo diariamente.
ANDRÉ
à habilidade desta mulher, que não Mais em alturas festivas como a Páscoa,
só domina a proporção ideal dos é certo, mas também no verão.
ingredientes para que a poncha não É a prova de que estarão a fazer
chegue ao copo nem demasiado ácida, alguma coisa bem feita. Tony começou a
nem demasiado doce, como consegue, produzir chocolate por conta própria há
a olho, saber qual a quantidade exata dez anos, na cozinha de um restaurante
para fazer, de uma vez, poncha para tradicional chamado A Estrela. Os
ESTRADA JOÃO GONÇALVES ZARCO
um, dois, três, cinco ou dez clientes. chocolates tinham sucesso, mas o resto
QUINTA GRANDE. 924 433 308
Calcula mentalmente a dose necessária nem por isso. As dívidas começaram a
para não se desperdiçar uma gota. Um acumular-se e, para conseguir pagá-las,
talento que podia ser aproveitado, por foi obrigado a transferir a produção
exemplo, na campanha de vacinação
UAU
para casa.
contra a covid-19. Fica a sugestão. Foi nessa altura que começou a
trabalhar com produtores madeirenses
CACAU
decidiu apostar forte na marca e na
abertura da primeira loja de rua, que
ainda tem hoje, na rua da Queimada
de Baixo, perto da Sé do Funchal.
O bombom de maracujá, premiado
com medalha de ouro no Concurso
Nacional de Chocolate, em 2014, deu o
mote para o sucesso que se seguiu, com
a criação de novos produtos, novas lojas
– pop-up e não só – e novas parcerias.
A última delas com a empresa vinícola
Blandy’s, lançada em março de 2021
e composta por uma embalagem
especial que inclui uma caixa de
trufas de sabores diferentes, pensadas
especialmente para harmonizar com
quatro castas de vinho Madeira.
PARQUE EMPRESARIAL DA
BEBER
28 VENDA DO ANDRÉ VERBO
29 UAU CACAU
BEBER MADEIRA COMPRAR MADEIRA
O B U R R O à porta é o sinal da
vida anterior da Venda do André.
VENDA
“Antigamente, quem tinha mercearias
tinha um burro para acartar a
mercadoria. Era como ter o carro
estacionado à porta”, explica-nos Dona N A N O V A fábrica da Uau Cacau,
Ilda, uma instituição madeirense no inaugurada no final de 2020, o buliço
DO
que respeita à confeção da poncha. é uma constante. Tony Fernandes e a
É que se este é um dos locais mais sua equipa têm poucas mãos a medir
reputados em toda a ilha para beber para a demanda de bombons, tabletes e
a dita, deve muita dessa reputação trufas que vai aparecendo diariamente.
ANDRÉ
à habilidade desta mulher, que não Mais em alturas festivas como a Páscoa,
só domina a proporção ideal dos é certo, mas também no verão.
ingredientes para que a poncha não É a prova de que estarão a fazer
chegue ao copo nem demasiado ácida, alguma coisa bem feita. Tony começou a
nem demasiado doce, como consegue, produzir chocolate por conta própria há
a olho, saber qual a quantidade exata dez anos, na cozinha de um restaurante
para fazer, de uma vez, poncha para tradicional chamado A Estrela. Os
ESTRADA JOÃO GONÇALVES ZARCO
um, dois, três, cinco ou dez clientes. chocolates tinham sucesso, mas o resto
QUINTA GRANDE. 924 433 308
Calcula mentalmente a dose necessária nem por isso. As dívidas começaram a
para não se desperdiçar uma gota. Um acumular-se e, para conseguir pagá-las,
talento que podia ser aproveitado, por foi obrigado a transferir a produção
exemplo, na campanha de vacinação
UAU
para casa.
contra a covid-19. Fica a sugestão. Foi nessa altura que começou a
trabalhar com produtores madeirenses
CACAU
decidiu apostar forte na marca e na
abertura da primeira loja de rua, que
ainda tem hoje, na rua da Queimada
de Baixo, perto da Sé do Funchal.
O bombom de maracujá, premiado
com medalha de ouro no Concurso
Nacional de Chocolate, em 2014, deu o
mote para o sucesso que se seguiu, com
a criação de novos produtos, novas lojas
– pop-up e não só – e novas parcerias.
A última delas com a empresa vinícola
Blandy’s, lançada em março de 2021
e composta por uma embalagem
especial que inclui uma caixa de
trufas de sabores diferentes, pensadas
especialmente para harmonizar com
quatro castas de vinho Madeira.
PARQUE EMPRESARIAL DA
BEBER
28 VENDA DO ANDRÉ VERBO
29 UAU CACAU
EXPLORAR MADEIRA Madeira, ao ponto de se poderem contar que dá acesso ao trilho e não há como não
as pedras no fundo, mesmo estando a dar por ela. A música popular indica o cami-
CALHAU
mais de quatro metros de profundidade. nho até ao espaço, que é pequenino mas
O corredor que entra pelo mar adentro tem uma decoração ímpar: as paredes em
tanto serve para estender a toalha ao sol pedra são forradas a búzios. Do lado direito,
como para mergulhar. É aqui que se jun- junto ao balcão, é o lugar dos emblemas,
tam os mais pequenos em saltos hábeis de das fotografias e dos bonecos alusivos ao
DA LAPA
coragem e tantas vezes de fé. Quem não Benfica, paixão do dono. O senhor Calais e
quer arriscar o mergulho imediato na água a dona Ilda, a sua mulher, têm este espaço
fria, desce ao lado, pelas escadas em ferro. há 19 anos. Herdaram-no de um tio pesca-
É do mar que se tem a vista mais bonita dor que usava a furna para guardar o barco.
sobre o Calhau da Lapa. De fora para dentro Deram-lhe uma nova decoração e decidiram
veem-se o trilho íngreme por onde se chega fazer dele um restaurante.
a pé, a zona do único restaurante que aqui No barco Ilda e Calais, o pescador e cozi-
existe – onde se juntam os banhistas para nheiro traz os clientes da Ribeira Brava até
petiscar ou apenas beber uma Coral gelada ao restaurante por 25€, que já incluem ida,
–, os barcos coloridos dos pescadores que volta e almoço. Ilda espera-os desde manhã,
fazem a ligação entre o Calhau da Lapa e a preparando semilhas (leia-se: batatas) e
Ribeira Brava, as toalhas estendidas sobre a salada para servir às cerca de 30 pessoas
pedra quente e as dezenas de grutas que se que aqui se sentam para almoçar, em época
amontoam por patamares. alta. As mesas são dispostas em três filas
Estas casinhas são antigos abrigos corridas, no exterior, com vista para o cais.
de pescadores, escavados na rocha, com O peixe servido é da responsabilidade
telheiros em palha no topo que as pro- de Calais, que anda de passo acelerado em
tegem do sol. As pequenas furnas, como calções de banho e sandálias entre a gruta, as
são chamadas, estiveram durante décadas mesas e o assador – a sua especialidade. “O
ao abandono até serem recuperadas pelo truque é abrir o peixe muito antes e deixá-lo
Governo e entregues à Associação Despor- ali a salgar e a ganhar o gosto das ervas com
tiva do Campanário, em 2005, que desde que o tempero. Fica uma maravilha depois
então as arrenda a preços simbólicos (a assado.” E é por isso que o menu inclui não
partir de 21,35€ por noite). Escusado será um mas dois peixes por pessoa, habitual-
dizer que, durante os meses mais quentes, mente douradas. “Se fosse uma era pouco.
só com muita sorte se consegue reservá-las. Assim comem, gostam, se for preciso ainda
A gruta com maior protagonismo do levam para casa e dão a provar a mais alguém.
Calhau da Lapa surge ao início da rampa E querem todos cá vir.” Disso não há dúvidas.
EXPLORAR
30 C A L H AU D A L A PA EXPLORAR
31 C A L H AU D A L A PA
EXPLORAR MADEIRA Madeira, ao ponto de se poderem contar que dá acesso ao trilho e não há como não
as pedras no fundo, mesmo estando a dar por ela. A música popular indica o cami-
CALHAU
mais de quatro metros de profundidade. nho até ao espaço, que é pequenino mas
O corredor que entra pelo mar adentro tem uma decoração ímpar: as paredes em
tanto serve para estender a toalha ao sol pedra são forradas a búzios. Do lado direito,
como para mergulhar. É aqui que se jun- junto ao balcão, é o lugar dos emblemas,
tam os mais pequenos em saltos hábeis de das fotografias e dos bonecos alusivos ao
DA LAPA
coragem e tantas vezes de fé. Quem não Benfica, paixão do dono. O senhor Calais e
quer arriscar o mergulho imediato na água a dona Ilda, a sua mulher, têm este espaço
fria, desce ao lado, pelas escadas em ferro. há 19 anos. Herdaram-no de um tio pesca-
É do mar que se tem a vista mais bonita dor que usava a furna para guardar o barco.
sobre o Calhau da Lapa. De fora para dentro Deram-lhe uma nova decoração e decidiram
veem-se o trilho íngreme por onde se chega fazer dele um restaurante.
a pé, a zona do único restaurante que aqui No barco Ilda e Calais, o pescador e cozi-
existe – onde se juntam os banhistas para nheiro traz os clientes da Ribeira Brava até
petiscar ou apenas beber uma Coral gelada ao restaurante por 25€, que já incluem ida,
–, os barcos coloridos dos pescadores que volta e almoço. Ilda espera-os desde manhã,
fazem a ligação entre o Calhau da Lapa e a preparando semilhas (leia-se: batatas) e
Ribeira Brava, as toalhas estendidas sobre a salada para servir às cerca de 30 pessoas
pedra quente e as dezenas de grutas que se que aqui se sentam para almoçar, em época
amontoam por patamares. alta. As mesas são dispostas em três filas
Estas casinhas são antigos abrigos corridas, no exterior, com vista para o cais.
de pescadores, escavados na rocha, com O peixe servido é da responsabilidade
telheiros em palha no topo que as pro- de Calais, que anda de passo acelerado em
tegem do sol. As pequenas furnas, como calções de banho e sandálias entre a gruta, as
são chamadas, estiveram durante décadas mesas e o assador – a sua especialidade. “O
ao abandono até serem recuperadas pelo truque é abrir o peixe muito antes e deixá-lo
Governo e entregues à Associação Despor- ali a salgar e a ganhar o gosto das ervas com
tiva do Campanário, em 2005, que desde que o tempero. Fica uma maravilha depois
então as arrenda a preços simbólicos (a assado.” E é por isso que o menu inclui não
partir de 21,35€ por noite). Escusado será um mas dois peixes por pessoa, habitual-
dizer que, durante os meses mais quentes, mente douradas. “Se fosse uma era pouco.
só com muita sorte se consegue reservá-las. Assim comem, gostam, se for preciso ainda
A gruta com maior protagonismo do levam para casa e dão a provar a mais alguém.
Calhau da Lapa surge ao início da rampa E querem todos cá vir.” Disso não há dúvidas.
EXPLORAR
30 C A L H AU D A L A PA EXPLORAR
31 C A L H AU D A L A PA
DORMIR MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
S I T U A D A no topo de um penhasco,
afirma-se como um hotel de escape.
ESTALAGEM PRAIA
A antiga quinta que aqui funcionava estava
O ambiente é mais calmo do que
ligada à produção de açúcar, chegando
seria de esperar. A um passo da margi-
mesmo a albergar a sede da Companhia
DA PONTA
nal, a praia tem como pano de fundo
DA PONTA
do Açúcar durante o século xx. Depois de
uma linha de casas coloridas que,
passar por vários proprietários, chegou às
embora construa a paisagem, não lhe
mãos de André Diogo, que ali materializou
acrescenta grande poluição sonora.
DO SOL
os seus sonhos.
O silêncio é quebrado apenas pelos
DO SOL
Nascido em Braga, madeirense de cora-
calhaus a rolarem para cima e para
ção, André trabalhou durante décadas “no
baixo com as ondas, dificultando a
turismo de massas” noutras zonas da ilha,
entrada na água, pelo menos para quem
até que decidiu mudar de rumo. “Quis
não está habituado. A aposta em calçado
fazer um hotel em que gostaria de ficar
apropriado é certeira.
hospedado”, recorda. “Os hotéis eram
Longe das rotas turísticas, este é o
todos muito tradicionais, era preciso criar
S I T U A D A na vila que lhe dá o nome, lugar certo para um dia de praia tran-
opções menos convencionais, mais jovens
a praia da Ponta do Sol é conhecida quilo. E se faltar a companhia de um
e mais cool.”
pela temperatura amena – dentro bom livro, é passar pela biblioteca de
O projeto de arquitetura, assinado
e fora de água – que aqui se regista verão e levar um emprestado.
por Tiago Oliveira, manteve os diferentes
ao longo do ano. A zona balnear fica
edifícios existentes, distribuídos por
numa enseada, abrigada do vento pelas AVENIDA 1.º DE MAIO
socalcos, unindo-os através de torres.
arribas, onde o barulho do mar ecoa. PONTA DO SOL
A passagem entre eles ora é feita por
trilhos que cortam os jardins, ora pelos
elevadores envidraçados.
Nestes passeios, são frequentes os
encontros com a Poncha e a Stella, as
pequenas cadelas que vivem no hotel e que
brincam todo o dia – seja uma com a outra,
seja com os outros patudos que as visitam,
já que o espaço é dog friendly.
Todos os 55 quartos têm varanda sobre
o mar, em plena falésia. A decoração é a
mesma há já duas décadas, mas mantém-se
atual, de tão minimal: imperam a madeira, o
DORMIR
32 E S TA L AG E M DA P O N TA D O S O L PA S S E A R
33 P R A I A DA P O N TA D O S O L
DORMIR MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
S I T U A D A no topo de um penhasco,
afirma-se como um hotel de escape.
ESTALAGEM PRAIA
A antiga quinta que aqui funcionava estava
O ambiente é mais calmo do que
ligada à produção de açúcar, chegando
seria de esperar. A um passo da margi-
mesmo a albergar a sede da Companhia
DA PONTA
nal, a praia tem como pano de fundo
DA PONTA
do Açúcar durante o século xx. Depois de
uma linha de casas coloridas que,
passar por vários proprietários, chegou às
embora construa a paisagem, não lhe
mãos de André Diogo, que ali materializou
acrescenta grande poluição sonora.
DO SOL
os seus sonhos.
O silêncio é quebrado apenas pelos
DO SOL
Nascido em Braga, madeirense de cora-
calhaus a rolarem para cima e para
ção, André trabalhou durante décadas “no
baixo com as ondas, dificultando a
turismo de massas” noutras zonas da ilha,
entrada na água, pelo menos para quem
até que decidiu mudar de rumo. “Quis
não está habituado. A aposta em calçado
fazer um hotel em que gostaria de ficar
apropriado é certeira.
hospedado”, recorda. “Os hotéis eram
Longe das rotas turísticas, este é o
todos muito tradicionais, era preciso criar
S I T U A D A na vila que lhe dá o nome, lugar certo para um dia de praia tran-
opções menos convencionais, mais jovens
a praia da Ponta do Sol é conhecida quilo. E se faltar a companhia de um
e mais cool.”
pela temperatura amena – dentro bom livro, é passar pela biblioteca de
O projeto de arquitetura, assinado
e fora de água – que aqui se regista verão e levar um emprestado.
por Tiago Oliveira, manteve os diferentes
ao longo do ano. A zona balnear fica
edifícios existentes, distribuídos por
numa enseada, abrigada do vento pelas AVENIDA 1.º DE MAIO
socalcos, unindo-os através de torres.
arribas, onde o barulho do mar ecoa. PONTA DO SOL
A passagem entre eles ora é feita por
trilhos que cortam os jardins, ora pelos
elevadores envidraçados.
Nestes passeios, são frequentes os
encontros com a Poncha e a Stella, as
pequenas cadelas que vivem no hotel e que
brincam todo o dia – seja uma com a outra,
seja com os outros patudos que as visitam,
já que o espaço é dog friendly.
Todos os 55 quartos têm varanda sobre
o mar, em plena falésia. A decoração é a
mesma há já duas décadas, mas mantém-se
atual, de tão minimal: imperam a madeira, o
DORMIR
32 E S TA L AG E M DA P O N TA D O S O L PA S S E A R
33 P R A I A DA P O N TA D O S O L
DORMIR MADEIRA
1905 ZINO’S
PALACE
A F A M Í L I A Zino, de origem italo-bri-
tânica, é conhecida em toda a Madeira.
Pertence-lhes, por exemplo, a única pro-
priedade privada das ilhas Selvagens – foi
Alexandre Zino quem, no final dos anos
60, comprou o direito de caça na ilha
com o único intuito de a proibir. Mas a
sua história no arquipélago é ainda mais
antiga, como o prova a origem deste pala-
cete romântico, um raríssimo exemplar
desta arquitetura, construído no início
do século xx na Ponta do Sol para ser a
casa de verão da família.
Depois de uma vida atribulada, em
que alternou períodos de abandono com
outros em que foi Escola Prática de Agri-
cultura, Escola Primária e espaço para
eventos, o palacete, entretanto rebapti-
zado de Lugar de Baixo, reabriu em feve-
reiro de 2020 como boutique hotel.
A data pode não ter sido a mais feliz –
um mês antes do início da pandemia –
mas sobram-lhe argumentos para
recuperar o tempo perdido.
O 1905 Zino’s Palace, assim se
chama, tem apenas nove quartos espa-
lhados por três pisos, com um interior
bem cuidado que faz jus à elegância
histórica do edifício. E o exterior não
lhe fica atrás: o enorme terraço tem uma
vista magnífica para o mar e para o pôr PALACETE DO LUGAR DE BAIXO VE3 10,
FOTOGRAFIAS DR
do sol, que aqui brilha mais horas por PONTA DO SOL. 291 600 123
DORMIR
34 1 9 0 5 Z I N O ’ S PA L A C E DORMIR
35 1 9 0 5 Z I N O ’ S PA L A C E
DORMIR MADEIRA
1905 ZINO’S
PALACE
A F A M Í L I A Zino, de origem italo-bri-
tânica, é conhecida em toda a Madeira.
Pertence-lhes, por exemplo, a única pro-
priedade privada das ilhas Selvagens – foi
Alexandre Zino quem, no final dos anos
60, comprou o direito de caça na ilha
com o único intuito de a proibir. Mas a
sua história no arquipélago é ainda mais
antiga, como o prova a origem deste pala-
cete romântico, um raríssimo exemplar
desta arquitetura, construído no início
do século xx na Ponta do Sol para ser a
casa de verão da família.
Depois de uma vida atribulada, em
que alternou períodos de abandono com
outros em que foi Escola Prática de Agri-
cultura, Escola Primária e espaço para
eventos, o palacete, entretanto rebapti-
zado de Lugar de Baixo, reabriu em feve-
reiro de 2020 como boutique hotel.
A data pode não ter sido a mais feliz –
um mês antes do início da pandemia –
mas sobram-lhe argumentos para
recuperar o tempo perdido.
O 1905 Zino’s Palace, assim se
chama, tem apenas nove quartos espa-
lhados por três pisos, com um interior
bem cuidado que faz jus à elegância
histórica do edifício. E o exterior não
lhe fica atrás: o enorme terraço tem uma
vista magnífica para o mar e para o pôr PALACETE DO LUGAR DE BAIXO VE3 10,
FOTOGRAFIAS DR
do sol, que aqui brilha mais horas por PONTA DO SOL. 291 600 123
DORMIR
34 1 9 0 5 Z I N O ’ S PA L A C E DORMIR
35 1 9 0 5 Z I N O ’ S PA L A C E
PA S S E A R MADEIRA COMER MADEIRA
CASCATA CASA
DE PEDRA
DOS ANJOS
Q U E M não saiba ao que vai, surpreende-se
com a força da água que cai da montanha
em plena estrada regional 101. No início
desta parte do caminho há avisos que ali
proíbem – ou desaconselham – a circula-
ção, mas o certo é que é dos lugares mais
visitados da Madeira – ou não fosse ele,
também, um dos mais instagramáveis.
A cascata dos Anjos fica na antiga N Ã O E S T R A N H E se, ao entrar, for
estrada que liga a Ponta do Sol a Madalena recebido por um papagaio no ombro da
do Mar, perto da pequena localidade que dona. Parece uma cena retirada de um
lhe dá nome. A queda de água tem mais parque de diversões, mas é só a maneira
de 10 metros de altura e, além de ser bem de Luísa fazer a vontade ao seu animal
fria, cai com bastante intensidade. Ainda de estimação. “Ela quando diz ‘lalá’ é
assim, é habitual os mais encalorados porque quer saltar para o meu ombro”,
refrescarem-se na cascata, seja em pose explica. Alto lá, ela? “Sim, é uma fémea,
PA S S E A R
36 C A S C ATA D O S A N J O S COMER
37 CASA DE PEDRA
PA S S E A R MADEIRA COMER MADEIRA
CASCATA CASA
DE PEDRA
DOS ANJOS
Q U E M não saiba ao que vai, surpreende-se
com a força da água que cai da montanha
em plena estrada regional 101. No início
desta parte do caminho há avisos que ali
proíbem – ou desaconselham – a circula-
ção, mas o certo é que é dos lugares mais
visitados da Madeira – ou não fosse ele,
também, um dos mais instagramáveis.
A cascata dos Anjos fica na antiga N Ã O E S T R A N H E se, ao entrar, for
estrada que liga a Ponta do Sol a Madalena recebido por um papagaio no ombro da
do Mar, perto da pequena localidade que dona. Parece uma cena retirada de um
lhe dá nome. A queda de água tem mais parque de diversões, mas é só a maneira
de 10 metros de altura e, além de ser bem de Luísa fazer a vontade ao seu animal
fria, cai com bastante intensidade. Ainda de estimação. “Ela quando diz ‘lalá’ é
assim, é habitual os mais encalorados porque quer saltar para o meu ombro”,
refrescarem-se na cascata, seja em pose explica. Alto lá, ela? “Sim, é uma fémea,
PA S S E A R
36 C A S C ATA D O S A N J O S COMER
37 CASA DE PEDRA
EXPLORAR MADEIRA
CAMINHOS
REAIS
HÁ SEIS ANTIGOS CAMINHOS REAIS PARA EXPLORAR
EXPLORAR
38 CAMINHOS REAIS EXPLORAR
39 CAMINHOS REAIS
EXPLORAR MADEIRA
CAMINHOS
REAIS
HÁ SEIS ANTIGOS CAMINHOS REAIS PARA EXPLORAR
EXPLORAR
38 CAMINHOS REAIS EXPLORAR
39 CAMINHOS REAIS
BEBER MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
TABERNA VEREDA
DA PONCHA
VE4, SERRA D’ÁGUA, RIBEIRA BRAVA. 291 952 312
DO FANAL
C H A M A M - L H E , há muito, Pérola do
Atlântico, mas a verdade é que a Madeira
esconde outras joias que nada têm
a ver com o mar. Esta é uma delas.
O percurso que atravessa a mancha
de floresta laurissilva da serra do Fanal
oferece vistas completamente diferentes
daquelas que se encontram nos postais
ilustrados do arquipélago. Mas, nem por
isso, menos belas, muito pelo contrário.
O F U N D A D O R da casa, José Gomes do Não são só as áreas de floresta
Vale, iria estranhar o cenário atual. Quando densa, Património Mundial Natural
fundou esta antiga mercearia, há quase da unesco, que surpreendem pelo
70 anos, as paredes não estavam forradas estado praticamente intacto – algumas
a cachecóis, cartões e notas deixados pelos das árvores mais antigas da Madeira,
visitantes de todo o mundo que ali che- as tis, encontram-se aqui –, mas também
BEBER
40 TA B E R N A DA P O N C H A PA S S E A R
41 V E R E D A D O FA N A L
BEBER MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
TABERNA VEREDA
DA PONCHA
VE4, SERRA D’ÁGUA, RIBEIRA BRAVA. 291 952 312
DO FANAL
C H A M A M - L H E , há muito, Pérola do
Atlântico, mas a verdade é que a Madeira
esconde outras joias que nada têm
a ver com o mar. Esta é uma delas.
O percurso que atravessa a mancha
de floresta laurissilva da serra do Fanal
oferece vistas completamente diferentes
daquelas que se encontram nos postais
ilustrados do arquipélago. Mas, nem por
isso, menos belas, muito pelo contrário.
O F U N D A D O R da casa, José Gomes do Não são só as áreas de floresta
Vale, iria estranhar o cenário atual. Quando densa, Património Mundial Natural
fundou esta antiga mercearia, há quase da unesco, que surpreendem pelo
70 anos, as paredes não estavam forradas estado praticamente intacto – algumas
a cachecóis, cartões e notas deixados pelos das árvores mais antigas da Madeira,
visitantes de todo o mundo que ali che- as tis, encontram-se aqui –, mas também
BEBER
40 TA B E R N A DA P O N C H A PA S S E A R
41 V E R E D A D O FA N A L
COMER MADEIRA P E D R A ou objeto pesado que serve pelos pratos de peixe e marisco, sempre
de âncora – assim se define a palavra frescos e bem temperados. Hoje, já com
A POITA
“poita” no dicionário. João Tadeu três décadas de serviço, conta com a
Fernandes, proprietário do restaurante ajuda da mulher, Angelina, e de quatro
A Poita, na Madalena do Mar, diz que dos cinco filhos do casal. “Fica tudo em
é “uma amarra ao mar”, e que também família, como eu gosto.”
é isso que este lugar representa para si. No interior do restaurante, a sala
Nascido na Madeira, chegou a viver luminosa tem uma decoração simples,
em Moçambique e na África do Sul, com motivos marítimos. Lá fora, do
sempre com o regresso à ilha em mente. outro lado da estrada, fica a esplanada.
É pescador desde que se lembra e foi Os desenhos pintados na parede, rua
do seu ofício que surgiu a ideia de abrir acima, ilustram o fundo do mar com
ESTRADA DOS LOMBOS, 1
um restaurante. Em 1989 inaugurou polvos, chocos, lulas e uma série de
MADALENA DO MAR. 962 929 687
A Poita, ainda sem licenças nem peixes coloridos. Para rematar, soma-se
registos, regularizando pouco depois a mesa mais especial da casa, construída
a situação. Ele próprio trazia do mar o no interior de uma pequena canoa. Seja
peixe, que depois arranjava e cozinhava, nesta ou numa das outras o que mais se
embora os amigos e clientes frequentes vê comer é peixe e marisco, do bodião
da casa sorriam ao ouvir contar esta às castanhetas, dos caramujos às lapas.
história, garantindo que o pescador Destaca-se a fragateira (30€), prato
não a consegue contar duas vezes recomendado pelo próprio senhor
da mesma maneira – daí a alcunha João, que é uma espécie de caldeiradada
de João Mentiroso. e vem – verdade, verdadinha – bem
Mas mentira isto não é: com mão recheada com camarões, lapas e pes-
para a cozinha, começou a fazer sucesso cado variado.
COMER
42 A P OI TA COMER
43 A P OI TA
COMER MADEIRA P E D R A ou objeto pesado que serve pelos pratos de peixe e marisco, sempre
de âncora – assim se define a palavra frescos e bem temperados. Hoje, já com
A POITA
“poita” no dicionário. João Tadeu três décadas de serviço, conta com a
Fernandes, proprietário do restaurante ajuda da mulher, Angelina, e de quatro
A Poita, na Madalena do Mar, diz que dos cinco filhos do casal. “Fica tudo em
é “uma amarra ao mar”, e que também família, como eu gosto.”
é isso que este lugar representa para si. No interior do restaurante, a sala
Nascido na Madeira, chegou a viver luminosa tem uma decoração simples,
em Moçambique e na África do Sul, com motivos marítimos. Lá fora, do
sempre com o regresso à ilha em mente. outro lado da estrada, fica a esplanada.
É pescador desde que se lembra e foi Os desenhos pintados na parede, rua
do seu ofício que surgiu a ideia de abrir acima, ilustram o fundo do mar com
ESTRADA DOS LOMBOS, 1
um restaurante. Em 1989 inaugurou polvos, chocos, lulas e uma série de
MADALENA DO MAR. 962 929 687
A Poita, ainda sem licenças nem peixes coloridos. Para rematar, soma-se
registos, regularizando pouco depois a mesa mais especial da casa, construída
a situação. Ele próprio trazia do mar o no interior de uma pequena canoa. Seja
peixe, que depois arranjava e cozinhava, nesta ou numa das outras o que mais se
embora os amigos e clientes frequentes vê comer é peixe e marisco, do bodião
da casa sorriam ao ouvir contar esta às castanhetas, dos caramujos às lapas.
história, garantindo que o pescador Destaca-se a fragateira (30€), prato
não a consegue contar duas vezes recomendado pelo próprio senhor
da mesma maneira – daí a alcunha João, que é uma espécie de caldeiradada
de João Mentiroso. e vem – verdade, verdadinha – bem
Mas mentira isto não é: com mão recheada com camarões, lapas e pes-
para a cozinha, começou a fazer sucesso cado variado.
COMER
42 A P OI TA COMER
43 A P OI TA
PA S S E A R MADEIRA
DAS
de água, que caem na lagoa que marca o
final do percurso. Algumas delas de uma
S E R Á , porventura, a mais conhecida altura considerável. Há quem arrisque
25 FONTES
e percorrida das levadas madeirenses. molhar-se, mas a temperatura não cos-
Segue paralela a uma outra quase tão tuma ser convidativa. É, também, possível
famosa, a Levada do Risco – vão ambas (e aconselhável) fazer um pequeno desvio
do Posto Florestal do Rabaçal, em pleno para ver a imponente cascata do Risco.
bosque da Laurissilva, até à central A rota está muito bem assinalada e
hidroelétrica da Calheta. protegida com varandis, mas convém
A caminhada é feita pelo meio ter uma condição física razoável
POSTO FLORESTAL DO RABAÇAL, da floresta, seguindo os canais de e equipamento apropriado para o
CALHETA. A CÂMARA MUNICIPAL irrigação – as levadas – em zonas conseguir percorrer na totalidade.
DA CALHETA PROVIDENCIA UM AUTOCARRO mais e menos estreitas, mais escuras O regresso é feito pelo mesmo caminho
ATÉ AO INÍCIO DO PERCURSO, QUE e menos escuras, mas quase todas – são 4,5 quilómetros para cada lado.
FOTOGRAFIA DR
TEM 9 KM E DEMORA 3H30. com uma beleza capaz de deixar
PREÇO DO BILHETE DO AUTOCARRO: até o mais insensível dos viajantes
5€ (IDA E VOLTA) ligeiramente boquiaberto.
PA S S E A R
44 L E VA DA DAS 2 5 FO N T E S PA S S E A R
45 L E VA DA DAS 2 5 FO N T E S
PA S S E A R MADEIRA
DAS
de água, que caem na lagoa que marca o
final do percurso. Algumas delas de uma
S E R Á , porventura, a mais conhecida altura considerável. Há quem arrisque
25 FONTES
e percorrida das levadas madeirenses. molhar-se, mas a temperatura não cos-
Segue paralela a uma outra quase tão tuma ser convidativa. É, também, possível
famosa, a Levada do Risco – vão ambas (e aconselhável) fazer um pequeno desvio
do Posto Florestal do Rabaçal, em pleno para ver a imponente cascata do Risco.
bosque da Laurissilva, até à central A rota está muito bem assinalada e
hidroelétrica da Calheta. protegida com varandis, mas convém
A caminhada é feita pelo meio ter uma condição física razoável
POSTO FLORESTAL DO RABAÇAL, da floresta, seguindo os canais de e equipamento apropriado para o
CALHETA. A CÂMARA MUNICIPAL irrigação – as levadas – em zonas conseguir percorrer na totalidade.
DA CALHETA PROVIDENCIA UM AUTOCARRO mais e menos estreitas, mais escuras O regresso é feito pelo mesmo caminho
ATÉ AO INÍCIO DO PERCURSO, QUE e menos escuras, mas quase todas – são 4,5 quilómetros para cada lado.
FOTOGRAFIA DR
TEM 9 KM E DEMORA 3H30. com uma beleza capaz de deixar
PREÇO DO BILHETE DO AUTOCARRO: até o mais insensível dos viajantes
5€ (IDA E VOLTA) ligeiramente boquiaberto.
PA S S E A R
44 L E VA DA DAS 2 5 FO N T E S PA S S E A R
45 L E VA DA DAS 2 5 FO N T E S
DORMIR MADEIRA paralelo, nas vilas Boal e Verdelho, bem
como a oito casas isoladas.
Inauguradas em outubro de 2020,
as casas têm sala, kitchenette e pátio,
sempre com vista para os socalcos
e o oceano. As construções ocupam
apenas 20% da propriedade e o terreno
em volta delas voltou a ser cultivado,
estando rodeadas de canas de açúcar,
bananeiras, ervas aromáticas e vinhas.
As frutas e hortícolas aqui produzidos
servem para abastecer a cozinha do
restaurante A Razão, que fica no socalco
inferior, com vista para a piscina
antes do mar.
A ementa muda de dia para dia,
conforme aquilo que a horta vai dando.
O menu de degustação tem entre três
a cinco pratos e, apesar de ser sempre
uma surpresa, é invariavelmente fresco,
saudável e regional. O próximo passo
F O I A M O R à primeira vista. Assim que é produzir o próprio vinho Madeira,
viu o antigo solar do século xvii, inse- o que, com o lagar e a adega quase
rido num terreno agrícola há décadas prontos, está para breve. Será mais um
abandonado, Octávio Freitas soube que argumento para confirmar as palavras
aquela era a sua casa. O chef de cozinha de Octávio: “Este é o hotel mais madei-
sonhava há muito com um lugar tran- rense da Madeira, em todos os sentidos.
quilo, no meio da natureza, para onde se Isto que aqui se encontra não se vê em
pudesse retirar quando o stress do dia a Ibiza nem nas Canárias. Isto encontra-
dia aperta. Mas aquela terra tinha “uma -se no Socalco, na Calheta.”
tal energia” que rapidamente trocou as
voltas a Octávio – que em vez de fazer
dela um sítio para descansar, criou ali
um novo projeto profissional. “Este
lugar é como um amor pelo qual se
espera muito e que, quando se encontra,
se quer manter para a vida. Estou com-
pletamente apaixonado por ele.”
Foi durante o ano de 2020, em plena
pandemia, que a ideia ganhou forma.
SOCALCO
O objetivo era criar um projeto que
combinasse gastronomia, alojamento e
agricultura. Com um único hectare que
DORMIR
46 S O C A LC O N AT U R E C A L H E TA DORMIR
47 S O C A LC O N AT U R E C A L H E TA
DORMIR MADEIRA paralelo, nas vilas Boal e Verdelho, bem
como a oito casas isoladas.
Inauguradas em outubro de 2020,
as casas têm sala, kitchenette e pátio,
sempre com vista para os socalcos
e o oceano. As construções ocupam
apenas 20% da propriedade e o terreno
em volta delas voltou a ser cultivado,
estando rodeadas de canas de açúcar,
bananeiras, ervas aromáticas e vinhas.
As frutas e hortícolas aqui produzidos
servem para abastecer a cozinha do
restaurante A Razão, que fica no socalco
inferior, com vista para a piscina
antes do mar.
A ementa muda de dia para dia,
conforme aquilo que a horta vai dando.
O menu de degustação tem entre três
a cinco pratos e, apesar de ser sempre
uma surpresa, é invariavelmente fresco,
saudável e regional. O próximo passo
F O I A M O R à primeira vista. Assim que é produzir o próprio vinho Madeira,
viu o antigo solar do século xvii, inse- o que, com o lagar e a adega quase
rido num terreno agrícola há décadas prontos, está para breve. Será mais um
abandonado, Octávio Freitas soube que argumento para confirmar as palavras
aquela era a sua casa. O chef de cozinha de Octávio: “Este é o hotel mais madei-
sonhava há muito com um lugar tran- rense da Madeira, em todos os sentidos.
quilo, no meio da natureza, para onde se Isto que aqui se encontra não se vê em
pudesse retirar quando o stress do dia a Ibiza nem nas Canárias. Isto encontra-
dia aperta. Mas aquela terra tinha “uma -se no Socalco, na Calheta.”
tal energia” que rapidamente trocou as
voltas a Octávio – que em vez de fazer
dela um sítio para descansar, criou ali
um novo projeto profissional. “Este
lugar é como um amor pelo qual se
espera muito e que, quando se encontra,
se quer manter para a vida. Estou com-
pletamente apaixonado por ele.”
Foi durante o ano de 2020, em plena
pandemia, que a ideia ganhou forma.
SOCALCO
O objetivo era criar um projeto que
combinasse gastronomia, alojamento e
agricultura. Com um único hectare que
DORMIR
46 S O C A LC O N AT U R E C A L H E TA DORMIR
47 S O C A LC O N AT U R E C A L H E TA
V I S I TA R MADEIRA BEBER MADEIRA
QUINTA
europeia. Um espaço pequeno, de arqui-
Lisboa para a Ponta do Pargo. Tinha tetura contemporânea – inserido no piso
de arranjar formas de me entreter.” térreo de um edifício antigo – onde se
E arranjou-as. Para estimular a serve café de especialidade torrado na
PEDAGÓGICA
economia local, cedo estabeleceu Madeira pela Odd Coffee Roastery, bolos
relações com os produtores da região e e tartes caseiras apetecíveis, com fruta de
começou a transformar a matéria-prima produtores locais.
DOS
em sidra, vinagres de sidra, compotas A estranheza de encontrar um projeto
ou infusões, entre outros. Fundou, em assim neste local algo inóspito explica-se
PRAZERES
2000, uma Quinta Pedagógica que RUA DA IGREJA, 2, PRAZERES. 291 823 201 desta forma: o XS Café pertence a Carolina
se tornou uma grande atração para STUDIODOIS.EU / @XSCAFE Sumares e Rik Den Heijer, os dois arquite-
uma zona, até então, pouco visitada, tos responsáveis pelo ateliê Studiodois. “O
combatendo assim a desertificação – o ateliê ‘divide’ o espaço com o café, estamos
espaço inclui um mini jardim zoológico, na porta mesmo ao lado”, explica Carolina.
um jardim botânico, árvores de fruto A ideia de unir os dois negócios nasce de
↓ FOTOGRAFIAS DR
e um pequeno núcleo museológico. uma exigência do proprietário: “Ele só
Ao todo, do portefólio da Quinta aceitou arrendar o espaço com a condição
fazem parte cerca de 70 produtos de manter o café – sempre existiu aqui
premiados em diversos concursos. um espaço comercial. Como a área que
As sidras, pela tradição que existe precisávamos para o ateliê não era muito
na Madeira, são uma espécie de porta- grande, resolvemos arriscar.”
↑ FOTOGRAFIAS TIAGO PAIS
V I S I TA R
48 Q U I N TA P E DAG Ó G IC A D O S P R A Z E R E S BEBER
49 XS CAFÉ
V I S I TA R MADEIRA BEBER MADEIRA
QUINTA
europeia. Um espaço pequeno, de arqui-
Lisboa para a Ponta do Pargo. Tinha tetura contemporânea – inserido no piso
de arranjar formas de me entreter.” térreo de um edifício antigo – onde se
E arranjou-as. Para estimular a serve café de especialidade torrado na
PEDAGÓGICA
economia local, cedo estabeleceu Madeira pela Odd Coffee Roastery, bolos
relações com os produtores da região e e tartes caseiras apetecíveis, com fruta de
começou a transformar a matéria-prima produtores locais.
DOS
em sidra, vinagres de sidra, compotas A estranheza de encontrar um projeto
ou infusões, entre outros. Fundou, em assim neste local algo inóspito explica-se
PRAZERES
2000, uma Quinta Pedagógica que RUA DA IGREJA, 2, PRAZERES. 291 823 201 desta forma: o XS Café pertence a Carolina
se tornou uma grande atração para STUDIODOIS.EU / @XSCAFE Sumares e Rik Den Heijer, os dois arquite-
uma zona, até então, pouco visitada, tos responsáveis pelo ateliê Studiodois. “O
combatendo assim a desertificação – o ateliê ‘divide’ o espaço com o café, estamos
espaço inclui um mini jardim zoológico, na porta mesmo ao lado”, explica Carolina.
um jardim botânico, árvores de fruto A ideia de unir os dois negócios nasce de
↓ FOTOGRAFIAS DR
e um pequeno núcleo museológico. uma exigência do proprietário: “Ele só
Ao todo, do portefólio da Quinta aceitou arrendar o espaço com a condição
fazem parte cerca de 70 produtos de manter o café – sempre existiu aqui
premiados em diversos concursos. um espaço comercial. Como a área que
As sidras, pela tradição que existe precisávamos para o ateliê não era muito
na Madeira, são uma espécie de porta- grande, resolvemos arriscar.”
↑ FOTOGRAFIAS TIAGO PAIS
V I S I TA R
48 Q U I N TA P E DAG Ó G IC A D O S P R A Z E R E S BEBER
49 XS CAFÉ
EXPLORAR MADEIRA D O S P R A Z E R E S ao Paúl do Mar para cima e para baixo, com cargas
é uma viagem curta, porém notável: pesadíssimas às costas. Mas a verdade
PAÚL
a estrada serpenteia escarpa abaixo, é que andaram.
oferecendo vistas magníficas sobre a Na direção oeste, a povoação seguinte
imensidão do mar e a pequena freguesia dá pelo nome de Fajã da Ovelha, e nela
piscatória defronte deste. ainda se encontram as ruínas da antiga
Essa viagem pode ser feita de carro fábrica de manteiga Águia, outrora muito
M A K TU B
IA expressão árabe “maktub” celebrizou-
se com a telenovela da Globo O Clone.
Significa “estava escrito”. É uma forma
de Fábio Afonso, o responsável pelo
espaço, dizer a quem aqui chega
para deixar o que sucede na mão do
destino. O que interessa é chegar. “O
que também interessa é este lifestyle”,
acrescenta Fábio, de sorriso nos
lábios, apontando para os grupos de
clientes bem-dispostos de mojito na
mão – o cocktail especialidade da casa
– enquanto esperam o pôr do sol. “O
melhor pôr do sol da Madeira”, avisa o
anfitrião, que de junho a setembro gere
ainda uma pequena dependência do
Maktub na praia.
O ocaso cumpre o prometido, num
espectáculo que serve de aperitivo ao
prato principal: lagosta madeirense
capturada no dia anterior. Uma raridade,
avisa-nos. “Apanhamos apenas 30 a
35 por ano. Quando temos, enviamos
logo foto aos clientes habituais e eles
reservam.” A sala está cheia, de facto,
os mojitos continuam a sair do bar e a
chegar às mesas. Mojito com lagosta,
uma combinação inesperada a acontecer
à frente dos nossos olhos. O que fazer?
Estava escrito.
AVENIDA DOS PESCADORES
EXPLORAR
50 PAÚ L D O M A R EXPLORAR
51 PAÚ L D O M A R
EXPLORAR MADEIRA D O S P R A Z E R E S ao Paúl do Mar para cima e para baixo, com cargas
é uma viagem curta, porém notável: pesadíssimas às costas. Mas a verdade
PAÚL
a estrada serpenteia escarpa abaixo, é que andaram.
oferecendo vistas magníficas sobre a Na direção oeste, a povoação seguinte
imensidão do mar e a pequena freguesia dá pelo nome de Fajã da Ovelha, e nela
piscatória defronte deste. ainda se encontram as ruínas da antiga
Essa viagem pode ser feita de carro fábrica de manteiga Águia, outrora muito
M A K TU B
IA expressão árabe “maktub” celebrizou-
se com a telenovela da Globo O Clone.
Significa “estava escrito”. É uma forma
de Fábio Afonso, o responsável pelo
espaço, dizer a quem aqui chega
para deixar o que sucede na mão do
destino. O que interessa é chegar. “O
que também interessa é este lifestyle”,
acrescenta Fábio, de sorriso nos
lábios, apontando para os grupos de
clientes bem-dispostos de mojito na
mão – o cocktail especialidade da casa
– enquanto esperam o pôr do sol. “O
melhor pôr do sol da Madeira”, avisa o
anfitrião, que de junho a setembro gere
ainda uma pequena dependência do
Maktub na praia.
O ocaso cumpre o prometido, num
espectáculo que serve de aperitivo ao
prato principal: lagosta madeirense
capturada no dia anterior. Uma raridade,
avisa-nos. “Apanhamos apenas 30 a
35 por ano. Quando temos, enviamos
logo foto aos clientes habituais e eles
reservam.” A sala está cheia, de facto,
os mojitos continuam a sair do bar e a
chegar às mesas. Mojito com lagosta,
uma combinação inesperada a acontecer
à frente dos nossos olhos. O que fazer?
Estava escrito.
AVENIDA DOS PESCADORES
EXPLORAR
50 PAÚ L D O M A R EXPLORAR
51 PAÚ L D O M A R
DORMIR MADEIRA Os nomes das casas variam consoante
as características que estas tinham antes de
serem recuperadas: há a Casa da Cascata,
CASAS
que fica a dois passos de uma pequena
queda de água, a Casa da Vaca, que servia
de estábulo, ou a Casa da Horta, onde anti-
gamente se plantavam hortícolas. Todas
DA LEVADA
são decoradas conjugando linhas contem-
porâneas com pormenores de avó – ou não
fosse mesmo a avó do arquiteto a costurar
as cortinas e os saquinhos do pão que ele
desenha, onde diariamente é entregue o
pão fresco à porta, para o pequeno-almoço.
No exterior, não faltam pequenos recantos
RUA DA LOMBADINHA - CORUJEIRA, 20
para descobrir, como os espaços verdes
PONTA DO PARGO, CALHETA. 291 148 277
O P E Q U E N O refúgio de uma família de junto à entrada ou até um inesperado roof-
CASASDALEVADA.COM
quatro deu origem a uma mudança de vida top, num terraço em relva construído em
ESTADIA A PARTIR DE 85€/NOITE
e a um negócio familiar. São os pais, Maria pleno telhado.
Helena e Joaquim Abreu, que estão à frente Por estarem no limite da Floresta Natu-
das Casas da Levada, mas foi o filho mais ral da Laurissilva, as Casas da Levada são
velho do casal, André, quem deu início a procuradas por quem gosta de natureza. “As
este projeto conjunto – que começou com pessoas vêm para conhecer a floresta, para
um desenho em papel. O recém-formado percorrer os caminhos reais, para explorar
DORMIR
52 CASAS DA L E VA DA DORMIR
53 CASAS DA L E VA DA
DORMIR MADEIRA Os nomes das casas variam consoante
as características que estas tinham antes de
serem recuperadas: há a Casa da Cascata,
CASAS
que fica a dois passos de uma pequena
queda de água, a Casa da Vaca, que servia
de estábulo, ou a Casa da Horta, onde anti-
gamente se plantavam hortícolas. Todas
DA LEVADA
são decoradas conjugando linhas contem-
porâneas com pormenores de avó – ou não
fosse mesmo a avó do arquiteto a costurar
as cortinas e os saquinhos do pão que ele
desenha, onde diariamente é entregue o
pão fresco à porta, para o pequeno-almoço.
No exterior, não faltam pequenos recantos
RUA DA LOMBADINHA - CORUJEIRA, 20
para descobrir, como os espaços verdes
PONTA DO PARGO, CALHETA. 291 148 277
O P E Q U E N O refúgio de uma família de junto à entrada ou até um inesperado roof-
CASASDALEVADA.COM
quatro deu origem a uma mudança de vida top, num terraço em relva construído em
ESTADIA A PARTIR DE 85€/NOITE
e a um negócio familiar. São os pais, Maria pleno telhado.
Helena e Joaquim Abreu, que estão à frente Por estarem no limite da Floresta Natu-
das Casas da Levada, mas foi o filho mais ral da Laurissilva, as Casas da Levada são
velho do casal, André, quem deu início a procuradas por quem gosta de natureza. “As
este projeto conjunto – que começou com pessoas vêm para conhecer a floresta, para
um desenho em papel. O recém-formado percorrer os caminhos reais, para explorar
DORMIR
52 CASAS DA L E VA DA DORMIR
53 CASAS DA L E VA DA
PA S S E A R MADEIRA BEBER MADEIRA
TELEFÉRICO ESTRELA
DAS ACHADAS DA MANHÃ
DA CRUZ LAMACEIROS, PORTO MONIZ
Quebrada, o destino e a partida destas nos guias – nesta Madeira, é possível piscar
cabines presas por um fio. Um local idí- o olho à merceeira-taberneira e pedir um
lico onde só há mar, gatos, vista para as copinho de vinho da casa, literalmente das
falésias, uns quantos terrenos cultivados traseiras da casa. Porque é aí que Maria
e pequenas casas de apoio à agricultura e Manuel têm a vinha de verdelho que, a
– garantem-nos os locais que algumas cada ano, alimenta a sede dos seus clientes
podem ser arrendadas no verão para mais fiéis. Um vinho dócil sem ser doce,
CAMINHO DO TELEFÉRICO, ACHADAS DA CRUZ uma experiência de estadia memorável. e que, não sendo Madeira, não podia ser
291 852 951. PREÇO DO BILHETE: 3€ (IDA E VOLTA) E de viagens também. mais madeirense.
PA S S E A R
54 TELEFÉRICO DAS ACHADAS DA CRUZ BEBER
55 ESTRELA DA MANHÃ
PA S S E A R MADEIRA BEBER MADEIRA
TELEFÉRICO ESTRELA
DAS ACHADAS DA MANHÃ
DA CRUZ LAMACEIROS, PORTO MONIZ
Quebrada, o destino e a partida destas nos guias – nesta Madeira, é possível piscar
cabines presas por um fio. Um local idí- o olho à merceeira-taberneira e pedir um
lico onde só há mar, gatos, vista para as copinho de vinho da casa, literalmente das
falésias, uns quantos terrenos cultivados traseiras da casa. Porque é aí que Maria
e pequenas casas de apoio à agricultura e Manuel têm a vinha de verdelho que, a
– garantem-nos os locais que algumas cada ano, alimenta a sede dos seus clientes
podem ser arrendadas no verão para mais fiéis. Um vinho dócil sem ser doce,
CAMINHO DO TELEFÉRICO, ACHADAS DA CRUZ uma experiência de estadia memorável. e que, não sendo Madeira, não podia ser
291 852 951. PREÇO DO BILHETE: 3€ (IDA E VOLTA) E de viagens também. mais madeirense.
PA S S E A R
54 TELEFÉRICO DAS ACHADAS DA CRUZ BEBER
55 ESTRELA DA MANHÃ
MERGULHAR MADEIRA
PISCINAS
DO PORTO
A T É M E A D O S do século xx , a vila
de Porto Moniz era isolada e de difícil
acesso. Conhecida outrora pelo porto de
MONIZ
pesca e pela caça à baleia, a localidade é
hoje célebre pelas suas piscinas naturais
formadas através da solidificação de
lava vulcânica – são um dos pontos mais
fotografados da ilha e, sem dúvida, um
dos mais fotogénicos. As duas áreas
balneares na vila estão separadas por
apenas 600 metros de distância, que
facilmente se percorrem a pé, junto
à costa.
As primeiras piscinas são as mais
antigas, que ficam à entrada da vila
e são de acesso livre. Apelidadas de
piscinas naturais do Cachalote, são
esculpidas entre rochas de origem
vulcânica e dividem-se em diferentes
áreas. As rochas são paralelas entre
si e formam corredores de água, com
MERGULHAR
56 PISCINAS DO PORTO MONIZ MERGULHAR
57 PISCINAS DO PORTO MONIZ
MERGULHAR MADEIRA
PISCINAS
DO PORTO
A T É M E A D O S do século xx , a vila
de Porto Moniz era isolada e de difícil
acesso. Conhecida outrora pelo porto de
MONIZ
pesca e pela caça à baleia, a localidade é
hoje célebre pelas suas piscinas naturais
formadas através da solidificação de
lava vulcânica – são um dos pontos mais
fotografados da ilha e, sem dúvida, um
dos mais fotogénicos. As duas áreas
balneares na vila estão separadas por
apenas 600 metros de distância, que
facilmente se percorrem a pé, junto
à costa.
As primeiras piscinas são as mais
antigas, que ficam à entrada da vila
e são de acesso livre. Apelidadas de
piscinas naturais do Cachalote, são
esculpidas entre rochas de origem
vulcânica e dividem-se em diferentes
áreas. As rochas são paralelas entre
si e formam corredores de água, com
MERGULHAR
56 PISCINAS DO PORTO MONIZ MERGULHAR
57 PISCINAS DO PORTO MONIZ
EXPLORAR MADEIRA A RIBEIRA DA JANELA, A PRAIA COMER MADEIRA
E OS MIRADOUROS SÃO ACESSÍVEIS
LOUNGE
LIGA PORTO MONIZ A SÃO VICENTE
Mas o tesouro está para lá da sombra das
grandes lonas e das espreguiçadeiras – que
BAR CLUBE
se alugam –, no Lounge Bar, comummente
apelidado de bar do clube.
O que mais se vê pelas mesas ao longo
NAVAL DO
da tarde são os cocktails, das caipirinhas
aos mojitos. “Não se bebe igual na Madeira
inteira”, garante um dos responsáveis pelo
projeto, Ernesto Fernandes, num portu-
SEIXAL
nhol cantado. Viveu mais de 30 anos na
Venezuela, mas foi na Madeira que nasceu
e passou a sua infância, sempre na praia.
Filho de pescador, desde pequeno que
passava horas a apanhar lapas nas rochas,
CAIS DO SEIXAL, PORTO MONIZ. 918 240 118
para as comer ainda cruas. “É assim que
elas sabem melhor.” Talvez por isso esteja
M E S M O em frente à praia do Seixal hoje, tantos anos depois, a servir aquelas
fica uma passagem que está longe de ser que muitos garantem ser as melhores lapas
secreta, já que dá acesso ao Clube Naval da ilha inteira.
RIBEIRA
do Seixal. Ali há um complexo balnear que Sempre provenientes da costa norte,
convida a mergulhos, com uma piscina as lapas que aqui se servem nunca têm
natural ampla, circular, protegida por areia porque são de mergulho e não de
DA JANELA
grandes pedras onde tanto os lagartos calhau. “O segredo na confeção é não dei-
como os banhistas se estendem ao sol. xar queimar a casca. E não pôr temperos:
é só a lapa mesmo.” Chegam à mesa ainda
a borbulhar e, com o valor fixado nos 8€,
incluem já uma dose generosa de bolo
do caco com manteiga e alho. A vista
é oferta da casa.
EXPLORAR
58 RIBEIRA DA JANELA COMER
59 LO U N G E BA R C LU B E N AVA L D O S E I X A L
EXPLORAR MADEIRA A RIBEIRA DA JANELA, A PRAIA COMER MADEIRA
E OS MIRADOUROS SÃO ACESSÍVEIS
LOUNGE
LIGA PORTO MONIZ A SÃO VICENTE
Mas o tesouro está para lá da sombra das
grandes lonas e das espreguiçadeiras – que
BAR CLUBE
se alugam –, no Lounge Bar, comummente
apelidado de bar do clube.
O que mais se vê pelas mesas ao longo
NAVAL DO
da tarde são os cocktails, das caipirinhas
aos mojitos. “Não se bebe igual na Madeira
inteira”, garante um dos responsáveis pelo
projeto, Ernesto Fernandes, num portu-
SEIXAL
nhol cantado. Viveu mais de 30 anos na
Venezuela, mas foi na Madeira que nasceu
e passou a sua infância, sempre na praia.
Filho de pescador, desde pequeno que
passava horas a apanhar lapas nas rochas,
CAIS DO SEIXAL, PORTO MONIZ. 918 240 118
para as comer ainda cruas. “É assim que
elas sabem melhor.” Talvez por isso esteja
M E S M O em frente à praia do Seixal hoje, tantos anos depois, a servir aquelas
fica uma passagem que está longe de ser que muitos garantem ser as melhores lapas
secreta, já que dá acesso ao Clube Naval da ilha inteira.
RIBEIRA
do Seixal. Ali há um complexo balnear que Sempre provenientes da costa norte,
convida a mergulhos, com uma piscina as lapas que aqui se servem nunca têm
natural ampla, circular, protegida por areia porque são de mergulho e não de
DA JANELA
grandes pedras onde tanto os lagartos calhau. “O segredo na confeção é não dei-
como os banhistas se estendem ao sol. xar queimar a casca. E não pôr temperos:
é só a lapa mesmo.” Chegam à mesa ainda
a borbulhar e, com o valor fixado nos 8€,
incluem já uma dose generosa de bolo
do caco com manteiga e alho. A vista
é oferta da casa.
EXPLORAR
58 RIBEIRA DA JANELA COMER
59 LO U N G E BA R C LU B E N AVA L D O S E I X A L
MERGULHAR MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
A E S T R A D A que desce da aldeia do descobrindo duas praias de uma só vez:
Seixal até ao mar é tão íngreme que a Fajã da Areia, onde tanto se apanham
poucos são os que se atrevem a dobrar ondas como se dá um mergulho, e a
as suas esquinas de carro. A descida faz- praia do Calhau, onde praticamente
-se pé ante pé e para subir é uma carga O N O M E da terra deve-se, segundo reza só se veem surfistas.
de trabalhos – mas vale bem a pena o a lenda, à aparição do próprio São Vicente Próximas como são, teriam provavel-
esforço. As piscinas naturais do Seixal, sobre um rochedo. Ali, onde a ribeira desa- mente as mesmíssimas condições não
também conhecidas como Poça das gua no mar, foi construída, em 1694, uma fosse a Fajã da Areia ter um quebra-mar,
Lesmas, são vizinhas das piscinas natu- pequena capela em sua homenagem. Assim uma estrutura ali colocada para proteger
rais de Porto Moniz e representam uma passou a chamar-se São Vicente à locali- a costa que ameniza um pouco as ondas e
belíssima e mais recatada alternativa. dade, à ribeira, à capela e também à praia as correntes. Já a praia do Calhau, com um
Por entre caminhos esculpidos em de onde tudo se vê. “areal” de calhau rolado e sem vigilância,
pedra sobre as rochas vulcânicas, há Pela promenade que liga o Varadouro é conhecida pelas ondas perfeitas e cons-
dois espaços distintos para mergulhos. à Baía dos Juncos percorrem-se a tantes ao longo de todo o ano, a rondar
De um lado, fica uma piscina em círculo pé 620 metros, sempre junto ao mar, os dois metros de altura.
com águas pouco profundas e cristali-
nas, emoldurada por rochas que deixam
espreitar para o mar; do outro, uma
enseada que mais parece uma piscina
PRAIA DE
infinita, aberta para o Atlântico.
Ligadas por corredores em pedra e
longas escadarias, as duas piscinas são
SÃO VICENTE
de água bastante fria e aparentemente
calma. Recomenda-se apenas algum
cuidado em dias de maré-cheia quando,
volta e meia, as ondas mais fortes se
fazem passar por cima dos muros.
Quanto às famosas lesmas, nem vê-las.
ER 101, SÃO VICENTE
POÇA
CAMINHO DAS POÇAS, 5
DAS
LESMAS ↓ FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
↑ FOTOGRAFIA DR
MERGULHAR
60 POÇA DAS LESMAS PA S S E A R
61 PRAIA DE SÃO VICENTE
MERGULHAR MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
A E S T R A D A que desce da aldeia do descobrindo duas praias de uma só vez:
Seixal até ao mar é tão íngreme que a Fajã da Areia, onde tanto se apanham
poucos são os que se atrevem a dobrar ondas como se dá um mergulho, e a
as suas esquinas de carro. A descida faz- praia do Calhau, onde praticamente
-se pé ante pé e para subir é uma carga O N O M E da terra deve-se, segundo reza só se veem surfistas.
de trabalhos – mas vale bem a pena o a lenda, à aparição do próprio São Vicente Próximas como são, teriam provavel-
esforço. As piscinas naturais do Seixal, sobre um rochedo. Ali, onde a ribeira desa- mente as mesmíssimas condições não
também conhecidas como Poça das gua no mar, foi construída, em 1694, uma fosse a Fajã da Areia ter um quebra-mar,
Lesmas, são vizinhas das piscinas natu- pequena capela em sua homenagem. Assim uma estrutura ali colocada para proteger
rais de Porto Moniz e representam uma passou a chamar-se São Vicente à locali- a costa que ameniza um pouco as ondas e
belíssima e mais recatada alternativa. dade, à ribeira, à capela e também à praia as correntes. Já a praia do Calhau, com um
Por entre caminhos esculpidos em de onde tudo se vê. “areal” de calhau rolado e sem vigilância,
pedra sobre as rochas vulcânicas, há Pela promenade que liga o Varadouro é conhecida pelas ondas perfeitas e cons-
dois espaços distintos para mergulhos. à Baía dos Juncos percorrem-se a tantes ao longo de todo o ano, a rondar
De um lado, fica uma piscina em círculo pé 620 metros, sempre junto ao mar, os dois metros de altura.
com águas pouco profundas e cristali-
nas, emoldurada por rochas que deixam
espreitar para o mar; do outro, uma
enseada que mais parece uma piscina
PRAIA DE
infinita, aberta para o Atlântico.
Ligadas por corredores em pedra e
longas escadarias, as duas piscinas são
SÃO VICENTE
de água bastante fria e aparentemente
calma. Recomenda-se apenas algum
cuidado em dias de maré-cheia quando,
volta e meia, as ondas mais fortes se
fazem passar por cima dos muros.
Quanto às famosas lesmas, nem vê-las.
ER 101, SÃO VICENTE
POÇA
CAMINHO DAS POÇAS, 5
DAS
LESMAS ↓ FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
↑ FOTOGRAFIA DR
MERGULHAR
60 POÇA DAS LESMAS PA S S E A R
61 PRAIA DE SÃO VICENTE
EXPLORAR MADEIRA
RUÍNAS
T E M P O S houve em que por toda a
Madeira havia quase meia centena de enge-
nhos de cana-do-açúcar, construídos para
DO CALHAU
processar a planta tropical, introduzida na
ilha logo no século xv. Numa primeira fase,
retirava-se dela o chamado ouro branco, o
açúcar, depois – quando o açúcar de outras
paragens começou a invadir o mercado
DE SÃO JORGE
mundial a preços mais baixos –, os enge-
nhos começaram a focar-se na produção
de aguardente. Os que sobram ainda hoje
o fazem, à exceção de um, no Funchal,
dedicado ao mel de cana.
Hoje, a maioria desses antigos enge-
PRAIA DO CALHAU DE SÃO JORGE, SÍTIO nhos consta apenas de livros ou de raras
DO BARRANCO, SÃO JORGE, SANTANA fotografias de época. Mas na costa norte
ainda se encontram alguns vestígios da
sua existência. Um deles está na praia
do Calhau de São Jorge. As ruínas deste
antigo engenho tornam esta praia muito
especial. O arco de entrada, bem conser-
vado, parece agora ser assinalar as boas-
-vindas à praia.
O antigo cais foi um dos mais impor-
tantes da Madeira: recebia os barcos que,
EXPLORAR
62 RUÍNAS DO CALHAU DE SÃO JORGE EXPLORAR
63 RUÍNAS DO CALHAU DE SÃO JORGE
EXPLORAR MADEIRA
RUÍNAS
T E M P O S houve em que por toda a
Madeira havia quase meia centena de enge-
nhos de cana-do-açúcar, construídos para
DO CALHAU
processar a planta tropical, introduzida na
ilha logo no século xv. Numa primeira fase,
retirava-se dela o chamado ouro branco, o
açúcar, depois – quando o açúcar de outras
paragens começou a invadir o mercado
DE SÃO JORGE
mundial a preços mais baixos –, os enge-
nhos começaram a focar-se na produção
de aguardente. Os que sobram ainda hoje
o fazem, à exceção de um, no Funchal,
dedicado ao mel de cana.
Hoje, a maioria desses antigos enge-
PRAIA DO CALHAU DE SÃO JORGE, SÍTIO nhos consta apenas de livros ou de raras
DO BARRANCO, SÃO JORGE, SANTANA fotografias de época. Mas na costa norte
ainda se encontram alguns vestígios da
sua existência. Um deles está na praia
do Calhau de São Jorge. As ruínas deste
antigo engenho tornam esta praia muito
especial. O arco de entrada, bem conser-
vado, parece agora ser assinalar as boas-
-vindas à praia.
O antigo cais foi um dos mais impor-
tantes da Madeira: recebia os barcos que,
EXPLORAR
62 RUÍNAS DO CALHAU DE SÃO JORGE EXPLORAR
63 RUÍNAS DO CALHAU DE SÃO JORGE
V I S I TA R MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
Outra dessas imagens de marca é a vista
que se obtém a partir do seu miradouro
CASAS TÍPICAS
mais visitado: o do Guindaste. Dali, vê-se
A A B U N D Â N C I A de faias fez com que o que resta da costa norte da Madeira
esta freguesia da costa norte recebesse até ao seu extremo oriental, a Ponta de
o mesmo nome que uma das ilhas do São Lourenço. E não só: em dias de boa
DE SANTANA
grupo central dos Açores: Faial. Era neste visibilidade, consegue até vislumbrar-se
Faial madeirense, dividido pela ribeira a ilha do Porto Santo, a mais de 40
homónima, que ficava a maior ponte da quilómetros de distância.
ilha: tinha 130 metros de extensão e sete
arcos, quatro deles derrubados durante
uma fortíssima tempestade em 1984. Os
N Ã O H Á ação de divulgação da Dividem-se, geralmente, em piso térreo três arcos resistentes foram conservados
Madeira que não inclua uma das para habitação e sótão para armazena- como monumento e são uma das imagens
casas típicas de Santana, com o seu mento de materiais agrícolas – em alguns de marca da região.
formato triangular e cores vibrantes. casos, o acesso a este armazém é feito pelo
São conhecidas em todo o mundo, exterior. A cobertura de colmo precisa
ilustram inúmeros postais e cartazes de ser renovada de cinco em cinco anos.
promocionais do arquipélago. Chama-se a esse processo “abafar” a casa.
São, diz-se, um resquício das primei- Ainda se encontram, na costa norte da
ras construções da ilha em que se usavam ilha, alguns raros exemplares que servem
os materiais mais abundantes e, por de habitação própria. A maioria destas
isso, acessíveis aos habitantes: madeiras, casas, porém, são agora monumentos visi-
colmo (palha de trigo e/ou centeio), varas táveis e albergam lojas de produtos típicos
de folhado ou de urze e vimes. e artesanato local. A visita é gratuita.
NÚCLEO DE CASAS
TÍPICAS DE SANTANA.
RUA DO SACRISTÃO
SÍTIO DO SERRADO
SANTANA
MIRADOURO
↑ FOTOGRAFIA DR
DO GUINDASTE
SÍTIO DO GUINDASTE, FAIAL, SANTANA
V I S I TA R
64 C A S A S T Í P IC A S D E S A N TA N A PA S S E A R
65 MIRADOURO DO GUINDASTE
V I S I TA R MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
Outra dessas imagens de marca é a vista
que se obtém a partir do seu miradouro
CASAS TÍPICAS
mais visitado: o do Guindaste. Dali, vê-se
A A B U N D Â N C I A de faias fez com que o que resta da costa norte da Madeira
esta freguesia da costa norte recebesse até ao seu extremo oriental, a Ponta de
o mesmo nome que uma das ilhas do São Lourenço. E não só: em dias de boa
DE SANTANA
grupo central dos Açores: Faial. Era neste visibilidade, consegue até vislumbrar-se
Faial madeirense, dividido pela ribeira a ilha do Porto Santo, a mais de 40
homónima, que ficava a maior ponte da quilómetros de distância.
ilha: tinha 130 metros de extensão e sete
arcos, quatro deles derrubados durante
uma fortíssima tempestade em 1984. Os
N Ã O H Á ação de divulgação da Dividem-se, geralmente, em piso térreo três arcos resistentes foram conservados
Madeira que não inclua uma das para habitação e sótão para armazena- como monumento e são uma das imagens
casas típicas de Santana, com o seu mento de materiais agrícolas – em alguns de marca da região.
formato triangular e cores vibrantes. casos, o acesso a este armazém é feito pelo
São conhecidas em todo o mundo, exterior. A cobertura de colmo precisa
ilustram inúmeros postais e cartazes de ser renovada de cinco em cinco anos.
promocionais do arquipélago. Chama-se a esse processo “abafar” a casa.
São, diz-se, um resquício das primei- Ainda se encontram, na costa norte da
ras construções da ilha em que se usavam ilha, alguns raros exemplares que servem
os materiais mais abundantes e, por de habitação própria. A maioria destas
isso, acessíveis aos habitantes: madeiras, casas, porém, são agora monumentos visi-
colmo (palha de trigo e/ou centeio), varas táveis e albergam lojas de produtos típicos
de folhado ou de urze e vimes. e artesanato local. A visita é gratuita.
NÚCLEO DE CASAS
TÍPICAS DE SANTANA.
RUA DO SACRISTÃO
SÍTIO DO SERRADO
SANTANA
MIRADOURO
↑ FOTOGRAFIA DR
DO GUINDASTE
SÍTIO DO GUINDASTE, FAIAL, SANTANA
V I S I TA R
64 C A S A S T Í P IC A S D E S A N TA N A PA S S E A R
65 MIRADOURO DO GUINDASTE
V I S I TA R MADEIRA COMER MADEIRA
A S U A enorme chaminé vermelha, com 26 se come (e bebe) muitíssimo bem, a
metros de altura, assemelha-se quase a um expectativa de uma refeição gloriosa
A PIPA
farol, tal é a proximidade desta fábrica de aumenta de imediato.
processamento de cana-de-açúcar e desti- Nesta antiga adega onde as pipas ser-
laria com o mar. vem agora, sobretudo, de decoração, o
Fundada em 1927, resultou da união dos cliente pode optar por pedir uma das doses
diversos engenhos que havia no Porto da de lapas, mexilhões, lulas, peixe-espada,
Cruz, daí o nome “Engenhos”, no plural. E atum, polvo ou gambas e irá, com certeza,
ainda conserva alguma maquinaria desse sair bem servido. Mas para ter a experiên-
tempo: “Somos o único engenho da Europa RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS cia premium – chamemos-lhe antes a expe-
que ainda trabalha com máquinas a vapor”, PORTO DA CRUZ. 968 527 400 riência Toy – convém ligar com antecedên-
adianta Luís Faria, da família proprietária. cia e encomendar um dos pratos de tacho:
A chaminé fumega sobretudo entre arroz de lapas, de marisco ou a tradicional
março e maio, o período de processamento “ S A B E quem é que já cá veio três vezes? fragateira.
da cana-de-açúcar, que aqui chega em O Toy!” José Furtado, dono d’A Pipa, atira Foi o que fizemos, bem aconselhados
camiões vinda de diversos pontos da ilha. esta referência à chegada, ainda o bolo por um cliente antigo da casa. E em boa
É descarregada, escolhida e espremida. O do caco não arrefeceu. Ora, sendo certo hora. Calhou-nos um magnífico arroz de
seu caldo só se transforma em aguardente e sabido que o maior feito extramusical lapas, num equilíbrio exemplar de soltura
de cana depois de uma estadia prolongada de António Ferrão, o cantautor romântico e malandrice, bem generoso nos moluscos.
nos depósitos onde fermenta, primeiro, mais conhecido por Toy, é precisamente Uma tachada das antigas, para comer até
para depois ser destilada. o de só frequentar restaurantes onde se cansar. Toda a noite, toda a noite.
O que sobra da cana-de-açúcar – o seu
bagaço ou desperdício – poderá servir no
futuro para alimentar uma caldeira de bio-
massa que, segundo Luís Faria, conseguirá,
em teoria, armazenar energia suficiente
ENGENHOS
DO NORTE
RUA DO CAIS, 6, PORTO DA CRUZ
V I S I TA R
66 ENGENHOS DO NORTE COMER
67 A P I PA
V I S I TA R MADEIRA COMER MADEIRA
A S U A enorme chaminé vermelha, com 26 se come (e bebe) muitíssimo bem, a
metros de altura, assemelha-se quase a um expectativa de uma refeição gloriosa
A PIPA
farol, tal é a proximidade desta fábrica de aumenta de imediato.
processamento de cana-de-açúcar e desti- Nesta antiga adega onde as pipas ser-
laria com o mar. vem agora, sobretudo, de decoração, o
Fundada em 1927, resultou da união dos cliente pode optar por pedir uma das doses
diversos engenhos que havia no Porto da de lapas, mexilhões, lulas, peixe-espada,
Cruz, daí o nome “Engenhos”, no plural. E atum, polvo ou gambas e irá, com certeza,
ainda conserva alguma maquinaria desse sair bem servido. Mas para ter a experiên-
tempo: “Somos o único engenho da Europa RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS cia premium – chamemos-lhe antes a expe-
que ainda trabalha com máquinas a vapor”, PORTO DA CRUZ. 968 527 400 riência Toy – convém ligar com antecedên-
adianta Luís Faria, da família proprietária. cia e encomendar um dos pratos de tacho:
A chaminé fumega sobretudo entre arroz de lapas, de marisco ou a tradicional
março e maio, o período de processamento “ S A B E quem é que já cá veio três vezes? fragateira.
da cana-de-açúcar, que aqui chega em O Toy!” José Furtado, dono d’A Pipa, atira Foi o que fizemos, bem aconselhados
camiões vinda de diversos pontos da ilha. esta referência à chegada, ainda o bolo por um cliente antigo da casa. E em boa
É descarregada, escolhida e espremida. O do caco não arrefeceu. Ora, sendo certo hora. Calhou-nos um magnífico arroz de
seu caldo só se transforma em aguardente e sabido que o maior feito extramusical lapas, num equilíbrio exemplar de soltura
de cana depois de uma estadia prolongada de António Ferrão, o cantautor romântico e malandrice, bem generoso nos moluscos.
nos depósitos onde fermenta, primeiro, mais conhecido por Toy, é precisamente Uma tachada das antigas, para comer até
para depois ser destilada. o de só frequentar restaurantes onde se cansar. Toda a noite, toda a noite.
O que sobra da cana-de-açúcar – o seu
bagaço ou desperdício – poderá servir no
futuro para alimentar uma caldeira de bio-
massa que, segundo Luís Faria, conseguirá,
em teoria, armazenar energia suficiente
ENGENHOS
DO NORTE
RUA DO CAIS, 6, PORTO DA CRUZ
V I S I TA R
66 ENGENHOS DO NORTE COMER
67 A P I PA
DORMIR MADEIRA e se conhecem aqui. “Adoramos a ilha, mas
sentimos necessidade de conhecer pessoas
novas. Por isso queríamos criar um hostel
que não fosse apenas um hostel, mas uma
casa”, explica Joaquina.
O resultado é uma comunidade em
que toda a gente ganha: os hóspedes,
porque se sentem em casa entre locais; os
locais, porque redescobrem a ilha em que
vivem. “Vamos juntos à praia, vamos beber
ponchas, fazemos aqui jantares com pizzas
cozinhadas no nosso antigo forno a lenha.”
O ambiente conquista e é costume os
hóspedes deixarem-se ficar, quer seja a
trabalhar no hostel, quer seja a acrescentar
algo de novo ao projeto. Exemplo disso é o
mural pintado no quintal por uma nómada
digital italiana que, depois de desenhar
as linhas das plantas endémicas e das
lagartixas, organizou uma sessão de art
therapy para os convidados as pintarem em
conjunto. “A ideia é pôr toda a gente a falar
com toda a gente”.
Além do convívio no Jaca e dos passeios
pelo Porto da Cruz, recomendam-se, nesta
zona, os dias de praia. Quem está à von-
tade no surf, tem a praia da Maiata a cinco
O E D I F Í C I O é do século xix e ganhou minutos; aos iniciantes sugere-se a praia da
nova vida em 2018. Bem no centro de Alagoa, com ondas mais calmas. “Vai-se des-
Porto da Cruz, o Jaca Hostel é um projeto calço daqui até ao mar”, garante Joaquina.
de Joaquina Freitas e Tomé Mendes. Ela
trabalhava em marketing e ele era mestre
cervejeiro quando, depois de muitas
viagens pelo mundo, deram início a uma
nova aventura na ilha.
A renovação do espaço ficou a cargo
JACA HOSTEL
açucareiro da avó de Joaquina ou os dois
estiradores de arquiteto que servem de
mesa de refeições. E aos quadros trazidos
de Cuba, do Japão e do Peru, em viagens a
dois, juntam-se os mais recentes, assinados
por artistas madeirenses amigos do casal.
CASAS PRÓXIMAS, RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS, 1, PORTO DA CRUZ. 966 466 621. A sala e o quintal, onde houve em tem-
@JACAHOSTEL. ESTADIA A PARTIR DE 17€/NOITE (DORMITÓRIO) OU 40€/NOITE (QUARTO pos um lagar, são pontos de encontro para
DUPLO COM CASA DE BANHO PRIVATIVA). EXISTE, TAMBÉM, UM JACA HOSTEL NO FUNCHAL. hóspedes e amigos da casa, que se cruzam
DORMIR
68 JACA HOSTEL DORMIR
69 JACA HOSTEL
DORMIR MADEIRA e se conhecem aqui. “Adoramos a ilha, mas
sentimos necessidade de conhecer pessoas
novas. Por isso queríamos criar um hostel
que não fosse apenas um hostel, mas uma
casa”, explica Joaquina.
O resultado é uma comunidade em
que toda a gente ganha: os hóspedes,
porque se sentem em casa entre locais; os
locais, porque redescobrem a ilha em que
vivem. “Vamos juntos à praia, vamos beber
ponchas, fazemos aqui jantares com pizzas
cozinhadas no nosso antigo forno a lenha.”
O ambiente conquista e é costume os
hóspedes deixarem-se ficar, quer seja a
trabalhar no hostel, quer seja a acrescentar
algo de novo ao projeto. Exemplo disso é o
mural pintado no quintal por uma nómada
digital italiana que, depois de desenhar
as linhas das plantas endémicas e das
lagartixas, organizou uma sessão de art
therapy para os convidados as pintarem em
conjunto. “A ideia é pôr toda a gente a falar
com toda a gente”.
Além do convívio no Jaca e dos passeios
pelo Porto da Cruz, recomendam-se, nesta
zona, os dias de praia. Quem está à von-
tade no surf, tem a praia da Maiata a cinco
O E D I F Í C I O é do século xix e ganhou minutos; aos iniciantes sugere-se a praia da
nova vida em 2018. Bem no centro de Alagoa, com ondas mais calmas. “Vai-se des-
Porto da Cruz, o Jaca Hostel é um projeto calço daqui até ao mar”, garante Joaquina.
de Joaquina Freitas e Tomé Mendes. Ela
trabalhava em marketing e ele era mestre
cervejeiro quando, depois de muitas
viagens pelo mundo, deram início a uma
nova aventura na ilha.
A renovação do espaço ficou a cargo
JACA HOSTEL
açucareiro da avó de Joaquina ou os dois
estiradores de arquiteto que servem de
mesa de refeições. E aos quadros trazidos
de Cuba, do Japão e do Peru, em viagens a
dois, juntam-se os mais recentes, assinados
por artistas madeirenses amigos do casal.
CASAS PRÓXIMAS, RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS, 1, PORTO DA CRUZ. 966 466 621. A sala e o quintal, onde houve em tem-
@JACAHOSTEL. ESTADIA A PARTIR DE 17€/NOITE (DORMITÓRIO) OU 40€/NOITE (QUARTO pos um lagar, são pontos de encontro para
DUPLO COM CASA DE BANHO PRIVATIVA). EXISTE, TAMBÉM, UM JACA HOSTEL NO FUNCHAL. hóspedes e amigos da casa, que se cruzam
DORMIR
68 JACA HOSTEL DORMIR
69 JACA HOSTEL
COMER MADEIRA DORMIR MADEIRA
A O C O N T R Á R I O da maioria das
unidades Porto Bay, este Serra Golf é
um pequeno boutique hotel com apenas
↓ FOTOGRAFIAS DR
21 quartos que tira partido do charme de
um edifício em tons de azul, construído
em 1920, completamente renovado em
1999, e que é considerado Património
Regional. Percebe-se imediatamente
PORTO BAY
do campo de golfe do Santo da Serra,
cuja paisagem o torna um dos mais
espetaculares da Europa.
SERRA GOLF
Nas redondezas encontram-se
diversas levadas imperdíveis para
A FRAGATEIRA
percorrer a pé. Já as bicicletas – que
se podem alugar através do hotel –
permitem descobrir a vila do Santo da
Serra, repondo calorias nas padarias e
queijarias tradicionais ou com copos de
sidra, bebida que é o foco, todos os anos,
RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS, 13, PORTO DA CRUZ. 291 562 103 de uma enorme festa no último fim de
semana de setembro.
COMER
70 A F R AG AT E I R A DORMIR
71 P O R TO B AY S E R R A G O L F
COMER MADEIRA DORMIR MADEIRA
A O C O N T R Á R I O da maioria das
unidades Porto Bay, este Serra Golf é
um pequeno boutique hotel com apenas
↓ FOTOGRAFIAS DR
21 quartos que tira partido do charme de
um edifício em tons de azul, construído
em 1920, completamente renovado em
1999, e que é considerado Património
Regional. Percebe-se imediatamente
PORTO BAY
do campo de golfe do Santo da Serra,
cuja paisagem o torna um dos mais
espetaculares da Europa.
SERRA GOLF
Nas redondezas encontram-se
diversas levadas imperdíveis para
A FRAGATEIRA
percorrer a pé. Já as bicicletas – que
se podem alugar através do hotel –
permitem descobrir a vila do Santo da
Serra, repondo calorias nas padarias e
queijarias tradicionais ou com copos de
sidra, bebida que é o foco, todos os anos,
RUA DOUTOR JOÃO ABEL DE FREITAS, 13, PORTO DA CRUZ. 291 562 103 de uma enorme festa no último fim de
semana de setembro.
COMER
70 A F R AG AT E I R A DORMIR
71 P O R TO B AY S E R R A G O L F
COMER MADEIRA
MURALHA’S
BAR
MARÉ
é restaurante para se comer de faca e
garfo. Aqui é tudo à mão ou com palitos
– faz parte do conceito, há que respeitar.
Os talheres pagam-se à parte, medida
ALTA
que pode parecer abusiva, mas que até
tem a sua graça. Até porque não é difícil
respeitar a vontade do gerente, Mário
Correia: afinal esta casa, quiçá a mais
famosa da costa leste, é especialista em
picados de polvo, lulas, bodião ou espada.
Ora, picados, como o nome indica,
picam-se. Já o resto, come-se à mão:
das lapas generosas – as desta zona são, N A E S P L A N A D A do Maré Alta não se – tem a sua própria lota em frente ao res- saborosa, enriquecida pelo tradicional
geralmente, as melhores da Madeira – aos come apenas. Também se pode meditar, taurante e contactos privilegiados com molho vilão – vinho branco, tinto,
caramujos, caracóis do mar, passando, ao som da rebentação do mar, exata- muitos pescadores. A montra está sem- alho, segurelha, vinagre e pimenta da
COMER
72 M U R A L H A ’ S B A R M A R É A L T A COMER
73 M A R É A LT A
COMER MADEIRA
MURALHA’S
BAR
MARÉ
é restaurante para se comer de faca e
garfo. Aqui é tudo à mão ou com palitos
– faz parte do conceito, há que respeitar.
Os talheres pagam-se à parte, medida
ALTA
que pode parecer abusiva, mas que até
tem a sua graça. Até porque não é difícil
respeitar a vontade do gerente, Mário
Correia: afinal esta casa, quiçá a mais
famosa da costa leste, é especialista em
picados de polvo, lulas, bodião ou espada.
Ora, picados, como o nome indica,
picam-se. Já o resto, come-se à mão:
das lapas generosas – as desta zona são, N A E S P L A N A D A do Maré Alta não se – tem a sua própria lota em frente ao res- saborosa, enriquecida pelo tradicional
geralmente, as melhores da Madeira – aos come apenas. Também se pode meditar, taurante e contactos privilegiados com molho vilão – vinho branco, tinto,
caramujos, caracóis do mar, passando, ao som da rebentação do mar, exata- muitos pescadores. A montra está sem- alho, segurelha, vinagre e pimenta da
COMER
72 M U R A L H A ’ S B A R M A R É A L T A COMER
73 M A R É A LT A
EXPLORAR MADEIRA A P E N Í N S U L A que conduz à ponta A melhor forma de explorar esta
mais oriental da Madeira – batizada com o zona é seguindo o trilho que parte do
PONTA
nome da caravela de João Gonçalves Zarco promontório – tirando, primeiro, algum
– tem uma paisagem marcadamente dife- tempo para apreciar a magnífica vista. O
rente do que é habitual encontrar na ilha. caminho tem cerca de quatro quilómetros
Bem mais árida, de tons avermelhados, e aproveita toda a extensão desta estreita
exposta aos ventos de Norte e com uma península, ora aproximando-se ora
DE SÃO
vegetação sobretudo rasteira, faz lembrar afastando-se das margens. O desnível
mais as ilhas Desertas ou até o Porto Santo é meigo – inclui apenas uma subida
do que, propriamente, a Madeira. acentuada, tão exigente como essencial,
É uma zona de Reserva Natural onde se rumo ao miradouro da Ponta do Furado.
encontram várias dezenas de plantas endé- É importante não esquecer do fato de
LOURENÇO
micas e inúmeras aves que ali nidificam, banho: é possível (e recomendável) cele-
sendo, por isso, um local privilegiado para brar o final do trilho com um mergulho
a sua observação. É, também, um lugar no chamado cais do Sardinha, o nome de
densamente povoado pelas lagartixas, úni- família dos antigos proprietários da casa
cos répteis terrestres da ilha, e moluscos que hoje é um pequeno bar e dá apoio aos
terrestres endémicos, vulgo caracóis. vigilantes do Parque Natural da Madeira.
EXPLORAR
74 P O N TA D E S ÃO LO U R E N Ç O EXPLORAR
75 P O N TA D E S ÃO LO U R E N Ç O
EXPLORAR MADEIRA A P E N Í N S U L A que conduz à ponta A melhor forma de explorar esta
mais oriental da Madeira – batizada com o zona é seguindo o trilho que parte do
PONTA
nome da caravela de João Gonçalves Zarco promontório – tirando, primeiro, algum
– tem uma paisagem marcadamente dife- tempo para apreciar a magnífica vista. O
rente do que é habitual encontrar na ilha. caminho tem cerca de quatro quilómetros
Bem mais árida, de tons avermelhados, e aproveita toda a extensão desta estreita
exposta aos ventos de Norte e com uma península, ora aproximando-se ora
DE SÃO
vegetação sobretudo rasteira, faz lembrar afastando-se das margens. O desnível
mais as ilhas Desertas ou até o Porto Santo é meigo – inclui apenas uma subida
do que, propriamente, a Madeira. acentuada, tão exigente como essencial,
É uma zona de Reserva Natural onde se rumo ao miradouro da Ponta do Furado.
encontram várias dezenas de plantas endé- É importante não esquecer do fato de
LOURENÇO
micas e inúmeras aves que ali nidificam, banho: é possível (e recomendável) cele-
sendo, por isso, um local privilegiado para brar o final do trilho com um mergulho
a sua observação. É, também, um lugar no chamado cais do Sardinha, o nome de
densamente povoado pelas lagartixas, úni- família dos antigos proprietários da casa
cos répteis terrestres da ilha, e moluscos que hoje é um pequeno bar e dá apoio aos
terrestres endémicos, vulgo caracóis. vigilantes do Parque Natural da Madeira.
EXPLORAR
74 P O N TA D E S ÃO LO U R E N Ç O EXPLORAR
75 P O N TA D E S ÃO LO U R E N Ç O
COMPRAR MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
O I N Í C I O desta história é comum a
tantas outras: Catarina Jesus, 42 anos,
PONTA
psicóloga de formação, decidiu, certo dia,
WICKER
repensar a sua vida. A diferença está no
que se segue. Viu um anúncio promovido
pelo Instituto do Vinho, Bordado e Artesa-
DO GARAJAU
nato da Madeira e inscreveu-se numa for-
IT
mação de três meses para aprender a fazer
vimes, a arte madeirense de transformar
os ramos do vimeiro em objetos.
“Aprendi tudo com o mestre Alcino Góis,
que tem 79 anos e trabalha desde os oito”,
conta. Entusiasmada com a sua evolução, PONTA DO GARAJAU. 915 768 234
começou por fazer “coisas pequenas, mais PREÇO DO BILHETE: 3€ (IDA E VOLTA)
para amigos”, até lhe aparecer a primeira COORDENADAS GPS: 32.639819, -16.851782
COMPRAR
76 WICKER IT PA S S E A R
77 P O N TA D O G A R A JAU
COMPRAR MADEIRA PA S S E A R MADEIRA
O I N Í C I O desta história é comum a
tantas outras: Catarina Jesus, 42 anos,
PONTA
psicóloga de formação, decidiu, certo dia,
WICKER
repensar a sua vida. A diferença está no
que se segue. Viu um anúncio promovido
pelo Instituto do Vinho, Bordado e Artesa-
DO GARAJAU
nato da Madeira e inscreveu-se numa for-
IT
mação de três meses para aprender a fazer
vimes, a arte madeirense de transformar
os ramos do vimeiro em objetos.
“Aprendi tudo com o mestre Alcino Góis,
que tem 79 anos e trabalha desde os oito”,
conta. Entusiasmada com a sua evolução, PONTA DO GARAJAU. 915 768 234
começou por fazer “coisas pequenas, mais PREÇO DO BILHETE: 3€ (IDA E VOLTA)
para amigos”, até lhe aparecer a primeira COORDENADAS GPS: 32.639819, -16.851782
COMPRAR
76 WICKER IT PA S S E A R
77 P O N TA D O G A R A JAU
CONHECER MADEIRA F U I o primeiro surfista da arranjávamos umas pranchas de madeira
Madeira. Como é que isto e umas barbatanas e fazíamos as
aconteceu? Na altura, não havia chamadas carreirinhas. Quando vimos as
ORLANDO
surf, não havia escolas, não havia nada pranchas deles… eram coisas que nós não
disso. Tudo começou através das revistas conhecíamos, não tínhamos acesso a este
da modalidade, que vinham cá à Madeira tipo de material. Eles deixaram-nos uma
PEREIRA
fazer grandes reportagens com surfistas prancha e começámos a partilhá-la – íamos
41 ANOS americanos e australianos. Comecei surfando. Uns tempos depois chegaram
com uma visita da Surf Portugal. Estamos mais estrangeiros, que deixaram outra
PROFESSOR
a falar de 1993/94: o João Valente, que prancha e foi a partir daí.
era o diretor da revista, o Zé Seabra e Alguns desses miúdos continuaram,
um americano que era o Darin Pappas outros desistiram, foi como em qualquer
DE SURF
[o artista também conhecido por Ithaka], desporto. Eu continuei. Entretanto, começou
vieram à Madeira fazer uma reportagem a haver mais pessoas na Madeira a fazer surf
sobre o Jardim do Mar e esta costa oeste. e foram criados campeonatos regionais. E
Eles perceberam a nossa vontade – eu destaquei-me porque fui ganhando esses
@ORLANDOMENDESPEREIRA éramos miúdos do Jardim do Mar, eu campeonatos e convidaram-me para repre-
tinha uns 13, 14 anos –, vivíamos junto sentar a Madeira em campeonatos nacionais.
ao mar, viram a nossa paixão pelo mar Hoje tenho uma escola de surf e faço
e pelas ondas, que já era coisa antiga: de guia também a pessoal que chega cá
e precisa de alguma informação ou de
algum acompanhamento: como é que se
encontram as melhores ondas, os melhores
ventos, a melhor direção. Na Madeira não
existe aquela praia de areia bonita em que
qualquer um se pode atirar ao mar. Não:
é preciso ter alguma atenção, porque o mar
aqui não é para brincadeiras.
A Madeira sempre foi conhecida como
o Havai da Europa, só que não é para todos
os surfistas. As praias limitam o tipo de
surfista: exigem mais experiência, mais
conhecimento. São para alguém que já tem
alguma bagagem, já viajou muito, conhece
bem o mar e procura um tipo de onda para
evoluir. Ondas grandes ou ondas perfeitas,
como os tubos que temos aqui.
A ilha tem muita variedade de ondas,
FOTOGRAFIA GONÇALO F. SANTOS
CONHECER
78 ORLANDO PEREIRA CONHECER ORLANDO PEREIRA
CONHECER MADEIRA F U I o primeiro surfista da arranjávamos umas pranchas de madeira
Madeira. Como é que isto e umas barbatanas e fazíamos as
aconteceu? Na altura, não havia chamadas carreirinhas. Quando vimos as
ORLANDO
surf, não havia escolas, não havia nada pranchas deles… eram coisas que nós não
disso. Tudo começou através das revistas conhecíamos, não tínhamos acesso a este
da modalidade, que vinham cá à Madeira tipo de material. Eles deixaram-nos uma
PEREIRA
fazer grandes reportagens com surfistas prancha e começámos a partilhá-la – íamos
41 ANOS americanos e australianos. Comecei surfando. Uns tempos depois chegaram
com uma visita da Surf Portugal. Estamos mais estrangeiros, que deixaram outra
PROFESSOR
a falar de 1993/94: o João Valente, que prancha e foi a partir daí.
era o diretor da revista, o Zé Seabra e Alguns desses miúdos continuaram,
um americano que era o Darin Pappas outros desistiram, foi como em qualquer
DE SURF
[o artista também conhecido por Ithaka], desporto. Eu continuei. Entretanto, começou
vieram à Madeira fazer uma reportagem a haver mais pessoas na Madeira a fazer surf
sobre o Jardim do Mar e esta costa oeste. e foram criados campeonatos regionais. E
Eles perceberam a nossa vontade – eu destaquei-me porque fui ganhando esses
@ORLANDOMENDESPEREIRA éramos miúdos do Jardim do Mar, eu campeonatos e convidaram-me para repre-
tinha uns 13, 14 anos –, vivíamos junto sentar a Madeira em campeonatos nacionais.
ao mar, viram a nossa paixão pelo mar Hoje tenho uma escola de surf e faço
e pelas ondas, que já era coisa antiga: de guia também a pessoal que chega cá
e precisa de alguma informação ou de
algum acompanhamento: como é que se
encontram as melhores ondas, os melhores
ventos, a melhor direção. Na Madeira não
existe aquela praia de areia bonita em que
qualquer um se pode atirar ao mar. Não:
é preciso ter alguma atenção, porque o mar
aqui não é para brincadeiras.
A Madeira sempre foi conhecida como
o Havai da Europa, só que não é para todos
os surfistas. As praias limitam o tipo de
surfista: exigem mais experiência, mais
conhecimento. São para alguém que já tem
alguma bagagem, já viajou muito, conhece
bem o mar e procura um tipo de onda para
evoluir. Ondas grandes ou ondas perfeitas,
como os tubos que temos aqui.
A ilha tem muita variedade de ondas,
FOTOGRAFIA GONÇALO F. SANTOS
CONHECER
78 ORLANDO PEREIRA CONHECER ORLANDO PEREIRA
FUNCHAL
E X P E R I M E N TA R
COMPRAR
DORMIR
CONHECER
Rodeada de colinas e encaixada numa
enorme baía virada a sul, a cidade do
COMER
Funchal é o epicentro da ilha e concentra
perto de metade da população de todo o
arquipélago. Além dos belíssimos jardins,
V I S I TA R
das ruas animadas da Zona Velha, da
variedade do Mercado dos Lavradores
ou dos históricos complexos balneares,
nela encontram-se, também, projetos
PA S S E A R
novos e criativos de diversas áreas –
da música à moda – que a têm tornado,
cada vez mais, uma cidade vibrante que
EXPLORAR
urge (re)descobrir.
FUNCHAL
E X P E R I M E N TA R
COMPRAR
DORMIR
CONHECER
Rodeada de colinas e encaixada numa
enorme baía virada a sul, a cidade do
COMER
Funchal é o epicentro da ilha e concentra
perto de metade da população de todo o
arquipélago. Além dos belíssimos jardins,
V I S I TA R
das ruas animadas da Zona Velha, da
variedade do Mercado dos Lavradores
ou dos históricos complexos balneares,
nela encontram-se, também, projetos
PA S S E A R
novos e criativos de diversas áreas –
da música à moda – que a têm tornado,
cada vez mais, uma cidade vibrante que
EXPLORAR
urge (re)descobrir.
1
13
12 B EB ER VINTNERS 1 1 2 11
13 COM ER OS CASTRINHOS 86
7
10
9
8
1
13
12 B EB ER VINTNERS 1 1 2 11
13 COM ER OS CASTRINHOS 86
7
10
9
8
DESCER FUNCHAL
P E L A S R U A S íngremes da localidade do
Monte, é comum verem-se a descer a alta
velocidade carros de cesto. Quem ali vive
está habituado ao som da madeira a rolar
no alcatrão ladeira abaixo, no percurso de
dois quilómetros que muitos turistas não
dispensam cumprir. Mas a história dos
Carros do Monte é muito anterior à do
turismo na Madeira.
Surgiram como meio de transporte
ainda no século xix, permitindo
transportar pessoas e mercadorias do
Monte ao Funchal da forma mais rápida
possível. É difícil definir a origem da
invenção, mas julga-se que os primeiros
CARREIROS
a arriscarem a descida tenham sido os
proprietários das grandes quintas desta
zona. Correu tão bem que, mesmo havendo
hoje opções mais simples, os Carros do
Monte continuam a ser procurados – desde
DO MONTE
o final do século xx, maioritariamente por
quem visita a ilha.
Os cestos são feitos em vime e
assentam numa estrutura de madeira que
rola pelo chão. Os materiais utilizados
são locais e a produção cabe a artesãos da
ilha, que utilizam técnicas com mais de
200 anos de história. Para quem gosta de
CAMINHO DO MONTE, 4, FUNCHAL
emoções fortes, ainda bem que assim é,
291 783 919. BILHETE A PARTIR DE 15€ POR PESSOA
porque apesar da solidez dos carros, o seu
aspeto rudimentar é suficiente para dar um
friozinho na barriga.
Para garantir que a descida corre bem,
conta-se com a mestria dos Carreiros
do Monte, os “condutores” destes cestos.
Vestem-se de branco e usam os típicos
chapéus madeirenses, feitos em palha e
envoltos numa tira de tecido preto. Mas o
mais importante na indumentária é mesmo
a sola de borracha das botas, que serve de
travão ao longo de toda a descida. Para
uma experiência mais divertida, é pedir-
-lhes que lhes deem o menor uso possível.
P E L A S R U A S íngremes da localidade do
Monte, é comum verem-se a descer a alta
velocidade carros de cesto. Quem ali vive
está habituado ao som da madeira a rolar
no alcatrão ladeira abaixo, no percurso de
dois quilómetros que muitos turistas não
dispensam cumprir. Mas a história dos
Carros do Monte é muito anterior à do
turismo na Madeira.
Surgiram como meio de transporte
ainda no século xix, permitindo
transportar pessoas e mercadorias do
Monte ao Funchal da forma mais rápida
possível. É difícil definir a origem da
invenção, mas julga-se que os primeiros
CARREIROS
a arriscarem a descida tenham sido os
proprietários das grandes quintas desta
zona. Correu tão bem que, mesmo havendo
hoje opções mais simples, os Carros do
Monte continuam a ser procurados – desde
DO MONTE
o final do século xx, maioritariamente por
quem visita a ilha.
Os cestos são feitos em vime e
assentam numa estrutura de madeira que
rola pelo chão. Os materiais utilizados
são locais e a produção cabe a artesãos da
ilha, que utilizam técnicas com mais de
200 anos de história. Para quem gosta de
CAMINHO DO MONTE, 4, FUNCHAL
emoções fortes, ainda bem que assim é,
291 783 919. BILHETE A PARTIR DE 15€ POR PESSOA
porque apesar da solidez dos carros, o seu
aspeto rudimentar é suficiente para dar um
friozinho na barriga.
Para garantir que a descida corre bem,
conta-se com a mestria dos Carreiros
do Monte, os “condutores” destes cestos.
Vestem-se de branco e usam os típicos
chapéus madeirenses, feitos em palha e
envoltos numa tira de tecido preto. Mas o
mais importante na indumentária é mesmo
a sola de borracha das botas, que serve de
travão ao longo de toda a descida. Para
uma experiência mais divertida, é pedir-
-lhes que lhes deem o menor uso possível.
OS CASTRINHOS
um antigo comboio que, com uma única
via, fazia subir os passageiros ao longo de
quase quatro quilómetros. Hoje, a ligação
faz-se em suspenso, a mais de 500 metros
de altura do chão, num teleférico que
sobrevoa boa parte do Funchal.
O percurso tem início no Campo Almi-
rante Reis, na zona velha da cidade, num
A C A S A - M Ã E d’Os Castrinhos é um edifício envidraçado por onde se sobe até à
TELEFÉRICO
da tradicional poncha ao mítico Pé de
Cabra, ex-líbris da casa (e cuja lista de
ingredientes pode consultar na p. 20).
DO MONTE
Os dentinhos vão variando: podem
ser de galhas – barrigas do peixe-espada
fritas –, de atum de cebolada, de língua
FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
COMER
86 OS CASTRINHOS SUBIR
87 TELEFÉRICO DO MONTE
COMER FUNCHAL SUBIR FUNCHAL
E N T R E 1887 e 1943, a longa subida do
Funchal até ao Monte era feita através de
OS CASTRINHOS
um antigo comboio que, com uma única
via, fazia subir os passageiros ao longo de
quase quatro quilómetros. Hoje, a ligação
faz-se em suspenso, a mais de 500 metros
de altura do chão, num teleférico que
sobrevoa boa parte do Funchal.
O percurso tem início no Campo Almi-
rante Reis, na zona velha da cidade, num
A C A S A - M Ã E d’Os Castrinhos é um edifício envidraçado por onde se sobe até à
TELEFÉRICO
da tradicional poncha ao mítico Pé de
Cabra, ex-líbris da casa (e cuja lista de
ingredientes pode consultar na p. 20).
DO MONTE
Os dentinhos vão variando: podem
ser de galhas – barrigas do peixe-espada
fritas –, de atum de cebolada, de língua
FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
COMER
86 OS CASTRINHOS SUBIR
87 TELEFÉRICO DO MONTE
THE CLIFF BAY
VERBO FUNCHAL P O R T O B AY H O T E L S & R E S O R T S M A R V
OEU RPBI S
OC I N A ? FUNCHAL
É R E S P O N S ÁV E L P E L A G E S TÃ O D E
AS 5 ESTRELAS
É no piso inferior do hotel que se acede
1 5 U N I DA D E S H OT E L E I RAS D O A LG A RV E
diretamente ao oceano Atlântico, através
AO RIO DE JANEIRO. MAS É NA
de um pontão em pedra de onde, em
DE UM 5 ESTRELAS
MADEIRA, ONDE TUDO COMEÇOU, QUE
dias de sol, se vê até o fundo do mar.
ENCONTRAMOS O SEU PRIMEIRO CINCO A temperatura média da água nesta zona
E S T R E L A S. R E C E N T E M E N T E R E N OVA D O, ronda os 22 °C, mas, para mergulhos ainda
O T H E C L I F F B AY A P R E S E N TA - S E C O M O mais amenos, pode optar-se pela piscina
de água salgada ou ainda pela piscina
T H E C L I F F B AY × O B S E RVA D O R O E X- L Í B R I S D O G R U P O E M O T I V O S
A E X P E R I Ê N C I A
DA GASTRONOMIA
O L U X O D E D O R M I R B E M
L O C A L I Z A Ç Ã O , L O C A L I Z A Ç Ã O , F É R I A S D E C O R P O E A L M A
LO CA L I Z AÇÃO
O aroma a óleos essenciais sente-
Delimitado pela icónica Estrada Monumental -se em todo o espaço do spa. Com
de um lado e o oceano Atlântico do outro, um ambiente harmonioso, é aqui
o The Cliff Bay reúne o melhor dos dois que se fazem os tratamentos faciais
mundos. O hotel, situado numa das zonas e corporais personalizados, da
mais prestigiadas do Funchal, onde se aromaterapia à massagem corporal
concentram os grandes hotéis e restaurantes holística. A Spa Suite oferece ainda
da cidade, está também estrategicamente uma experiência spa de luxo com
posicionado no cimo de um promontório massagens, jacuzzi e zona de chill out,
natural. Da pequena falésia virada a sul, com vista para a baía do Funchal e
todos os recantos têm vista para o mar. para o mar.
VERBO
88 TÍTULO VERBO
89 TÍTULO
THE CLIFF BAY
VERBO FUNCHAL P O R T O B AY H O T E L S & R E S O R T S M A R V
OEU RPBI S
OC I N A ? FUNCHAL
É R E S P O N S ÁV E L P E L A G E S TÃ O D E
AS 5 ESTRELAS
É no piso inferior do hotel que se acede
1 5 U N I DA D E S H OT E L E I RAS D O A LG A RV E
diretamente ao oceano Atlântico, através
AO RIO DE JANEIRO. MAS É NA
de um pontão em pedra de onde, em
DE UM 5 ESTRELAS
MADEIRA, ONDE TUDO COMEÇOU, QUE
dias de sol, se vê até o fundo do mar.
ENCONTRAMOS O SEU PRIMEIRO CINCO A temperatura média da água nesta zona
E S T R E L A S. R E C E N T E M E N T E R E N OVA D O, ronda os 22 °C, mas, para mergulhos ainda
O T H E C L I F F B AY A P R E S E N TA - S E C O M O mais amenos, pode optar-se pela piscina
de água salgada ou ainda pela piscina
T H E C L I F F B AY × O B S E RVA D O R O E X- L Í B R I S D O G R U P O E M O T I V O S
A E X P E R I Ê N C I A
DA GASTRONOMIA
O L U X O D E D O R M I R B E M
L O C A L I Z A Ç Ã O , L O C A L I Z A Ç Ã O , F É R I A S D E C O R P O E A L M A
LO CA L I Z AÇÃO
O aroma a óleos essenciais sente-
Delimitado pela icónica Estrada Monumental -se em todo o espaço do spa. Com
de um lado e o oceano Atlântico do outro, um ambiente harmonioso, é aqui
o The Cliff Bay reúne o melhor dos dois que se fazem os tratamentos faciais
mundos. O hotel, situado numa das zonas e corporais personalizados, da
mais prestigiadas do Funchal, onde se aromaterapia à massagem corporal
concentram os grandes hotéis e restaurantes holística. A Spa Suite oferece ainda
da cidade, está também estrategicamente uma experiência spa de luxo com
posicionado no cimo de um promontório massagens, jacuzzi e zona de chill out,
natural. Da pequena falésia virada a sul, com vista para a baía do Funchal e
todos os recantos têm vista para o mar. para o mar.
VERBO
88 TÍTULO VERBO
89 TÍTULO
BEBER FUNCHAL
ODD COFFEE
ROASTERY
cionar um problema. “O Joe Berardo [os
jardins pertencem à Fundação Berardo]
não gostava dos projetos de arquitetura e eu
lembrei-me: ‘e se fizéssemos uma estufa?’”
Já com dois espaços na manga e uma
carteira crescente de clientes, Gonçalo foi
desenvolvendo a sua própria marca de café,
a odd. Comprou um torrador maior, a gás,
com capacidade para torrar 60 quilos por
hora, e começou a preparar a abertura do
terceiro espaço num raio de apenas 200
metros: o Land. Só que, entretanto, chegou
a pandemia: “Quando fechou tudo, fiquei
entalado, completamente descapitali-
zado. Tinha o Land por acabar, tinha café
vendido a hotéis por receber, foi muito
complicado.”
Conseguiu, a custo, acabar a obra
e o Land abriu em novembro de 2020,
A P E S A R de ter uma empresa de avaliação junto ao Teleférico do Monte onde antes
imobiliária e um trabalho estável, Gonçalo “passavam duas a três mil pessoas todos
Gouveia é um empreendedor inquieto. os dias”. O forno Josper e a cozinha
Durante uns tempos dedicou-se, em part- muitíssimo bem equipada permitem-lhe
-time, à agricultura, com uma plantação pensar alto. “Já fazemos pão sourdough
de cogumelos shiitake. Já em 2014 tomou e toda a pastelaria interna. Queremos
conta de um pequeno quiosque junto ao fazer pastrami, trabalhar com fumados
Teleférico das Babosas. Chamou-lhe Local e fermentados”, adianta.
Shop. Até aqui tudo bem, o que aconteceu A ideia de Gonçalo é, no futuro, com-
depois é que surpreende. “Decidi passar pletar este círculo com o seu próprio café.
a torrar o meu próprio café. Aprendi os Não o que torra, mas o que planta. O café
princípios básicos e comecei a torrar numa do Monte. “Não quero competir com o
máquina de fazer pipocas”, conta entre café que vem de África; quero criar um
sorrisos. E não é que deu certo? conceito, algo mais pequeno, associar o
Gonçalo foi evoluindo na torra, na Monte à produção de café.” Assim, junto à
gestão do espaço e, em 2017, surgiu nova sua pequena fábrica de torra, plantou três
oportunidade, na mesma zona. Agarrou-a ou quatro pés de café. “É um teste, deixei-
e abriu a Greenhouse, uma cafetaria maior, -os ao abandono. Se resistirem, vão resistir
já com cozinha, no interior do Jardim Tro- a tudo. O café precisa de humidade e calor
pical Monte Palace. Mesmo sem perceber – e aqui temos isso, mas em épocas diferen-
grande coisa do assunto. “Antes de abrir a tes.” Será que resistem?
LOCAL SHOP: QUIOSQUE DO TELEFÉRICO, LARGO DAS BABOSAS. 291 756 291 @LOCAL_SHOP_COFFEE
LAND: TELEFÉRICO DO MONTE, LARGO DAS BABOSAS, 8. 291 643 124. @LAND_FOOD_COFFEE
BEBER
90 ODD COFFEE ROASTERY BEBER
91 ODD COFFEE ROASTERY
BEBER FUNCHAL
ODD COFFEE
ROASTERY
cionar um problema. “O Joe Berardo [os
jardins pertencem à Fundação Berardo]
não gostava dos projetos de arquitetura e eu
lembrei-me: ‘e se fizéssemos uma estufa?’”
Já com dois espaços na manga e uma
carteira crescente de clientes, Gonçalo foi
desenvolvendo a sua própria marca de café,
a odd. Comprou um torrador maior, a gás,
com capacidade para torrar 60 quilos por
hora, e começou a preparar a abertura do
terceiro espaço num raio de apenas 200
metros: o Land. Só que, entretanto, chegou
a pandemia: “Quando fechou tudo, fiquei
entalado, completamente descapitali-
zado. Tinha o Land por acabar, tinha café
vendido a hotéis por receber, foi muito
complicado.”
Conseguiu, a custo, acabar a obra
e o Land abriu em novembro de 2020,
A P E S A R de ter uma empresa de avaliação junto ao Teleférico do Monte onde antes
imobiliária e um trabalho estável, Gonçalo “passavam duas a três mil pessoas todos
Gouveia é um empreendedor inquieto. os dias”. O forno Josper e a cozinha
Durante uns tempos dedicou-se, em part- muitíssimo bem equipada permitem-lhe
-time, à agricultura, com uma plantação pensar alto. “Já fazemos pão sourdough
de cogumelos shiitake. Já em 2014 tomou e toda a pastelaria interna. Queremos
conta de um pequeno quiosque junto ao fazer pastrami, trabalhar com fumados
Teleférico das Babosas. Chamou-lhe Local e fermentados”, adianta.
Shop. Até aqui tudo bem, o que aconteceu A ideia de Gonçalo é, no futuro, com-
depois é que surpreende. “Decidi passar pletar este círculo com o seu próprio café.
a torrar o meu próprio café. Aprendi os Não o que torra, mas o que planta. O café
princípios básicos e comecei a torrar numa do Monte. “Não quero competir com o
máquina de fazer pipocas”, conta entre café que vem de África; quero criar um
sorrisos. E não é que deu certo? conceito, algo mais pequeno, associar o
Gonçalo foi evoluindo na torra, na Monte à produção de café.” Assim, junto à
gestão do espaço e, em 2017, surgiu nova sua pequena fábrica de torra, plantou três
oportunidade, na mesma zona. Agarrou-a ou quatro pés de café. “É um teste, deixei-
e abriu a Greenhouse, uma cafetaria maior, -os ao abandono. Se resistirem, vão resistir
já com cozinha, no interior do Jardim Tro- a tudo. O café precisa de humidade e calor
pical Monte Palace. Mesmo sem perceber – e aqui temos isso, mas em épocas diferen-
grande coisa do assunto. “Antes de abrir a tes.” Será que resistem?
LOCAL SHOP: QUIOSQUE DO TELEFÉRICO, LARGO DAS BABOSAS. 291 756 291 @LOCAL_SHOP_COFFEE
LAND: TELEFÉRICO DO MONTE, LARGO DAS BABOSAS, 8. 291 643 124. @LAND_FOOD_COFFEE
BEBER
90 ODD COFFEE ROASTERY BEBER
91 ODD COFFEE ROASTERY
V I S I TA R FUNCHAL COMPRAR FUNCHAL
foram adquiridos pelo polémico empresá- O E S P A Ç O da Sous fica no edifício Oudi-
rio e mecenas madeirense Joe Berardo. not, no coração do Funchal, e assume desde
JARDIM
SOUS
Foi ele quem decidiu abrir as suas portas o primeiro momento a sua ligação à ilha.
ao público em 1991. A marca, lançada em 2013, tem esse cunho
Berardo levou quatro anos a preparar regional desde o momento da sua fundação,
o Jardim Tropical Monte Palace. Entre os a começar pelo próprio nome da marca.
TROPICAL
muitos investimentos feitos em espécies “So us” (“tão nós”) simboliza a importância
arbóreas, destacam-se os mais de 700 exem- de manter presente quem somos e de onde
plares de cicas plantados ainda em 1988. viemos. Neste caso, a Madeira.
MONTE
O verde do Jardim Tropical é ainda Nascida numa família bem madeirense,
composto por urzes da Escócia, azáleas da com figuras femininas fortes e muito liga-
Bélgica, proteas da África do Sul, acácias das à costura, Mariana Sousa queria ser
PALACE
da Austrália e os engraçados martinetes, designer de moda desde que tem memó-
conhecidos como “escovas de garrafa”, pelo ria. Aos 23 anos, já formada em Design
formato da sua inflorescência, que se asse- de Moda e Têxtil, lançou uma marca que
melha ao de um escovilhão para lavar louça. honra e celebra as suas raízes a cada nova
E se as oliveiras parecem destoar no criação. A Sous.
meio desta coleção vistosa de plantas, é “Memórias”, a mais recente coleção, é
importante saber que os exemplares que inspirada na infância de Mariana, passada
A H I S T Ó R I A do Jardim Tropical Monte aqui se encontram foram transplantados entre o ateliê de costura da mãe e o quintal
Palace começa ainda no século xviii da zona do Alqueva, devido à construção da avó, bem como no seu percurso desde
quando Charles Murray, um abastado côn- da barragem. aí. O destaque vai para os estampados de
sul inglês, fez deste o seu destino de férias Ao longo dos sete hectares de exten- bordados da Madeira, bem como para os
e lhe chamou Quinta do Prazer. Nos anos são, a água vai-se fazendo ouvir, quer nas pormenores em algumas peças, que contam
seguintes, a propriedade andou de mão cascatas e riachos de pequenas dimensões, com bordados feitos à mão pela própria
em mão, chegando a funcionar como hotel, espalhados pelo jardim, quer nos lagos. avó de Mariana, que parecem nunca estar
durante o princípio do século xx. Nos dois jardins orientais, encontram-se totalmente terminados. “Eles são, como nós
Depois de quatro décadas de portas esculturas budistas e um painel de 166 somos, um eterno work in progress”, explica.
fechadas, o edifício e o respetivo jardim azulejos que ilustra “A Aventura dos Por- Na loja da marca encontram-se peças
tugueses no Japão”. No corredor verde que Sous, mas não só. Em dezembro de 2020,
desce pelo jardim, revisita-se igualmente o espaço duplicou e ganhou um novo
a história de Portugal, desde o reinado conceito, mais abrangente. Com uma sala
de D. Afonso Henriques até à entrada de ampla e uma decoração minimal, a loja
Portugal na cee, numa coleção de 40 azu- expõe agora peças de outras marcas com
lejos de terracota encomendada ao artista que Mariana se identifica, do design de
argentino Alberto Cédron. moda ao de interiores. “Convido artistas,
Recomenda-se ainda a visita ao museu, artesãos e marcas que me inspiram. A ideia
que fica na parte superior do jardim e recebe ↓ FOTOGRAFIA DR é ir dando a conhecer outras coisas, peças
duas exposições. “A Paixão Africana” é com- fora do comum, feitas com qualidade e
posta por mais de um milhar de esculturas em pequenas quantidades.” E se por agora
de artistas do Zimbabué, criadas na década às peças Sous se juntam acessórios de
de 1960. No piso inferior, ficam os “Segredos moda, cestas em fibras naturais e cha-
da Mãe Natureza”, uma exposição que dá péus pintados à mão, amanhã a seleção
a conhecer minerais extraídos de grutas e de peças pode já ser outra. Este work in
↑ FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
cavernas da África do Sul, do Brasil, da Zâm- progress tem as portas abertas e as visitas
bia ou da Argentina, incluindo diamantes. recomendam-se.
CAMINHO DO MONTE, 174. 291 784 756 EDIFÍCIO OUDINOT, LOJA 19,
V I S I TA R J A R DI M T R O P IC A L M O N T E PA L A C E COMPRAR
93 SOUS
V I S I TA R FUNCHAL COMPRAR FUNCHAL
foram adquiridos pelo polémico empresá- O E S P A Ç O da Sous fica no edifício Oudi-
rio e mecenas madeirense Joe Berardo. not, no coração do Funchal, e assume desde
JARDIM
SOUS
Foi ele quem decidiu abrir as suas portas o primeiro momento a sua ligação à ilha.
ao público em 1991. A marca, lançada em 2013, tem esse cunho
Berardo levou quatro anos a preparar regional desde o momento da sua fundação,
o Jardim Tropical Monte Palace. Entre os a começar pelo próprio nome da marca.
TROPICAL
muitos investimentos feitos em espécies “So us” (“tão nós”) simboliza a importância
arbóreas, destacam-se os mais de 700 exem- de manter presente quem somos e de onde
plares de cicas plantados ainda em 1988. viemos. Neste caso, a Madeira.
MONTE
O verde do Jardim Tropical é ainda Nascida numa família bem madeirense,
composto por urzes da Escócia, azáleas da com figuras femininas fortes e muito liga-
Bélgica, proteas da África do Sul, acácias das à costura, Mariana Sousa queria ser
PALACE
da Austrália e os engraçados martinetes, designer de moda desde que tem memó-
conhecidos como “escovas de garrafa”, pelo ria. Aos 23 anos, já formada em Design
formato da sua inflorescência, que se asse- de Moda e Têxtil, lançou uma marca que
melha ao de um escovilhão para lavar louça. honra e celebra as suas raízes a cada nova
E se as oliveiras parecem destoar no criação. A Sous.
meio desta coleção vistosa de plantas, é “Memórias”, a mais recente coleção, é
importante saber que os exemplares que inspirada na infância de Mariana, passada
A H I S T Ó R I A do Jardim Tropical Monte aqui se encontram foram transplantados entre o ateliê de costura da mãe e o quintal
Palace começa ainda no século xviii da zona do Alqueva, devido à construção da avó, bem como no seu percurso desde
quando Charles Murray, um abastado côn- da barragem. aí. O destaque vai para os estampados de
sul inglês, fez deste o seu destino de férias Ao longo dos sete hectares de exten- bordados da Madeira, bem como para os
e lhe chamou Quinta do Prazer. Nos anos são, a água vai-se fazendo ouvir, quer nas pormenores em algumas peças, que contam
seguintes, a propriedade andou de mão cascatas e riachos de pequenas dimensões, com bordados feitos à mão pela própria
em mão, chegando a funcionar como hotel, espalhados pelo jardim, quer nos lagos. avó de Mariana, que parecem nunca estar
durante o princípio do século xx. Nos dois jardins orientais, encontram-se totalmente terminados. “Eles são, como nós
Depois de quatro décadas de portas esculturas budistas e um painel de 166 somos, um eterno work in progress”, explica.
fechadas, o edifício e o respetivo jardim azulejos que ilustra “A Aventura dos Por- Na loja da marca encontram-se peças
tugueses no Japão”. No corredor verde que Sous, mas não só. Em dezembro de 2020,
desce pelo jardim, revisita-se igualmente o espaço duplicou e ganhou um novo
a história de Portugal, desde o reinado conceito, mais abrangente. Com uma sala
de D. Afonso Henriques até à entrada de ampla e uma decoração minimal, a loja
Portugal na cee, numa coleção de 40 azu- expõe agora peças de outras marcas com
lejos de terracota encomendada ao artista que Mariana se identifica, do design de
argentino Alberto Cédron. moda ao de interiores. “Convido artistas,
Recomenda-se ainda a visita ao museu, artesãos e marcas que me inspiram. A ideia
que fica na parte superior do jardim e recebe ↓ FOTOGRAFIA DR é ir dando a conhecer outras coisas, peças
duas exposições. “A Paixão Africana” é com- fora do comum, feitas com qualidade e
posta por mais de um milhar de esculturas em pequenas quantidades.” E se por agora
de artistas do Zimbabué, criadas na década às peças Sous se juntam acessórios de
de 1960. No piso inferior, ficam os “Segredos moda, cestas em fibras naturais e cha-
da Mãe Natureza”, uma exposição que dá péus pintados à mão, amanhã a seleção
a conhecer minerais extraídos de grutas e de peças pode já ser outra. Este work in
↑ FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
cavernas da África do Sul, do Brasil, da Zâm- progress tem as portas abertas e as visitas
bia ou da Argentina, incluindo diamantes. recomendam-se.
CAMINHO DO MONTE, 174. 291 784 756 EDIFÍCIO OUDINOT, LOJA 19,
V I S I TA R J A R DI M T R O P IC A L M O N T E PA L A C E COMPRAR
93 SOUS
BEBER FUNCHAL
O S G O S T O S mudam e Eduardo Lucas A primeira aventura foi a Plantage-
é prova disso. O rapaz que nem sequer neta. Em parceria com a Oitava Colina e
VILHOA
gostava de cerveja, que tirou Desporto a Justino’s Madeira Wine, a Vilhoa pro-
e Educação Física e que trabalhava no duziu esta e uma série de outras cervejas
Clube Desportivo Nacional da Madeira, artesanais envelhecidas em barricas de
começou a despertar para o mundo da vinho Madeira. Todas têm nomes de
cerveja artesanal, depois de muito viajar personagens de Shakespeare, mas esta
com amigos. “Descobrimos este produto primeira homenageia Jorge Plantageneta,
que adorávamos, mas depois queríamos duque de Clarence. Ficou para a História
beber cá na Madeira e simplesmente não pelo seu incomum assassínio, em 1478,
havia, era uma lacuna no mercado. Deci- mais tarde representado numa peça de
dimos juntar o útil ao agradável.” Assim Shakespeare. Condenado à morte mas
nasceu, em dezembro de 2016, a Vilhoa. podendo escolher o método utilizado,
A aposta de Eduardo e dos seus três o Duque fez um pedido no mínimo origi-
sócios foi simples, mas ousada. Recor- nal: quis ser afogado num barril de malva-
rendo apenas a capitais próprios, a marca sia, uma das castas do vinho Madeira.
começou por atuar unicamente como E Eduardo garante que esta edição de
distribuidora de cervejas artesanais na cerveja artesanal “foi uma das melhores
Madeira. “Fomos ter com as marcas com que o movimento artesanal português
que nos identificávamos e que achávamos já viu”, embora seja irrepetível, não se
que fazia sentido estarem presentes na podendo voltar a provar.
ilha.” Provadas e aprovadas pelos quatro A esta seguiram-se outras, que se pro-
VILHOA.COM / @VILHOA
94 VILHOA BEBER
95 VILHOA
BEBER FUNCHAL
O S G O S T O S mudam e Eduardo Lucas A primeira aventura foi a Plantage-
é prova disso. O rapaz que nem sequer neta. Em parceria com a Oitava Colina e
VILHOA
gostava de cerveja, que tirou Desporto a Justino’s Madeira Wine, a Vilhoa pro-
e Educação Física e que trabalhava no duziu esta e uma série de outras cervejas
Clube Desportivo Nacional da Madeira, artesanais envelhecidas em barricas de
começou a despertar para o mundo da vinho Madeira. Todas têm nomes de
cerveja artesanal, depois de muito viajar personagens de Shakespeare, mas esta
com amigos. “Descobrimos este produto primeira homenageia Jorge Plantageneta,
que adorávamos, mas depois queríamos duque de Clarence. Ficou para a História
beber cá na Madeira e simplesmente não pelo seu incomum assassínio, em 1478,
havia, era uma lacuna no mercado. Deci- mais tarde representado numa peça de
dimos juntar o útil ao agradável.” Assim Shakespeare. Condenado à morte mas
nasceu, em dezembro de 2016, a Vilhoa. podendo escolher o método utilizado,
A aposta de Eduardo e dos seus três o Duque fez um pedido no mínimo origi-
sócios foi simples, mas ousada. Recor- nal: quis ser afogado num barril de malva-
rendo apenas a capitais próprios, a marca sia, uma das castas do vinho Madeira.
começou por atuar unicamente como E Eduardo garante que esta edição de
distribuidora de cervejas artesanais na cerveja artesanal “foi uma das melhores
Madeira. “Fomos ter com as marcas com que o movimento artesanal português
que nos identificávamos e que achávamos já viu”, embora seja irrepetível, não se
que fazia sentido estarem presentes na podendo voltar a provar.
ilha.” Provadas e aprovadas pelos quatro A esta seguiram-se outras, que se pro-
VILHOA.COM / @VILHOA
94 VILHOA BEBER
95 VILHOA
COMPRAR FUNCHAL
FÁBRICA
SANTO ANTÓNIO
COMPRAR
96 FÁ B R IC A S A N TO A N TÓ N IO COMPRAR
97 FÁ B R IC A S A N TO A N TÓ N IO
COMPRAR FUNCHAL
FÁBRICA
SANTO ANTÓNIO
COMPRAR
96 FÁ B R IC A S A N TO A N TÓ N IO COMPRAR
97 FÁ B R IC A S A N TO A N TÓ N IO
V I S I TA R FUNCHAL COMPRAR FUNCHAL
MERCADO BORDAL
qualquer peça, o padrão do bordado – têm
um portefólio com cerca de 60 mil dese-
DOS LAVRADORES
nhos, de vários tamanhos. Apesar da varie-
dade, “há pessoas que pedem desenhos
novos”, revela a responsável. E a Bordal faz.
“Temos uma desenhadora, mas também
vamos buscar designers fora.”
Escolhido o desenho, faz-se uma chapa
com os furos, passam uma tinta lavável
e o tecido fica marcado. Segue assim para
O M E L H O R dia para visitar o Mercado
as bordadeiras, com uma amostra já feita
dos Lavradores, no centro do Funchal,
e os pontos contabilizados, já que o traba-
é à sexta-feira. E porquê? Porque é na
lho é pago conforme o número de pontos
véspera do fim de semana que o átrio
a bordar. Susana Vacas contabiliza, ao todo,
central do mercado recebe produtores
“400 bordadeiras que trabalham à peça”.
de frutas, vegetais e flores vindos
Concentram-se, sobretudo, no Estreito,
de toda a ilha. Entre eles, diferentes
Câmara de Lobos e na Ribeira Brava.
espécies que dificilmente se encontram
Depois de bordadas, as peças – que
noutras paragens, tais como as inúmeras
podem ser de linho, organdi ou algodão –
variedades de banana e maracujá: da
são devolvidas à procedência, lavadas,
banana-ananás ao maracuja-tomate.
tratadas, recortadas e, finalmente, engoma-
“É como comer uma salada de frutas
das. É possível acompanhar este processo,
numa só”, descreve um dos comerciantes.
ou parte dele, nos pisos que concentram
Muitos dos vendedores de fruta têm
a fábrica e uma espécie de museu vivo
por hábito convidar os visitantes a provar
do que foi e do que é a Bordal.
alguns exemplares previamente abertos.
E o que é a Bordal? É uma marca que
Mas cuidado: a fruta comprada pode não
está em constante reinvenção, ora com
ser tão doce como a que se provou. Diz
projetos para terceiros, como a Chanel ou
quem sabe que alguns vendedores juntam
a Dior, ora com novos conceitos dentro de
açúcar às frutas que encetam, de forma
casa, como a Bordal Design, que apresenta
a torná-las mais apetitosas.
coleções de mesa, bebé e senhora. O impor-
Na praça do peixe, destaque, em pri-
tante, refere Susana – que nos tempos
meiro lugar, para duas espécies: peixe-
vagos é praticante de trail – é “não parar,
-espada e atum, expostos em diversas
continuar sempre”. Que nunca parem.
bancadas, com dimensões muito razoáveis.
A de José António Pestana é uma delas. A M A R C A mais famosa de bordados da
Reconhecível pela farta cabeleira, não tem Madeira tem como ano oficial de funda-
RUA DR. FERNÃO DE ORNELAS, 77.
relação com a célebre família de hoteleiros. ção 1962 mas, segundo a sócia-gerente
V I S I TA R
98 M E RCA D O D O S L AV RA D O R E S COMPRAR
99 BORDAL
V I S I TA R FUNCHAL COMPRAR FUNCHAL
MERCADO BORDAL
qualquer peça, o padrão do bordado – têm
um portefólio com cerca de 60 mil dese-
DOS LAVRADORES
nhos, de vários tamanhos. Apesar da varie-
dade, “há pessoas que pedem desenhos
novos”, revela a responsável. E a Bordal faz.
“Temos uma desenhadora, mas também
vamos buscar designers fora.”
Escolhido o desenho, faz-se uma chapa
com os furos, passam uma tinta lavável
e o tecido fica marcado. Segue assim para
O M E L H O R dia para visitar o Mercado
as bordadeiras, com uma amostra já feita
dos Lavradores, no centro do Funchal,
e os pontos contabilizados, já que o traba-
é à sexta-feira. E porquê? Porque é na
lho é pago conforme o número de pontos
véspera do fim de semana que o átrio
a bordar. Susana Vacas contabiliza, ao todo,
central do mercado recebe produtores
“400 bordadeiras que trabalham à peça”.
de frutas, vegetais e flores vindos
Concentram-se, sobretudo, no Estreito,
de toda a ilha. Entre eles, diferentes
Câmara de Lobos e na Ribeira Brava.
espécies que dificilmente se encontram
Depois de bordadas, as peças – que
noutras paragens, tais como as inúmeras
podem ser de linho, organdi ou algodão –
variedades de banana e maracujá: da
são devolvidas à procedência, lavadas,
banana-ananás ao maracuja-tomate.
tratadas, recortadas e, finalmente, engoma-
“É como comer uma salada de frutas
das. É possível acompanhar este processo,
numa só”, descreve um dos comerciantes.
ou parte dele, nos pisos que concentram
Muitos dos vendedores de fruta têm
a fábrica e uma espécie de museu vivo
por hábito convidar os visitantes a provar
do que foi e do que é a Bordal.
alguns exemplares previamente abertos.
E o que é a Bordal? É uma marca que
Mas cuidado: a fruta comprada pode não
está em constante reinvenção, ora com
ser tão doce como a que se provou. Diz
projetos para terceiros, como a Chanel ou
quem sabe que alguns vendedores juntam
a Dior, ora com novos conceitos dentro de
açúcar às frutas que encetam, de forma
casa, como a Bordal Design, que apresenta
a torná-las mais apetitosas.
coleções de mesa, bebé e senhora. O impor-
Na praça do peixe, destaque, em pri-
tante, refere Susana – que nos tempos
meiro lugar, para duas espécies: peixe-
vagos é praticante de trail – é “não parar,
-espada e atum, expostos em diversas
continuar sempre”. Que nunca parem.
bancadas, com dimensões muito razoáveis.
A de José António Pestana é uma delas. A M A R C A mais famosa de bordados da
Reconhecível pela farta cabeleira, não tem Madeira tem como ano oficial de funda-
RUA DR. FERNÃO DE ORNELAS, 77.
relação com a célebre família de hoteleiros. ção 1962 mas, segundo a sócia-gerente
V I S I TA R
98 M E RCA D O D O S L AV RA D O R E S COMPRAR
99 BORDAL
COMER FUNCHAL VERBO FUNCHAL
PATRÍCIA
que gostamos de objetos antigos, então
vêm cá deixar coisas.”
Não é, por isso, apenas um ateliê ou uma
loja. “A ideia sempre foi a que se prestasse a
PINTO
muita coisa. Podermos criar, sim, mas tam-
bém abrir o espaço a pessoas que quisessem
mostrar o que fazem: artistas plásticos,
ATELIÊ
músicos, fotógrafos…” Por ali já acontece-
ram jantares clandestinos, pequenos-almo-
ços com menu de degustação, workshops de
pão, tudo e mais alguma coisa. “Queremos
que isto seja um espaço multifunções, criar
CHALET
experiências aqui dentro.”
A moda faz parte do leque, claro. Patrí-
cia estudou no iade, em Lisboa, e come-
çou a sua carreira na capital antes de voltar
VICENTE
à sua ilha natal, em 2000. No seu trabalho
está presente, desde sempre, a sua con-
dição insular. “Há um conceito que está
muito presente em mim, quer eu queira
quer não, que é a ilha. Quase todos nós
conhecemos alguém ligado às artes arte-
ESTRADA MONUMENTAL, 238. 291 765 818 sanais: bordado, tapeçaria, tricô... estamos
CHALETVICENTE.COM muito ligados a essas manualidades.”
A Madeira, diz-lhe, traz-lhe inspiração e
curiosidade constante. Sim, já usou borda-
dos e outras técnicas tradicionais, mas mais
do que isso. “Viver numa ilha traz-nos a
Q U I N T A C E N T E N Á R I A onde nobres javali e o cabrito que lá se serviam vontade de querermos estar perto do mundo,
famílias madeirenses procuravam a calma fizeram rapidamente sucesso entre os
há uma vida na restauração. Formado as criações de José Manuel, que vão do viagem no tempo, graças aos objetos que com a menina’. No início, pensava que era
na Suíça e com muitos anos de casa no bacalhau na telha ao coelho estufado ali tem expostos. Um letreiro da Rolex. Um uma miúda da minha idade, mas afinal era a
Reid’s, José Manuel abriu com a mulher ou ao camarão malandrinho na panela. móvel da Faber-Castell. Uma cabine em senhora que tinha quase 80 anos – como não
um restaurante familiar na Camacha, o Destaca-se o cabrito na panela (12,90€), madeira dos ctt. Afinal, o que vem a ser se tinha casado, continuava a ser menina.”
Abrigo do Pastor. “O espaço era mesmo a que tanto chamam caldeirada como isto? “Partilho este espaço com a minha
um antigo casebre de pastores, e por isso ensopado, e que invariavelmente se desfaz irmã [Cristina Pinto], que é designer de
tínhamos uma ligação forte às carnes”, à primeira garfada, como se todos os dias interiores. Ela descobre sempre umas coi- RUA NOVA DE SÃO PEDRO, 56, FUNCHAL
recorda Guadalupe. O porco preto, o fossem domingo de Páscoa. sas fora da caixa. E há pessoas que sabem 291 228 373. @PATMOONDRESS
PATRÍCIA
que gostamos de objetos antigos, então
vêm cá deixar coisas.”
Não é, por isso, apenas um ateliê ou uma
loja. “A ideia sempre foi a que se prestasse a
PINTO
muita coisa. Podermos criar, sim, mas tam-
bém abrir o espaço a pessoas que quisessem
mostrar o que fazem: artistas plásticos,
ATELIÊ
músicos, fotógrafos…” Por ali já acontece-
ram jantares clandestinos, pequenos-almo-
ços com menu de degustação, workshops de
pão, tudo e mais alguma coisa. “Queremos
que isto seja um espaço multifunções, criar
CHALET
experiências aqui dentro.”
A moda faz parte do leque, claro. Patrí-
cia estudou no iade, em Lisboa, e come-
çou a sua carreira na capital antes de voltar
VICENTE
à sua ilha natal, em 2000. No seu trabalho
está presente, desde sempre, a sua con-
dição insular. “Há um conceito que está
muito presente em mim, quer eu queira
quer não, que é a ilha. Quase todos nós
conhecemos alguém ligado às artes arte-
ESTRADA MONUMENTAL, 238. 291 765 818 sanais: bordado, tapeçaria, tricô... estamos
CHALETVICENTE.COM muito ligados a essas manualidades.”
A Madeira, diz-lhe, traz-lhe inspiração e
curiosidade constante. Sim, já usou borda-
dos e outras técnicas tradicionais, mas mais
do que isso. “Viver numa ilha traz-nos a
Q U I N T A C E N T E N Á R I A onde nobres javali e o cabrito que lá se serviam vontade de querermos estar perto do mundo,
famílias madeirenses procuravam a calma fizeram rapidamente sucesso entre os
há uma vida na restauração. Formado as criações de José Manuel, que vão do viagem no tempo, graças aos objetos que com a menina’. No início, pensava que era
na Suíça e com muitos anos de casa no bacalhau na telha ao coelho estufado ali tem expostos. Um letreiro da Rolex. Um uma miúda da minha idade, mas afinal era a
Reid’s, José Manuel abriu com a mulher ou ao camarão malandrinho na panela. móvel da Faber-Castell. Uma cabine em senhora que tinha quase 80 anos – como não
um restaurante familiar na Camacha, o Destaca-se o cabrito na panela (12,90€), madeira dos ctt. Afinal, o que vem a ser se tinha casado, continuava a ser menina.”
Abrigo do Pastor. “O espaço era mesmo a que tanto chamam caldeirada como isto? “Partilho este espaço com a minha
um antigo casebre de pastores, e por isso ensopado, e que invariavelmente se desfaz irmã [Cristina Pinto], que é designer de
tínhamos uma ligação forte às carnes”, à primeira garfada, como se todos os dias interiores. Ela descobre sempre umas coi- RUA NOVA DE SÃO PEDRO, 56, FUNCHAL
recorda Guadalupe. O porco preto, o fossem domingo de Páscoa. sas fora da caixa. E há pessoas que sabem 291 228 373. @PATMOONDRESS
A~MAR
PHARMÁCIA
DO BENTO
A E N O R M E montra emoldurada em
madeira escura deixa espreitar para a loja,
ampla e luminosa. Transpôr a porta da
a~mar, no centro do Funchal, é sair da ilha
para o mundo. Aqui encontram-se peças de
diferentes origens – da joalharia aos têxteis,
RUA DOS TANOEIROS, 4. 291 223 613 da cerâmica à cosmética – sempre escolhidas
a dedo. Além das marcas internacionais, há
muitas madeirenses e ainda mais do conti-
nente. Exemplos? As joias da Morphia divi-
dem as atenções com as roupas para praticar
O N O M E oficial é Mercearia do Bento Paulo cresceu neste espaço que viu per- ioga da Puka ou as loiças da Casa Cubista, da
e a razão para tal entende-se assim que tencer ao tio avô e depois ao pai, antes de Costa Nova e ainda do madeirense Miguel
se entra no espaço. Disposta em L, a sala chegar às suas mãos. “Mesmo antes de Sarda. O que têm em comum? A curadoria
conta com dois balcões corridos, um onde entrar para a escola, já eu ajudava aqui. de Margarida Brazão Sousa, fundadora do
funciona a taberna e outro a mercearia. Do Quer dizer, ajudava mais ou menos, que projeto, que privilegia peças produzidas com
lado da mercearia, as muitas prateleiras e eu partia muitos copos”, brinca. Foi já consciência ambiental e social.
armários estão completamente lotados de na sua época que a Mercearia do Bento O espaço nasceu em abril de 2021 como
↑↓ FOTOGRAFIAS RODRIGO CABRITA
produtos. Encontra-se tudo e mais alguma ganhou a alcunha por que hoje é conhe- um escape à pandemia. Nascida na Madeira
coisa: pacotes de massa e arroz, champôs e cida entre madeirenses: Pharmácia. e devota à ilha, Margarida confessa que
amaciadores, pastilhas elásticas, vasos para A brincadeira deve-se à poncha que aqui precisa de sair dela regularmente. “Sempre
plantas, ovos Kinder e espanadores. Mas o se começou a servir quando “mal se via RUA DOS FERREIROS, 138. @AMAR.MADEIRA viajei bastante, desde pequena, e isso teve
que mais destaque tem são as dezenas de poncha no Funchal”. Depois de um dia muito impacto em mim.” Foi justamente
caixinhas com especiarias, todas importa- de trabalho, muitos são os funchalenses depois de um ano a viajar pela América do
das dos seus países de origem, da Índia à que aqui se juntam ao final da tarde, já Sul e pela Ásia que Margarida regressou
Tanzânia. “Temos uma clientela muito fiel que “não há nada que esta poncha não à Madeira com vontade de criar a loja que
às nossas especiarias e ainda mais às nos- cure”. E segundo Paulo, não é apenas o gostava de poder visitar na sua ilha. A a~mar
sas misturas de especiarias”, explica Paulo efeito da poncha: é o facto de diferentes – de Margarida, de mar e de amor pela vida –
Bento, o atual merceeiro. grupos se misturarem de copo na mão. permite-lhe viajar sem sair do mesmo lugar.
O negócio existe aqui há mais de 150 Chama-lhe o “efeito Pharmácia “É uma forma muito pessoal de partilhar com
anos e está na família há sete gerações. do Bento”. as pessoas o que vou conhecendo.”
V I S I TA R
102 PHARMÁCIA DO BENTO COMPRAR
103 A~MAR
V I S I TA R FUNCHAL COMPRAR FUNCHAL
A~MAR
PHARMÁCIA
DO BENTO
A E N O R M E montra emoldurada em
madeira escura deixa espreitar para a loja,
ampla e luminosa. Transpôr a porta da
a~mar, no centro do Funchal, é sair da ilha
para o mundo. Aqui encontram-se peças de
diferentes origens – da joalharia aos têxteis,
RUA DOS TANOEIROS, 4. 291 223 613 da cerâmica à cosmética – sempre escolhidas
a dedo. Além das marcas internacionais, há
muitas madeirenses e ainda mais do conti-
nente. Exemplos? As joias da Morphia divi-
dem as atenções com as roupas para praticar
O N O M E oficial é Mercearia do Bento Paulo cresceu neste espaço que viu per- ioga da Puka ou as loiças da Casa Cubista, da
e a razão para tal entende-se assim que tencer ao tio avô e depois ao pai, antes de Costa Nova e ainda do madeirense Miguel
se entra no espaço. Disposta em L, a sala chegar às suas mãos. “Mesmo antes de Sarda. O que têm em comum? A curadoria
conta com dois balcões corridos, um onde entrar para a escola, já eu ajudava aqui. de Margarida Brazão Sousa, fundadora do
funciona a taberna e outro a mercearia. Do Quer dizer, ajudava mais ou menos, que projeto, que privilegia peças produzidas com
lado da mercearia, as muitas prateleiras e eu partia muitos copos”, brinca. Foi já consciência ambiental e social.
armários estão completamente lotados de na sua época que a Mercearia do Bento O espaço nasceu em abril de 2021 como
↑↓ FOTOGRAFIAS RODRIGO CABRITA
produtos. Encontra-se tudo e mais alguma ganhou a alcunha por que hoje é conhe- um escape à pandemia. Nascida na Madeira
coisa: pacotes de massa e arroz, champôs e cida entre madeirenses: Pharmácia. e devota à ilha, Margarida confessa que
amaciadores, pastilhas elásticas, vasos para A brincadeira deve-se à poncha que aqui precisa de sair dela regularmente. “Sempre
plantas, ovos Kinder e espanadores. Mas o se começou a servir quando “mal se via RUA DOS FERREIROS, 138. @AMAR.MADEIRA viajei bastante, desde pequena, e isso teve
que mais destaque tem são as dezenas de poncha no Funchal”. Depois de um dia muito impacto em mim.” Foi justamente
caixinhas com especiarias, todas importa- de trabalho, muitos são os funchalenses depois de um ano a viajar pela América do
das dos seus países de origem, da Índia à que aqui se juntam ao final da tarde, já Sul e pela Ásia que Margarida regressou
Tanzânia. “Temos uma clientela muito fiel que “não há nada que esta poncha não à Madeira com vontade de criar a loja que
às nossas especiarias e ainda mais às nos- cure”. E segundo Paulo, não é apenas o gostava de poder visitar na sua ilha. A a~mar
sas misturas de especiarias”, explica Paulo efeito da poncha: é o facto de diferentes – de Margarida, de mar e de amor pela vida –
Bento, o atual merceeiro. grupos se misturarem de copo na mão. permite-lhe viajar sem sair do mesmo lugar.
O negócio existe aqui há mais de 150 Chama-lhe o “efeito Pharmácia “É uma forma muito pessoal de partilhar com
anos e está na família há sete gerações. do Bento”. as pessoas o que vou conhecendo.”
V I S I TA R
102 PHARMÁCIA DO BENTO COMPRAR
103 A~MAR
COMER FUNCHAL
KAMPO
& AKUA
pequena aldeia entre Mafra e a Ericeira,
mas chegou à ilha pela primeira vez em
2000. Conhece-a, por isso, de uma ponta
à outra. Todos os produtos, todas as tradi-
ções. No entanto, aquilo que faz nos dois
restaurantes que tem no centro do Funchal
COMER
104 KAMPO & AKUA COMER
105 KAMPO & AKUA
COMER FUNCHAL
KAMPO
& AKUA
pequena aldeia entre Mafra e a Ericeira,
mas chegou à ilha pela primeira vez em
2000. Conhece-a, por isso, de uma ponta
à outra. Todos os produtos, todas as tradi-
ções. No entanto, aquilo que faz nos dois
restaurantes que tem no centro do Funchal
COMER
104 KAMPO & AKUA COMER
105 KAMPO & AKUA
↑↓ FOTOGRAFIAS RODRIGO CABRITA
MERGULHAR FUNCHAL COMER FUNCHAL
DOCA
mas há outros que se repetem: as
S E R Á , talvez, o lugar mais bonito gambas à diabo, a feijoada de marisco e
para mergulhar em toda a cidade do o filete de peixe-espada com banana.
Funchal. A Doca do Cavacas, também Indo com meia hora de sobra, nada
DO
conhecida como Poça do Gomes, fica como um apurado arroz de marisco
na zona de São Martinho e é um dos (35€) com tudo a que se tem direito:
complexos balneares que mais sucesso gambas, amêijoas, pata de caranguejo,
faz entre os ilhéus. miolo de amêijoa e ainda de mexilhão.
CAVACAS
Complementada com estruturas E é preciso mais uma boa horinha para
cimentadas, pintadas de azul e dar cabo do tacho que, embora seja
sobretudo de branco, esta piscina recomendado para duas pessoas, chega
natural de origem vulcânica é ideal bem para quatro.
MERGULHAR
106 D O CA D O CAVACAS COMER
107 D O CA D O CAVACAS
↑↓ FOTOGRAFIAS RODRIGO CABRITA
MERGULHAR FUNCHAL COMER FUNCHAL
DOCA
mas há outros que se repetem: as
S E R Á , talvez, o lugar mais bonito gambas à diabo, a feijoada de marisco e
para mergulhar em toda a cidade do o filete de peixe-espada com banana.
Funchal. A Doca do Cavacas, também Indo com meia hora de sobra, nada
DO
conhecida como Poça do Gomes, fica como um apurado arroz de marisco
na zona de São Martinho e é um dos (35€) com tudo a que se tem direito:
complexos balneares que mais sucesso gambas, amêijoas, pata de caranguejo,
faz entre os ilhéus. miolo de amêijoa e ainda de mexilhão.
CAVACAS
Complementada com estruturas E é preciso mais uma boa horinha para
cimentadas, pintadas de azul e dar cabo do tacho que, embora seja
sobretudo de branco, esta piscina recomendado para duas pessoas, chega
natural de origem vulcânica é ideal bem para quatro.
MERGULHAR
106 D O CA D O CAVACAS COMER
107 D O CA D O CAVACAS
1 BANCO EM MADEIRA
COMPRAR FUNCHAL 4 7
LUÍS DE JESUS, 22,88€
6
2 PA N O D E TA B U L E I R O
LOJA DO
FAV O D E M E L
MARIA OLÍVIA DE ANDRADE
N. DA SILVA, 38,13€
ARTESANATO
3 CARAPUÇA MADEIRENSE
EUGÉNIA CAROLINA
PEREIRA COELHO, 15,25€
DA MADEIRA
8 4 BASE DE COPO
EM CROCHET
5 ANA PAULA GOMES, 7,63€
5 PIÃO PEQUENO
LUÍS DE JESUS, 4,58€
9
1 7 A L M O FA R I Z
LUÍS DE JESUS, 9,15€
8 TÁ B U A E M C E R Â M IC A
VERA ANDRADE, 38,13€
9 TA Ç A E M C E R Â M IC A
VERA ANDRADE, 38,15€
Q U E M passa pelo portão, ainda da rua,
consegue espreitar para o pátio interior e 10 BRINQUINHO
MADEIRENSE
perceber que se trata de um edifício com 10
JOÃO MAURÍCIO VIEIRA
história. Situado em plena baixa do Funchal,
GOMES, 10,68€
data do século xix e foi mandado construir
por Henry Veitch, cônsul-geral britânico 11 F O L H A D E PA L M E I R A
que ficou para a história da ilha como um ANA MARIA LOURENÇO
importante negociante de vinhos. A pro- RODRIGUES, 38,13€
priedade, que estava há décadas sem propó-
sito, foi parcialmente recuperada e abriu ao 12 BASE DE COPO COM
COMPRAR
108 LO JA D O A RT E S A N ATO DA M A D E I R A COMPRAR
109 LO JA D O A RT E S A N ATO DA M A D E I R A
1 BANCO EM MADEIRA
COMPRAR FUNCHAL 4 7
LUÍS DE JESUS, 22,88€
6
2 PA N O D E TA B U L E I R O
LOJA DO
FAV O D E M E L
MARIA OLÍVIA DE ANDRADE
N. DA SILVA, 38,13€
ARTESANATO
3 CARAPUÇA MADEIRENSE
EUGÉNIA CAROLINA
PEREIRA COELHO, 15,25€
DA MADEIRA
8 4 BASE DE COPO
EM CROCHET
5 ANA PAULA GOMES, 7,63€
5 PIÃO PEQUENO
LUÍS DE JESUS, 4,58€
9
1 7 A L M O FA R I Z
LUÍS DE JESUS, 9,15€
8 TÁ B U A E M C E R Â M IC A
VERA ANDRADE, 38,13€
9 TA Ç A E M C E R Â M IC A
VERA ANDRADE, 38,15€
Q U E M passa pelo portão, ainda da rua,
consegue espreitar para o pátio interior e 10 BRINQUINHO
MADEIRENSE
perceber que se trata de um edifício com 10
JOÃO MAURÍCIO VIEIRA
história. Situado em plena baixa do Funchal,
GOMES, 10,68€
data do século xix e foi mandado construir
por Henry Veitch, cônsul-geral britânico 11 F O L H A D E PA L M E I R A
que ficou para a história da ilha como um ANA MARIA LOURENÇO
importante negociante de vinhos. A pro- RODRIGUES, 38,13€
priedade, que estava há décadas sem propó-
sito, foi parcialmente recuperada e abriu ao 12 BASE DE COPO COM
COMPRAR
108 LO JA D O A RT E S A N ATO DA M A D E I R A COMPRAR
109 LO JA D O A RT E S A N ATO DA M A D E I R A
V I S I TA R FUNCHAL COMER FUNCHAL
passo a passo todo o ciclo da vindima tra-
dicional madeirense, da apanha da uva à
IL GALLO
exportação nos cais.
C O M M A I S de dois séculos de história, As salas seguintes são adegas e
funcionou como hospital, prisão e cada uma delas conta com diferentes
D’ORO
mosteiro, até se tornar uma das mais características, da temperatura à humidade,
relevantes casas de vinho na Madeira. definidas de acordo com os perfis
É aqui que hoje se armazenam mais de de envelhecimento dos vários vinhos.
650 barris e cubas, que ilustram a história Há o doce, o meio doce, o seco e o meio
do vinho Madeira e da família inglesa seco, com as respetivas variações que
Blandy, presente na ilha e na vinicultura se multiplicam anualmente. Por entre as
há já mais de dois séculos. amplas divisões escurecidas, há vinhos HOTEL THE CLIFF BAY. ESTRADA MONUMENTAL, 147, FUNCHAL
↓ FOTOGRAFIAS DR
A entrada no imponente edifício pode a envelhecer há mais de cem anos e uma 291 707 700. ILGALLODORO.PORTOBAY.COM
fazer-se pela avenida Arriaga ou pela rua de série de garrafas especiais, como a que @ILGALLODORORESTAURANT
BLANDY’S
dos dos anos 90. Foi uma dupla história
de amor: apaixonou-se pela rececionista
(madeirense) do hotel onde trabalhava –
WINE LODGE
com quem viria a casar-se – e, quando
esta teve de voltar a casa, foi com ela. Uma
vez na Madeira, apaixonou-se novamente,
desta vez pela ilha.
Lidera a cozinha do Il Gallo d’Oro
desde 2004 e tem, cada vez mais, vindo
a dar protagonismo aos produtos madei-
renses nas suas propostas gastronómicas.
Sempre, claro, com a sofisticação que se
espera de um restaurante de um hotel de
cinco estrelas virado para o mar.
Na recente reabertura pós-pandemia,
em maio último, destaca-se a sala mais
luminosa, devido aos enormes janelões
que percorrem agora a frente do restau-
rante e novíssima Mesa do Chefe, em que
AVENIDA ARRIAGA, 28. 291 221 772 até quatro pessoas podem ver de perto o
WWW.BLANDYSWINELODGE.COM chef Benoît Sinthon em ação, bem perto
PREÇO DA VISITA: A PARTIR DE 7,20€ deles. Um privilégio.
V I S I TA R
110 BL ANDY’S WINE LODGE COMER
111 IL GALLO D ’ORO
V I S I TA R FUNCHAL COMER FUNCHAL
passo a passo todo o ciclo da vindima tra-
dicional madeirense, da apanha da uva à
IL GALLO
exportação nos cais.
C O M M A I S de dois séculos de história, As salas seguintes são adegas e
funcionou como hospital, prisão e cada uma delas conta com diferentes
D’ORO
mosteiro, até se tornar uma das mais características, da temperatura à humidade,
relevantes casas de vinho na Madeira. definidas de acordo com os perfis
É aqui que hoje se armazenam mais de de envelhecimento dos vários vinhos.
650 barris e cubas, que ilustram a história Há o doce, o meio doce, o seco e o meio
do vinho Madeira e da família inglesa seco, com as respetivas variações que
Blandy, presente na ilha e na vinicultura se multiplicam anualmente. Por entre as
há já mais de dois séculos. amplas divisões escurecidas, há vinhos HOTEL THE CLIFF BAY. ESTRADA MONUMENTAL, 147, FUNCHAL
↓ FOTOGRAFIAS DR
A entrada no imponente edifício pode a envelhecer há mais de cem anos e uma 291 707 700. ILGALLODORO.PORTOBAY.COM
fazer-se pela avenida Arriaga ou pela rua de série de garrafas especiais, como a que @ILGALLODORORESTAURANT
BLANDY’S
dos dos anos 90. Foi uma dupla história
de amor: apaixonou-se pela rececionista
(madeirense) do hotel onde trabalhava –
WINE LODGE
com quem viria a casar-se – e, quando
esta teve de voltar a casa, foi com ela. Uma
vez na Madeira, apaixonou-se novamente,
desta vez pela ilha.
Lidera a cozinha do Il Gallo d’Oro
desde 2004 e tem, cada vez mais, vindo
a dar protagonismo aos produtos madei-
renses nas suas propostas gastronómicas.
Sempre, claro, com a sofisticação que se
espera de um restaurante de um hotel de
cinco estrelas virado para o mar.
Na recente reabertura pós-pandemia,
em maio último, destaca-se a sala mais
luminosa, devido aos enormes janelões
que percorrem agora a frente do restau-
rante e novíssima Mesa do Chefe, em que
AVENIDA ARRIAGA, 28. 291 221 772 até quatro pessoas podem ver de perto o
WWW.BLANDYSWINELODGE.COM chef Benoît Sinthon em ação, bem perto
PREÇO DA VISITA: A PARTIR DE 7,20€ deles. Um privilégio.
V I S I TA R
110 BL ANDY’S WINE LODGE COMER
111 IL GALLO D ’ORO
BEBER FUNCHAL
VINTNERS
explica Lisandra Gonçalves, uma das a Dinamarca, os eua e a Holanda. E
duas enólogas da casa. “A primeira para o continente, que também conta!”
@MADEIRAVINTNERS2012
BEBER
112 VINTNERS BEBER
113 VINTNERS
BEBER FUNCHAL
VINTNERS
explica Lisandra Gonçalves, uma das a Dinamarca, os eua e a Holanda. E
duas enólogas da casa. “A primeira para o continente, que também conta!”
@MADEIRAVINTNERS2012
BEBER
112 VINTNERS BEBER
113 VINTNERS
PA S S E A R FUNCHAL COMER FUNCHAL
F I C A A O E S T E do concelho do Funchal
e, com uma extensão de dois quilómetros,
TERREIRO
faz a ligação até Câmara de Lobos. A praia
Formosa é a maior praia pública da ilha e
uma das mais populares entre os funcha-
lenses, já que fica a meros 10 minutos do
CONCEPT
centro da cidade.
PRAIA
Quando o sol brilha, o areal – composto
por calhau rolado e areia preta de origem
vulcânica – enche-se de banhistas. Em
FORMOSA
dias mais cinzentos, ganha popularidade
a promenade, isto é, o caminho pedonal à
beira-mar. Em pouco mais de 20 minutos,
atravessam-se as quatro praias que com- RUA IMPERATRIZ DONA AMÉLIA, 107. 291 213 010
põem a enorme praia Formosa, da Nova à TERREIROCONCEPT.COM / @TERREIROCONCEPT
RUA DA PRAIA FORMOSA dos Namorados.
↓ FOTOGRAFIA DR
E N T R A N D O no jardim pelos portões, Os petiscos dominam boa parte da
denota-se um ambiente tranquilo mas de ementa, que se propõe a “regressar às
certo requinte. Os empregados estão impe- origens” numa cozinha criativa e des-
cavelmente fardados, puxam as cadeiras a complicada que convida a partilhar. Para
↑ FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
quem se senta, e é comum encontrarem-se ali começar, picam-se croquetes de cozido
personagens emblemáticas da Madeira. Mas panelo, rissóis de berbigão e pataniscas de
também há espaço para comuns mortais, já bacalhau e polvo. Da categoria “quem não
que o preço médio por refeição é de 35€. arrisca, não petisca” da carta, destacam-
O Terreiro Concept, inaugurado em -se o bodião em polme de cerveja (9€), o
2019, fica na zona hoteleira do Funchal – berbigão de cebolada (10€) e o escabeche
e não é coincidência, já que pertence ao quente de atum (11€). Dos pratos prin-
grupo Savoy. Instalado numa típica casa cipais, recomenda-se a barriga de leitão
insular, funciona como restaurante e gas- crocante (15€) – e chamar-lhe crocante é
trobar. O espaço interior divide-se em dois pouco. A carne, que se desfia à primeira
andares, com a assinatura da designer de garfada, vem bem acompanhada por um
interiores madeirense Nini Andrade Silva, esparregado de espinafres e requeijão do
e o exterior beneficia de um extenso jardim, Santo da Terra, cebolinhas aciduladas e
a terminar com vista para o mar. ainda chips de batata.
PA S S E A R
114 PRAIA FORMOSA COMER
115 TERREIRO CONCEPT
PA S S E A R FUNCHAL COMER FUNCHAL
F I C A A O E S T E do concelho do Funchal
e, com uma extensão de dois quilómetros,
TERREIRO
faz a ligação até Câmara de Lobos. A praia
Formosa é a maior praia pública da ilha e
uma das mais populares entre os funcha-
lenses, já que fica a meros 10 minutos do
CONCEPT
centro da cidade.
PRAIA
Quando o sol brilha, o areal – composto
por calhau rolado e areia preta de origem
vulcânica – enche-se de banhistas. Em
FORMOSA
dias mais cinzentos, ganha popularidade
a promenade, isto é, o caminho pedonal à
beira-mar. Em pouco mais de 20 minutos,
atravessam-se as quatro praias que com- RUA IMPERATRIZ DONA AMÉLIA, 107. 291 213 010
põem a enorme praia Formosa, da Nova à TERREIROCONCEPT.COM / @TERREIROCONCEPT
RUA DA PRAIA FORMOSA dos Namorados.
↓ FOTOGRAFIA DR
E N T R A N D O no jardim pelos portões, Os petiscos dominam boa parte da
denota-se um ambiente tranquilo mas de ementa, que se propõe a “regressar às
certo requinte. Os empregados estão impe- origens” numa cozinha criativa e des-
cavelmente fardados, puxam as cadeiras a complicada que convida a partilhar. Para
↑ FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
quem se senta, e é comum encontrarem-se ali começar, picam-se croquetes de cozido
personagens emblemáticas da Madeira. Mas panelo, rissóis de berbigão e pataniscas de
também há espaço para comuns mortais, já bacalhau e polvo. Da categoria “quem não
que o preço médio por refeição é de 35€. arrisca, não petisca” da carta, destacam-
O Terreiro Concept, inaugurado em -se o bodião em polme de cerveja (9€), o
2019, fica na zona hoteleira do Funchal – berbigão de cebolada (10€) e o escabeche
e não é coincidência, já que pertence ao quente de atum (11€). Dos pratos prin-
grupo Savoy. Instalado numa típica casa cipais, recomenda-se a barriga de leitão
insular, funciona como restaurante e gas- crocante (15€) – e chamar-lhe crocante é
trobar. O espaço interior divide-se em dois pouco. A carne, que se desfia à primeira
andares, com a assinatura da designer de garfada, vem bem acompanhada por um
interiores madeirense Nini Andrade Silva, esparregado de espinafres e requeijão do
e o exterior beneficia de um extenso jardim, Santo da Terra, cebolinhas aciduladas e
a terminar com vista para o mar. ainda chips de batata.
PA S S E A R
114 PRAIA FORMOSA COMER
115 TERREIRO CONCEPT
BEBER FUNCHAL
FUGACIDADE DORMIR FUNCHAL
O E D I F Í C I O centenário já foi habi-
tacional, comercial e até fabril, mas foi
como mercearia – de seu nome Caju –
CAJU
João e Camilo, o mestre cervejeiro, no piso No rés do chão, a receção do hotel
inferior da Beer House. divide as atenções com o restaurante
N E M S E M P R E foi o parque de diver-
Entre receitas que incluem mel de cana, que aqui funciona em paralelo. É no
sões de cerveja artesanal que é hoje em
LE PETIT
banana, uva, pitanga, tangerina e maracujá, Prima Caju, com plantas por todo o
há opções para todos os palatos. A que dia. Duarte Chaves abriu o FugaCidade
em 2014, com os frigoríficos e torneiras lado – até a cair do teto – que se servem
faz mais sucesso é a Monte – encorpada, os pequenos-almoços aos hóspedes,
com notas de trigo e um toque amargo de dependentes de cervejas comerciais belgas.
HOTEL
Até que um dia alguém lhe falou de Diogo pedidos à carta, na qual se destacam as
lúpulo. É também aquela de que João mais panquecas e as frescas bowls. Ao almoço,
se orgulha, já que foi ele quem fez nascer a Abreu, um dos fundadores da Vilhoa, que
andava pelo Funchal montado num tuk tuk as mesas ficam lotadas e ganham mais
primeira plantação de lúpulo na ilha, unica- cor, com pratos simples e saudáveis,
mente para poder criar esta cerveja. Outras a dar a provar as cervejas que distribuía.
“Fiquei apaixonado pelo que provei. das saladas aos wraps.
virão. A ideia, explica, “é inovar sem limites
e criar receitas cada vez mais diferentes”. Então, convenci-o a ter as cervejas da
Vilhoa aqui.” Primeiro foram umas gar-
rafas, depois umas torneiras e agora têm
FOTOGRAFIAS DR
RUA DA CARREIRA, 108.
uma parceria. “Temos as cervejas deles e
291 009 400. HOTELCAJU.COM
aquelas que eles distribuem na Madeira,
ESTADIA A PARTIR DE 84€/NOITE
de outras marcas portuguesas de cerveja
FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
artesanal.”
E como quem tem sede, mais tarde ou
mais cedo, pode vir a ter fome, o FugaCi-
dade tem um menu com alguns petiscos,
onde se destaca a sandes de língua. Vai bem,
por exemplo, com a cerveja da casa, criada
em parceria com a Musa, a Conde Blond
Cannaviale. Uma referência ao nome da
rua onde fica o bar e que era para ter sido
fechada ao trânsito durante a festa de lança-
PONTÃO DE SÃO LÁZARO, AVENIDA DO MAR mento, não fosse o evento ter sido planeado
291 229 011. WWW.BEERHOUSE.PT para a pior altura possível: março de 2020.
BEBER
116 BEERHOUSE DORMIR
117 CAJU LE PETIT HOTEL
BEBER FUNCHAL
FUGACIDADE DORMIR FUNCHAL
O E D I F Í C I O centenário já foi habi-
tacional, comercial e até fabril, mas foi
como mercearia – de seu nome Caju –
CAJU
João e Camilo, o mestre cervejeiro, no piso No rés do chão, a receção do hotel
inferior da Beer House. divide as atenções com o restaurante
N E M S E M P R E foi o parque de diver-
Entre receitas que incluem mel de cana, que aqui funciona em paralelo. É no
sões de cerveja artesanal que é hoje em
LE PETIT
banana, uva, pitanga, tangerina e maracujá, Prima Caju, com plantas por todo o
há opções para todos os palatos. A que dia. Duarte Chaves abriu o FugaCidade
em 2014, com os frigoríficos e torneiras lado – até a cair do teto – que se servem
faz mais sucesso é a Monte – encorpada, os pequenos-almoços aos hóspedes,
com notas de trigo e um toque amargo de dependentes de cervejas comerciais belgas.
HOTEL
Até que um dia alguém lhe falou de Diogo pedidos à carta, na qual se destacam as
lúpulo. É também aquela de que João mais panquecas e as frescas bowls. Ao almoço,
se orgulha, já que foi ele quem fez nascer a Abreu, um dos fundadores da Vilhoa, que
andava pelo Funchal montado num tuk tuk as mesas ficam lotadas e ganham mais
primeira plantação de lúpulo na ilha, unica- cor, com pratos simples e saudáveis,
mente para poder criar esta cerveja. Outras a dar a provar as cervejas que distribuía.
“Fiquei apaixonado pelo que provei. das saladas aos wraps.
virão. A ideia, explica, “é inovar sem limites
e criar receitas cada vez mais diferentes”. Então, convenci-o a ter as cervejas da
Vilhoa aqui.” Primeiro foram umas gar-
rafas, depois umas torneiras e agora têm
FOTOGRAFIAS DR
RUA DA CARREIRA, 108.
uma parceria. “Temos as cervejas deles e
291 009 400. HOTELCAJU.COM
aquelas que eles distribuem na Madeira,
ESTADIA A PARTIR DE 84€/NOITE
de outras marcas portuguesas de cerveja
FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA
artesanal.”
E como quem tem sede, mais tarde ou
mais cedo, pode vir a ter fome, o FugaCi-
dade tem um menu com alguns petiscos,
onde se destaca a sandes de língua. Vai bem,
por exemplo, com a cerveja da casa, criada
em parceria com a Musa, a Conde Blond
Cannaviale. Uma referência ao nome da
rua onde fica o bar e que era para ter sido
fechada ao trânsito durante a festa de lança-
PONTÃO DE SÃO LÁZARO, AVENIDA DO MAR mento, não fosse o evento ter sido planeado
291 229 011. WWW.BEERHOUSE.PT para a pior altura possível: março de 2020.
BEBER
116 BEERHOUSE DORMIR
117 CAJU LE PETIT HOTEL
CONHECER FUNCHAL
FÁBIO REMESSO
BARREIRINHA BAR CAFÉ
E CLÁUDIA FERNANDES
291 627 418
@BARREIRINHABARCAFE
35 ANOS
CONHECER
118 FÁ B IO R E M E S S O E C L ÁU DI A F E R N A N D E S CONHECER
119 FÁ B IO R E M E S S O E C L ÁU DI A F E R N A N D E S
CONHECER FUNCHAL
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E CLÁUDIA FERNANDES
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35 ANOS
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118 FÁ B IO R E M E S S O E C L ÁU DI A F E R N A N D E S CONHECER
119 FÁ B IO R E M E S S O E C L ÁU DI A F E R N A N D E S
PORTO
E X P E R I M E N TA R
SANTO
COMPRAR
DORMIR
CONHECER
Se os madeirenses há muito que
usufruem da riqueza da oferta e da
simpatia dos profetas locais, a maioria
COMER
dos continentais ainda teimam em
olhar para o Porto Santo apenas
como uma praia. Fazem mal. Porque
V I S I TA R
na mais pequena das ilhas habitadas
do arquipélago – descoberta antes da
Madeira –, a somar à imensidão do areal
com propriedades terapêuticas, há
PA S S E A R
excelentes opções gastronómicas, trilhos
desafiantes com vistas recompensadoras
e recantos paradisíacos de onde apetece
EXPLORAR
E X P E R I M E N TA R
SANTO
COMPRAR
DORMIR
CONHECER
Se os madeirenses há muito que
usufruem da riqueza da oferta e da
simpatia dos profetas locais, a maioria
COMER
dos continentais ainda teimam em
olhar para o Porto Santo apenas
como uma praia. Fazem mal. Porque
V I S I TA R
na mais pequena das ilhas habitadas
do arquipélago – descoberta antes da
Madeira –, a somar à imensidão do areal
com propriedades terapêuticas, há
PA S S E A R
excelentes opções gastronómicas, trilhos
desafiantes com vistas recompensadoras
e recantos paradisíacos de onde apetece
EXPLORAR
CAMACHA 11
E TERRA CHÃ 13 8
2 COM ER TEODORICO 1 29
3 E XPLORAR PORTO DOS FRADES 133
10
DRAGOAL
4 PAS S E AR MOINHOS DE VENTO 1 25
5
5 COM ER LAMBECAS 132
6 NAVEGAR LOBO MARINHO 1 24
7 DORM IR HOTEL PORTO SANTO & SPA 134
8 COM ER TIA MARIA BEACH CLUB 1 26
9 PAS S E AR PICO DE ANA FERREIRA 146 VILA 6
BALEIRA
10 B EB ER VINHO DO PORTO SANTO 1 28
7
9
PONTA DA
CALHETA
ILHÉU DA CAL
12 1
CAMACHA 11
E TERRA CHÃ 13 8
2 COM ER TEODORICO 1 29
3 E XPLORAR PORTO DOS FRADES 133
10
DRAGOAL
4 PAS S E AR MOINHOS DE VENTO 1 25
5
5 COM ER LAMBECAS 132
6 NAVEGAR LOBO MARINHO 1 24
7 DORM IR HOTEL PORTO SANTO & SPA 134
8 COM ER TIA MARIA BEACH CLUB 1 26
9 PAS S E AR PICO DE ANA FERREIRA 146 VILA 6
BALEIRA
10 B EB ER VINHO DO PORTO SANTO 1 28
7
9
PONTA DA
CALHETA
ILHÉU DA CAL
N AV E G A R PORTO SANTO PA S S E A R PORTO SANTO
Q U E M hoje constata ao vivo e a cores a
paisagem árida e muito pouco cultivada do
LOBO MOINHOS
Porto Santo terá dificuldades em acreditar
que, noutros tempos, a ilha foi considerada
uma espécie de celeiro da Madeira – onde
MARINHO DE VENTO
as culturas da cana-do-açúcar e da vinha
tinham prioridade sobre o trigo.
Ora, para colmatar a falta de água e
a ineficácia das atafonas – os moinhos
movidos pela força animal –, a partir do
século xix começaram a nascer nas zonas
ER 233, A NORTE DA MARINA DO PORTO SANTO mais ventosas da ilha curiosos moinhos
N Ã O É a forma mais rápida de chegar
de vento, muitos deles construídos em
ao Porto Santo – a viagem demora cerca
madeira e colocados sobre uma plataforma
de 2h45 –, mas é a que permite desfrutar
rotativa que lhes permitia, rodando, tirar
melhor do percurso. Por duas razões.
maior partido da direção das rajadas e
A primeira são as vistas majestosas que
moer o cereal com mais eficácia. Chega-
oferece do Funchal e da costa leste da
ram a existir quase meia centena destes
Madeira, sobretudo nas viagens que,
moinhos.
no verão, saem do Porto Santo às 19h e
Foram, no entanto, sol de pouca dura.
chegam ao destino praticamente à hora
Assim que se facilitou a importação, aban-
do pôr do sol, convidando os passagei-
donou-se a produção de farinha e, con-
ros a assomar às varandas ou ao solário,
sequentemente, os moinhos. Estes conti-
no piso superior, para ver a espetacular
nuam, ainda assim, a marcar a paisagem da
chegada ao destino.
ilha e a oferecer excelentes oportunidades
A segunda é menos tangível, mas
de fotografia.
igualmente válida: além da viagem, pela
qual se paga o respetivo bilhete, oferece
uma outra – no tempo. É que o Lobo
Marinho parece, ainda que inadvertida-
mente, transportar todos os seus passa-
geiros para o final da década de 1990:
da sala de cinema onde se exibem filmes
dignos de Primeira Matiné, ao salão de
jogos e videojogos onde matraquilhos, air
hockey e algumas máquinas arcade reme-
tem para saudosas tardes de infância na
Feira Popular. Mas não é tudo: a receção
engalanada, os salões lounge cheios de
poltronas e até mesmo o extenso menu
do restaurante Algas e Corais, com uma
cozinha surpreendentemente elabo-
rada e anacrónica nalgumas propostas,
↑↓ FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
N AV E G A R
124 LOBO MARINHO PA S S E A R
125 MOINHOS DE VENTO
N AV E G A R PORTO SANTO PA S S E A R PORTO SANTO
Q U E M hoje constata ao vivo e a cores a
paisagem árida e muito pouco cultivada do
LOBO MOINHOS
Porto Santo terá dificuldades em acreditar
que, noutros tempos, a ilha foi considerada
uma espécie de celeiro da Madeira – onde
MARINHO DE VENTO
as culturas da cana-do-açúcar e da vinha
tinham prioridade sobre o trigo.
Ora, para colmatar a falta de água e
a ineficácia das atafonas – os moinhos
movidos pela força animal –, a partir do
século xix começaram a nascer nas zonas
ER 233, A NORTE DA MARINA DO PORTO SANTO mais ventosas da ilha curiosos moinhos
N Ã O É a forma mais rápida de chegar
de vento, muitos deles construídos em
ao Porto Santo – a viagem demora cerca
madeira e colocados sobre uma plataforma
de 2h45 –, mas é a que permite desfrutar
rotativa que lhes permitia, rodando, tirar
melhor do percurso. Por duas razões.
maior partido da direção das rajadas e
A primeira são as vistas majestosas que
moer o cereal com mais eficácia. Chega-
oferece do Funchal e da costa leste da
ram a existir quase meia centena destes
Madeira, sobretudo nas viagens que,
moinhos.
no verão, saem do Porto Santo às 19h e
Foram, no entanto, sol de pouca dura.
chegam ao destino praticamente à hora
Assim que se facilitou a importação, aban-
do pôr do sol, convidando os passagei-
donou-se a produção de farinha e, con-
ros a assomar às varandas ou ao solário,
sequentemente, os moinhos. Estes conti-
no piso superior, para ver a espetacular
nuam, ainda assim, a marcar a paisagem da
chegada ao destino.
ilha e a oferecer excelentes oportunidades
A segunda é menos tangível, mas
de fotografia.
igualmente válida: além da viagem, pela
qual se paga o respetivo bilhete, oferece
uma outra – no tempo. É que o Lobo
Marinho parece, ainda que inadvertida-
mente, transportar todos os seus passa-
geiros para o final da década de 1990:
da sala de cinema onde se exibem filmes
dignos de Primeira Matiné, ao salão de
jogos e videojogos onde matraquilhos, air
hockey e algumas máquinas arcade reme-
tem para saudosas tardes de infância na
Feira Popular. Mas não é tudo: a receção
engalanada, os salões lounge cheios de
poltronas e até mesmo o extenso menu
do restaurante Algas e Corais, com uma
cozinha surpreendentemente elabo-
rada e anacrónica nalgumas propostas,
↑↓ FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
N AV E G A R
124 LOBO MARINHO PA S S E A R
125 MOINHOS DE VENTO
COMER PORTO SANTO
TIA MARIA
C ATA R I N A B E T T E N C O U R T
e Bernardo Pereira são um casal
habituado a promover o que de melhor
BEACH CLUB
existe no arquipélago. Com o projeto
Spirit of Madeira andaram durante anos
a fazê-lo por essa Europa e mundo fora
em diversas feiras e eventos na área do
turismo. Desenvolveram, também, o
projeto A Nossa Poncha, a partir de uma
receita da bebida tradicional – “uma
evolução da poncha à pescador” –
registada por Bernardo e cujo primeiro
cliente foi nem mais, nem menos, que
o Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa.
Em 2019, criaram e desenvolveram
pelo primeiro ano no Porto Santo o
conceito Tia Maria Beach Club – desde
aí que todos os verões se mudam com
a família para a antiga casa de Maria
e Jordão, pescador porto-santense, em
plena praia, junto ao resort do Grupo
Pestana.
O conceito inclui uma concept store
no interior do espaço, mas Catarina
gosta de simplificar a explicação: “Não
é uma loja, não é um bar, não é um res-
taurante; é uma casa onde se come na
latada e que está aberta a todos.”
Recuperando a tradição da tal Tia
Maria, que servia dentinhos e cervejas
ao seu marido e restantes pescadores
enquanto estes arranjavam as redes, o
beach club é, em primeiro lugar, sítio de
@TIAMARIABEACHCLUB
COMER
127 TIA MARIA BEACH CLUB
COMER PORTO SANTO
TIA MARIA
C ATA R I N A B E T T E N C O U R T
e Bernardo Pereira são um casal
habituado a promover o que de melhor
BEACH CLUB
existe no arquipélago. Com o projeto
Spirit of Madeira andaram durante anos
a fazê-lo por essa Europa e mundo fora
em diversas feiras e eventos na área do
turismo. Desenvolveram, também, o
projeto A Nossa Poncha, a partir de uma
receita da bebida tradicional – “uma
evolução da poncha à pescador” –
registada por Bernardo e cujo primeiro
cliente foi nem mais, nem menos, que
o Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa.
Em 2019, criaram e desenvolveram
pelo primeiro ano no Porto Santo o
conceito Tia Maria Beach Club – desde
aí que todos os verões se mudam com
a família para a antiga casa de Maria
e Jordão, pescador porto-santense, em
plena praia, junto ao resort do Grupo
Pestana.
O conceito inclui uma concept store
no interior do espaço, mas Catarina
gosta de simplificar a explicação: “Não
é uma loja, não é um bar, não é um res-
taurante; é uma casa onde se come na
latada e que está aberta a todos.”
Recuperando a tradição da tal Tia
Maria, que servia dentinhos e cervejas
ao seu marido e restantes pescadores
enquanto estes arranjavam as redes, o
beach club é, em primeiro lugar, sítio de
@TIAMARIABEACHCLUB
COMER
127 TIA MARIA BEACH CLUB
BEBER PORTO SANTO COMER PORTO SANTO
TEODORICO
“ U M B O M ano de vinho no Porto Santo
O N O M E faz parte da história gastronó-
precisa de chuva até março/abril e a
mica da ilha: foi, durante muitos anos,
partir daí quer calor.” A lição é dada
um dos mais conhecidos restaurantes
por José Diogo, 69 anos, professor
do Porto Santo – a casa de um pequeno
VINHO
reformado de Educação Tecnológica a
senhor, Teodorico de seu nome, conhecido
quem a reforma não tem trazido grande
por servir uma espetada deliciosa.
descanso – dedica 10 horas por dia à
DO PORTO
Esteve, porém, fechado durante
sua vinha. E não só: no mesmo terreno,
bastante tempo, até ter sido recuperado
vai produzindo também alguma fruta
este ano pelo mesmo senhor Jorge que
e hortícolas. “A terra aqui tem muito
dava nome a outro clássico da ilha,
SANTO
calcário, que faz bem à uva, ao melão
O Jorge, no centro da Vila Baleira.
e às melancias, que são um espetáculo,
“Fechei [O Jorge] porque a senhoria
muito doces”, garante. É, no entanto, o
precisava do espaço; então viemos para
vinho a sua grande paixão: a família já
aqui”, conta. Viemos, no plural, porque
o produz há cem anos, a mesma idade
com Jorge veio a sua cozinheira de sempre,
O WINE BAR 3VS FUNCIONA APENAS NO VERÃO. de algumas das parreiras que ainda se
a brasileira mais porto-santense que se
RUA GREGÓRIO PESTANA, 8. 917 856 799 conservam na sua vinha de chão.
pode encontrar, Walderes.
Ao contrário de outros produtores,
Wal, como prefere ser chamada, está
José Diogo não vende as suas uvas. Pre-
há 21 anos na ilha e além de dar continui-
cisa de matéria-prima para lhe alimentar
dade à boa tradição da casa com os seus
as experiências: “Se eu sou maluco na
dotes culinários – a espetada é muitíssimo
vinha, ainda sou mais na adega”, avisa,
recomendável – tem outros talentos que o
antes de nos dar a provar uma série de
restaurante lhe permite exibir: são de sua
vinhos com uvas, graduações e tempos
autoria os quadros que decoram a sala.
de estágio diferentes.
À mulher, Fátima – também ela com
uma vida dedicada ao ensino –, cabe
transformar os desperdícios da uva
numa série de produtos derivados, dos
sabonetes à farinha. “Quando se limpa
os cachos, dá um balde de desperdício”,
explica. As grainhas são especialmente
nutritivas: secam-nas e moem-nas,
criando uma farinha que usa para fazer
↑↓ FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
BEBER
128 VINHO DO PORTO SANTO COMER
129 TEODORICO
BEBER PORTO SANTO COMER PORTO SANTO
TEODORICO
“ U M B O M ano de vinho no Porto Santo
O N O M E faz parte da história gastronó-
precisa de chuva até março/abril e a
mica da ilha: foi, durante muitos anos,
partir daí quer calor.” A lição é dada
um dos mais conhecidos restaurantes
por José Diogo, 69 anos, professor
do Porto Santo – a casa de um pequeno
VINHO
reformado de Educação Tecnológica a
senhor, Teodorico de seu nome, conhecido
quem a reforma não tem trazido grande
por servir uma espetada deliciosa.
descanso – dedica 10 horas por dia à
DO PORTO
Esteve, porém, fechado durante
sua vinha. E não só: no mesmo terreno,
bastante tempo, até ter sido recuperado
vai produzindo também alguma fruta
este ano pelo mesmo senhor Jorge que
e hortícolas. “A terra aqui tem muito
dava nome a outro clássico da ilha,
SANTO
calcário, que faz bem à uva, ao melão
O Jorge, no centro da Vila Baleira.
e às melancias, que são um espetáculo,
“Fechei [O Jorge] porque a senhoria
muito doces”, garante. É, no entanto, o
precisava do espaço; então viemos para
vinho a sua grande paixão: a família já
aqui”, conta. Viemos, no plural, porque
o produz há cem anos, a mesma idade
com Jorge veio a sua cozinheira de sempre,
O WINE BAR 3VS FUNCIONA APENAS NO VERÃO. de algumas das parreiras que ainda se
a brasileira mais porto-santense que se
RUA GREGÓRIO PESTANA, 8. 917 856 799 conservam na sua vinha de chão.
pode encontrar, Walderes.
Ao contrário de outros produtores,
Wal, como prefere ser chamada, está
José Diogo não vende as suas uvas. Pre-
há 21 anos na ilha e além de dar continui-
cisa de matéria-prima para lhe alimentar
dade à boa tradição da casa com os seus
as experiências: “Se eu sou maluco na
dotes culinários – a espetada é muitíssimo
vinha, ainda sou mais na adega”, avisa,
recomendável – tem outros talentos que o
antes de nos dar a provar uma série de
restaurante lhe permite exibir: são de sua
vinhos com uvas, graduações e tempos
autoria os quadros que decoram a sala.
de estágio diferentes.
À mulher, Fátima – também ela com
uma vida dedicada ao ensino –, cabe
transformar os desperdícios da uva
numa série de produtos derivados, dos
sabonetes à farinha. “Quando se limpa
os cachos, dá um balde de desperdício”,
explica. As grainhas são especialmente
nutritivas: secam-nas e moem-nas,
criando uma farinha que usa para fazer
↑↓ FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
BEBER
128 VINHO DO PORTO SANTO COMER
129 TEODORICO
EXPLORAR PORTO SANTO MERGULHAR PORTO SANTO
E S T A P E Q U E N A enseada na costa norte
do Porto Santo pode oferecer, em dias de
PICO PORTO
céu limpo e maré baixa, banhos relaxantes
nas piscinas naturais de origem vulcânica,
cheias de água cristalina e naturalmente
temperada, bem como fotografias que, com
CASTELO DAS
certeza, farão sucesso nas redes sociais.
Problema: o proprietário do terreno por
onde passa a estrada de terra batida que dá
acesso ao Porto das Salemas, tem, ultima-
SALEMAS
mente, impedido a passagem dos visitantes
por estar em diferendo com as autoridades
locais. Há relatos de quem tenha conse-
guido passar, após uma pequena conversa,
mas para isso é preciso ter a sorte de o
apanhar no local.
Também é possível, por outro lado,
que quando este guia chegar às bancas, a
questiúncula que tem impedido as visitas já
esteja resolvida e que o caminho esteja livre
ACEDE-SE AO PORTO DAS SALEMAS PELA ESTRADA para usufruir de um dos melhores locais
QUE CONTORNA O EXTREMO NORTE DO AEROPORTO, para mergulhos não só no Porto Santo, nem
JUNTO À POVOAÇÃO DA CAMACHA. na Madeira, mas possivelmente em todo o
COORDENADAS GPS: 33.092975, -16.351653 território nacional. Que assim seja.
onde a população se refugiava sempre que Existe um trilho que permite descobrir
a zona em redor do Pico Castelo, bem
como a respetiva fauna e flora e que con-
O TRILHO DO PICO CASTELO INÍCIA-SE NO SÍTIO torna, pelo lado norte ou pelo lado sul,
DO MOLEDO, JUNTO À ESTRADA REGIONAL 111 outro dos sete picos da ilha, o do Facho.
EXPLORAR
130 PICO CASTELO MERGULHAR
131 PORTO DAS SALEMAS
EXPLORAR PORTO SANTO MERGULHAR PORTO SANTO
E S T A P E Q U E N A enseada na costa norte
do Porto Santo pode oferecer, em dias de
PICO PORTO
céu limpo e maré baixa, banhos relaxantes
nas piscinas naturais de origem vulcânica,
cheias de água cristalina e naturalmente
temperada, bem como fotografias que, com
CASTELO DAS
certeza, farão sucesso nas redes sociais.
Problema: o proprietário do terreno por
onde passa a estrada de terra batida que dá
acesso ao Porto das Salemas, tem, ultima-
SALEMAS
mente, impedido a passagem dos visitantes
por estar em diferendo com as autoridades
locais. Há relatos de quem tenha conse-
guido passar, após uma pequena conversa,
mas para isso é preciso ter a sorte de o
apanhar no local.
Também é possível, por outro lado,
que quando este guia chegar às bancas, a
questiúncula que tem impedido as visitas já
esteja resolvida e que o caminho esteja livre
ACEDE-SE AO PORTO DAS SALEMAS PELA ESTRADA para usufruir de um dos melhores locais
QUE CONTORNA O EXTREMO NORTE DO AEROPORTO, para mergulhos não só no Porto Santo, nem
JUNTO À POVOAÇÃO DA CAMACHA. na Madeira, mas possivelmente em todo o
COORDENADAS GPS: 33.092975, -16.351653 território nacional. Que assim seja.
onde a população se refugiava sempre que Existe um trilho que permite descobrir
a zona em redor do Pico Castelo, bem
como a respetiva fauna e flora e que con-
O TRILHO DO PICO CASTELO INÍCIA-SE NO SÍTIO torna, pelo lado norte ou pelo lado sul,
DO MOLEDO, JUNTO À ESTRADA REGIONAL 111 outro dos sete picos da ilha, o do Facho.
EXPLORAR
130 PICO CASTELO MERGULHAR
131 PORTO DAS SALEMAS
COMER PORTO SANTO EXPLORAR PORTO SANTO
LAMBECAS PORTO
RUA DOUTOR NUNO SILVESTRE TEIXEIRA, VILA BALEIRA
SERRA DE FORA.
-16.298569
COMER
132 LAMBECAS EXPLORAR
133 PORTO DOS FRADES
COMER PORTO SANTO EXPLORAR PORTO SANTO
LAMBECAS PORTO
RUA DOUTOR NUNO SILVESTRE TEIXEIRA, VILA BALEIRA
SERRA DE FORA.
-16.298569
COMER
132 LAMBECAS EXPLORAR
133 PORTO DOS FRADES
DORMIR PORTO SANTO
O projeto original contemplava 40
quartos e destacava-se pela utilização de
HOTEL PORTO
materiais ligeiros – vime, madeira e cor-
tiça –, em total ligação com a natureza, o
que fazia desta uma obra singular, desta-
cada, inclusive, em diversas revistas da
DORMIR
134 H OT E L P O R TO S A N TO & S PA DORMIR
135 H OT E L P O R TO S A N TO & S PA
DORMIR PORTO SANTO
O projeto original contemplava 40
quartos e destacava-se pela utilização de
HOTEL PORTO
materiais ligeiros – vime, madeira e cor-
tiça –, em total ligação com a natureza, o
que fazia desta uma obra singular, desta-
cada, inclusive, em diversas revistas da
DORMIR
134 H OT E L P O R TO S A N TO & S PA DORMIR
135 H OT E L P O R TO S A N TO & S PA
MERGULHAR PORTO SANTO COMER PORTO SANTO
GIRASSOL
A C O S T A sul do Porto Santo é sobeja-
mente conhecida pelos seus nove quilóme-
tros de praia. Ora, nove quilómetros dão
para muitas praias, por isso é natural que
esta tenha várias designações ao longo da
sua extensão.
PRAIA
Uma delas é, precisamente, Cabeço.
A chamada praia do Cabeço fica na zona
dos hotéis, entre o Campo de Baixo e o
Cabeço da Ponta, onde as propriedades
DO
terapêuticas das suas areias finas, dou-
radas e macias são mais evidentes. A sua
fama no contributo para a recuperação de
mazelas ortopédicas e de circulação vem
CABEÇO
de tempos idos.
A praia do Cabeço é, também, um bom
ponto de partida para passeios à beira-mar,
que podem ser mais longos, na direção
da Marina, ou mais curtos, no sentido da
Calheta. Os mergulhos na água límpida e
ESTRADA REGIONAL 120, ENTRE O CAMPO amena – no verão chega a atingir os
DE BAIXO E O CABEÇO DA PONTA 25/26 °C – são, também, obrigatórios.
MERGULHAR
136 PRAIA DO CABEÇO COMER
137 GIRASSOL
MERGULHAR PORTO SANTO COMER PORTO SANTO
GIRASSOL
A C O S T A sul do Porto Santo é sobeja-
mente conhecida pelos seus nove quilóme-
tros de praia. Ora, nove quilómetros dão
para muitas praias, por isso é natural que
esta tenha várias designações ao longo da
sua extensão.
PRAIA
Uma delas é, precisamente, Cabeço.
A chamada praia do Cabeço fica na zona
dos hotéis, entre o Campo de Baixo e o
Cabeço da Ponta, onde as propriedades
DO
terapêuticas das suas areias finas, dou-
radas e macias são mais evidentes. A sua
fama no contributo para a recuperação de
mazelas ortopédicas e de circulação vem
CABEÇO
de tempos idos.
A praia do Cabeço é, também, um bom
ponto de partida para passeios à beira-mar,
que podem ser mais longos, na direção
da Marina, ou mais curtos, no sentido da
Calheta. Os mergulhos na água límpida e
ESTRADA REGIONAL 120, ENTRE O CAMPO amena – no verão chega a atingir os
DE BAIXO E O CABEÇO DA PONTA 25/26 °C – são, também, obrigatórios.
MERGULHAR
136 PRAIA DO CABEÇO COMER
137 GIRASSOL
PA S S E A R PORTO SANTO
VEREDA DO
O T U R I S M O É , desde há várias déca-
das, a maior fonte de rendimento da
economia do Porto Santo. Não obstante,
PICO BRANCO
a ilha ainda é vendida como um destino
algo limitado: praia, golfe e pouco mais.
Problema: o tempo não é assim tão está-
E TERRA CHÃ
vel – chove pouco, é certo, mas o vento
O TRILHO COMEÇA JUNTO gosta de soprar forte e as nuvens de
À ESTRADA REGIONAL 111, tapar o sol durante mais horas do que
NO NORDESTE DA ILHA seria desejável. Mesmo no verão. Logo,
é necessário variar a oferta.
As caminhadas são uma alternativa
em franca expansão. Cada vez mais e
mais turistas estão a chegar ao Porto
Santo equipados com calçado adequado
para descobrir os seus trilhos e o con-
tacto próximo com a natureza que estes
oferecem.
A Vereda do Pico Branco e Terra Chã
é um excelente ponto de partida nesta
matéria. Originalmente traçada para
os burros que transportavam a cevada
plantada pelos agricultores porto-
-santenses na Terra Chã, não é excessi-
vamente longa – 2,7 km para cada lado
– nem exigente do ponto de vista físico,
e oferece vistas deslumbrantes. Sobre os
picos áridos da ilha, primeiro – apesar
de o acesso ao Pico Branco estar,
de momento, encerrado – e sobre o
imenso mar, depois. Pelo meio, podem
descobrir-se inúmeros exemplares de
árvores plantadas durante a campanha
de reflorestação do Porto Santo – cipres-
tes, por exemplo –, aves marinhas que
aqui nidificam, como a cagarra ou o
garajau, e espécies de flora endémica,
sobretudo arbustos e ervas, que aqui
existem em maior número do que em
qualquer outro local da ilha por se
encontrarem em escarpas pouco ou
PA S S E A R
138 VEREDA DO PICO BRANCO E TERRA CHÃ PA S S E A R
139 VEREDA DO PICO BRANCO E TERRA CHÃ
PA S S E A R PORTO SANTO
VEREDA DO
O T U R I S M O É , desde há várias déca-
das, a maior fonte de rendimento da
economia do Porto Santo. Não obstante,
PICO BRANCO
a ilha ainda é vendida como um destino
algo limitado: praia, golfe e pouco mais.
Problema: o tempo não é assim tão está-
E TERRA CHÃ
vel – chove pouco, é certo, mas o vento
O TRILHO COMEÇA JUNTO gosta de soprar forte e as nuvens de
À ESTRADA REGIONAL 111, tapar o sol durante mais horas do que
NO NORDESTE DA ILHA seria desejável. Mesmo no verão. Logo,
é necessário variar a oferta.
As caminhadas são uma alternativa
em franca expansão. Cada vez mais e
mais turistas estão a chegar ao Porto
Santo equipados com calçado adequado
para descobrir os seus trilhos e o con-
tacto próximo com a natureza que estes
oferecem.
A Vereda do Pico Branco e Terra Chã
é um excelente ponto de partida nesta
matéria. Originalmente traçada para
os burros que transportavam a cevada
plantada pelos agricultores porto-
-santenses na Terra Chã, não é excessi-
vamente longa – 2,7 km para cada lado
– nem exigente do ponto de vista físico,
e oferece vistas deslumbrantes. Sobre os
picos áridos da ilha, primeiro – apesar
de o acesso ao Pico Branco estar,
de momento, encerrado – e sobre o
imenso mar, depois. Pelo meio, podem
descobrir-se inúmeros exemplares de
árvores plantadas durante a campanha
de reflorestação do Porto Santo – cipres-
tes, por exemplo –, aves marinhas que
aqui nidificam, como a cagarra ou o
garajau, e espécies de flora endémica,
sobretudo arbustos e ervas, que aqui
existem em maior número do que em
qualquer outro local da ilha por se
encontrarem em escarpas pouco ou
PA S S E A R
138 VEREDA DO PICO BRANCO E TERRA CHÃ PA S S E A R
139 VEREDA DO PICO BRANCO E TERRA CHÃ
COMER PORTO SANTO MERGULHAR PORTO SANTO
PANORAMA
A V E L H A expressão que garante existi-
rem imagens que valem por mil palavras
pode bem aplicar-se no caso do Panorama,
o restaurante com a melhor vista de toda
a ilha do Porto Santo. Isto porque é difícil,
senão impossível, desencantar adjetivos
que façam jus à dita. Com esforço, talvez se
ESTRADA CARLOS PESTANA VASCONCELOS,
desencante um, ainda dentro da temática
PORTELA. 966 789 680
linguística: é uma vista superlativa.
Jantar no Panorama é como jantar no
Miradouro da Portela, ali bem perto. Dos
seus largos janelões, os olhos alcançam a
ilha quase toda, da Vila Baleira aos nove
quilómetros de praia que vão da Marina
até à Ponta da Calheta, com o ilhéu da Cal
ao fundo, bem visível.
E a comida? Quase nos esquecemos
PONTA
dela, é verdade. Mas erradamente: a cozi-
nha, a cargo do chef Pedro Correia, é bem
competente. O atum em cama de batata-
-doce é um bom cartão de visita, mas os
DA CALHETA
apetites carnívoros também podem sair
saciados da mesa, graças à boa seleção de
carnes maturadas e de uma novidade de
peso: os bifes da famosa raça de origem
japonesa wagyu.
COMER
140 PA N O R A M A MERGULHAR
141 P O N TA DA C A L H E TA
COMER PORTO SANTO MERGULHAR PORTO SANTO
PANORAMA
A V E L H A expressão que garante existi-
rem imagens que valem por mil palavras
pode bem aplicar-se no caso do Panorama,
o restaurante com a melhor vista de toda
a ilha do Porto Santo. Isto porque é difícil,
senão impossível, desencantar adjetivos
que façam jus à dita. Com esforço, talvez se
ESTRADA CARLOS PESTANA VASCONCELOS,
desencante um, ainda dentro da temática
PORTELA. 966 789 680
linguística: é uma vista superlativa.
Jantar no Panorama é como jantar no
Miradouro da Portela, ali bem perto. Dos
seus largos janelões, os olhos alcançam a
ilha quase toda, da Vila Baleira aos nove
quilómetros de praia que vão da Marina
até à Ponta da Calheta, com o ilhéu da Cal
ao fundo, bem visível.
E a comida? Quase nos esquecemos
PONTA
dela, é verdade. Mas erradamente: a cozi-
nha, a cargo do chef Pedro Correia, é bem
competente. O atum em cama de batata-
-doce é um bom cartão de visita, mas os
DA CALHETA
apetites carnívoros também podem sair
saciados da mesa, graças à boa seleção de
carnes maturadas e de uma novidade de
peso: os bifes da famosa raça de origem
japonesa wagyu.
COMER
140 PA N O R A M A MERGULHAR
141 P O N TA DA C A L H E TA
COMER PORTO SANTO PA S S E A R PORTO SANTO
FONTE
quando batem as 6 da manhã, é hora de o
senhor Rodrigues pegar ao serviço neste
pequeno snack-bar de portas abertas para
DA AREIA
o mar, que aproveita as instalações de uma
antiga casa da lancha, o nome dado aos
armazéns onde os pescadores guardavam
as embarcações.
Rodrigues está na ilha há 40 anos,
vindo da irmã maior – é natural de COORDENADAS GPS: 33.08697, -16.35545
Machico e, como denunciam as fotografias,
adepto de um histórico clube da terra. “O
meu pai foi ponta de lança do Belenenses
de Machico”, conta. “Ainda fazia uns goli-
tos, tinha jeito.”
O Golfinho, que existe desde 1983 –
com a gerência atual há 22 anos –,
é conhecido sobretudo pelas generosas
sandes que o anfitrião prepara diariamente.
De gaiado seco, polvo, escabeche de atum
ou bife de atum. E as lapas também têm
boa fama. Umas e outras acompanham
bem com uma Brisa ou uma Coral bem
frescas e com um mergulho: o mar fica
a umas dezenas de metros de distância.
O GOLFINHO
RUA JOÃO GONÇALVES ZARCO
Q U A N D O se olha para a praia do Porto até há bem pouco tempo, tanto que ainda
Santo, é legítimo perguntar: “De onde é se vê alguma maquinaria abandonada.
que terá vindo tanta areia?” Se o palpite de O resultado é uma paisagem estranha.
↑↓ FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
quem estuda a ilha estiver certo, foi desta Um deserto que tão depressa remete para
zona, na costa norte: um enorme depósito Norte de África como para o Sudoeste dos
de areias que, por ação do vento, terão Estados Unidos. Não deslustraria enquanto
vindo aqui parar, primeiro, e depois terão palco de um filme de cobóis. Ou, melhor
sido espalhadas pela atual praia. ainda, e aproveitando a proximidade do
Depois do povoamento, foi daqui mar, de um filme de cobóis contra piratas,
retirada muita areia para as primeiras um género que, infelizmente, Hollywood
construções da ilha. E o hábito subsistiu nunca soube explorar. Fica a ideia.
COMER
142 O GOLFINHO PA S S E A R
143 FONTE DA AREIA
COMER PORTO SANTO PA S S E A R PORTO SANTO
FONTE
quando batem as 6 da manhã, é hora de o
senhor Rodrigues pegar ao serviço neste
pequeno snack-bar de portas abertas para
DA AREIA
o mar, que aproveita as instalações de uma
antiga casa da lancha, o nome dado aos
armazéns onde os pescadores guardavam
as embarcações.
Rodrigues está na ilha há 40 anos,
vindo da irmã maior – é natural de COORDENADAS GPS: 33.08697, -16.35545
Machico e, como denunciam as fotografias,
adepto de um histórico clube da terra. “O
meu pai foi ponta de lança do Belenenses
de Machico”, conta. “Ainda fazia uns goli-
tos, tinha jeito.”
O Golfinho, que existe desde 1983 –
com a gerência atual há 22 anos –,
é conhecido sobretudo pelas generosas
sandes que o anfitrião prepara diariamente.
De gaiado seco, polvo, escabeche de atum
ou bife de atum. E as lapas também têm
boa fama. Umas e outras acompanham
bem com uma Brisa ou uma Coral bem
frescas e com um mergulho: o mar fica
a umas dezenas de metros de distância.
O GOLFINHO
RUA JOÃO GONÇALVES ZARCO
Q U A N D O se olha para a praia do Porto até há bem pouco tempo, tanto que ainda
Santo, é legítimo perguntar: “De onde é se vê alguma maquinaria abandonada.
que terá vindo tanta areia?” Se o palpite de O resultado é uma paisagem estranha.
↑↓ FOTOGRAFIAS GONÇALO F. SANTOS
quem estuda a ilha estiver certo, foi desta Um deserto que tão depressa remete para
zona, na costa norte: um enorme depósito Norte de África como para o Sudoeste dos
de areias que, por ação do vento, terão Estados Unidos. Não deslustraria enquanto
vindo aqui parar, primeiro, e depois terão palco de um filme de cobóis. Ou, melhor
sido espalhadas pela atual praia. ainda, e aproveitando a proximidade do
Depois do povoamento, foi daqui mar, de um filme de cobóis contra piratas,
retirada muita areia para as primeiras um género que, infelizmente, Hollywood
construções da ilha. E o hábito subsistiu nunca soube explorar. Fica a ideia.
COMER
142 O GOLFINHO PA S S E A R
143 FONTE DA AREIA
COMER PORTO SANTO CONHECER PORTO SANTO
BOLO JOSÉ
A S P E S S O A S entram neste
museu e perguntam: ‘mas o
Porto Santo tinha isto tudo?’
DO CACO CARDINA
Tinha isto tudo e muito mais. Cada can-
tinho que houvesse era plantado. Havia
60 ANOS
anos faltos: não chovendo, não havia
DE TERESA
colheita. Eu já não sou desse tempo,
MUSEU DO
mas o meu sogro lembra-se de situações
em que não havia nada para comer. Ele
MELIM
tinha um moinho e acabava por dar
CARDINA
farinha a quem pedia.
Criei este museu para manter viva
a memória da ilha. Cada secção repre-
senta uma atividade que existia aqui.
Só o edifício custou-me 300 mil euros.
a água é um nome: Teresa Melim. Esta A forma é octogonal como os moinhos de
padeira de metro e meio e sorriso fácil vento, a vestimenta ondulada das paredes
tem fama de fazer os melhores da ilha. são as dunas e as janelas são como as dos
E fá-los na cozinha de sua casa, com uma fontanários. Está tudo pensado.
pequena estrutura preparada para o efeito: Muitos dos objetos que aqui se veem
“Já cheguei a fazer 150 por noite”, conta. Já fi-los, outros foram doados. Isto começou
chegou, também, a desmaiar momentanea- quando estive envolvido na decoração de
mente, por estar a cozer bolos há 18 horas um restaurante que tive. Andava a reco-
seguidas, sem parar para comer. “Mesmo lher peças, pensei em pô-las na parede,
assim, não os deixei queimar”, conta, mas depois deu-me um clique: porque
divertida. não continuar?
Teresa era costureira a tempo inteiro Tenho uma oficina, sempre que che-
quando, certo dia, um primo do marido a gava do trabalho fazia qualquer coisa.
convenceu a fazer bolos do caco para ven- Funciona tudo, mesmo as miniaturas de
der no supermercado. E assim foi. Os seus moinho à escala 1/5. Aquilo foi um traba-
bolos do caco começaram a fazer tanto lho de paciência e minúcia, hoje já não
sucesso que nunca mais parou. era capaz, já não tenho visão para isso.
Hoje fornece até restaurantes como Agora só abro quando me telefonam.
COMER
144 BOLO DO CACO CONHECER
145 MUSEU DO CARDINA
COMER PORTO SANTO CONHECER PORTO SANTO
BOLO JOSÉ
A S P E S S O A S entram neste
museu e perguntam: ‘mas o
Porto Santo tinha isto tudo?’
DO CACO CARDINA
Tinha isto tudo e muito mais. Cada can-
tinho que houvesse era plantado. Havia
60 ANOS
anos faltos: não chovendo, não havia
DE TERESA
colheita. Eu já não sou desse tempo,
MUSEU DO
mas o meu sogro lembra-se de situações
em que não havia nada para comer. Ele
MELIM
tinha um moinho e acabava por dar
CARDINA
farinha a quem pedia.
Criei este museu para manter viva
a memória da ilha. Cada secção repre-
senta uma atividade que existia aqui.
Só o edifício custou-me 300 mil euros.
a água é um nome: Teresa Melim. Esta A forma é octogonal como os moinhos de
padeira de metro e meio e sorriso fácil vento, a vestimenta ondulada das paredes
tem fama de fazer os melhores da ilha. são as dunas e as janelas são como as dos
E fá-los na cozinha de sua casa, com uma fontanários. Está tudo pensado.
pequena estrutura preparada para o efeito: Muitos dos objetos que aqui se veem
“Já cheguei a fazer 150 por noite”, conta. Já fi-los, outros foram doados. Isto começou
chegou, também, a desmaiar momentanea- quando estive envolvido na decoração de
mente, por estar a cozer bolos há 18 horas um restaurante que tive. Andava a reco-
seguidas, sem parar para comer. “Mesmo lher peças, pensei em pô-las na parede,
assim, não os deixei queimar”, conta, mas depois deu-me um clique: porque
divertida. não continuar?
Teresa era costureira a tempo inteiro Tenho uma oficina, sempre que che-
quando, certo dia, um primo do marido a gava do trabalho fazia qualquer coisa.
convenceu a fazer bolos do caco para ven- Funciona tudo, mesmo as miniaturas de
der no supermercado. E assim foi. Os seus moinho à escala 1/5. Aquilo foi um traba-
bolos do caco começaram a fazer tanto lho de paciência e minúcia, hoje já não
sucesso que nunca mais parou. era capaz, já não tenho visão para isso.
Hoje fornece até restaurantes como Agora só abro quando me telefonam.
COMER
144 BOLO DO CACO CONHECER
145 MUSEU DO CARDINA
PA S S E A R PORTO SANTO
A Q U E S T Ã O que se impõe: quem foi Ana
Ferreira e porque teve ela direito a batizar
um dos picos mais famosos do Porto Santo,
PICO
conhecido pelas suas colunas prismáticas
de origem vulcânica?
DE ANA
Alega a sabedoria popular que Ana
Ferreira foi uma filha bastarda do rei Dom
João II, enviada para o Porto Santo devido
a comportamentos que a corte considerava
FERREIRA
problemáticos. Seria neste pico que se
abrigava dos ataques à ilha, não se mistu-
rando com a população local, que optava
pelo Pico Castelo.
Lendas mais fantasiosas garantem que
Ana Ferreira tinha poderes ocultos, que
exercia nas grutas desta curiosa formação
geológica.
Fixemo-nos nesta parte, não pelos
poderes ocultos, mas pelas grutas: é
subindo até uma delas – de preferência
PA S S E A R
146 PICO DE ANA FERREIRA
PA S S E A R PORTO SANTO
A Q U E S T Ã O que se impõe: quem foi Ana
Ferreira e porque teve ela direito a batizar
um dos picos mais famosos do Porto Santo,
PICO
conhecido pelas suas colunas prismáticas
de origem vulcânica?
DE ANA
Alega a sabedoria popular que Ana
Ferreira foi uma filha bastarda do rei Dom
João II, enviada para o Porto Santo devido
a comportamentos que a corte considerava
FERREIRA
problemáticos. Seria neste pico que se
abrigava dos ataques à ilha, não se mistu-
rando com a população local, que optava
pelo Pico Castelo.
Lendas mais fantasiosas garantem que
Ana Ferreira tinha poderes ocultos, que
exercia nas grutas desta curiosa formação
geológica.
Fixemo-nos nesta parte, não pelos
poderes ocultos, mas pelas grutas: é
subindo até uma delas – de preferência
PA S S E A R
146 PICO DE ANA FERREIRA