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Manual do Professor
VOLUME 1
Sumário
FRENTE ÚNICA
UNIDADE 1
O que é a Filosofia?
Capítulo 1 – Problemas filosóficos ...................................................................................................................................... 3
UNIDADE 2
Filosofia Antiga
Capítulo 2 – Nascimento da filosofia .................................................................................................................................. 5
Capítulo 3 – Sócrates .............................................................................................................................................................. 7
Capítulo 4 – Platão.................................................................................................................................................................... 9
FRENTE ÚNICA
1
UNIDADE
O que é a Filosofia
Abordagem teórica
Antes de iniciar o trabalho com os conceitos teóricos apresentados no capítulo, inicie a
conversa proposta no boxe Discussão em sala. A ideia é que as respostas dos alunos auxi-
liem a percepção dos conhecimentos prévios da turma em relação à Filosofia.
Após a discussão, aborde a natureza da filosofia sob três enfoques. Em primeiro lugar, co-
mente o sentido da palavra “filosofia” associada à explicação de Platão em O banquete – que
apresenta o filósofo em uma situação intermediária entre a sabedoria e a ignorância. Depois,
apresente as ideias de conhecimento contemplativo, valorização da razão e a afirmação de
que a filosofia se faz no ócio. Em terceiro lugar, aborde a filosofia como disciplina centrada em
Diz o filósofo
A seção traz um texto do filósofo britânico Bertrand Russel, que aborda a Filosofia como uma forma de
superar o senso comum. De acordo com o teórico, os questionamentos próprios dessa disciplina nos ajudam
a superar uma visão limitada e finita sobre o mundo.
Russel reitera que a atividade filosófica não culmina em respostas para as dúvidas dos seres humanos,
mas na compreensão de que a realidade é complexa e subjetiva.
Com a turma, realize uma leitura coletiva do excerto, ressaltando a proximidade entre os problemas filosó-
ficos e o cotidiano dos estudantes. É esperado que eles compreendam a Filosofia como constante exercício
de reflexão, que, por sua vez, pode se tornar um modo de vida. Com isso, vocês estarão mobilizando a habi-
lidade EM13CHS101 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
• Os problemas da filosofia. Bertrand Russel; Desidério Murcho (Tradução). Lisboa: Edições 70, 2008.
Referências bibliográficas
PORTA, Mario Ariel González. A filosofia a partir de seus problemas. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
PRITCHARD, Duncan (Ed.). What is this thing called philosophy? Oxon: Routledge, 2016.
2
UNIDADE
Filosofia Antiga
Abordagem teórica
A primeira parte é composta de dois momentos. Iniciamos com uma caracterização do
mito, em especial na tradição grega, e explicamos como a filosofia rompe com o esquema
explicativo do mito. Os aspectos que são reforçados como características do pensamento
Diz o filósofo
A seção apresenta um trecho de uma das obras de Friedrich Nietzsche. O filósofo alemão fala sobre Tales
de Mileto.
Nietzsche discorre sobre como, a partir da conclusão de que a água era origem de todas as coisas, Tales
desenvolveu o que passaria a ser conhecido como pensamento filosófico, baseado não apenas no empiris-
mo, mas também em reflexões metafísicas.
Além de abordar um dos assuntos do capítulo, portanto, a seção incentiva o contato com a obra de
Nietzche, autor que já foi citado por grandes vestibulares. Vale a pena trabalhá-la em sala de aula.
• Uma nova história da filosofia ocidental. v. I: Filosofia Antiga, de Anthony Kenny e tradução de Car-
los Alberto Bárbaro. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
Referências bibliográficas
CORNFORD, Francis M. Antes e depois de Sócrates. Valter Lellis Siqueira (Trad.). São Paulo: Martins Fontes, 2005.
CURD, Patricia. “Presocratic philosophy”. In: ZALTA, Edward N. (Ed). The Stanford Encyclopedia of Philosophy.
Disponível em: http://p.p4ed.com/HTOUW. Acesso em: 30 set. 2021.
GRAHAM, Jacob. “Presocratics”. In: The Internet Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: http://p.p4ed.
com/HTOUE. Acesso em: 30 set. 2021.
GUTHRIE, William K. C. Los filósofos griegos: de Tales a Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica, 1994.
HUSSEY, Edward. “Pythagoreans and Eleatics”. In: TAYLOR, Charles C. W. Routledge History of Philosophy.
v. I: From the Beginning to Plato. Londres: Routledge, 1997.
PLATÃO. Teeteto-Crátil . Carlos Alberto Nunes (Trad.). Belém: UFPA, 1973.
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia histórica. Haiganuch
Sarian (Trad.). São Paulo: Paz e Terra, 2008.
_______. Origens do pensamento grego. Ísis Borges B. Fonseca (Trad.). Rio de Janeiro: Difel, 2010.
Abordagem teórica
Mencionamos, neste capítulo, a dificuldade de conhecer a vida e o pensamento de Só-
crates, uma vez que o filósofo não deixou obra escrita. Apresentamos os diálogos de Platão
como a principal referência que hoje temos sobre Sócrates, explicando a controvérsia sobre o
Sócrates histórico e o Sócrates personagem e porta-voz de Platão. Trazemos, então, dois fatos
da vida de Sócrates que permitem entender sua dedicação à filosofia: a rejeição da filosofia
da natureza e a missão recebida pelo Oráculo de Delfos. A ênfase está na importância da re-
flexão sobre o ser humano e na sabedoria contida no reconhecimento da própria ignorância.
Tratamos, em seguida, do método socrático. Este ponto é particularmente controverso e
complexo. É importante que o aluno entenda a diferença entre o método do elenchos (ele-
mento aporético do diálogo) e o método dialético (elemento construtivo), ainda que não haja
consenso sobre a origem platônica ou socrática deste último. Apresentamos a maiêutica como
técnica que permeia os dois momentos: tanto para refutar e chegar à aporia, quanto para
construir novas teses, Sócrates atua facilitando as conclusões de seu interlocutor, e nunca
entregando conclusões prontas. Ainda sobre o método socrático, explicamos que o conteúdo
desses diálogos frequentemente se volta para a busca das definições (que têm grande impor-
tância como reação ao relativismo sofista) por meio da indução.
Surge então a questão sobre as teses filosóficas de Sócrates. Centramos nossa explicação
em duas dessas teses, intimamente relacionadas entre si: a da virtude como conhecimento e
a da perfeição da alma. Em ambos os casos, enfatizamos o papel questionador de Sócrates e
Diz o filósofo
A seção apresenta parte de Mênon, um dos diálogos de Sócrates registrados por Platão. A obra, composta
de conversas entre Sócrates e seus interlocutores, aborda a virtude.
A partir do excerto, incentive os alunos a discutirem sobre o método socrático. Aborde, por exemplo, a
importância do aprendizado por meio do compartilhamento de ideias e percepções sobre o mundo.
Referências bibliográficas
CORNFORD, Francis M. Antes e depois de Sócrates. Tradução de Valter Lellis Siqueira. São Paulo: Martins Fontes,
2001.
GUTHRIE, William K. C. Los filósofos griegos: de Tales a Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica, 1995.
KENNY, Anthony. An Ilustrated Brief History of Western Philosophy. Oxford: Wiley-Blackwell, 2006.
______. Uma nova história da filosofia ocidental. v. I: Filosofia Antiga. Tradução de Carlos Alberto Bár-
baro. São Paulo: Loyola, 2008.
Abordagem teórica
Um fio condutor interessante é incentivar a compreensão de que a teoria das ideias busca resolver os pro-
blemas apontados nos capítulos anteriores, que tratam dos pré-socráticos e de Sócrates. As ideias, no entanto,
não devem ser compreendidas como conteúdos intramentais – nada mais distante da compreensão platônica.
Falamos também sobre a teoria da reminiscência, que explica como é possível o conhecimento das ideias. É
interessante, antes de apresentá-la, garantir que os alunos compreendam o dilema entre propor uma realidade
que vai além do mundo físico e considerá-la a única digna de verdadeiro conhecimento, bem como o fato de
que nosso meio usual para conhecer a realidade – os sentidos – é inútil nesse caso.
Na apresentação do diálogo A República, de Platão, o problema ético é colocado como reação aos so-
fistas, e a passagem da ética à política é explicada pela analogia entre indivíduo e cidade. Apresentamos a
teoria das pulsões da alma e a composição de três classes sociais a partir dela, assim como a consequente
proposta educacional de Platão. As alegorias são explicadas a seguir. Em primeiro lugar, a Alegoria da Linha,
seguida pela Alegoria da Caverna. É interessante conduzir a aula fazendo pausas para que os alunos reflitam
sobre o que pode vir a seguir. Aproveite o boxe Discussão em sala para isso. Neste momento da aula, propo-
mos uma discussão para que você avalie a compreensão dos alunos sobre a ideia de mudança dos gregos.
Para garantir o sucesso da discussão, peça aos alunos que fechem os livros, se estiverem com eles à mesa. É
interessante ouvir os comentários da turma e demonstrar em que ponto a mudança pode ser encontrada nos
exemplos que eles trouxerem (qualquer objeto físico, por exemplo, passa por mudança na medida em que
pode sujar, quebrar, etc.). Ideias bastante criativas podem surgir, referindo-se a sentimentos ou à linguagem,
por exemplo. É interessante ter em mente o que responder nesses casos. O objetivo é chegar à resposta
platônica: os objetos matemáticos. É provável que os alunos comentem sobre “os números”, apesar de a res-
posta platônica se aplicar também às formas geométricas ou a relações e propriedades.
Em seguida, tratamos sobre a Alegoria da Caverna, que é apresentada em sua interpretação mais usual,
como uma explicação a respeito das dificuldades do conhecimento e da filosofia. É importante apontar tam-
bém seu significado metafísico e epistemológico mais profundo. A maneira mais eficiente de fazê-lo, segundo
entendemos, é pela analogia com a alegoria anterior.
Mencionamos, ao final, alguns pontos interessantes da teoria da reminiscência, trazendo o Mito de Er para
explicar o ciclo das almas e por que o conhecimento das ideias tem de ser recuperado pela educação.
A seção traz um trecho selecionado de O Banquete, de Platão. Você pode expor o contexto do diálogo
e até trazer alguns dos discursos anteriores ou algumas das concepções expostas sobre o amor. Nosso
foco foi o discurso de Sócrates, mais especificamente o trecho em que ele relata o discurso de Diotima
de Mantineia, que se relaciona diretamente com a teoria das ideias e oferece um complemento valioso à
reflexão desenvolvida em A República. Trata-se de uma excelente exposição sobre como a compreensão
de uma ideia (nesse caso, a do belo) pode ser estimulada a partir das vivências cotidianas e da experiência
sensível, referindo-se a um conhecimento completamente diferente dos anteriores e que só é alcançado
por uma apreensão individual daquele que é bem conduzido pelo processo educativo.
ɒ A República, de Platão. Tradução de Maria Helena da Rocha. Lisboa: Fundação Calouste Gul-
benkian, 2006.
Referências bibliográficas
CORNFORD, Francis M. Antes e depois de Sócrates. SIQUEIRA, Valter Lellis (Trad.). São Paulo: Martins Fontes,
2005.
GUTHRIE, William K. C. Los filósofos griegos: de Tales a Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica,
1994.
KENNY, Anthony. Uma nova história da filosofia ocidental. v. I: Filosofia Antiga. BÁRBARO, Carlos Alberto
(Trad.). São Paulo: Loyola, 2008.
SZLEZÁK, Thomas Alexander. Ler Platão. São Paulo: Loyola, 2005.
PLATÃO. O Banquete. SOUZA, José Cavalcante (Trad.). São Paulo: Abril Cultural, 1972.