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Filosofia

Manual do Professor
VOLUME 1
Sumário

FRENTE ÚNICA

UNIDADE 1
O que é a Filosofia?
Capítulo 1 – Problemas filosóficos ...................................................................................................................................... 3

UNIDADE 2
Filosofia Antiga
Capítulo 2 – Nascimento da filosofia .................................................................................................................................. 5
Capítulo 3 – Sócrates .............................................................................................................................................................. 7
Capítulo 4 – Platão.................................................................................................................................................................... 9
FRENTE ÚNICA

1
UNIDADE
O que é a Filosofia

Na unidade 1, faremos uma introdução à filosofia em seus aspectos gerais. O objetivo é


sensibilizar os estudantes para a postura intelectual própria da filosofia, a especificidade de
seu caráter racional e a maneira pela qual essa disciplina se desenvolve em comparação às
demais ciências. Cabe também à unidade apresentar os principais temas da filosofia.
Sugestão de respostas para as perguntas de abertura da unidade:
1. O objetivo dessa questão é fazer com que o aluno considere que as perguntas filosó-
ficas são diferentes das usuais. São questionamentos, em geral, relacionados à essên-
cia e à natureza das coisas.
2. Os questionamentos filosóficos buscam a essência das coisas, e o objeto da Filosofia
é toda a realidade, incluindo as relações humanas e outras áreas do saber, como a
Matemática e a História. Além disso, a filosofia é essencialmente um modo de vida.
3. A ideia é que, ao responder a essa questão, o aluno perceba que muitas perguntas e
respostas foram desenvolvidas ao longo da tradição filosófica.

Capítulo 1 – Problemas filosóficos


A proposta deste capítulo é servir de introdução para o aluno que nunca teve contato com
a filosofia e oferecer uma compreensão mais aprofundada ou, talvez, desfazer alguns precon-
ceitos do aluno que já conhece a disciplina.
O capítulo divide-se em duas partes: a primeira aborda o que é filosofia e a segunda fala
sobre as áreas de investigação dessa disciplina. A ideia é apresentar um panorama da filoso-
fia, o qual será desenvolvido ao longo do curso.
Sugestões de respostas para as perguntas de abertura do capítulo:
1. O termo “filosofia” vem do grego e significa “amor à sabedoria, ao conhecimento”.
2. Não. O filósofo busca a sabedoria, enquanto o sábio, por definição, já a possui.
3. Uma possível resposta: faz parte da natureza do ser humano o desejo de conhecer e
compreender o mundo, como ensinava Aristóteles.
4. A filosofia atua em uma busca permanente das questões mais essenciais para a vida
humana.
5. Como parte da condição humana, a filosofia pode fazer parte da vida de todos.

Abordagem teórica
Antes de iniciar o trabalho com os conceitos teóricos apresentados no capítulo, inicie a
conversa proposta no boxe Discussão em sala. A ideia é que as respostas dos alunos auxi-
liem a percepção dos conhecimentos prévios da turma em relação à Filosofia.
Após a discussão, aborde a natureza da filosofia sob três enfoques. Em primeiro lugar, co-
mente o sentido da palavra “filosofia” associada à explicação de Platão em O banquete – que
apresenta o filósofo em uma situação intermediária entre a sabedoria e a ignorância. Depois,
apresente as ideias de conhecimento contemplativo, valorização da razão e a afirmação de
que a filosofia se faz no ócio. Em terceiro lugar, aborde a filosofia como disciplina centrada em

3 FILOSOFIA - FRENTE ÚNICA / Manual do Professor


problemas, com pontos em comum com outras ciências. Os problemas, em seus tipos específicos – abstratos,
gerais e fundamentais –, são analisados no sentido de constituir as bases de outras ciências. Enfatize que,
apesar de ser uma disciplina teórica, a filosofia tem efeitos práticos nas ciências sobre as quais ela reflete e
também no cotidiano, com as mudanças culturais que pode trazer. A distinção entre senso comum e atitude
crítica também é introduzida no capítulo.
Na segunda parte, explique as principais áreas da reflexão filosófica, focando algumas perguntas tradicio-
nais de cada área.
Os exercícios tratam principalmente de definições e características gerais da filosofia, pertencentes a
diversas correntes e tratadas no texto. Há também algumas perguntas gerais sobre Ética e Bioética, assun-
tos que costumam aparecer nos principais vestibulares. Tais questões podem ser respondidas com a breve
introdução oferecida no capítulo.
De modo geral, para a discussão em sala, é importante criar um ambiente aberto e sem prejulgamentos. A troca
respeitosa de ideias promove momentos importantes para os alunos se conscientizarem das próprias impressões,
e o trabalho com o capítulo será mais proveitoso caso a turma compreenda o professor como um interlocutor. Para
tornar a aula mais interessante, incentive os alunos a responder aos questionamentos propostos durante o capítulo
e comente essas intervenções conforme o que você planejou expor em sala de aula.

Diz o filósofo

A seção traz um texto do filósofo britânico Bertrand Russel, que aborda a Filosofia como uma forma de
superar o senso comum. De acordo com o teórico, os questionamentos próprios dessa disciplina nos ajudam
a superar uma visão limitada e finita sobre o mundo.
Russel reitera que a atividade filosófica não culmina em respostas para as dúvidas dos seres humanos,
mas na compreensão de que a realidade é complexa e subjetiva.
Com a turma, realize uma leitura coletiva do excerto, ressaltando a proximidade entre os problemas filosó-
ficos e o cotidiano dos estudantes. É esperado que eles compreendam a Filosofia como constante exercício
de reflexão, que, por sua vez, pode se tornar um modo de vida. Com isso, vocês estarão mobilizando a habi-
lidade EM13CHS101 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Para saber mais

• Os problemas da filosofia. Bertrand Russel; Desidério Murcho (Tradução). Lisboa: Edições 70, 2008.

Referências bibliográficas
PORTA, Mario Ariel González. A filosofia a partir de seus problemas. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
PRITCHARD, Duncan (Ed.). What is this thing called philosophy? Oxon: Routledge, 2016.

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FRENTE ÚNICA

2
UNIDADE
Filosofia Antiga

A unidade 2 apresenta os conteúdos próprios da filosofia Antiga, desenvolvida sobretudo


na Grécia. Esse tema aborda as origens do pensamento filosófico e como ele se desenvolveu
nas obras dos pré-socráticos, de Sócrates e de Platão. Sugestões de resposta para as pergun-
tas de abertura da unidade:
• O objetivo da pergunta é fazer com que os alunos reflitam sobre a abrangência dos temas
que podem ser tratados pela filosofia. Os primeiros filósofos, por exemplo, pensavam sobre
a cosmologia, sobre a natureza (physis). Já Sócrates considerava que o principal objeto da
filosofia deveria ser a reflexão sobre a melhor maneira de viver.
• Para responder à segunda questão, é interessante considerar que a democracia, logo um
ambiente aberto ao diálogo racional, é uma condição importante, se não necessária, para
o desenvolvimento da filosofia.
• A última pergunta também possibilita refletir sobre a abrangência dos problemas filosófi-
cos. Demócrito e Sócrates são exemplos de pensadores que teorizaram sobre a natureza
da felicidade e os preceitos para uma boa vida.

Capítulo 2 – Nascimento da filosofia


Neste capítulo, o aluno é apresentado às origens da filosofia na Grécia Antiga. O conteúdo
se divide em duas grandes partes: a primeira trata conceitualmente do surgimento da filosofia
em oposição à tradição mitológica; a segunda apresenta resumidamente o pensamento dos
principais filósofos pré-socráticos.
Sugestões de respostas para as perguntas de abertura do capítulo:
• O objetivo da pergunta é considerar que, antes da filosofia, os questionamentos sobre o
sentido da existência humana, de suas relações e do universo estavam sob a dimensão
religiosa/mitológica. Essa dimensão, de certa forma, já possuía um certo grau de racionali-
dade que a filosofia procura explicitar e sistematizar.
• O fato de ser racional faz com que a filosofia deixe sempre evidente suas premissas, as re-
lações lógicas entre os argumentos, e a ligação necessária com a descrição da realidade.
• São várias respostas possíveis, mas não é casual o fato de a democracia ter se desen-
volvido quase concomitantemente à filosofia, ambas invenções gregas. Assim, é possível
afirmar que liberdade de pensamento e desenvolvimento das capacidades racionais/filo-
sóficas estão conectadas.
• Tales de Mileto, para quem a água era o princípio de todas as coisas.
• Os primeiros filósofos tinham como objetivo principal a busca pela compreensão da natureza
(physis), por meio do esclarecimento do conceito de arché: origem de todas as coisas, elemen-
tos comuns a todas as coisas e aquilo que permite as mudanças.

Abordagem teórica
A primeira parte é composta de dois momentos. Iniciamos com uma caracterização do
mito, em especial na tradição grega, e explicamos como a filosofia rompe com o esquema
explicativo do mito. Os aspectos que são reforçados como características do pensamento

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filosófico são a imanência, o caráter naturalístico, a despersonalização dos recursos explicativos, a argumen-
tação em forma de prosa (em geral) e a transparência e o caráter público do discurso. É importante aqui não
criar uma oposição entre mito e razão, mas reforçar o papel que o mito tinha na sociedade grega e a existência
de uma racionalidade própria a esse modo de explicar o mundo.
Em seguida, passamos para uma análise sobre o porquê de a filosofia surgir nesse ponto preciso na his-
tória. Apresentamos brevemente as teses da ruptura e da continuidade, trabalhando as condições históricas
da vida grega que possibilitaram uma nova forma de pensar. Apresentamos a moeda, o calendário e a escrita
alfabética como elementos que favorecem o raciocínio abstrato que terá papel essencial na filosofia nascente
e acrescentamos a importância da vida nas cidades para desenvolver uma maneira mais aberta, pública e crí-
tica de conceber o mundo. A análise da relação entre o contexto social da Grécia Antiga e o desenvolvimento
da filosofia promove o trabalho com a habilidade EM13CHS103 da BNCC.
Na segunda parte do capítulo, apresentamos os principais filósofos pré-socráticos, dividindo-os em quatro
grandes grupos: milésios, pitagóricos, pensadores da mudança e pluralistas. Reforce, neste ponto, as carac-
terísticas comuns a todos eles, pontuando o que cada pensador traz de novidade para a filosofia do período.
Centramos nossa explicação na busca da arché, discutindo paralelamente os problemas da mudança e da
apreensão do mundo pelos sentidos. Por sua originalidade e grande influência, sugerimos que Heráclito e
Parmênides sejam apresentados mais detalhadamente.

Diz o filósofo

A seção apresenta um trecho de uma das obras de Friedrich Nietzsche. O filósofo alemão fala sobre Tales
de Mileto.
Nietzsche discorre sobre como, a partir da conclusão de que a água era origem de todas as coisas, Tales
desenvolveu o que passaria a ser conhecido como pensamento filosófico, baseado não apenas no empiris-
mo, mas também em reflexões metafísicas.
Além de abordar um dos assuntos do capítulo, portanto, a seção incentiva o contato com a obra de
Nietzche, autor que já foi citado por grandes vestibulares. Vale a pena trabalhá-la em sala de aula.

Para saber mais

• Uma nova história da filosofia ocidental. v. I: Filosofia Antiga, de Anthony Kenny e tradução de Car-
los Alberto Bárbaro. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

Referências bibliográficas
CORNFORD, Francis M. Antes e depois de Sócrates. Valter Lellis Siqueira (Trad.). São Paulo: Martins Fontes, 2005.
CURD, Patricia. “Presocratic philosophy”. In: ZALTA, Edward N. (Ed). The Stanford Encyclopedia of Philosophy.
Disponível em: http://p.p4ed.com/HTOUW. Acesso em: 30 set. 2021.
GRAHAM, Jacob. “Presocratics”. In: The Internet Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: http://p.p4ed.
com/HTOUE. Acesso em: 30 set. 2021.
GUTHRIE, William K. C. Los filósofos griegos: de Tales a Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica, 1994.
HUSSEY, Edward. “Pythagoreans and Eleatics”. In: TAYLOR, Charles C. W. Routledge History of Philosophy.
v. I: From the Beginning to Plato. Londres: Routledge, 1997.
PLATÃO. Teeteto-Crátil . Carlos Alberto Nunes (Trad.). Belém: UFPA, 1973.
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia histórica. Haiganuch
Sarian (Trad.). São Paulo: Paz e Terra, 2008.
_______. Origens do pensamento grego. Ísis Borges B. Fonseca (Trad.). Rio de Janeiro: Difel, 2010.

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Capítulo 3 – Sócrates
Neste capítulo, apresentamos a virada ao humanismo que caracteriza a filosofia do século
V a.C. Em primeiro lugar, são trabalhadas as circunstâncias históricas que levaram Atenas a ser
um polo para a produção cultural e artística do período e que estimularam uma nova reflexão,
dirigida a assuntos éticos e políticos.
Em segundo lugar, apresentamos os sofistas como intelectuais que se dedicavam a pen-
sar questões importantes para a vida da cidade e para o sucesso social de seus pupilos.
Os sofistas são apresentados como aqueles que Sócrates considerará seus opositores. Três
motivos são levantados para caracterizar a relação entre eles: 1) as diferentes concepções de
trabalho filosófico; 2) as diferentes concepções sobre o sentido e a abrangência da areté; e 3)
a defesa do relativismo por parte dos sofistas e sua radical rejeição por Sócrates. Para ilustrar
o relativismo sofista, Protágoras é apresentado, e para explicar a importância que a defesa do
relativismo tinha diante dos valores da sociedade ateniense, tratamos da influência do debate
sofista nas concepções sobre a lei. A controvérsia nomos-physis é apresentada brevemente,
com menção a Antífon. É interessante pontuar aos alunos que, apesar de o termo “sofista”
ter adquirido conotação negativa com o passar do tempo, em grande parte pela influência
de Platão, é preciso reconhecer que os pensadores dessa corrente tiveram grande papel no
contexto intelectual do período e que foram, eles mesmos, inovadores.
Sugestões de respostas para as perguntas de abertura do capítulo:
ɒ As duas primeiras perguntas procuram introduzir o pensamento de Sócrates, para quem
a vida filosófica era a melhor vida possível. A filosofia, portanto, conduz o ser humano ao
saber e à felicidade.
ɒ O objetivo da terceira pergunta é introduzir a lição socrática da busca por um conceito, ou
um universal, sobre esses valores.
ɒ A quarta questão promove uma reflexão sobre possíveis consequências da busca pela
verdade. Devido à propagação de suas ideias, Sócrates foi condenado à morte.

Abordagem teórica
Mencionamos, neste capítulo, a dificuldade de conhecer a vida e o pensamento de Só-
crates, uma vez que o filósofo não deixou obra escrita. Apresentamos os diálogos de Platão
como a principal referência que hoje temos sobre Sócrates, explicando a controvérsia sobre o
Sócrates histórico e o Sócrates personagem e porta-voz de Platão. Trazemos, então, dois fatos
da vida de Sócrates que permitem entender sua dedicação à filosofia: a rejeição da filosofia
da natureza e a missão recebida pelo Oráculo de Delfos. A ênfase está na importância da re-
flexão sobre o ser humano e na sabedoria contida no reconhecimento da própria ignorância.
Tratamos, em seguida, do método socrático. Este ponto é particularmente controverso e
complexo. É importante que o aluno entenda a diferença entre o método do elenchos (ele-
mento aporético do diálogo) e o método dialético (elemento construtivo), ainda que não haja
consenso sobre a origem platônica ou socrática deste último. Apresentamos a maiêutica como
técnica que permeia os dois momentos: tanto para refutar e chegar à aporia, quanto para
construir novas teses, Sócrates atua facilitando as conclusões de seu interlocutor, e nunca
entregando conclusões prontas. Ainda sobre o método socrático, explicamos que o conteúdo
desses diálogos frequentemente se volta para a busca das definições (que têm grande impor-
tância como reação ao relativismo sofista) por meio da indução.
Surge então a questão sobre as teses filosóficas de Sócrates. Centramos nossa explicação
em duas dessas teses, intimamente relacionadas entre si: a da virtude como conhecimento e
a da perfeição da alma. Em ambos os casos, enfatizamos o papel questionador de Sócrates e

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sua recusa em entender a moral como submissão aos valores tradicionais da sociedade. Nesse sentido, ele
se aproxima dos sofistas, apesar de diferenciar-se em outros aspectos fundamentais.
Tratamos, por fim, do final da vida de Sócrates, seu julgamento e sua morte. É importante enfatizar nesse
ponto como Sócrates simboliza vários ideais da filosofia: a busca incessante por conhecimento, a recusa em
abandonar convicções, a compreensão quase sacerdotal do trabalho intelectual, a retidão moral, a exaltação
da autonomia. Mais do que suas teses filosóficas, é preciso que os alunos entendam o grande legado que
Sócrates deixou por suas convicções e atitudes. As discussões sobre ética, liberdade e autonomia mobilizam
a habilidade EM13CHS501 da BNCC.

Diz o filósofo

A seção apresenta parte de Mênon, um dos diálogos de Sócrates registrados por Platão. A obra, composta
de conversas entre Sócrates e seus interlocutores, aborda a virtude.
A partir do excerto, incentive os alunos a discutirem sobre o método socrático. Aborde, por exemplo, a
importância do aprendizado por meio do compartilhamento de ideias e percepções sobre o mundo.

Para saber mais

ɒ Diálogos, de Platão. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: UFPA, 2001.

Referências bibliográficas
CORNFORD, Francis M. Antes e depois de Sócrates. Tradução de Valter Lellis Siqueira. São Paulo: Martins Fontes,
2001.
GUTHRIE, William K. C. Los filósofos griegos: de Tales a Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica, 1995.
KENNY, Anthony. An Ilustrated Brief History of Western Philosophy. Oxford: Wiley-Blackwell, 2006.
______. Uma nova história da filosofia ocidental. v. I: Filosofia Antiga. Tradução de Carlos Alberto Bár-
baro. São Paulo: Loyola, 2008.

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Capítulo 4 – Platão
Este capítulo apresenta o pensamento de Platão em três grandes seções. Em primeiro lugar, tratamos das influ-
ências ao pensamento platônico. Mencionamos a influência dos pré-socráticos, em especial Heráclito e Parmênides
– com relação ao problema do conhecimento – e Pitágoras – com relação às concepções sobre a alma. Falamos
sobre as críticas recebidas por Sócrates e sobre o fato de Platão se considerar um continuador do pensa-
mento socrático.
Sugestões de respostas para as perguntas de abertura do capítulo:
ɒ Para responder a essa questão, os alunos devem considerar o ensino de Platão, segundo o qual aquilo
que é verdadeiro é imutável; logo, encontra-se em uma esfera inteligível, possível de ser acessada apenas
pela inteligência.
ɒ Para Platão, a cidade deve ser orientada por critérios de sabedoria filosófica, e não por mero arbítrio da
vontade. Essa é uma crítica do filósofo à democracia.
ɒ Essa pergunta também abrange a crítica à democracia feita por Platão: a democracia, para ele, era fruto de
decisões não pautadas na razão e, por isso, teria uma tendência natural de ser corromper.

Abordagem teórica
Um fio condutor interessante é incentivar a compreensão de que a teoria das ideias busca resolver os pro-
blemas apontados nos capítulos anteriores, que tratam dos pré-socráticos e de Sócrates. As ideias, no entanto,
não devem ser compreendidas como conteúdos intramentais – nada mais distante da compreensão platônica.
Falamos também sobre a teoria da reminiscência, que explica como é possível o conhecimento das ideias. É
interessante, antes de apresentá-la, garantir que os alunos compreendam o dilema entre propor uma realidade
que vai além do mundo físico e considerá-la a única digna de verdadeiro conhecimento, bem como o fato de
que nosso meio usual para conhecer a realidade – os sentidos – é inútil nesse caso.
Na apresentação do diálogo A República, de Platão, o problema ético é colocado como reação aos so-
fistas, e a passagem da ética à política é explicada pela analogia entre indivíduo e cidade. Apresentamos a
teoria das pulsões da alma e a composição de três classes sociais a partir dela, assim como a consequente
proposta educacional de Platão. As alegorias são explicadas a seguir. Em primeiro lugar, a Alegoria da Linha,
seguida pela Alegoria da Caverna. É interessante conduzir a aula fazendo pausas para que os alunos reflitam
sobre o que pode vir a seguir. Aproveite o boxe Discussão em sala para isso. Neste momento da aula, propo-
mos uma discussão para que você avalie a compreensão dos alunos sobre a ideia de mudança dos gregos.
Para garantir o sucesso da discussão, peça aos alunos que fechem os livros, se estiverem com eles à mesa. É
interessante ouvir os comentários da turma e demonstrar em que ponto a mudança pode ser encontrada nos
exemplos que eles trouxerem (qualquer objeto físico, por exemplo, passa por mudança na medida em que
pode sujar, quebrar, etc.). Ideias bastante criativas podem surgir, referindo-se a sentimentos ou à linguagem,
por exemplo. É interessante ter em mente o que responder nesses casos. O objetivo é chegar à resposta
platônica: os objetos matemáticos. É provável que os alunos comentem sobre “os números”, apesar de a res-
posta platônica se aplicar também às formas geométricas ou a relações e propriedades.
Em seguida, tratamos sobre a Alegoria da Caverna, que é apresentada em sua interpretação mais usual,
como uma explicação a respeito das dificuldades do conhecimento e da filosofia. É importante apontar tam-
bém seu significado metafísico e epistemológico mais profundo. A maneira mais eficiente de fazê-lo, segundo
entendemos, é pela analogia com a alegoria anterior.
Mencionamos, ao final, alguns pontos interessantes da teoria da reminiscência, trazendo o Mito de Er para
explicar o ciclo das almas e por que o conhecimento das ideias tem de ser recuperado pela educação.

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Diz o filósofo

A seção traz um trecho selecionado de O Banquete, de Platão. Você pode expor o contexto do diálogo
e até trazer alguns dos discursos anteriores ou algumas das concepções expostas sobre o amor. Nosso
foco foi o discurso de Sócrates, mais especificamente o trecho em que ele relata o discurso de Diotima
de Mantineia, que se relaciona diretamente com a teoria das ideias e oferece um complemento valioso à
reflexão desenvolvida em A República. Trata-se de uma excelente exposição sobre como a compreensão
de uma ideia (nesse caso, a do belo) pode ser estimulada a partir das vivências cotidianas e da experiência
sensível, referindo-se a um conhecimento completamente diferente dos anteriores e que só é alcançado
por uma apreensão individual daquele que é bem conduzido pelo processo educativo.

Para saber mais

ɒ A República, de Platão. Tradução de Maria Helena da Rocha. Lisboa: Fundação Calouste Gul-
benkian, 2006.

Referências bibliográficas
CORNFORD, Francis M. Antes e depois de Sócrates. SIQUEIRA, Valter Lellis (Trad.). São Paulo: Martins Fontes,
2005.
GUTHRIE, William K. C. Los filósofos griegos: de Tales a Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica,
1994.
KENNY, Anthony. Uma nova história da filosofia ocidental. v. I: Filosofia Antiga. BÁRBARO, Carlos Alberto
(Trad.). São Paulo: Loyola, 2008.
SZLEZÁK, Thomas Alexander. Ler Platão. São Paulo: Loyola, 2005.
PLATÃO. O Banquete. SOUZA, José Cavalcante (Trad.). São Paulo: Abril Cultural, 1972.

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