Por Debora Crocomo dos Reis, aluna bolsista MEC/SESu-PET
Os primeiros jogos teriam surgido há cerca de 5.000 anos a.C., em
regiões da Mesopotâmia e Egito e eram chamados de "jogo de passagem da alma". Eram itens indispensáveis após a morte, pois os povos daquele período acreditavam que o ato de jogar poderia ser uma forma de diversão eterna. Assim, segundo a tradição mesopotâmica, os jogos pertencentes aos falecidos eram enterrados juntamente com seus bens pessoais, salvando-lhes do tédio infinito. A partir de 31 a.C., através da rota da seda, os jogos de tabuleiro sofreram diversas adaptações e deram origem aos jogos clássicos mundialmente. De origem romana, o XII scripta exemplifica esse sincretismo: o jogo chegou em regiões improváveis como o Uzbequistão e acabou influenciando os tabuleiros de Gamão do Norte da China. Outro jogo que parece ter sofrido modificações ao tomar contato com novos grupos sociais foi o Chaturanga, o possível precursor do Xadrez. Ele teria surgido na Índia e suas peças representariam as quatro divisões do exército: infantaria (peão), cavalaria (cavalo), elefantes (bispo) e carruagens (torre). Na América, o Jogo da Onça era parte da cultura de algumas tribos indígenas brasileiras. Provavelmente de origem inca, este jogo tem como objetivo capturar as peças do jogador, deixando o adversário sem possibilidade de movimentação, semelhante ao jogo de Damas. Alguns séculos mais tarde, após o período da Revolução Industrial, houve uma grande difusão dos jogos de tabuleiro. Com a possibilidade de produção em massa, alguns pequenos fabricantes começaram a produzir versões dos jogos clássicos e novos jogos para atender a demanda da classe média emergente, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Com o passar dos anos os pequenos produtores de jogos formaram uma lucrativa indústria cultural. Apesar dos primeiros jogos industriais não terem praticamente nenhuma preocupação com estratégia o Jogo da Vida, lançado em 1860, é considerado o marco da era moderna dos jogos de tabuleiro. Em seu ano de lançamento foram vendidas mais de 45 mil cópias. Apesar disto, o jogo de tabuleiro mais popular do mundo é o Monopoly (conhecido no Brasil como Banco Imobiliário). Lançado em 1904, ele foi baseado no The Landlord’s Game, de Elizabeth J. Magie Phillips, que o criou com o objetivo de ensinar a teoria do economista Henry George sobre taxa simples. Após 1945, os jogos de estratégia e a abordagem de conflitos econômicos e construção de civilizações ganharam mais força. Os mapas de jogos como Britannia, Civilization e Conquest of the Empire apresentavam divisões de províncias ou regiões em vez de hexágonos, procurando uma caracterização visual cada vez mais realista e complexa. Ao longo da história, os homens desenvolveram inúmeros jogos de tabuleiro, que refletiram sua lógica e raciocínio, revelando o modo com o qual cada um dos grupos sociais compreendia o seu próprio ambiente. Os jogos são muito mais que um mero "fazer de conta", são frequentemente símbolos de luta, seja luta entre homens, entre homens e divindades, ou ainda, a luta contra obstáculos a serem transpostos segundo regras pré-estabelecidas.