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INTRODUçAo
Estacas de aço são muito utilizadas em fundações e contenções, especialmente quando,
em solos resistentes, se deseja atingir grandes profundidades com elevadas solicitações de
carga. Elas possuem numerosas vantagens, tais como: (a)-não provocam o levantamento
de estacas vizinhas, mesmo em áreas com grande densidade de estacas, (b)-não possuem
o risco de quebra, (c)-permitem uma cravação fácil, provida de baixa vibração, (d)-trabalham
bem à flexão, e (e)-não tem maiores problemas quanto à manipulação, transporte, emendas
ou cortes.
Elas são constituídas, de modo geral, por peças de aço laminado (ou soldado) tais como
perfis de seção I e H, chapas dobradas de seção circular (tubos), quadrada e retangular,
além de outras possibilidades.
Em situações onde o solo possa favorecer o ataque (tipicamente são solos de baixa
resistividade elétrica e baixo pH), a proteção toma-se obrigatória. Esta proteção é feita na
forma da utilização de uma espessura adicional de material, galvanização da estaca,
utilização de pintura (tipicamente epoxídica), proteção catódica ou mesmo "encamisamento"
em concreto.
1. TIPO DE SOLO
De modo geral, a velocidade de corrosão do aço é menor em solos bem aerados do que em
solos pouco aerados. Um solo homogêneo, de mesma constituição e distribuição
granulométrica, apresenta diferenças de concentração de oxigênio com a profundidade, que
pode levar ao aparecimento de pilhas de aeraçâo diferencial. A passagem da estaca por
solos distintos também pode propiciar a formação de tais células, assim como a criação de
solos com diferentes níveis de compactação, criados pelo remanejamento mecânico. A
Figura 2 ilustra esse conceito.
Alguns solos são naturalmente mais corrosivos do que outros. Os solos que merecem maior
atenção são aqueles que produzem substâncias solúveis em água que possuam
características alcalinas, tais como os elementos químicos Sádio, Potássio, Cálcio e
Magnésio, e os que possuem constituintes formadores de ácidos, tais como os carbonatos,
bicarbonatos, ctoretos , nitratos e sulfatos. Solos potencialmente mais corrosivos, em
contraste com solos arenosos, são aqueles classificados como silte e argila, solos ricos em
materiaisorgânicose solos pouco aerados.
A acidez do solo, ou pH7, tem grande influência em sua corrosividade. Solos extremamente
ácidos (pH S 4) causam corrosão severa na maioria dos metais enterrados. A corrosão
acontece, neste caso, na ausência do oxigênio, pois o hidrogênio gasoso pode ser liberado
por difusAo diretamente no so108. Neste caso específico, a resistividade do solo nAo é
A Figura 3 mostra,
esquematicamente, as
características básicas
do solo intervenientes
no processo de
corrosão de estacas de
aço.
Em adição à existência de água. o oxigênio também deve estar presente para que o
processo de corrosão possa acontecer. Conforme ilustrado na Figura 2, uma das reações
catódicas de grande importância no processo de corrosão dos metais no solo é a de
redução do oxigênio dissolvido na água, gerando hidroxilas. Assim, a aeração do solo, ou
seja, a capacidade de penetração do ar atmosférico no solo, é fator de grande importância
no processo.
No entanto, na maioria dos casos de corrosão Delo solo (na condição em que a redução do
oxigênio é a reação catódica predominante), os produtos de corrosão formados são
insolúveis e criam uma barreira protetora, uma "atmosfera" junto ao metal, ou seja, o metal
sofre algum tipo de passivação 1°. A presença de oxigênio toma-se, assim, necessária para a
formaçãodesta barreira.
Assim como a acidez, a resistividade elétrica tem grande influência na corrosividade dos
solos. Quanto maior a resistividade, menor a corrosão das estruturas enterradas. A
resistividade do solo está diretamente relacionada com a quantidade e qualidade dos sais
dissolvidos, temperatura, teor de umidade, compactação e da presença de materiais inertes.
(1): PG= 2m AY
11 ASTM G57-951(2001) "StandardTestMethod for Field MeasurementofSoil Resistivity Using the Wenner
Four-Electrode Method".
12Z. Panossian. "Manual- Corrosão e Proteção Contra Corrosão em Equipamentos e Estruturas Metálicas, voto
ll". Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. - I.P.T., p. 364(1993).
13 G. Wranglén."An Introduction to Corrosionand ProtectionofMetals".lnstitut for Metallskydd,Stockholm,p.
128(1972).
Tabela 1. Relaçao entre a resístividade elétrica e a corrosividade dos 8010s13,
Como indicado anteriormente, existe certo número de variáveis que podem influenciar a
corrosão de estacas de aço enterradas, e o efeito da composição química do aço carbono
sobre a corrosão pelo solo é pequeno. O National Bureau of Standards (agora National
Institute for Standards and Technology - NIST) conduziu um extenso trabalho de campo
tratando de estruturas enterradas14. Este estudo, juntamente com experimentação de campo
adicional15, serviu como referência para o desenvolvimento da Figura 516, pela Atlas
Systems Inco Esta figura permite, através do uso de informações tais como tipo de solo, pH
e resistividade, avaliar, de modo oreliminar, a necessidade ou não de proteção anticorrosiva.
Figura5. Técnica para avaliaçãopreliminardo potencialde corrosaopara estruturasde aço enterradasno solo,
adaptado 18,
Várias são as alternativas existentes para a proteção de estacas que deverão ser enterradas
em solos considerados agressivos.
Estacas destinadas a solos cuja corrosividade é considerada entre leve a severa podem ser
protegidas de modo eficiente pela galvanização aquente 19 ou através da pintura epoxi
alcatrão de hulha2O, Diversos dados disponíveis indicam que os revestimentos epoxídicos
Os resultados obtidos pelo NBS mostram que a galvanização a quente é um modo efetivo
de se proteger o aço no solo. Um recobrimento de Zinco de 0,127 mm (5 mil) de espessura
propicia proteção ao aço superior a 10 anos para solos inorgânicos oxidantes e redutores, e
de 5 anos para solos orgânicos altamente redutores. Foi observado, entretanto, que, uma
vez que a camada de zinco tenha sido destruida, a velocidade de corrosão do aço é ~
muito reduzida. Este fato é ocasionado pela "atmosfera" de produtos de corrosão
desenvolvida ao redor da estaca, já descrita anteriormente.
(2): PM R
= 0,25-0,121og-
150
onde PM é a perda de massa metálica, em oz/tt2 por ano (1 oz/tt2 equivalente a 0,030515
g/cm2)e R é a resistividade do solo, em ohm.cm.
pH do solo: 5.
A utilização da equação (1) resulta em uma perda de massa de zinco, por ano, devida à
corrosão de:
PM = O,15 o~ = 0,0045 g/cm2 por ano de zinco = 45 g/m2 por ano de zinco.
Para uma camada de revestimento de zinco de 610 g/m2 (100 ~m de espessura), a vida útil
da galvanização, estimada, será de 610/45 = 13,5 anos.
23 Caso a estaca seja galvanizada (IOOmm de Zinco), a estaca estará suportando a carga máxima permissível
originalmenteconcebidapor (72 + 13), aproximadamente85 anos.