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Gestão Financeira e Econômica

Correção Monetária

No início da atividade comercial havia apenas a troca de mercadorias.


Assim, um indivíduo “A”, produtor da mercadoria “a” e necessitando de uma
mercadoria “b”, procurava o indivíduo “B” que a produzia. Se houvesse
concordância na troca, tudo bem; porém, as coisas se complicavam quando não
havia concordância na troca, pois “A” teria que procurar um outro indivíduo
produtor de “b” que estivesse disposto a trocá-la por “a”.

Com o desenvolvimento do comércio entre os indivíduos houve, então, a


necessidade de uma terceira mercadoria, de aceitação geral e, principalmente,
de fácil transporte e de valor constante para todos os produtores. Essa
mercadoria passou a ser o padrão de trocas e de comparação de valores dos
demais produtos. Esse padrão tornou-se, assim, a moeda da comunidade.

Surgiu, então, o problema: qual a melhor mercadoria a ser tomada como


moeda? Chegou-se à conclusão de que a melhor moeda seria o metal: de fácil
transporte, grande durabilidade e que permitia a obtenção de “pedaços” para
pagamentos menores.

Com o passar do tempo, a moeda foi sofrendo um processo contínuo de


desvalorização: passou de moeda mercadoria, para moeda metálica e,
finalmente, para um valor simbólico, tornou-se apenas um pedaço de papel
(moeda-papel: emissão com lastro metálico; moeda escritural ou moeda
bancária: cheque). Lastro significa garantia de riqueza de um país ao emitir
moeda-papel.

Inflação

Chamamos de valor da moeda (ou poder aquisitivo da moeda) aquele


representado pela quantidade de bens ou serviços que podem ser adquiridos
com uma unidade monetária.

Dizemos que uma moeda é estável quando mantém, no decorrer do


tempo, sempre o mesmo poder aquisitivo.
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A depreciação do valor da moeda (ou a redução do seu poder aquisitivo)


é identificada como inflação. Observamos, porém, que o aumento dos preços
de alguns bens e serviços, resultante, por exemplo, de uma escassez típica das
entressafras, não é o bastante para caracterizar um processo inflacionário. Este
só fica caracterizado se todos os bens e serviços acusam uma tendência de alta
generalizada e contínua.

Assim, podemos caracterizar a inflação como uma contínua


persistência e generalizada expansão dos preços.

Quanto à intensidade do processo inflacionário, podemos distinguir uma


gama muito grande, limitada por uma inflação rastejante e uma inflação
galopante ou hiperinflação.

A inflação rastejante é caracterizada por uma leve e quase imperceptível


expansão geral de preços, como aquela que se verifica, atualmente, na maioria
dos países desenvolvidos.

Já a inflação galopante ou hiperinflação é caracterizada por uma


violenta e incontrolável expansão do nível geral dos preços.

Entre esses níveis extremos, há certos processos inflacionários que


podemos dizer praticamente crônicos, embora permaneçam sob controle e
reprimidos. No Brasil, por exemplo, desde a segunda guerra mundial, temos
assistido os processos inflacionários de intensidade variada, mas que jamais
fugiram ao controle das autoridades financeiras.

Taxa real e taxa aparente

Denominamos taxa aparente aquela que vigora nas operações correntes.

Quando não há inflação, a taxa aparente é igual à taxa real; porém,


quando há inflação, a taxa aparente é formada por dois componentes: um
correspondente à inflação e outro correspondente ao juro real.

r = taxa real

i = taxa aparente

I = taxa de inflação
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Fórmula:

1 + i = (1 + r) . (1 + I)

Exemplos:

1) – Qual deve ser a taxa aparente correspondente a uma taxa real de 0,8% a.m.
e a uma inflação de 20% no período?

r = 0,8% a.m. = 0,008


I = 20% = 0,2
1 + i = (1 + r) . (1 + I)
1 + i = (1 + 0,008) . (1 + 0,2)
1 + i = 1,008 . 1,2
1 + i = 1,2096
i = 1,2096 -1
i = 0,2096 . 100
i = 20,96%
2) – Uma pessoa adquire uma letra de câmbio (espécie de título de crédito) em
uma época A e a resgata na época B. O juro aparente recebido foi de 25%.
Calcule a taxa de juro real, sabendo que a taxa de inflação, nesse período, foi
de 15%.

i = 25%
r=?
I = 15%
1 + i = (1 + r) . (1 + I)
1 + 0,25 = (1 + r) . (1 + 0,15)
1,25 = (1 + r) . 1,15
𝟏,𝟐𝟓
=1+r
𝟏,𝟏𝟓
1,086956522 = 1 + r
r = 1,086956522 – 1
r = 0,086956522 . 100 = 8,6956522% ≅ 8,70%
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Exercícios

1) – Um empréstimo foi feito a uma taxa de 32% ao ano. Sabendo que a inflação
nesse ano foi de 21%, calcule a taxa real anual.
2) – Uma financeira cobra uma taxa aparente de 22% ao ano, com a intenção de
ter um retorno real correspondente a uma taxa de 9% ao ano. Qual é a taxa de
inflação?
3) – Uma aplicação financeira rendeu 10% a.a. Considerando que a inflação foi
de 4% no ano, como variou o poder de compra do investidor?
4) – O salário mínimo subiu 5% no último ano diante de uma inflação de 10% no
mesmo período. Qual foi a variação real no poder de compra?

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