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Licenciatura em Gestão Comercial

CONTABILIDADE E CONTROLO DE
GESTÃO
(90034)

Docentes: Carla Campos

carla.campos@ua.t

ESTGA - CCG – 2021/2022 Carla Campos 1


1. Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Contabilidade Analítica: conceção francesa atual de análise de custos,


tal como aparecia no Plano Contabilístico Francês.

“A contabilidade analítica de exploração é concebida para pôr em relevo os


elementos constitutivos dos custos e proveitos que apresentam maior interesse
para a direção da empresa. (…):

• Na determinação de preços de venda ou para o controlo da sua


rendibilidade;
• Na análise dos encargos de exploração;
• Na comparação destes encargos com as previsões. (…)”

Plano Contabilístico Francês

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Contabilidade de Gestão: uma abordagem moderna da contabilidade


analítica tendo por principal preocupação melhor responder às
necessidades dos gestores das empresas.

Neste contexto pretende-se:

• Um quadro de análise temporal diferente


• A colocação em evidência dos processos
• A procura de indicadores de desempenho mais adequados
• Uma melhor tomada em consideração dos conceitos utilizados
na produção
• Um apoio à análise estratégica da organização
• Um importante instrumento de controlo de gestão

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Objeto da Contabilidade Analítica: “são os custos, proveitos e


resultados das organizações que determinam a análise, não de uma
forma globalizante como acontece na contabilidade geral, mas sim de
forma analítica e de acordo com as necessidades da gestão da
organização em causa”.
(Pereira e Franco: 1994; 19)

Em resumo:

Enquanto o objeto da contabilidade geral são as relações da empresa


com o exterior, o objeto da contabilidade analítica são as operações
internas.

Mas com que objetivos?


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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Objetivos da Contabilidade de Gestão:


• Conhecer os custos das diferentes funções realizadas na
empresa
• Determinar as bases de avaliação de certos elementos do
balanço
• Explicar os resultados, calculando o custo dos produtos para
compará-los com os preços de venda correspondentes
• Estabelecer previsões de custos e proveitos correntes
• Constatar a realização e explicar os desvios resultantes
• Fornecer todos os elementos para a tomada de decisões

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Contabilidade Financeira vs Contabilidade de


Gestão

Demonstração dos Resultados da empresa ABC (u.m)

CMVMC 338 Vendas 650

Outros custos 362 Resultados (Prejuízos) 50

700 700

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão
Contabilidade Financeira vs Contabilidade de
Gestão
A conta de resultados do exercício não nos fornece informação que
permita responder às seguintes questões:

1. Como de distribuíram os custos por cada um dos produtos


fabricados pela empresa e quais foram os seus custos unitários?
Fixação de preços de venda / valorização de stocks / controlo de
custos de produção

2. Quais os resultados com que cada produto contribuiu para o


resultado do exercício?
Tomada de decisão de investimento / desinvestimento
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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Contabilidade Financeira vs Contabilidade de


Gestão

Ao nível da contabilidade geral apenas ficamos a conhecer 4


valores:

• Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas


• Outros Custos
• Vendas
• Resultado Líquido (negativo).

Como é que a empresa está a perder dinheiro?


Onde?
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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

PREÇO DE UNIDADES
PRODUTO VALOR MIX S/ VENDAS
VENDA VENDIDAS

A 12 € 25 000 300 000 € 46 %

B 20 € 3 000 60 000 € 9%

C 10 € 20 000 200 000 € 31 %

D 15 € 6 000 90 000 € 14 %

650 000 € 100 %

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Se analisarmos a estrutura de vendas concluímos:

• Os 650.000 de vendas são o contributo,


essencialmente, dos produtos A (46%) e C (31%);
• No total 77%;
• Os produtos B e D são os que vendem menos;
• Os produtos B e D são os mais caros.

Opções:

• Forçar as vendas de A e C;
• Abandonar B e D ou incrementar as suas vendas.

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Agora já sabemos que:

• Os produtos A e C, os mais vendidos, dão


prejuízo;

• Os Produtos B e D, os mais caros e com menos


vendas, dão lucro.

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

Nesta fase, podemos então já colocar as seguintes questões:

• Será preferível que a empresa produza matérias-primas de


que necessita ou será mais económico adquiri-las a terceiros?
• Porquê tão elevado custo c/ pessoal em A e C?
• Consumos elevados de energia em A e C? Equipamentos
tecnicamente desatualizados? Desperdícios?
• Será preferível que a empresa tenha uma oficina própria para
a conservação e reparação dos seus equipamentos, ou será
mais rentável subcontratar?
• Valerá a pena adquirir uma máquina mais moderna que,
devido ao seu aperfeiçoamento, parece conduzir a custos mais
baixos?

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão
A informação fornecida pela Contabilidade de Gestão:

• Melhora o controlo de gestão (ex. stocks);

• Melhora o processo de tomada de decisão


• Mais eficiente;
• Mais eficaz;

• Permite a avaliação/valorização de alguns elementos


patrimoniais:
• Stocks de Matérias-Primas;
• Stocks de Produtos Acabados.
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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

A informação fornecida pela Contabilidade de Gestão:

• Manutenção do inventário permanente:


• Quantidade existente de stocks;
• Valor dessas quantidades.

• Cálculo dos custos e preços de custos necessários para:


• Determinar preços de venda;
• Efetuar análise de rendibilidade.

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão

A informação fornecida pela Contabilidade de Gestão


permite :

• Estabelecer previsões ou orçamentos;

• Analisar desvios entre o orçamentado e o realizado;

• Determinar resultados por produto.

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_ Âmbito e objetivos da Contabilidade de Gestão
Características Contabilidade Financeira Contabilidade de Gestão

Obrigatoriedade Fortemente regulada Sem regulamentação

Oportunidade Temporalidade regulada Condicionada à tomada de decisões

Razoabilidade Exatidão razoável Oportunidade e a economicidade


sobrepõem-se à exatidão
Relevância Condicionada por regulamentação Máxima importância – justifica o seu
uso
Clareza Condicionada às normas da Condicionada à adequação aos
contabilidade modelos de decisão
Verificabilidade, Básica Secundária
Objetividade
Nível de agregação Alto, em conformidade com as DF’s Baixo, depende do nível da
organização
Identificabilidade Refere-se à entidade no seu todo Ocupa-se também de partes da
organização
Economicidade Secundária, condicionada por Fundamental. Condiciona o
normas reguladoras desenvolvimento do sistema

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2. Conceitos fundamentais e articulação entre a Contabilidade
Financeira e de Gestão.
2.1.1_ Custos: Análise e Relação com os Resultados

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_ Custos: Análise e Relação com os Resultados
GASTO: Diminuição dos benefícios económicos na forma de exfluxos ou
deperecimento de ativos ou na incorrência de passivos que resultem em
diminuições do capital próprio (de acordo com a estrutura concetual do
SNC). É também o componente negativo do resultado do exercício.

CUSTO: Conceito de caráter económico que corresponde ao valor dos recursos


utilizados numa organização. Num sentido mais restrito representa o
valor dos consumos incorporados no processo produtivo.

DESPESA: Conceito de caráter jurídico e monetário que constitui a obrigação de


pagar os custos a terceiros.

PAGAMENTO: Conceito de caráter financeiro que corresponde ao fluxo de saída


de meios líquidos que constitui a contraprestação dos recursos
adquiridos. Pode ser antecipado, postecipado ou simultâneo.

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_ Custos: Análise e Relação com os Resultados
RENDIMENTO: Aumento dos benefícios económicos na forma de influxos ou aumentos
de ativos ou diminuições de passivos que resultem em aumentos do
capital próprio (de acordo com a estrutura concetual do SNC). É
também o componente positivo do resultado do exercício.

RÉDITO: Conceito de caráter económico que consiste num rendimento proveniente de


atividades correntes.

RECEITA: Conceito de caráter jurídico e monetário que constitui o direito de receber os


réditos/rendimentos.

RECEBIMENTO: Conceito de caráter financeiro que corresponde ao fluxo de entrada de


meios líquidos que constitui a contraprestação dos bens ou serviços
cedidos a terceiros. Pode ser antecipado, postecipado ou simultâneo,
quer com a receita quer com o rendimento ou rédito. O período em
que se verifica a receita pode não coincidir com o recebimento.

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2.1.2. Custos: Funções na Empresa
Custos de Compra :
Custo de Compra = valor de compra + custos adicionais com compras -
- devoluções – descontos de natureza comercial

Custos de Aprovisionamento: respeitam ao funcionamento e logística dos armazéns de


matérias e produtos.

Custos de Produção: relacionados com a valorização dos recursos utilizados na fabricação


dos produtos e/ou serviços;

Custos Comerciais: relacionados com a venda dos produtos e/ou serviços (*)

Custos de Distribuição: relacionados com a distribuição dos produtos (*)

(*) Habitualmente, para efeitos académicos, agrupam-se numa mesma rubrica embora
tenham significados distintos. O SNC, na D.R. por Funções, prevê mesmo a sua
separação.

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_ Custos: Funções na Empresa
Custos Administrativos: todas as despesas exigidas pela direção e funcionamento
da estrutura administrativa da empresa;

Custos de I & D: respeitam às atividades relacionadas com a pesquisa de novos


produtos e/ou serviços, tecnologias e métodos;

Custos de Financiamento: custos com a obtenção de capital alheio. Devem ser


apresentados sob a forma líquida, depois de compensados com os
correspondentes rendimentos da mesma natureza (caso existam).

Outros Custos: Todos aqueles de carácter residual que não se incluam nas
rubricas anteriores.

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2.1.3_ Os Custos e os Produtos
Componentes do Custo Industrial [da Produção (*)] Incorridos no Período (C.I.I.P.):

• Consumo de Matérias Primas (MP): incorporadas no produto final;

• Mão-de-Obra Direta (MOD): custos com o pessoal diretamente afetos à


produção;

• Custos Indiretos de Produção (CIP): também designados de Gastos Gerais de


Fabrico (GGF).

(*) Aqui, o termo produção deve ser lido em sentido amplo, porquanto tal
conceito se aplicaria somente ao conjunto das empresas industriais, tal não sendo
verdade.

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_ Os Custos e os Produtos
Consumo de Matérias Primas (CUSTO DIRETO)

• Constitui um custo direto do produto, cujo montante dependerá da quantidade


consumida e do respetivo custo unitário;
• Este custo unitário poderá incluir quer o próprio custo de aquisição (valor de
compra adicionado de todos os custos suportados até à chegada da matéria à
empresa – gastos adicionais com compras);
• Quer ainda eventuais gastos internos e que devam ser imputados às matérias
antes de se registar a sua entrada em armazém (preparação prévia das
matérias, custos de armazenagem, ...);
• A quantidade consumida é calculada a partir das requisições feitas ao armazém
de matérias-primas , onde se deverá registar quer a quantidade requisitada
quer o objeto de custo no qual serão incorporadas.
• O valor a atribuir às matérias consumidas será função do custo inventariado e
do método de custeio de saídas utilizado (FIFO, LIFO, CMP, ...).

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_ Os Custos e os Produtos
Mão-de-Obra Direta (CUSTO DIRETO)

• Identifica-se com os custos associados à remuneração dos trabalhadores cuja


atividade é específica da produção de determinado produto e/ou serviço;
• O cálculo desta componente considera o número de horas registado por objeto
de custo e o correspondente custo horário;
• O custo horário deve ponderar, além da remuneração bruta (ou ilíquida), todas
as restantes componentes contratualizadas (encargos facultativos) entre o
empregador e o trabalhador (subsídios, prémios, gratificações, ...) bem como
todos os encargos patronais obrigatórios (segurança social, seguro de
acidentes de trabalho, ...);
• Deve ainda incluir a proporção dos salários auferidos proporcionais aos 14
meses em relação aos meses produtivos efetivos de trabalho (11 meses).

Nota: Este procedimento de cálculo aplica-se a todas as remunerações da organização e


não apenas à mão-de-obra direta fabril
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_ Os Custos e os Produtos
Mão-de-Obra Direta (CUSTO DIRETO)

• Necessidade de recurso ao cálculo de uma taxa teórica uma vez que a sua
ocorrência pode ocorrer de forma irregular ao longo do ano (por exemplo,
subsídio de férias e subsídio de Natal), sendo necessário garantir a distribuição
regular dos mesmos pelos meses de trabalho;

• No cálculo do custo da mão-de-obra deve atender-se ao seguinte:


– Tempo de trabalho efetivo (ocupado);
– Tempo de trabalho improdutivo;
– Tempo de trabalho extraordinário;
– Regularização das remunerações compensatórias (subsídios de produção, de férias, de Natal,
etc.);
– Encargos sociais quer sejam obrigatórios (Segurança Social da empresa, seguro de acidentes
de trabalho), quer sejam facultativos (cantinas, creches, pensões, assistência médica e
medicamentos, etc.).

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_ Os Custos e os Produtos
Gastos Gerais de Fabrico (CUSTO INDIRETO)

• Identifica-se com todas as restantes componentes de custos industriais não


incluídas nos dois agregados anteriores;
• Incluí um conjunto de custos muito heterogéneo, quer quanto ao valor, quer
quanto à sua relação com o objeto de custo;
• São maioritariamente considerados indiretos quanto aos objetos de custo;
• Alguns destes custos são comuns a diversos objetos de custo;
• Ainda alguns, apesar de específicos em relação a alguns objetos de custo, o seu
valor total não justifica um tratamento autónomo, prevalecendo o principio da
economicidade em relação ao da exatidão.
• Atendendo à heterogeneidade dos custos incluídos nesta componente do custo
de produção e ao carácter indireto da sua maioria, o cálculo deste custo torna-
se mais complicado que o cálculo do custo das matérias-primas e da MOD.

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_ Os Custos e os Produtos
Gastos Gerais de Fabrico (CUSTO INDIRETO)
• Exemplos:
– Mão de Obra Indireta (MOI);
– Consumos fabris de água, eletricidade e combustíveis;
– Consumo de Matérias Subsidiárias (MS);
– Depreciações de edifícios e equipamentos industriais;
– Conservação e reparação de máquinas e equipamentos industriais;
– Ferramentas e utensílios fabris de desgaste rápido;
– Impostos não dedutíveis e que não sejam sobre o rendimento;
– Seguros fabris;
– Rendas fabris;
– Embalagens;
– Mão-de-obra direta não produtiva (porque adquire aqui a sua natureza
indireta).

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_ Os Custos e os Produtos
Sabendo que:
Custo Primo = MP + MOD
e que o
Custo de Transformação = MOD + GGF

Vem que:
CIIP = MP + MOD + GGF

ou
CIIP = Custo Primo + GGF

ou
CIIP = MP + Custo de Transformação

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_ Os Custos e os Produtos

Custo Industrial Incorrido no Período:


CIIP (do mês ou período) = MP + MOD + GGF

Custo Industrial dos Produtos Acabados:


CIPA = CIIP + Ei pvf – Ef pvf

O CIPA corresponde ao valor a atribuir aos produtos acabados durante o


período entrados em armazém, independentemente do período em que são
iniciados, o que significa que terá que incorporar, para além dos custos que
ocorreram no período (CIIP), o valor da eventual produção não acabada (PVF:
produtos em vias, ou, em curso de fabricação) existente no início e no fim do
período. A definição deste nível de acabamento é, quase sempre, arbitrária.

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_ Os Custos e os Produtos
Sendo que o CIPA unitário = CIPA : N.º U.F. Fabricadas

Este custo unitário vai permitir valorizar os produtos vendidos, bem como os
inventários em armazém no final do período (em geral, o mês) tendo em
atenção o método de custeio das saídas (FIFO, LIFO, CMP, ...) utilizado pela
empresa e o inventário inicial de produtos acabados.

O CIPA pode definir-se como um custo do produto uma vez que o montante que
lhe é atribuído corresponde à valorização dos respetivos inventários. Deste
valor, apenas o custo referente às unidades vendidas deve afetar o resultado e,
portanto, ser considerado custo do período (CIPV como veremos).

Pelo que, em princípio, apenas os custos industriais são inventariáveis.

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_ Os Custos e os Produtos
Custo Industrial dos Produtos Vendidos:

CIPV = CIPA + Ei pa – Ef pa

O CIPV (ou custo das vendas) corresponde ao montante de custos industriais


incorporados nos produtos/serviços vendidos durante determinado período,
independentemente do período em que foram fabricados.

Este custo (do período) será repercutido na Demonstração dos Resultados por
Funções e, como, tal, é um custo extinto no período, a par dos restantes custos
não industriais, também estes do período.

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_ Os Custos e os Produtos
Em resumo:

CIPV = CIIP + Ei pvf – Ef pvf + Ei pa – Ef pa


ou

CIPV = CIIP – Ef pvf – Ef pa + Ei pvf + Ei pa


ou
CIPV = CIIP – (Ef pvf + Ef pa – Ei pvf – Ei pa)

CIPV = CIIP – Variação da Produção

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_ Os Custos e os Produtos
Custos não Industriais: correspondem aos custos não incorporados nos produtos, mas
imputados aos resultados do período:

• Custos Administrativos (CA)


• Custos Comercias (CC)
• Custos de Distribuição (CD)
• Custos I & D (CID)
• Outros Custos (OC)
• Custos de Financiamento (CF, na aceção líquida)

Custo Comercial ou Complexivo: corresponde, em sentido lato, ao preço de venda


mínimo que a empresa pode praticar, abaixo do qual a empresa tem prejuízo, e tem a
seguinte representação algébrica:

Custo Complexivo:

Custo Complexivo = CIPV + Custos não Industriais


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_ Os Custos e os Produtos
Custo Económico – Técnico: corresponde ao preço de venda normal e inclui,
para além do custo complexivo os gastos figurativos, que incluem:

• Quota parte da remuneração do capital investido na empresa pelos


sócios (determinado pela taxa de juro corrente no mercado de
capitais), e

• Prémio de risco decorrente da atividade em que a empresa atua.

Pelo que:

Custo Económico-Técnico = Custo Complexivo + Gastos


Figurativos

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_ Os Custos e os Produtos
Conhecidos os custos pelas suas diferentes funções na organização,
o Resultado pode ser apurado de acordo com a contribuição de
cada função para a sua formação, originando vários conceitos
parcelares de resultados, a saber:

Resultado Bruto (RB) = Vendas Líquidas – CIPV

Resultado Operacional (RO) = RB – CA – CC – CD – CID – OC

Resultado Antes de Impostos (RAI) = RO – CF (líquidos)

Resultado Líquido (RL) = RAI – Estimativa de IRC (*)

(*) Conceito não utilizado em contabilidade de gestão.

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_ Os Custos e os Produtos
Esquematicamente:

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2.1.4 Demonstração dos Resultados por
Funções
Entidade:

DEMONSTRAÇÃO INDIVIDUAL DOS RESULTADOS POR FUNÇÕES

PERIODO FINDO EM 31.Dezembro.20_N


(EUROS)
RUBRICAS NOTAS
N N-1

Vendas e Serviços Prestados

Custo das vendas e dos serviços prestados

Resultados brutos 0,00 0,00

Outros rendimentos

Gastos comerciais

Gastos de distribuição

Gastos administrativos

Gastos de investigação e desenvolvimento

Outros Gastos e Perdas

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 0,00 0,00

Gastos de financiamento (líquidos)

Resultado antes de impostos 0,00 0,00

Imposto sobre rendimento do exercício

Resultado líquido do período 0,00 0,00

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2.1.5 Classificação dos Custos
Objeto de Custo:
• Produto ou serviço;
• Secção ou departamento;
• Atividade.

Quanto à Imputação de Responsabilidades:


• Custos Controláveis: aqueles cujo controlo cabe ao responsável do
centro e sobre os mesmos possui capacidade de decisão;
• Custos não Controláveis: aqueles cujo controlo é da
responsabilidade de um superior hierárquico relativamente ao
responsável do centro.

Quanto à Relação com os Objeto de Custo:


• Custos Diretos: são os custos que são exclusiva e especificadamente
de determinado objeto de custo. Não se verificariam se não existisse
o objeto de custo;
• Custos Indiretos: comuns aos diversos objetos de custo.
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_ Classificação dos Custos
Quanto à Imputação ao Produto/Serviço:
• Custo do produto: os que entram na composição do custo dos
produtos;
• Custo do período: são suportados no período para obtenção
dos proveitos (CIPV e os não industriais).

• Custos incorporáveis: os custos industriais incorporados no


custo dos produtos;
• Custos não incorporáveis: os custos industriais não
incorporados no custo dos produtos, devido a custos de
subactividade, quebras anormais, produção defeituosa
extraordinária, diferenças de incorporação.

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_ Classificação dos Custos
Quanto à Forma de Valorização:

Custos Históricos ou Reais: custos que se verificaram;


Custos Pré-determinados: custos básicos, definidos a priori.

Os custos básicos (ou Teóricos)podem ser de 3 tipos:

• Custo Standard ou Padrão;


• Custo Orçamentado;
• Custos fixados de acordo com outro critério (preço de
mercado, ...)

São um auxilio ao controlo de gestão

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_ Classificação dos Custos
Quanto à Tomada de Decisão:

• Custos Diferenciais: que resultam da diferença entre os custos de


duas alternativas.

• Custos de Oportunidade: traduz o valor dos proveitos que se


poderia obter numa aplicação alternativa.

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_ Classificação dos Custos
Quanto à variabilidade com o volume de atividade:

• Custos fixos: não variam em função do volume (rendas de


edifícios, amortizações, seguros, etc.);

• Custos variáveis: variam com o volume de produção (ou vendas)


de forma progressiva, regressiva ou proporcionalmente (MP,
eletricidade, comissões dos vendedores);

• Custos semi-variáveis: constituídos por uma parte fixa e outra


variável (v.g. Remuneração + comissão).

• Custos semi-fixos: ótica de longo prazo.


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Licenciatura em Gestão Comércial

CONTABILIDADE E CONTROLO DE
GESTÃO
(90034)

Docente: Carla Campos

ESTGA – 202/2023 45

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