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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

MANUAL TÉCNICO

RESGATE EM ESPAÇO
CONFINADO (REC)

2022

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


1ª Organização em 2017 e revisões até 2019:

CAP BM DAINER Marçal Dias

SGT BM Gustavo Freitas PIRES

Revisão em 2022:

CAP BM DAINER Marçal Dias

TEN BM HÉLIO De Lima Fraga

SGT BM Eliel Silva SCHUBERT Ferreira

SGT BM MARIANE Guarnier Brumatti

CB BM Ivan Pezzin DE NADAI

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


Sumário
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO AO ESPAÇO CONFINADO .............................................................6

1.1 – INSERÇÃO AO TEMA ......................................................................................................... 6


1.2 – O QUE É UM ESPAÇO CONFINADO? ................................................................................. 7
Capítulo 2 – RISCOS NO ESPAÇO CONFINADO ..................................................................... 10

2.1 – RISCOS FÍSICOS ............................................................................................................... 10


2.2 – RISCOS QUÍMICOS .......................................................................................................... 11
2.3 – RISCOS BIOLÓGICOS ....................................................................................................... 11
2.4 – RISCOS ERGONÔMICOS .................................................................................................. 12
2.5 – RISCOS MECÂNICOS ....................................................................................................... 13
Capítulo 3 - NORMALIZAÇÃO.............................................................................................. 14

3.1 – DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO .............................................................................. 15


3.1.1– NÃO PROJETADO PARA OCUPAÇÃO HUMANA CONTÍNUA ..................................... 17
3.1.2– MEIOS LIMITADOS DE ENTRADA E SAÍDA ................................................................ 17
3.1.3– VENTILAÇÃO EXISTENTE É INSUFICIENTE PARA REMOVER CONTAMINANTES........ 18
3.1.4– PROVÁVEL EXISTÊNCIA DE DEFICIÊNCIA OU ENRIQUECIMENTO DE OXIGÊNIO ...... 18
3.1.5– APRISIONAMENTO ................................................................................................... 18
3.1.6– ENGOLFAMENTO E AFOGAMENTO .......................................................................... 18
3.2 – DAS RESPONSABILIDADES .............................................................................................. 19
3.2 .1– EMPREGADOR E RESPONSÁVEL TÉCNICO ............................................................... 19
3.2 .2– SUPERVISOR ............................................................................................................ 20
3.2 .3– VIGIA ........................................................................................................................ 21
3.2 .4– ENTRANTE/TRABALHADOR AUTORIZADO............................................................... 22
3.2 .5– RESGATISTA ............................................................................................................. 22
3.2 .6– PRESCRIÇÕES DIVERSAS SOBRE OS PROFISSIONAIS ................................................ 23
3.3 – ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO - APR ........................................................................... 24
3.4 – PERMISSÃO DE ENTRADA E TRABALHO - PET ................................................................ 24
3.5 – SINALIZAÇÃO NO EC ....................................................................................................... 26
Capítulo 4 – CONTROLE DOS RISCOS NO ESPAÇO CONFINADO ............................................. 27

4.1 – TRAVAMENTO, BLOQUEIO E ETIQUETAGEM ................................................................. 27


4.2 – CONTROLE DA CENA....................................................................................................... 29
Capítulo 5 – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR EM OCORRÊNCIAS QUE ENVOLVAM EC ........ 32

5.1 – EQUIPE DE APH NO CENÁRIO DA OCORRÊNCIA............................................................. 32

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


5.2 – PROCEDIMENTOS A SEREM TOMADOS.......................................................................... 32
Capítulo 6 – PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA............................................................................... 34

6.1 – EPR PURIFICADORES DE AR ............................................................................................ 34


6.2 – EPR DE ADUÇÃO DE AR .................................................................................................. 35
6.2 .1– EPR DE AR MANDADO – LINHA DE AR .................................................................... 35
6.2 .2– EPR AUTÔNOMO ..................................................................................................... 37
Capítulo 7 – AVALIAÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................. 40

7.1 – RISCOS ATMOSFÉRICOS EM ESPAÇOS CONFINADOS ..................................................... 41


7.2 – ATMOSFERA TÓXICA....................................................................................................... 42
7.2 .1– ATMOSFERA IPVS .................................................................................................... 43
7.2 .2– ATMOSFERA INFLAMÁVEL....................................................................................... 43
7.2 .3– CONTROLE MONITORAMENTO AMBIENTAL ........................................................... 45
7.2 .4– ALGUNS GASES PRESENTES NO EC .......................................................................... 48
7.2 .4.1– Gás Sulfídrico- H2S: ............................................................................................... 49
7.2 .4.2– Solventes: ............................................................................................................. 50
7.2 .4.3– Monóxido de Carbono- CO:.................................................................................. 51
7.3 – MONITORAMENTO AMBIENTAL – detectores ............................................................... 52
7.3 .1– EQUIPAMENTO DE SONDAGEM INICIAL E DE MONITORAMENTO CONTÍNUO DA
ATMOSFERA ........................................................................................................................ 53
7.3 .1.1– Geral ..................................................................................................................... 53
7.3 .1.2–Correlação entre os gases combustíveis ou inflamáveis e o gás de calibração
escolhido pelo usuário ........................................................................................................ 54
7.3 .1.3–Telas de funcionamento dos detectores ............................................................... 55
7.3 .1.4 – Auto-zero ou ajuste de ar limpo (FAS) ................................................................ 55
7.3 .1.5 –Teste de resposta (bump test ou function check) ................................................ 56
7.3 .2– LIMITES DE ALARMES .............................................................................................. 56
7.3 .3– DESAFIOS NO MONITORAMENTO DO AR ............................................................... 57
7.3 .4– AÇÕES NO MONITORAMENTO EM UM OCORRÊNCIA ............................................ 57
Capítulo 8 – PURGA E VENTILAÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................. 59

8.1 – VENTILAÇÃO ................................................................................................................... 59


8.1 .1– TIPOS E EXEMPLOS DE VENTILAÇÃO ....................................................................... 60
Capítulo 9 – ÁREAS CLASSIFICADAS .................................................................................... 67

9.1 – METODOLOGIA DE CLASSIFICAÇÃO ............................................................................... 68


9.2 –CLASSIFICAÇÃO DE TEMPERATURAS ............................................................................... 70

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9.3 –TIPOS DE PROTEÇÃO PARA EQUIPAMENTOS .................................................................. 70
9.4 –CÓDIGOS IP...................................................................................................................... 71
9.5 –MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS................................. 74
Capítulo 10 – RESGATE EM ESPAÇO CONFINADO ................................................................ 76

10.1 – PREPARAÇÃO ................................................................................................................ 76


10.2 – AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 77
10.3 – OPERAÇÕES DE PRÉ-ENTRADA ..................................................................................... 81
10.4 – ENTRADA E OPERAÇÃO DE RESGATE ........................................................................... 82
10.5 – DESMOBILIZAÇÃO ........................................................................................................ 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 85

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6 CAPÍTULO 1 – Introdução ao EC

Capítulo 1 – INTRODUÇÃO AO ESPAÇO CONFINADO


1.1 – INSERÇÃO AO TEMA
Trabalhos em áreas confinadas são uma das maiores causas de acidentes graves
com funcionários. Seja por ocorrência de explosão, incêndio ou asfixia, estes acidentes
em muitos casos têm consequências fatais.
O trabalho em espaço confinado (EC) sempre existiu em todos os tipos de
empresas. No Brasil só a partir da publicação da Norma Regulamentadora nº. 33 em
2006 que essas atividades passaram a ser padronizadas e fiscalizadas com o intuito de
proteger os trabalhadores e prevenir acidentes.
A partir dessa norma, muitas empresas passaram a perceber com maior clareza
como muitas de suas atividades são realizadas em espaços confinados com vários riscos
para os trabalhadores. Com isso, todas essas regras e determinações delimitadas pela
NR-33 fizeram com que as empresas se movimentassem para a realização de mudanças
e adaptações profundas em sua estrutura organizacional, procedimentos,
equipamentos e, principalmente, na conscientização de todos os colaboradores,
atingindo desde os operários até os gerentes e diretores, delineando as obrigações e
responsabilidades de cada um dentro da organização para qualquer trabalho realizado
nos espaços confinados, o que diferencia em muito a NR-33 das demais normas
regulamentadoras.
No Brasil, apesar de não existirem dados confiáveis, é reconhecido o número
expressivo de acidentes nos trabalhos em espaços confinados que ocorrem pelo
desconhecimento dos riscos e das barreiras de segurança necessários.
No Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) nossas guarnições
são acionadas para ocorrências em locais diversos como galerias, poços, silos, caixas
d’agua, dentre outros, nos quais os conceitos de espaço confinado estão presentes.
Estima-se que 90% dos acidentes em espaços confinados resultem em
fatalidade, não raramente envolvendo mais de um trabalhador.
A OSHA (Occupational Safety and Health Administration) fez um levantamento
estatístico, no qual apresenta as principais causas de fatalidades ocorridas em espaços
confinados entre 1970 e 1990:

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CAPÍTULO 1 – Introdução ao EC 7

• 65% dos que morrem não entendem os conceitos do perigo.


• 60% dos que morrem são os próprios resgatistas.
• 40% das fatalidades são em locais liberados e considerados seguros.

Analisando os dados ainda mais, sabemos que só nos Estados Unidos entre
1980 e 1989 aconteceram 585 incidentes fatais em EC e 670 mortes resultaram desses
incidentes (número maior, pois geralmente um trabalhador não entra sozinho em um
espaço confinado).
Devemos nos atentar que nesse supracitado país, ainda na década de 80, 60%
das mortes foram de resgatistas, profissionais ou não. Ou seja, mais um dado que revela
a importância da divulgação da doutrina de resgate em EC, para que as equipes do
CBMES estejam em condições de realizar uma operação com toda a segurança possível.
Apesar de se conhecer o resultado das estatísticas, cabe a pergunta: Por que os
espaços confinados continuam a fazer vítimas? Alguns pontos podem ser sugeridos:

• Falhas no reconhecimento dos perigos associados com o espaço


confinado.
• Falhas no conhecimento dos procedimentos para realizar o trabalho de
forma segura, seja entrada ou resgate.
• Resposta incorreta no entendimento de uma emergência.
• Confiança nos próprios sentidos, não utilizando equipamentos
apropriados.
• Subestimação dos perigos.

1.2 – O QUE É UM ESPAÇO CONFINADO?


Existem diversas definições para espaço confinado. Apresentaremos a
definição da NR-33.

“Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é
insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio. ” (MTE. NR 33, 2006, p.1).

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8 CAPÍTULO 1 – Introdução ao EC

O teor dessa definição da norma e sua interpretação, principalmente para o


ambiente industrial, serão vistos mais à frente, assim como será apresentada a definição
da NBR 16577. Nesse momento, vale assimilar cada oração dessa frase, ou seja, é
considerado um espaço confinado qualquer área de trabalho em que se encontrem as
seguintes características:

1. Possui entrada e/ou saída limitados ou restritos;


2. Possui tamanho e configuração em que é possível adentrar;
3. Não foi construído para trabalho contínuo;
4. *Provável existência de riscos à saúde, especialmente riscos atmosféricos.

Exemplos de espaço confinado.

Diante disso podemos identificar alguns exemplos que podem ser considerados
como espaço confinado:
• Tanques de adubos;
• Silos;
• Fossas;
• Esgotos;
• Galerias de serviço;
• Escavações;
• Fornos;
• Câmaras frigoríficas;
• Chaminés;
• Tanques;

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CAPÍTULO 1 – Introdução ao EC 9

• Caixas D’água;
• Tanques de combustível;
• Caminhões tanque;
• Contêineres;
• Caixas subterrâneas;
• Compartimentos de navio;
• Dutos de ar condicionado;
• Túneis.

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10 CAPÍTULO 2 – Riscos no EC

Capítulo 2 – RISCOS NO ESPAÇO CONFINADO


Em espaços confinados, os riscos existentes ou gerados pela atividade
são potencializados pela sua configuração, dificuldade para movimentação e trabalho
no seu interior, ventilação natural deficiente ou inexistente e aberturas para entrada e
saída restritas ou limitadas. Todos os fatores devem ser avaliados detalhadamente,
levando-se em conta o efeito de um sobre o outro.
As guarnições do CBMES devem ter ciência dos riscos envolvidos em um sinistro
em espaço confinado. Conhecer os riscos e saber mensurar até o aceitável é vital para o
sucesso em uma ocorrência.
Os riscos encontrados em espaços confinados podem ser divididos em
diferentes classes, visando melhorar o estudo do assunto. Dependendo da doutrina
utilizada a abordagem pode ser diferente. No CBMES, os riscos no EC são divididos em
físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos.

2.1 – RISCOS FÍSICOS


Ruído, calor, radiações não ionizantes, ionizantes, vibrações, eletromagnetismo
e umidade são encontrados com frequência nos espaços confinados e são considerados
como riscos físicos. Nos parágrafos seguintes encontramos algumas informações que
ratificam por que esses itens são considerados riscos.
O nível de pressão sonora muitas vezes provoca efeitos indesejáveis pela sua
reflexão nas paredes e no teto do espaço confinado.
O calor é intensificado pela circulação reduzida do ar, pelo aquecimento de
superfícies e equipamentos no interior do espaço confinado e pela radiação solar
constante.
As radiações não ionizantes, como a infravermelha e a ultravioleta, estão
presentes em intensidades elevadas nas operações de soldagem.
A umidade ocorre devido à dificuldade para a retirada de líquidos do espaço
confinado, cujo nível do piso muitas vezes é inferior ao nível do lençol freático, podendo
encharcar o uniforme e as botas nas atividades realizadas em galerias, tanques, poços
subterrâneos, praça de máquinas, entre outros.

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CAPÍTULO 2 – Riscos no EC 11

2.2 – RISCOS QUÍMICOS


A presença de contaminantes e a deficiência de oxigênio (O2) podem provocar
a intoxicação, asfixia (simples ou química) e, eventualmente, a morte dos trabalhadores.
Os contaminantes (aerodispersóides, gases ou vapores) podem ser gerados pelas
substâncias armazenadas, pela decomposição de matéria orgânica, por vazamentos ou
pela atividade desenvolvida no espaço confinado.
O uso de motores à combustão é proibido em espaços confinados, pois geram
dióxido de carbono (asfixiante simples) e monóxido de carbono (asfixiante químico), que
podem formar uma atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde (IPVS), e a
ventilação geral normalmente não é capaz de diluir os contaminantes gerados em
grandes concentrações.
A oxidação normal de estruturas metálicas, a presença de bactérias, as
operações que envolvam chamas abertas, a liberação ou formação de asfixiantes
simples como o Argônio, Nitrogênio, Metano e Dióxido de Carbono e o consumo de ar
pelos trabalhadores dentro do espaço confinado são alguns dos processos que também
diminuem o percentual de O2 no seu interior.
A descontaminação do espaço confinado é crucial para a liberação dos
trabalhos no seu interior.

2.3 – RISCOS BIOLÓGICOS


Espaços confinados possuem condições propícias para a proliferação de micro-
organismos e algumas espécies de animais em virtude da umidade alta, iluminação
deficiente, água estagnada e presença de nutrientes.
Ratos, morcegos, pombos e outros animais que possuem acesso fácil a espaços
confinados, e os utilizam como abrigo contra seus predadores, são vetores de doenças
transmissíveis ou são hospedeiros intermediários. Cobras, insetos e outros artrópodes
podem provocar intoxicações e doenças. As poeiras presentes nos espaços confinados
podem conter material biológico potencialmente patogênico pela presença de
excrementos, urina, saliva e demais fluidos orgânicos provenientes desses animais.
Vírus, bactérias e fungos podem provocar doenças, tais como:

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12 CAPÍTULO 2 – Riscos no EC

• Hepatite - doença no fígado causada pelo vírus da hepatite;


• Tétano - doença causada pela bactéria Clostridium tetani, presente no solo,
em fezes de animais ou humanas;
• Leptospirose - causada pela bactéria Leptospira sp. presente na urina de
ratos;
• Criptococose - causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, presente nos
excrementos de pombos;
• Histoplasmose - causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, presente nos
excrementos de morcegos;
• Raiva - causada pelo vírus presente na saliva de animais.

Devem ser adotadas medidas de prevenção como: vacinação, utilização de


EPI’s (luvas, botas, óculos de segurança, máscara, roupas impermeáveis etc.) e a
manutenção da limpeza no entorno e no interior do espaço confinado. Em caso de
dúvida, a água estagnada deve ser analisada para identificar a presença de possíveis
agentes patogênicos como a Salmonella e coliformes fecais.

2.4 – RISCOS ERGONÔMICOS


O acesso e a movimentação no espaço confinado são muitas vezes difíceis em
razão do tamanho das aberturas de entrada e da sua geometria. A iluminação é
geralmente deficiente e algumas atividades exigem esforços excessivos e posturas
desconfortáveis.
Medidas como organização do trabalho, para evitar entradas e saídas
desnecessárias, e renovação continuada do ar (evitando a utilização de equipamentos
individuais) dão bons resultados.
Segundo a NR 17 são considerados riscos ergonômicos: esforço físico,
levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, jornada
de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa.

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CAPÍTULO 2 – Riscos no EC 13

2.5 – RISCOS MECÂNICOS


Incluem trabalho em altura, instalações elétricas inadequadas, contato com
superfícies aquecidas, maquinário sem proteção, impacto de ferramentas e materiais,
inundação, superfícies inclinadas, desabamento e formação de atmosfera explosiva,
vasos de pressão, que podem causar quedas, choques elétricos, queimaduras,
aprisionamento e lesão em membro ou outra parte do corpo, afogamento,
engolfamento, asfixia, incêndio e explosão.

Riscos no espaço confinado.

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14 CAPÍTULO 3 – Normalização

Capítulo 3 - NORMALIZAÇÃO
Dentre as principais normas e regulamentações tratando acerca do tema
espaços confinados, alguns dotados de força legal, outros, apenas recomendações
mundiais para administração de incidentes, destacamos:

• Portaria nº 202/2006 – NR 33: Segurança e saúde nos trabalhos em espaços


confinado;
• Portaria n.º 1.409 de 29 de agosto de 2012 – alterações a NR 33: Segurança e
saúde nos trabalhos em espaços confinados;
• ABNT NBR 14.606 de outubro de 2000: Postos de serviços – entrada de espaços
confinados;
• ABNT NBR 16.577 de março de 2017: Espaço confinado – prevenção de
acidentes, procedimentos e medidas de proteção;
• ABNT NBR 16.710-1 de julho de 2020: Resgate técnico industrial em altura e/ou
em espaço confinado. Parte 1: Diretrizes para qualificação do profissional;
• ABNT NBR 16.710-2 de julho de 2020: Resgate técnico industrial em altura e/ou
em espaço confinado. Parte 2: Diretrizes para provedores de treinamento e
instrutores para a qualificação do profissional;
• OSHA 29 CRF parte 1910.146: Occupational safety and health standards –
permit – required confined spaces;
• NIOSH nº . 80-160: Criteria for a recommended standard – working in confined
spaces;
• NFPA 1670: Standard and operation and training for technical rescue
incidents;
• NFPA 1006: Standard for techincal rescuer professional qualifications;
• NFPA 1983: Standard on life safety rope and equipment for emergency services;
• NFPA 1404: Standard for fire service respiratory protection training.

Vale frisar que é importante conhecer cada uma dessas normas, pois servem de
balizamento para nossa doutrina. Para atividades de resgate e salvamento utilizamos,
principalmente, conceitos de normas internacionais, contudo devemos conhecer as

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CAPÍTULO 3 – Normalização 15

nacionais para conseguir extrair o maior número de informações dos envolvidos em


ocorrências que acontecem em ambientes industriais.
Como todas as empresas no Espírito Santo devem seguir as Normas
Regulamentadoras, um excelente conhecimento da NR-33 se faz necessário.
A NR-33 estabelece os requisitos mínimos para identificação de espaços
confinados, reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos
existentes, para garantir permanentemente a segurança e a saúde dos trabalhadores.

3.1 – DEFINIÇÃO DE ESPAÇO CONFINADO


Voltemos ao conceito de EC. Já vimos pela definição nacional, na NR 33, que EC
pode ser definido da seguinte maneira.

“Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é
insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio. ” (MTE. NR 33, 2006, p.1).

Essa definição pode ser lida separadamente em quatro partes:

1. Não projetado para ocupação humana contínua;


2. Que possua meios limitados de entrada e saída;
3. Cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes;
4. Ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

A ABNT NBR 16577 substitui o conteúdo técnico da ABNT NBR 14787:2001, a


qual foi cancelada em 20.07.2015, modificando o conceito de Espaço Confinado trazido
pela NR 33 conforme se observa no item 3.25 da supracitada norma técnica:

Espaço confinado

Qualquer área não projetada para ocupação humana contínua, a qual tem meios
limitados de entrada e saída ou uma configuração interna que possa causar
aprisionamento ou asfixia em um trabalhador e na qual a ventilação é inexistente ou

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16 CAPÍTULO 3 – Normalização

insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento


de oxigênio que possam existir ou se desenvolver ou conter um material com potencial
para engolfar/afogar um trabalhador que entrar no espaço.

Essa modificação sublinhada traz um novo conceito subjetivo à caracterização


dos Espaços Confinados que é possuir uma configuração interna que possa causar
aprisionamento ou asfixia em um trabalhador. Diferente da caracterização em 4 itens
trazida pela NR 33 e como se observa no quadro exemplificativo abaixo.

Para a indústria, isso foi utilizado como parâmetro para classificação dos
Espaços Confinados por responsáveis técnicos, contudo com a publicação da ABNT NBR
16577 houve um conceito novo e mais amplo, que é a possibilidade de aprisionamento
ou asfixia. Aos poucos, a indústria vem se adaptando ao conceito mais amplo de
caracterização de espaços confinados.
Assim, dentro da doutrina institucional do CBMES, uma ocorrência que
apresente qualquer um dos itens destacados abaixo já pode ser considerada como
atendimento em EC.

• Possui risco de aprisionamento;


• Possui risco de asfixia química ou mecânica;
• Possui ventilação insuficiente para remoção de contaminantes;

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CAPÍTULO 3 – Normalização 17

A seguir iremos apresentar o entendimento de cada um dos itens da definição


de EC apresentado pelas normativas em vigor.

3.1.1– NÃO PROJETADO PARA OCUPAÇÃO HUMANA CONTÍNUA


Esse é o trecho da definição onde algumas doutrinas acham o ponto para
separar o que é ocorrência em EC do que é ocorrência de Busca e Resgate em Estruturas
Colapsadas (BREC).
A diferença é que, em atividades em EC, uma estrutura, por exemplo, foi
projetada do jeito que está, o problema é que ela não foi projetada para ocupação
humana contínua. Já uma estrutura de ocorrências de BREC foi projetada para algum
fim e após um sinistro ela foi modificada (como exemplo podemos citar uma residência
que desabou após um terremoto).
É evidente que tanto em ocorrências em EC quanto em ocorrências de BREC as
ações tomadas podem ser as mesmas, mas o conhecimento desse conceito diferencial
é importante.
Ressalta-se que durante a construção, comissionamento, reparação,
manutenção e⁄ou execução de serviços o ambiente não pode ser considerado como
destinado à ocupação humana.

Exemplos de ocorrências de BREC e de EC, respectivamente.

3.1.2– MEIOS LIMITADOS DE ENTRADA E SAÍDA


Para o entendimento desse item adotamos o seguinte critério. Ao
analisar um ambiente eu faço a seguinte pergunta: Caso eu precise retirar uma pessoa

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


18 CAPÍTULO 3 – Normalização

desse lugar, desmaiada, por exemplo, eu consigo facilmente com uma maca (ou
carregando no colo) ou vou precisar montar um sistema mais elaborado (cordas, por
exemplo)? Se a resposta for ‘preciso montar um sistema’, então esse ambiente possui
meios limitados de entrada e saída.
Analisar essa definição como ‘possuir apenas uma boca de visita’ pode
ser equivocada, pois algumas salas possuem apenas uma porta, mas o acesso é muito
fácil para resgate, por exemplo.

3.1.3– VENTILAÇÃO EXISTENTE É INSUFICIENTE PARA REMOVER CONTAMINANTES


Como o próprio termo já diz, é quando o ambiente não possui ventilação
suficiente para remover contaminantes (gases, vapores, poeiras, névoas ou fumos), ou
seja, fazer as trocas atmosféricas.
Nesses casos, poluentes tóxicos, inflamáveis e/ou explosivos podem ser
encontrados no interior.

3.1.4– PROVÁVEL EXISTÊNCIA DE DEFICIÊNCIA OU ENRIQUECIMENTO DE OXIGÊNIO


Nesse caso, também, a própria expressão já diz tudo, ou seja, o ambiente
analisado pode conter deficiência (devido a uma inertização, por exemplo) ou
enriquecimento (para sair da curva de explosividade, por exemplo) de oxigênio.
O percentual de oxigênio pode ser inferior ou superior aos limites legais. Nesses
casos, é essencial a utilização de Equipamento de Proteção Respiratória (EPR) por parte
das equipes de resgate.

3.1.5– APRISIONAMENTO
Aprisionamento é a condição de retenção do trabalhador no interior do espaço
confinado que impede a sua saída do local pelos meios normais de escape, podendo
ocasionar lesões ou morte.

3.1.6– ENGOLFAMENTO E AFOGAMENTO


Engolfamento é condição em que um material particulado sólido possa
envolver uma pessoa e que, durante o processo respiratório, a inalação possa vir a

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 3 – Normalização 19

causar inconsciência ou morte por asfixia. Já afogamento é a aspiração de líquido não


corporal por submersão ou imersão do trabalhador

3.2 – DAS RESPONSABILIDADES


Nesse item iremos abordar as responsabilidades
e funções dos profissionais envolvidos em atividades de
espaço confinado no ambiente industrial. As divisões que
serão aqui apresentadas são impostas através da NR-33.
É importantíssimo conhecermos como um
serviço complexo como esse é desenvolvido em uma empresa e sabermos quem
procurar caso aconteça uma ocorrência no local.
Os profissionais envolvidos em trabalhos de espaço confinado são divididos em:
empregador, responsável técnico, supervisor, vigia, entrante e resgatista.

3.2 .1– EMPREGADOR E RESPONSÁVEL TÉCNICO


O empregador deve indicar, por escrito, um responsável técnico pelo
cumprimento da NR-33.
O responsável técnico é o profissional habilitado para identificar os espaços
confinados e elaborar as medidas técnicas de prevenção - administrativas, pessoal, de
emergência e resgate. Ele deve ter conhecimento e experiência no assunto, conhecer os
espaços confinados existentes na empresa e os seus respectivos riscos, ter capacidade
para trabalhar em grupo e tomar decisões.
As atribuições do responsável técnico incluem, entre outras: identificar os
espaços confinados; elaborar e coordenar a gestão de segurança e saúde; definir
medidas para isolamento e sinalização; estabelecimento de critérios para seleção e uso
de todos os tipos de equipamentos e instrumentos, bem como a avaliação periódica do
programa para trabalho em espaços confinados.
Para cumprir suas atribuições legais, o Responsável Técnico deve possuir
autoridade para propor e executar ações que evitem a ocorrência de acidentes, devendo
a empresa disponibilizar recursos humanos, materiais e financeiros para esse fim.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


20 CAPÍTULO 3 – Normalização

Pela análise da resolução n° 359 do CONFEA, em seu artigo 4°, verifica-se, por
consequência, que o Engenheiro de Segurança do Trabalho é o profissional responsável
pelas atribuições previstas pela NR 33 para o “Responsável Técnico”.
Assim, quando o empregador indicar um responsável técnico, deve ser gerado
um documento formal constando:
• Local e data de Nomeação;
• Nome, cargo e função do responsável técnico nomeado;
• Estabelecimentos sob sua responsabilidade;
• Menção ao item 33.2.1 – a – da NR 33 e Resolução CONFEA 359.

3.2 .2– SUPERVISOR


O supervisor de entrada é um profissional que deve desempenhar as
seguintes funções:

• Emitir a Permissão de Entrada e Trabalho (PET) antes do início das atividades


(veremos mais à frente as características da PET) e encerrar tal documento
após o término dos serviços.
• Conhecer os riscos que possam ser encontrados durante a entrada, incluindo
informação sobre o modo, sinais ou sintomas e consequências da exposição ao
agente.
• Conferir as entradas apropriadas nos espaços confinados, os testes, os
procedimentos e a presença dos equipamentos listados na PET no local.
• Questionar o(s) trabalhador(es) autorizado(s) sobre seu estado de saúde pré-
tarefa para execução das atividades em espaço confinado, visando identificar
alguma indisposição momentânea.
• Cancelar os procedimentos de entrada e a PET, quando necessário.
• Verificar se os serviços de emergência e salvamento estão disponíveis e se os
meios para os acionar estão operantes.
• Determinar, no caso de troca de turno do vigia, que a responsabilidade pela
continuidade da operação seja transferida para o próximo vigia.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 3 – Normalização 21

Com as funções supracitadas podemos afirmar que é essencial a função do supervisor


de entrada. Em uma eventual ocorrência, a guarnição pode absorver informações
importantíssimas desse profissional, que não necessariamente tem que estar
acompanhando o trabalho em EC, diferentemente do vigia, que veremos no próximo
item.
O supervisor de entrada pode assumir, inclusive, a função de vigia.

3.2 .3– VIGIA


O vigia, também conhecido como observador, é o trabalhador que se posiciona
fora do espaço confinado e monitora os trabalhadores autorizados, realizando todos os
deveres definidos no programa para entrada em espaços confinados.
Deve conhecer os riscos e as medidas de prevenção que possam ser
enfrentados durante a entrada, incluindo informação sobre o modo, sinais ou sintomas
e consequências da exposição aos agentes.
O Vigia deve desempenhar as seguintes funções:

• Estar ciente dos riscos de exposição dos trabalhadores autorizados.


• Manter continuamente uma contagem precisa do número de trabalhadores
autorizados no espaço confinado e assegurar que os meios usados para os
identificar sejam precisos.
• Permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada e de forma contínua,
durante as atividades até que seja substituído por outro vigia.
• Acionar a equipe de salvamento, quando necessário.
• Operar os movimentadores de pessoas em situações normais ou de emergência.
• Manter a comunicação com os trabalhadores para monitorar as suas condições
e para alertá-los quanto à necessidade de abandonar o espaço confinado.
• Não pode realizar qualquer outra tarefa que possa comprometer o
monitoramento e a proteção dos trabalhadores.

As atividades de monitoração dentro e fora do espaço determinam se há


segurança para os trabalhadores permanecerem no interior do espaço. O vigia deve

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


22 CAPÍTULO 3 – Normalização

ordenar aos trabalhadores o abandono imediato do espaço confinado sob quaisquer das
seguintes condições:

a) se detectar uma condição de perigo;


b) se detectar uma situação externa ao espaço que possa causar perigo aos
trabalhadores;
c) se não puder desempenhar efetivamente e de forma segura todos os seus deveres.

3.2 .4– ENTRANTE/TRABALHADOR AUTORIZADO


Trabalhador que entra no espaço confinado e executa o serviço. Se as
dimensões do local permitirem, serviços em EC são executados com mais de um
entrante, por questões de segurança.
O entrante deve conhecer os riscos do local, manter comunicação direta e fazer
a evacuação do local, se necessário.
É responsabilidade do empregador (podendo ser delegada) informar aos seus
funcionários, antes de cada entrada, o tipo de serviço a ser executado, riscos gerados
pela atividade e as medidas adotadas para eliminar ou controlar tais riscos.

3.2 .5– RESGATISTA


Em um ambiente industrial são profissionais (brigadistas profissionais,
brigadistas voluntários ou os próprios trabalhadores, por exemplo) que têm proficiência
em equipamentos e que devem estar preparados para realizar um resgate.
A equipe de resgatistas de grandes empresas geralmente conhece os EC’s
catalogados de toda a planta da instituição e sempre participa de reuniões de segurança.
Dependendo do tipo de atividade em EC autorizada, a equipe de resgatistas deve ser
avisada e, às vezes, acionada para acompanhar a atividade.
A OSHA (Occupational Safety and Health Administration), por exemplo,
determina que a equipe de resgate esteja no local para atmosferas IPVS (imediatamente
perigosa a vida e a saúde, veremos nos próximos capítulos).
A NBR 16710 classifica os níveis de qualificação dos profissionais para resgate
técnico industrial em altura e/ou em espaço confinado (quatro níveis: Industrial,
Operacional, Líder e Coordenador de Equipe), bem como faz orientação para organizar

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 3 – Normalização 23

e disponibilizar equipes de resgate para trabalho em espaço confinado. Tal organização


é com base na classificação dos espaços confinados, conforme a seguir:
a) espaços Classe 1: aqueles que apresentam situação IPVS.
Resgate: manter equipe de resgate presencial onde está sendo executada a atividade
no espaço confinado;
b) espaços Classe 2: não representam riscos à atmosfera IPVS, no entanto, têm potencial
para gerar condição IPVS. Pode ser necessária a remoção da vítima por meio de sistema
vertical.
Resgate: manter disponíveis equipamentos e recursos materiais onde está sendo
executada a atividade no espaço confinado, visando otimizar o tempo de resposta.
Convém que a presença ou não da equipe de resgate onde está sendo executado a
atividade no espaço confinado seja especificada na análise de risco;
c) espaços Classe 3: não apresentam situação IPVS.
Resgate: convém que a equipe de resgate seja informada sobre a execução de serviço
em determinado espaço confinado.

3.2 .6– PRESCRIÇÕES DIVERSAS SOBRE OS PROFISSIONAIS


Todos os envolvidos nos trabalhos em espaços confinados (Responsável
Técnico, Supervisores de Entrada, Vigias e Trabalhadores Autorizados) devem ter
autorização para interromper todo e qualquer tipo de trabalho ao constatar risco grave
e iminente, procedendo ao imediato abandono do local.
Quando houver revezamento ou substituição de equipe de trabalho, a equipe
que sai do espaço confinado deve comunicar à que entra as atividades desenvolvidas e
as condições ambientais existentes no seu interior. Esse parágrafo serve para as equipes
do CBMES que estejam trabalhando em ocorrências de resgate/recuperação em EC mais
complexas que exijam revezamento entre militares.
Um exercício mental interessante é analisar esses 5 atores no ambiente
industrial envolvidos na entrada em um EC. Tente correlacionar com a atividade de
nossas guarnições, dividindo tarefas e funções. Nos capítulos seguintes falaremos sobre
a doutrina de resgate em espaço confinado do CBMES e esse exercício mental irá ajudar
a entender melhor ainda os conceitos.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


24 CAPÍTULO 3 – Normalização

3.3 – ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO - APR


Em uma planta industrial é necessário fazer o
levantamento e catálogo de cada EC, bem como serem
identificados os riscos específicos de cada um deles. A entrada
em um EC deve ser evitada, mas, caso seja necessário, a
antecipação e o reconhecimento dos riscos devem ser feitos
através da Análise Preliminar de Riscos (APR).
Análise Preliminar de Risco é a avaliação inicial dos
riscos potenciais, suas causas, consequências e medidas de controle. Ou seja, é feita
antes da permissão de entrada, que veremos no próximo item.

3.4 – PERMISSÃO DE ENTRADA E TRABALHO - PET


Documento escrito contendo o conjunto de procedimentos de segurança para
a entrada e desenvolvimento dos trabalhos, assim como estabelecer medidas de
emergência e resgate em espaços confinados.
A PET é um documento obrigatório para acesso em EC no ambiente industrial.
Conhecer esse documento e saber extrair informações dele é muito importante para as
guarnições de busca e resgate. Esse documento tem outras características, a saber:
• Deve estar visível no local de trabalho;
• É preenchida, datada e assinada em 3 vias antes de cada ingresso,
distribuídas para o entrante, vigia e empresa;
• A PET é válida para cada entrada;
• Deve ser encerrada (assinada) ao final das operações;
• Sistema de controle da PET (Numerado e arquivado – 5 ANOS).

Vale ressaltar que o monitoramento atmosférico deve ser constantemente


mantido independentemente do que foi aferido e inserido inicialmente na PET. Essa
informação é crucial para as equipes de resgate que são acionadas, ou seja, devemos
interpretar tudo que está na PET, mas temos que assumir que o seu conteúdo pode não
ser mais válido na totalidade. Afinal, se tudo estivesse na normalidade, um problema e,
consequentemente, um acionamento não teriam acontecido.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 3 – Normalização 25

Os Trabalhadores Autorizados obrigatoriamente receberão informações


pormenorizadas sobre os riscos reconhecidos através da Análise Preliminar de Riscos
(APR), os resultados das avaliações ambientais previstas na Permissão de Entrada e
Trabalho e as medidas adotadas pela empresa para controlar os riscos físicos, químicos,
biológicos, mecânicos e ergonômicos.
Segue um modelo de PET.

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26 CAPÍTULO 3 – Normalização

A entrada não pode ser permitida se algum campo da PET não for preenchido
ou contiver a marca na coluna “não”. Obs.: “N/A” não se aplica, “S” sim e “N” não.
A falta de monitoramento contínuo da atmosfera no interior do espaço
confinado, alarme, ordem do vigia ou qualquer situação de risco à segurança dos
trabalhadores, implica no abandono imediato da área
A saída de toda equipe por qualquer motivo implica na emissão de nova
Permissão de Entrada.
A Permissão de Entrada deverá ficar exposta no local de trabalho até o seu
término. Após o trabalho, a PET deverá ser arquivada.

3.5 – SINALIZAÇÃO NO EC
Todo EC deve ser sinalizado. Identificar, sinalizar e isolar os espaços confinados
para evitar a entrada de pessoas não autorizadas são medidas técnicas de prevenção.
Deve ser afixada no corpo, na estrutura, nas laterais ou paredes externas,
próxima à entrada do espaço confinado, uma placa com o número, código e/ou
nomenclatura do espaço confinado para permitir a sua
rápida identificação, garantindo que a entrada e o trabalho
só ocorram no espaço confinado programado.
A sinalização do espaço confinado deve ser feita
através do modelo estabelecido, conforme figura ao lado.
Além desta, é recomendável utilizar, em caráter complementar, a sinalização
para distinguir um espaço confinado não perturbado (fechado ou em funcionamento)
de um espaço confinado que se encontra nas fases de preparação da pré-entrada ou
entrada. Para estas fases, sugere-se sinalização com os seguintes dizeres: “Risco
Controlado – Permitida a entrada somente após a emissão da Permissão de Entrada e
Trabalho em Espaço Confinado (PET) ”.
Existem outras sinalizações em um ambiente que
podem auxiliar na atuação de uma guarnição. Como
exemplo, podemos citar as placas de sinalização de
produtos perigosos. Conhecer produtos perigosos e saber
consultar o manual da ABIQUIM é primordial para o bom
andamento de um atendimento.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 4 – Controle dos riscos no EC 27

Capítulo 4 – CONTROLE DOS RISCOS NO ESPAÇO CONFINADO


Nesse capítulo iremos apontar dispositivos que fazem o controle dos riscos em
um ambiente de EC.
Controle de risco nada mais é que a adoção de procedimentos e práticas a fim
de proteger o homem, o meio ambiente e a propriedade, garantindo a continuidade
operacional.
A avaliação de riscos através de equipamentos de monitoramento/ detecção
será visto em capítulo específico mais a frente, ficando nesse o foco em como fazer o
controle após o risco ser previsto.
Voltando o foco para a NR 33, dentro da gestão de segurança e saúde nos
trabalhos em espaços confinados, algumas das medidas técnicas de prevenção são
identificar, sinalizar e isolar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não
autorizadas e são algumas delas que serão vistas mais à frente.

4.1 – TRAVAMENTO, BLOQUEIO E ETIQUETAGEM


O travamento, bloqueio e etiquetagem (lock out & tag out) para controle das
energias potencialmente nocivas são medidas necessárias para que não ocorra a
energização acidental de sistemas elétricos, mecânicos, hidráulicos, pneumáticos e o
acionamento não previsto de equipamentos.
Instalação de dispositivos de bloqueios para chaves de acionamento,
raqueteamento de tubulações e equipamentos, travas para restrição de acesso, válvulas
de alívio de pressão, lacres para impedir manobras não autorizadas e etiquetagem para
identificação de equipamentos que não podem ser utilizados devem ser previstos e
executados.
Essas manobras devem ser previstas antes da operação. Uma guarnição
acionada para ocorrências em EC deve verificar se todas as medidas foram tomadas e
se outras novas podem ser feitas.
Vale lembrar que não são confiáveis medidas de controle dependentes apenas
de uma ação humana como, por exemplo, um funcionário fechar uma válvula e não
realizar o bloqueio. Nesse cenário, o bombeiro em ocorrência deve fazer o possível para

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


28 CAPÍTULO 4 – Controle dos riscos no EC

bloquear essa válvula e, em último caso, se não conseguir, ficar vigiando até o término
da operação.
Verifica-se no mercado uma diversidade de equipamentos que realizam o
controle dos riscos no EC. Segue abaixo relato fotográfico de exemplos de sistemas de
controle.

(a) Exemplos de válvulas e bloqueios (b) bloqueio de painel elétrico.

Na figura acima podemos ver o bloqueio por cadeados. Nesse sistema cada
entrante tem seu cadeado com chave. Ao entrar no espaço confinado o trabalhador leva
consigo a chave, deixando o cadeado no local de acionamento, ou seja, o dispositivo
(válvula, disjuntor, etc.) só poderá ser acionado/ligado após todos os cadeados serem
abertos.

Bloqueio de tubulação - Raqueteamento.

Algumas empresas exigem que a interdição e a sinalização sejam utilizadas


conjuntamente, correspondendo a um dos métodos mais eficazes de controle.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 4 – Controle dos riscos no EC 29

Enquanto a interdição dificulta a entrada de alguma pessoa, ao mesmo tempo


as travas impedem o manuseio dos Equipamentos e os avisos informam os
trabalhadores envolvidos ou não naquelas atividades sobre os propósitos daquelas
medidas de segurança.

PERIGO
ETIQUETA DE IMPEDIMENTO PERIGO
NÃO REMOVER

EQUIPAMENTO:(1)
264389 FONTES DE ENERGIA EXISTENTES

ELÉTRICA QUÍMICA (GASES, LÍQUIDOS)

PNEUMÁTICA TÉRMICA (VAPOR)

HIDRÁULICA POTENCIAL (MOLA)


POSIÇÃO (1) DATA (1)
CINÉTICA (MOVIMENTO) OUTRAS

EXECUTANTE (1)
LISTA DE VERIFICAÇÃO
Nome: N.º Registro Empresa:
BLOQUEADO DESPRESSURIZADO

ESVAZIADO LAVADO

RESPONSÁVEL PELO EQUIPAMENTO (2) RAQUETEADO PURGADO

Nome: N.º Registro Empresa: TESTADO COM ÁGUA VENTILADO

RESFRIADO FECHADO

DESENERGIZADO CALÇADO
PROFISSIONAL AUTORIZADO (3)
Nome: N.º Registro Empresa: ATERRADO SEM RISCO DE
EXPANSÃO DELÍQUIDO
DESCONECTADO POR AQUECIMENTO

264389 NOME :(1)


INTEGRANTES DO GRUPO DE TRABALHO
o
N REGISTRO :(1)

COMPROVANTE DE LIBERAÇÃO EMPRESA:(1) VISTO DE SAÍDA:(4)


:
EQUIPAMENTO:(1) NOME :(1) o
N REGISTRO :(1)

EMPRESA:(1) VISTO DE SAÍDA:(4)


:
POSIÇÃO (1) DATA (1)
NOME :(1) No REGISTRO :(1)

EMPRESA:(1) VISTO DE SAÍDA:(4)


POSIÇÃO DO ALIMENTADOR (1) :
NOME :(1) No REGISTRO: (1)

NÚMERO DAS ETIQUETAS COMPLEMENTARES (1) EMPRESA:(1) VISTO DE SAÍDA:(4)


:

TRANSFERÊNCIA DE EXECUTANTE
DE: EMPRESA: VISTO:
EXECUTANTE (1)
Nome: (1) N.º Registro (1) Empresa (1) Visto (4) PARA : EMPRESA: VISTO:

DE: EMPRESA: VISTO:

RESPONSÁVEL PELO EQUIPAMENTO (5)


PARA : EMPRESA: VISTO:
Nome: N.º Registro Empresa Visto

Etiqueta de impedimento.

4.2 – CONTROLE DA CENA


Assim como em todas as ocorrências de bombeiro, as equipes atuantes em uma
ocorrência em EC devem fazer a segurança no local limitando as áreas de atuação,
dividindo-as em zonas. Nesse tipo de situação, essa etapa, considerada uma das fases
do salvamento, é primordial para o êxito da ocorrência.
Nesse capítulo nos limitaremos a mostrar sugestões de controle da cena e
divisões de zonas. O item ‘áreas classificadas (área potencialmente explosiva ou com
risco de explosão) e suas divisões’ será visto em capítulo posterior.
Na cena, algumas atitudes podem ser tomadas para deixá-la mais segura, a
saber:
• Usar faixas e barricadas;
• Utilizar zonas de operações;
• Controlar fontes de ignição;
• Controlar riscos gerais na área de operação.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


30 CAPÍTULO 4 – Controle dos riscos no EC

O mais antigo no incidente (Chefe de Guarnição, na maioria dos casos) deve


levantar o maior número de informações e fazer o controle da cena levando em conta o
risco no local. A divisão em zonas fria, morna e quente, continua sendo a melhor opção
e essa separação vai depender de caso a caso, ou seja, deve ser muito bem avaliada pelo
chefe de guarnição e sempre levar em conta fatores de segurança superdimensionados.

Exemplo de áreas de controle.

Os seguintes requisitos se aplicam aos espaços confinados:


a) devem ser eliminadas quaisquer condições que tornem insegura a operação de
abertura no momento anterior à remoção de um vedo, tampa ou tampão de entrada;

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 4 – Controle dos riscos no EC 31

b) elaboração de procedimento de controle de energias perigosas relacionadas ao


espaço confinado, mediante identificação, bloqueio e sinalização;

c) em casos de trabalho em atmosfera IPVS ou potencialmente capaz de atingir níveis


de atmosfera IPVS, os trabalhadores devem estar treinados para utilizar os
equipamentos de proteção individual (EPI) e, principalmente, os equipamentos de
proteção respiratória (EPR) que garantam a sua saúde e integridade física;

d) para seleção, uso, inspeção, manutenção, higienização, guarda e descarte de EPR e


utilização de ar comprimido respirável, devem ser seguidas todas as normativas contidas
no Programa de Proteção Respiratória (PPR), recomendações, seleção e uso de
respiradores da FUNDACENTRO, não se atendo apenas a esses tópicos como também
para condições em atmosferas IPVS;

e) a ventilação é aplicável a todos os espaços confinados e o método deve ser


selecionado através de critérios técnicos para cada caso. Os métodos podem ser
ventilação geral diluidora (VGD) ou ventilação local exaustora (VLE) ou a combinação de
ambas. Deve-se certificar de que o ventilador tem a capacidade necessária para as trocas
de ar recomendadas. O dimensionamento do exaustor/insuflador a ser utilizado deve
levar em conta o número de trocas de ar necessárias dentro do espaço confinado para
que se atinjam as condições mínimas para a execução de operações, em condições
seguras, dentro de um tempo desejado;

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


32 CAPÍTULO 5 – APH em ocorrências que envolvam EC

Capítulo 5 – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR EM OCORRÊNCIAS QUE

ENVOLVAM EC
O atendimento pré-hospitalar (APH) em ocorrências em EC é muito complexo
e gera bastante divergência, principalmente quando se discutem os tipos de
procedimentos a serem realizados dentro do ambiente de ocorrência, ou seja, no espaço
confinado propriamente dito.
Nos capítulos anteriores, vimos os riscos que trabalhadores e resgatistas estão
sujeitos ao entrar em um EC, bem como vimos também que mesmo tomando todas as
medidas de controle de riscos essa atividade é muito perigosa.
Os objetivos desse capítulo são identificar qual o papel de uma equipe de APH
em uma ocorrência em EC, apontar parâmetros decisórios se uma equipe de APH deve
estar na linha de frente e, caso seja necessária alguma atuação, verificar qual a maneira
mais eficiente.

5.1 – EQUIPE DE APH NO CENÁRIO DA OCORRÊNCIA


O estado de prontidão ou ação de uma equipe de APH nesses ambientes
depende de diversos fatores como se de fato existe algum risco no local, se existem
vítimas, se algum bombeiro vai adentrar em algum ambiente confinado, se no local já
existe uma equipe médica (assim como em algumas plantas médicas), se alguma equipe
do SAMU foi acionada, dentre outros.
No CBMES, via de regra, ocorrências envolvendo EC é necessário o
acionamento da nossa ambulância de APH (equipe de Resgate) para compor o grupo de
resposta e caberá ao comandante da operação gerenciar esses recursos em conjunto
com os elementos citados no parágrafo anterior. A questão da divisão de equipes em
um atendimento será vista no último capítulo.
A equipe médica / equipe de resgate no local é responsável pelos cuidados das
vítimas e dos resgatistas.

5.2 – PROCEDIMENTOS A SEREM TOMADOS


A atuação e os protocolos devem estar diretamente ligados aos riscos que os
entrantes (pacientes) tenham sido expostos.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 5 – APH em ocorrências que envolvam EC 33

Vale ressaltar que medicina na linha de frente é mais frequente em incidentes


envolvendo desastres em estruturas colapsadas, valas e em alguns EC onde os
problemas atmosféricos não são os principais.
Em ocorrências envolvendo problemas atmosféricos, na grande maioria dos
casos, deve-se fazer uma rápida extração sem atuação de equipe médica no local
(dentro do EC).
Por exemplo, na maioria dos casos em EC envolvendo problemas atmosféricos
com vítima consciente: Ministrar ar respirável, retirada rápida (avaliar a real
necessidade de imobilização), APH em local seguro e transporte ao hospital. Porém, isso
não é uma “receita de bolo”, pode surgir a pergunta: e se a vítima estiver com uma
grande hemorragia? Logicamente que a sequência passada pode mudar. Não temos a
pretensão aqui de dar todas as respostas. Isso é impossível. Os casos devem ser
avaliados pontualmente, pois ocorrências desse tipo podem ser muito complexas, e
geralmente são. Por isso a importância de treinamento constante e simulações com
estudos de caso.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


34 CAPÍTULO 6 – Proteção respiratória

Capítulo 6 – PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA


Problemas que afetam o sistema respiratório, como deficiência de oxigênio ou
intoxicação por monóxido, por exemplo, estão entre as principais causas de acidentes
em ambientes confinados.
A finalidade básica de qualquer respirador é simplesmente proteger o sistema
respiratório da inalação de substâncias tóxicas.
Os equipamentos de proteção respiratória (EPR’s) são essenciais nas
ocorrências em EC e a proteção vai variar conforme a necessidade: composição do ar
ambiente, ambiente confinado ou ventilado, necessidade de autonomia, dentre outros
fatores.
Os respiradores oferecem proteção de duas formas: ou removendo o
contaminante do ar antes que ele seja inalado ou suprindo ar respirável de uma fonte
independente de abastecimento. Tais aparatos são usualmente classificados em (essa
divisão também é apresentada na ABNT/NBR- 12543/99):
• EPR purificadores de ar;
• EPR de adução de ar (ou supridor de ar).

Tipos de EPR.

6.1 – EPR PURIFICADORES DE AR


Aparelhos de respiração desse tipo trabalham com a concentração de ar do
ambiente, ou seja, esse deve possuir ao menos 19,5% de oxigênio. São equipamentos
que funcionam pela filtragem do ar ambiente.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 6 – Proteção respiratória 35

Os filtros podem ser divididos em:


• Filtros mecânicos;
• Filtros químicos;
• Filtros combinados.
Outra subdivisão é através do seu acionamento que pode ser motorizado ou
não-motorizado.

Exemplos de EPR purificadores de ar.

6.2 – EPR DE ADUÇÃO DE AR


São os equipamentos que não necessitam do ar ambiente, ou seja, essa classe
de respiradores supre ao usuário ar ou outro gás respirável vindo de uma atmosfera
independente do ar ambiente. Pertencem a essa categoria, por exemplo, as máscaras
autônomas, os respiradores de linha de ar mandado e o cilindro auxiliar para fuga.
Iremos abordar aqui o EPR autônomo e o EPR de ar mandado – linha de ar.
Outra subdivisão é com relação ao circuito. Existem no mercado equipamentos
de circuito aberto e de circuito fechado. O primeiro trabalha com ar respirável
comprimido que não é reaproveitável no sistema, ou seja, tem autonomia muito
pequena quando comparada com o segundo, que após reações químicas reaproveita o
dióxido de carbono exalado, aumentando assim o tempo de trabalho.

6.2 .1– EPR DE AR MANDADO – LINHA DE AR


Considerado por grande parte dos doutrinadores como a melhor opção de
proteção respiratória para entrada em ambientes confinados, a linha de ar fornece ao

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


36 CAPÍTULO 6 – Proteção respiratória

usuário uma maior autonomia de gás com maior mobilidade de silhueta para espaços
estreitos.
Em ambientes industriais é muito utilizado o
sistema Arcofil, que são unidades estacionárias
montadas em cavaletes com estrutura tubular de uso
no solo ou em parede, dotadas de dreno de emulsão
de água/óleo, filtro de carvão ativo para gases
contaminantes, com umidificadores e alguns
modelos com detector de CO2. Este conjunto é
composto por filtros e saídas de engate rápido para Arcofil

conectar às mangueiras e máscaras.


Existem outros sistemas autônomos de ar. Na montagem que o CBMES usa, a
fonte portátil de ar comprimido com geralmente mais de um cilindro (permitindo troca
sem parar a operação) fica do lado de fora controlada pela equipe e o resgatista entra
através de uma linha de ar e carregando obrigatoriamente um cilindro de fuga (cilindro
pequeno para incontingências com autonomia limitada apenas para fugas). Em
industrias é usado quando não se dispõe de fonte de abastecimento de ar comprimido
na unidade.
Em atmosferas IPVS (Imediatamente Perigosa a Vida e a Saúde) um
equipamento de ar de linha deve ser dotado de cilindro de ar comprimido respirável
auxiliar para proteger o usuário contra falha potencial do suprimento de ar, caso em que
o trabalhador deverá abandonar o local, normalmente um espaço confinado. Esse
sistema tem autonomia de aproximadamente 5 minutos com consumo médio de
60l/min.
Então, são características da linha de ar mandado:
• Permite entradas prolongadas;
• Perfil mais leve e menor do que EPR Autônomo;
• Possui recipiente de escape (cilindro de fuga);
• Utilizado em atmosferas deficientes de O2, IPVS e ambientes não identificados.

Os pontos abaixo também devem ser considerados:


• A mangueira pode se tornar confusa ou danificada;

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 6 – Proteção respiratória 37

• A mangueira não pode exceder 100m de comprimento total (obrigação por


norma).

6.2 .2– EPR AUTÔNOMO


Equipamento de proteção respiratória mais conhecido e utilizado nos corpos
de bombeiros, também é conhecido como SCBA – self contained breathing apparatus.
A Norma Brasileira NBR 13716 denomina esse equipamento como “Máscara
Autônoma de Ar Comprimido com Circuito Aberto” mais conhecido como Equipamento
Autônomo.
A característica que distingue o equipamento autônomo de ar comprimido é
que o usuário não precisa estar conectado por mangueiras a uma fonte externa de
abastecimento de ar comprimido respirável, pois, nesse caso, é fornecido pelo cilindro
levado nas costas.
Esse equipamento é utilizado quando não se conhecem as substâncias
presentes no ar ou quando o ambiente tiver concentrações abaixo de 19,5% de oxigênio,
conforme exige NBR 16577.
Esses equipamentos foram projetados basicamente para proteção respiratória
em casos de atendimento de emergência como:
• Incêndio - Em que a quantidade oxigênio caia a níveis asfixiantes e a presença de
gases tóxicos provenientes de combustão atinjam valores extremamente
elevados.
• Vazamento - Gases tóxicos quando vazam também fazem com que as
concentrações atinjam valores muito elevados. Se isto ocorrer em espaços
confinados a situação é ainda mais grave.
• Busca e Salvamento - Em locais com fumaça e deficiência de oxigênio, deve ser
utilizado sistema de carona, nunca retire a máscara durante um socorro em
ambiente IPVS.
Aplica-se também em emergências em que não se pode dar combate utilizando
um equipamento com linha de ar porque será necessário percorrer grandes distâncias,
ultrapassar obstáculos portando equipamentos de combate ou carregar vítimas. Há
necessidade de autonomia de movimentos, razão pela qual o EPR, nesses casos, é mais
adequado.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


38 CAPÍTULO 6 – Proteção respiratória

Em contrapartida, a quantidade de ar é limitada, o cilindro aumenta o peso e o


volume, contribuindo para a limitação de movimentos e estresse de quem utiliza.
Com relação a autonomia, existe um valor médio de consumo para
determinados tipos de trabalho, conforme quadro abaixo:
Resumo de consumo de ar respirável em litros/minuto

Leve Até 27 litros/min.

Médio Entre 27 a 40 litros/min.


Trabalho
Pesado Entre 40 a 60 litros/min.

Acima de 80
podendo chegar ao
Pesadíssimo
máximo de 132
litros/min.

Porém, vale ressaltar que o consumo depende da individualidade fisiológica de


cada resgatista. Devem ser consideradas as características físicas e funcionais dos
respiradores, bem como as suas limitações. Por isso que, ao invés de utilizar quadros
médios, é muito melhor um bombeiro saber sua própria taxa de consumo, podendo ser
calculada através de testes e simulados.
Suponha que um resgatista treinado saiba que sua taxa de consumo em um
trabalho pesado é de 50 l/min e que ele vai entrar em um EC com um EPR autônomo de
8l com 300bar. Qual é o tempo de operação estipulado?
• 1º Passo: Volume total de ar: V. do cilindro pela pressão.
– Ex: 8lts x 250bar = 2.000lts. (50 bar para incontingências)
• 2º Passo: Divisão pelo consumo.
– Ex: 2.000lts : 50lts/min = 40 min.
Então, o tempo de operação máximo estipulado será de 40min.

Esse cálculo está levando em conta 250bar no cilindro e não os 300bar. Em uma
operação, é necessário deixar de fora do cálculo 50bar prevendo alguma incontingência,
para saída dos resgatistas e para sanar problemas. Em um outro exemplo abordado mais
à frente nas fases de resgate, será retomado novamente esse tema.

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CAPÍTULO 6 – Proteção respiratória 39

Com a taxa de consumo individual o chefe de guarnição terá como planejar o


tempo máximo de uma atividade de busca, informação importantíssima na fase de pré-
entrada, conforme será visto no capítulo de Resgate em EC.

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40 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

Capítulo 7 – AVALIAÇÃO ATMOSFÉRICA


Nesse momento iremos estudar sobre avaliação atmosférica e seus efeitos
variados que podem desmembrar diversas situações em uma ocorrência. Devido à
complexidade do assunto podemos dizer que esse é um dos capítulos mais importantes
dessa apostila.
Principal causa de acidentes em espaços confinados, segundo a Occupational
Safety and Health Administration (OSHA), os riscos atmosféricos devem ser
preferencialmente eliminados antes da entrada e mantidos sob controle durante a
permanência dos trabalhadores no interior dos espaços confinados. A concentração de
contaminantes, a presença de inflamáveis e o percentual inadequado de oxigênio, seja
por deficiência ou enriquecimento, são riscos atmosféricos que podem provocar
intoxicação e asfixia dos trabalhadores ou a formação de uma atmosfera
inflamável/explosiva.
Para avaliar adequadamente os riscos atmosféricos é necessário conhecer:
• A classificação da ação fisiológica da substância;
• O Limite de Exposição (L.E.);
• O Valor Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde (IPVS);
• O limiar de odor;
• A densidade;
• Os Limites Inferior e Superior de Explosividade (LIE e LSE);
• O ponto de fulgor;
• A temperatura de autoignição; e,
• A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).

Entre os objetivos desse capítulo estão: conceituar uma atmosfera


Imediatamente Perigosa à Vida e a Saúde – IPVS, identificar uma atmosfera inflamável,
identificar os detectores de gases (principalmente os da corporação) e executar o
monitoramento do ar com segurança.

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 41

7.1 – RISCOS ATMOSFÉRICOS EM ESPAÇOS CONFINADOS

Conforme definição da NBR 16577, atmosfera de risco é a condição em que a


atmosfera, em um espaço confinado, possa oferecer riscos ao expor os trabalhadores
ao perigo de morte, incapacitação, restrição da habilidade para autorresgate, lesão ou
doença aguda causada por uma ou mais das seguintes causas:

a) gás, vapor ou névoa inflamável em concentrações superiores a 10% do seu limite


inferior de explosividade (LIE), do(s) material(ais) previamente identificados;

b) poeira em uma concentração no ambiente de trabalho que exceda o seu limite


inferior de explosividade (LIE);

NOTA 1. O LIE está geralmente situado entre 20 g/m3 e 60 g/m3, ao passo que
o LSE situa-se entre 2 kg/m3 e 6 kg/m3 [em condições normais de temperatura
e pressão (CNTP)].

NOTA 2. Os seguintes fatores influenciam o processo de combustão/explosão:


● partículas em suspensão no ar;
● partículas de tamanho conveniente ao processo de combustão;
● ar (oxigênio) presente no meio ambiente;
● fonte de ignição de potência adequada para iniciar o processo de combustão;
● umidade relativa do ar;
● geometria do espaço confinado.

NOTA 3. As camadas de poeiras, diferentemente dos gases e vapores, não são


diluídas por ventilação geral diluidora, após o vazamento ter cessado. Insuflar
ar aumenta a dispersão da poeira no ambiente, acentuando a suspensão do
material e, consequentemente, propiciando o seu processo de combustão.

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42 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

NOTA 4. Camadas de poeiras podem sofrer turbulência inadvertida e se


espalharem pelo movimento de equipamentos de transporte, deslocamento de
pessoas, insuflação de ar, funcionamento de máquinas etc.

NOTA 5. A ventilação local exaustora (VLE), para a remoção de contaminantes


no interior do espaço confinado, é recomendada em atividades que possam
gerar poeiras, névoas, gases, vapores, fumos etc., e no ponto de origem, antes
que estes atinjam a zona respiratória do trabalhador.

c) atmosfera pobre em oxigênio, em que a concentração de oxigênio está abaixo de 19,5


% (v/v);

d) atmosfera rica em oxigênio em que a concentração de oxigênio está acima de 23 %


(v/v);

NOTA 6. O percentual de oxigênio aceitável em espaços confinados é de 19,5 %


a 23 % de VOL, desde que a causa da redução ou enriquecimento de O2 seja
conhecida. É importante observar que presença de outros gases tóxicos ou
inertes em baixas concentrações, porém perigosas, podem não alterar a leitura
do sensor de oxigênio de modo significativo.

e) limite de tolerância - definido como a concentração atmosférica de qualquer


substância cujo valor máximo está determinado na NR-15 do Ministério do Trabalho ou
em recomendação mais restritiva (ACGIH - American Conference of Governmental
Industrial Hygienists), e que possa resultar na exposição do trabalhador acima do limite
de tolerância.

7.2 – ATMOSFERA TÓXICA


Ambiente que pode causar algum dano ou risco de morte a um operador. Fato
comum de acontecer em tanques e outros espaços confinados que armazenam
produtos tóxicos e/ou em equipamentos de processo que liberam substâncias tóxicas
(exemplo gases tóxicos).

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 43

O seu efeito pode ser imediato, retardado ou ambos. Por exemplo, exposição
em concentração baixa de monóxido de carbono causa danos cerebrais não
perceptíveis, enquanto em grandes concentrações resultam em morte rapidamente.
A presença de substâncias tóxicas é geralmente resultado do armazenamento
de materiais em locais confinados ou devido ao uso de alguns tipos de revestimentos ou
solventes.
Material orgânico em decomposição não somente desloca o oxigênio como
também pode produzir gases como metano, gás sulfídrico, monóxido ou dióxido de
carbono. Também é possível a entrada de gases tóxicos no interior dos espaços
confinados devido às falhas nos sistemas de isolamento de redes hidráulicas.
Embora algumas substâncias possuam odor ou sabor, a maioria dos gases
tóxicos não são perceptíveis a nenhum sentido humano e eles podem penetrar no corpo
de quatro formas diferentes: absorção, ingestão, inalação e injeção.

7.2 .1– ATMOSFERA IPVS


A condição IPVS ou IDLH (sigla em inglês para Immediately dangerous to life or
health) é definida pela OSHA como como:
Qualquer condição que represente uma ameaça
imediata ou retardada para a vida ou que cause efeitos adversos
irreversíveis para a saúde ou que interfiram com a habilidade
individual de se escapar do espaço confinado.
Atmosferas perigosas são as que apresentam as seguintes características:
• Locais com teor de oxigênio menor que 19,5% ou maior que 23%;
• Concentração de substâncias tóxicas acima do permitido em norma.
– TLV-CEILING/LT-VT (VALOR TETO – NR 15 ANEXO 11 – ACGIH)
– IDLH/IPVS – NIOSH
• Atmosfera inflamável acima de 10% do Limite Inferior de Explosividade (LIE) se
gás ou vapor ou maior que o LIE se aerodispersóide sólido.

7.2 .2– ATMOSFERA INFLAMÁVEL


Antes de mais nada segue o conceito de Limite de explosividade.

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44 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

Limite de Explosividade: Um gás ou o vapor inflamável desprendido de um combustível


tem que se misturar com o ar na proporção ideal para se transformar numa atmosfera
explosiva. Essa mistura é diferente para cada tipo de gás e é expressa pelo Limite de
Explosividade ou Faixa de Explosividade que mede a sua concentração mínima ou
máxima ideal para criar uma atmosfera explosiva.

São consideradas atmosferas inflamáveis:


• Gás/Vapor ou névoa inflamável em concentrações superiores a 10% do seu
Limite Inferior de Explosividade - LIE (ou Lower Explosive Limit LEL);
• Poeira combustível viável em uma concentração igual ou superior ao Limite
Inferior de Explosividade LIE (o Lower Explosive Limit LEL).

Ou seja, a NBR 16577 classifica como uma atmosfera de risco uma mistura de
gás / vapor ou névoa inflamável com concentrações superiores a 10 % do seu LIE, ou
poeira combustível viável em uma concentração que se encontre ou exceda o LIE.
Para melhor ilustração, tomemos o exemplo da gasolina (pentano) abaixo:

Exemplo da gasolina.

A OSHA, a NFPA e a NBR 16577 EXIGEM QUE A LEITURA de um gás inflamável


esteja abaixo de 10 % do LIE para entrada, mas na verdade, o que devemos obter é uma
leitura de gás inflamável de 0% para permissões de entrada.
A figura abaixo mostra outros exemplos de gases e seus limites de
explosividade em porcentagens.

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 45

Limites de explosividades.

7.2 .3– CONTROLE MONITORAMENTO AMBIENTAL


O monitoramento ambiental é vital para o sucesso a um atendimento de
ocorrência em EC.
Vale lembrar que o monitoramento antes da entrada de um trabalhador, por
exemplo, deveria ter identificado os riscos atmosféricos, mas se existe necessidade de
resgate algo deu errado! Nesses casos verifique a leitura na PET, mas assuma que ela já
não é mais válida.
Para a compreensão de como pode ser classificado o monitoramento ambiental
alguns conceitos devem ser expostos.
• Limites de Tolerância (LT) – Concentração transportada pelo ar, de um
contaminante qualquer, ao qual acredita-se que os funcionários podem se expor
repetidas vezes, todos os dias, durante um intervalo de tempo ao longo de sua jornada
de trabalho, sem que ele tenha prejuízo à saúde ou efeitos adversos. Esses valores
geralmente são expressos em PPM (partes por milhão).
• Concentração por tempo médio (TWA) – time-weighted average -
Refere-se à concentração de contaminantes e ao tempo médio para uma jornada de oito
horas de trabalho e quarenta horas semanais, que o trabalhador poderá se expor, sem

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46 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

que haja prejuízo à sua saúde ou integridade física, conforme recomendação da


American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH).
• Limite de exposição por curto período (STEL) – Short-term exposure -
Definido por um período curto de tempo, aproximadamente quinze minutos, por um
certo intervalo de tempo de afastamento do contaminante, o trabalhador poderá se
expor a uma concentração de contaminante um pouco mais alta que o TWA, não
devendo ocorrer mais que quatro vezes por dia, com pelo menos quatro horas de
afastamento entre duas exposições sucessivas.
• Concentração Teto (CT) - A natureza de tal maneira é tão grande que nem
um tempo médio ou um STEL previne com a proteção adequada. Esse fator jamais
deverá ser ultrapassado por um funcionário, de acordo com as definições da American
Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH).
• Limite de Exposição Permitida (PEL) - permissible exposure limits -
concentração de ar contaminado estabelecido pela OSHA.
• Limite de Exposição Recomendada (REL) - recommended exposure limits
- Concentração de ar contaminado estabelecido pelo Instituto Nacional de Saúde e
Segurança Ocupacional (NIOSH). Para a NIOSH é a exposição por tempo médio baseada
em 10 horas de trabalho por dia e quarenta horas semanais.

Para entender melhor a correlação desses conceitos montamos o seguinte


quadro esquemático:

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 47

Segue também um quadro com exemplos de LT e TWA de alguns produtos


químicos.

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48 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

7.2 .4– ALGUNS GASES PRESENTES NO EC


Vários gases podem estar presentes nos espaços confinados. O metano (CH4),
formado pela decomposição de resíduos orgânicos, é um gás inflamável e asfixiante
simples. Em altas concentrações, desloca o oxigênio do ar existente no espaço
confinado.
O gás sulfídrico ou sulfeto de hidrogênio (H2S), formado em processos de
biodegradação da matéria orgânica, é um gás tóxico, asfixiante químico e inflamável.
O monóxido de carbono (CO), formado pela queima em presença de pouco
oxigênio (combustão incompleta) e/ou alta temperatura de carvão ou outros materiais
ricos em carbono, é um gás altamente tóxico e inflamável. Possui grande afinidade pela
hemoglobina do sangue, impedindo a oxigenação dos tecidos. Isto pode levar à morte
por asfixia química. Já o dióxido de carbono (CO2) é um asfixiante simples e, por deslocar
o oxigênio em altas concentrações, possui valor IPVS.
Gases como H2S e CO só podem ser medidos através de sensores dedicados a
gás sulfídrico e monóxido de carbono. A configuração padrão para instrumentos
medidores de múltiplos gases (multigás) é composta por quatro sensores, sendo um
sensor de oxigênio, com alarmes para deficiência (19,5% em volume) e enriquecimento
(23% em volume); um sensor de explosividade com alarme a 10% do LIE; um sensor de
CO e um de H2S. Os alarmes de H2S e CO podem ser ajustados para o Limite de Tolerância
ou para o Nível de Ação (metade do Limite de Tolerância). A configuração padrão
contempla os gases encontrados com maior frequência em espaços confinados, mas não
dispensa, em hipótese alguma, um estudo aprofundado dos riscos atmosféricos para
seleção dos sensores adequados para cada caso.

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 49

Em espaços confinados podem existir diversos tipos de gases. Segue abaixo um


quadro com alguns exemplos e efeitos.

TIPOS DE GASES

TIPO EXEMPLO EFEITO


Nitrogênio - N2 Tomam o lugar do O2, tornando a
ASFIXIANTES Dióxido de Carbono – CO2 atmosfera deficiente de
Argônio - Ar oxigênio.

Metano – CH4
Hidrogênio – H2 Quando expostos e misturados
Butano – C4H14 com o ar, ao receber uma fonte
INFLAMÁVEIS
Etano – C2H6 de calor adequada, poderão
Hexano – C6H14 entrar em combustão.
Metanol – CH3OH

Extremamente prejudiciais à
Monóxido de Carbono – CO
saúde humana, podendo causar
Gás Sulfídrico – H2S
inúmeros efeitos reversíveis ou
Amônia – NH3
TÓXICOS irreversíveis ou até levar à
Gás Cianídrico – HCN
morte, dependendo da
Dióxido de Enxofre – SO2
concentração e do tempo de
Cloro – Cl2
exposição.

Entender sobre toxicidade, inflamabilidade e asfixia é importante quando se


fala em EC
7.2 .4.1– Gás Sulfídrico- H2S:
Considerado uma das substâncias mais agressivas ao ser humano. Calcula-se
que seja de 5 a 6 vezes mais agressivo do que o monóxido de carbono. Sua presença em
EC é resultado de algum processo desenvolvido no espaço confinado, como formação
bacteriológica e esgoto, ou proveniente de locais adjacentes ao local.
É um gás tóxico irritante, incolor, inodoro e em pequenas concentrações
apresenta cheiro de ovo podre, porém, inibindo o olfato após alguns instantes. Em altas
concentrações inibe o olfato imediatamente após a exposição.
Os efeitos desse gás sobre o ser humano são diversos. Tudo vai depender da
presença de duas variáveis: o tempo de exposição e a concentração encontrada do
agente. As literaturas de saúde ocupacional mais recorrentes identificaram as seguintes
reações:

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50 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

7.2 .4.2– Solventes:


São substâncias químicas ou misturas de substâncias químicas capazes de
dissolver outro material de utilização industrial. Apesar da variedade de sua natureza
química (hidrocarbonetos, éteres, álcoois, cetonas, etc.), os solventes possuem
características em comum: são incolores, lipossolúveis, possuem grande volatilidade,
são inflamáveis e possuem notáveis efeitos tóxicos. Nos ambientes de trabalho são
empregados nos processos de produção (óleos, tintas, colas, explosivos, inseticidas,
detergentes, etc.) ou na aplicação de pinturas, revestimentos, decapagens, etc.
Alguns exemplos de solventes são: benzeno (hidrocarboneto aromático), ciclo-
hexano (hidrocarbonetos alicíclicos), tolueno (hidrocarboneto aromático),
tricloroacetileno (hidrocarboneto halogenado) e metano.
A via de penetração no organismo é essencialmente respiratória, mas
arranhões ou qualquer outro ferimento na pele também podem se prestar à penetração
pela via cutânea.
Os sintomas de contaminações por solventes são:
• Os sintomas iniciais são genéricos: fadiga, cefaleia, irritabilidade, anorexia.
Tardiamente ocorrem manifestações hemorrágicas, como, por exemplo,
púrpura, hemorragias gengivais, epistaxe, equimoses e hemorragias diversas,

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 51

infecções como estomatite e pode provocar irritação nas mucosas e na pele


(ressecamento, descamação ou inflamação).
• Em altas concentrações pode causar um efeito narcótico agudo chamado de
embriaguez delirante. A pessoa exposta apresenta quadro de euforia, marcha
instável e confusão mental, podendo ainda sofrer convulsão e coma.
• Uma exposição crônica produz aplasia medular, que se inicia com a redução das
plaquetas, dos glóbulos brancos e, depois, dos glóbulos vermelhos, traduzidas,
respectivamente, por plaquetopenia, leucopenia e anemia.

7.2 .4.3– Monóxido de Carbono- CO:


Sua presença em um espaço confinado é resultado da combustão, solda, de
motores ou proveniente de locais adjacentes ao espaço confinado. É um gás tóxico,
asfixiante bioquímico e, por ser incolor e inodoro, corre-se o risco de não perceber a sua
presença, iludindo, assim, a necessidade de se efetuar a ventilação do local. Nosso
organismo (pulmão) possui o comportamento de absorver o CO até 300 vezes mais
rápido do que o O2.
Não existe um antídoto específico para o monóxido de carbono. Nos casos de
severa contaminação o oxigênio hiperbárico pode ser benéfico. As principais reações
adversas identificadas são:

EXPOSIÇÃO x TEMPO EFEITO


200 ppm x 3 hs Ligeira dor de cabeça e desconforto.
600 ppm x 1 h Dor de cabeça.
1.000 a 2.000 ppm x 30 min. Palpitação leve.
1.000 a 2.000 ppm x 1,5 hs Desorientação, tendência a tropeçar.
1.000 a 2.000 ppm x 2 hs Confusão.
2.000 a 5.000 ppm Inconsciência.
10.000 ppm Morte

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52 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

7.3 – MONITORAMENTO AMBIENTAL – detectores


O reconhecimento dos riscos atmosféricos presentes é fundamental para a
escolha dos equipamentos de avaliação. O princípio de funcionamento dos sensores
desses equipamentos (eletroquímicos, catalíticos e infravermelho) e os efeitos
provocados pelas variações de temperatura e umidade do ar, riscos de contaminação
por outros gases e vapores, volume de oxigênio e faixas de medição devem ser
considerados.
A avaliação inicial da atmosfera é importante para se determinar quais os riscos
atmosféricos existentes no espaço confinado, quando da sua abertura ou para se
detectar vazamentos ocorridos durante períodos em que o espaço confinado
permaneceu aberto sem trabalhadores no seu interior.
Antes de adentrar no espaço confinado, é necessário determinar a
concentração de oxigênio e a presença de agentes tóxicos no seu interior. As avaliações
iniciais deverão ser realizadas fora do espaço confinado, através de sonda ou mangueira
inserida no seu interior. A utilização de mangueiras com comprimento e diâmetro
diferentes dos recomendados pelo fabricante pode alterar significativamente os
resultados das avaliações. Não é o mais recomendado utilizar uma corda para baixar o
equipamento e efetuar avaliações no interior de espaço confinado com abertura
vertical. Esta prática não permite a leitura dos resultados em tempo real e pode levar a
conclusões erradas. Contudo, caso a equipe não tenha à disposição um detector com
bomba, essa prática pelo menos permite fazer a leitura da medida pico ao retornar o
aparelho para a posição inicial.
A operação dos equipamentos deve ser precedida por uma leitura detalhada
do manual de operação fornecido pelo fabricante / distribuidor, prestando especial
atenção às advertências e limitações do equipamento.
Existem no mercado várias marcas e modelos, mas, em geral, para a aplicação
de monitoração de atmosfera em espaços confinados, a base tecnológica é a mesma.
Nesse contexto, os sensores mais usados nos detectores são: Catalítico, para
detecção de atmosferas explosivas; Eletroquímico para detecção de ausência ou
excesso de oxigênio (O2), detecção de sulfeto de hidrogênio (H2S), detecção de
monóxido de carbono (CO) no Ambiente; Infravermelho, para detecção de atmosferas

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 53

explosivas e; Fotoionização (PID), para detecção de Compostos Orgânicos Voláteis


(VOCs);
Normalmente, os sensores para detectar gases inflamáveis são do tipo
catalítico, que possuem uma câmara que permite a entrada de misturas inflamáveis
através de um sintetizador e lá se processa e queima, o que desestabiliza a corrente
elétrica nos eletrodos, que é comparada à corrente medida e registrada na calibração,
obtendo-se o resultado em L.I.E.
A NBR 16577, item 6, estabelece que o detector de gases só pode ser usado se
for aprovado como EXI (segurança intrínseca) por um organismo certificado credenciado
pelo INMETRO.
O detector de gases, ainda pela mesma NBR, só pode ser utilizado se for
aprovado como Ex i, por um ORGANISMO DE CERTIFICAÇÃO DE PRODUTO – OCP do
INMETRO, ou seja, se ostentar, legalmente, a certificação de que se tratou no item
anterior, pois um espaço confinado que teve ou pode conter produto inflamável deve
ser considerado como Zona 0 no momento de sua abertura e o detector de gases tem
que possuir o tipo de proteção apropriado para tal (no mínimo BR Ex ia IIC T4).

7.3 .1– EQUIPAMENTO DE SONDAGEM INICIAL E DE MONITORAMENTO CONTÍNUO DA


ATMOSFERA
Para o estudo desse capítulo e para avançar no conhecimento de detectores é
altamente recomendado a leitura do item 6.2 da NBR 16577. Nesse item são abordados
pontos importantes sobre calibração, ajuste de ar limpo, teste de resposta (bump test),
sensibilidade cruzada, dentre outros. Vamos destacar alguns pontos.

7.3 .1.1– Geral


Conforme prevê a NBR 16577, os equipamentos de medição que forem
utilizados no interior dos espaços confinados, com risco de explosão, devem ser
intrinsecamente seguros (do tipo Ex i) e protegidos contra interferência eletromagnética
de radiofrequência, assim como os equipamentos posicionados próximos à parte
externa e no entorno dos espaços confinados considerados como áreas classificadas.
O detector do tipo multigás convencional (denominado “multigás”) monitora
quatro variáveis, (conforme sua configuração), como: concentração de oxigênio (O2);

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54 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

limite inferior de explosividade (LIE) ou lower explosive limit (LEL) para gases e vapores
combustíveis ou inflamáveis; concentração de monóxido de carbono (CO); e
concentração de gás sulfídrico ou sulfeto de hidrogênio (H2S). Para qualquer outro tipo
de gás que seja identificado no ambiente perigoso, sensores dedicados devem ser
configurados de forma complementar ou com o uso de instrumento para o gás
identificado (detector do tipo monogás).
Os detectores devem ser adequados aos riscos presentes e possíveis nos
espaços confinados, e, ainda, dotados de algumas características. Destacamos algumas
abaixo:

• Alertar sobre os riscos presentes no ambiente ao ativar, simultaneamente,


alarmes sonoro, visual e vibratório;
• Alarmar para notificar quando a carga da bateria estiver baixa;
• Apresentar nível de proteção contra interferência por radiofrequência, devendo
suportar campo elétrico de 10 V/m. Celulares, rádios e outros equipamentos
eletrônicos podem causar falsas leituras no detector. A única medida preventiva
para evitar essa ocorrência é mantendo-se a distância destes equipamentos de
no mínimo 30 cm do detector.
• Ter nível de proteção contra entrada de poeira e água (grau de proteção)
adequado para as condições às quais pode ser exposto. O termo em inglês
ingress protection (IP) é usualmente utilizado e corresponde ao grau de
proteção. O Código IP será visto mais à frente nessa apostila;

7.3 .1.2–Correlação entre os gases combustíveis ou inflamáveis e o gás de calibração


escolhido pelo usuário
Os seguintes requisitos devem ser atendidos:
• Os sensores são ajustados para o gás-alvo que se deseja aferir, porém nem
sempre em um ambiente industrial ou urbano se encontra apenas um gás. Nesse
caso, o ajuste deve ser feito para um gás cuja resposta do sensor seja
suficientemente próxima.
• O fabricante e/ou fornecedor do equipamento deve descrever no manual de
operação, entregue com o detector, os fatores de correlação quando o detector

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 55

for utilizado com gases diferentes daquele utilizado na calibração. Essa


informação é importante para os resgatistas do CBMES, pois os ambientes de
ocorrências são os mais diversos possíveis.
• A escolha do gás-alvo de ajuste e do fator de correlação tem como objetivo a
correção das leituras nos instrumentos. As leituras nos espaços confinados
podem dar uma falsa indicação de segurança quando estiverem presentes gases
cujos limites inferiores de explosividade forem muito baixos, como exemplo os
gases do subgrupo IEC 2C: ACETILENO, HIDROGÊNIO E O DISSULFETO CARBONO;
• Deve-se considerar atmosfera de risco de inflamável igual ou superior a 10 %
do LIE do(s) gas(es) previamente identificado(s).

7.3 .1.3–Telas de funcionamento dos detectores


Os detectores devem possuir telas de funcionamento, isto é, um sistema para
indicar os seguintes parâmetros de medição no mostrador do equipamento:
• Permitir a leitura instantânea;
• Indicar o valor de pico/memorização do maior valor de um intervalo de tempo;
• Mostrar o limite de exposição de curta duração (STEL), que representa a
concentração média ponderada no tempo durante 15 min (apenas para sensores
de gases tóxicos). O termo em inglês short term exposure limit (STEL) é
usualmente utilizado e corresponde a limite de exposição de curta duração.
• Apresentar o limite de exposição de longo prazo (TWA), que consiste na
concentração média ponderada no tempo para uma jornada de trabalho de 8 h
(apenas para os sensores de gases tóxicos). O termo em inglês time weighted
average (TWA) é usualmente utilizado e corresponde a limite de exposição de
longo prazo.

7.3 .1.4 – Auto-zero ou ajuste de ar limpo (FAS)


O auto-zero, também conhecido como ajuste de ar limpo (ou ajuste de ar
fresco), é um importante recurso dos detectores de gases que estabelece a referência
de zero para todos os sensores de monitoramento de gases e vapores inflamáveis e
contaminantes tóxicos, além de ajustar o sensor de oxigênio para a concentração

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56 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

normal dessa substância no ar. O termo em inglês fresh air setup (FAS) é usualmente
utilizado e corresponde a ajuste de ar limpo.
O ajuste de ar fresco compensa os efeitos de envelhecimento decorrentes das
contaminações presentes no ambiente onde se utiliza o sensor, evitando possíveis erros
de leitura.
Alguns cuidados devem ser adotados durante essa ação, como:

• Realizá-lo somente em ambiente com ar limpo. Caso não seja possível assegurar
a qualidade do ar ambiente, o auto zero não pode ser feito;
• Não respirar próximo ao(s) sensor(es) durante a execução desta função, visto
que o dióxido de carbono (CO2) liberado na expiração reduzirá a concentração
de oxigênio no ar monitorado;
• Não utilizar o auto-zero em substituição ao teste de resposta ou de ajuste.

7.3 .1.5 –Teste de resposta (bump test ou function check)


O teste de resposta é a verificação obrigatória e qualitativa do detector para
verificar a sua funcionalidade. Esse teste deve confirmar se o caminho de acesso do gás
ao sensor está desobstruído, bem como o perfeito estado de funcionamento do sensor
e dos alarmes.
Devem ser realizados testes frequentes caso o dispositivo seja submetido a
choques físicos ou a altas concentrações de contaminantes.

7.3 .2– LIMITES DE ALARMES


Os equipamentos de detecção possuem alarmes de segurança e são acionados
quando limites pré-programados são atingidos. O operador pode mudar a programação
e tornar mais rigorosa a leitura, por exemplo.
Alguns aparelhos possuem diferentes tipos de alarmes, dependendo da leitura
realizada.
Segue abaixo exemplo de uma programação padrão de um detector tetra
gases:
• Gases combustíveis – 10% do L.I.E.;

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CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica 57

• Oxigênio – 19,5% Vol. E 23% Vol;

• Monóxido de Carbono – Inst. – 58ppm Stel – 45ppm Ltel – 39ppm;

• Gás Sulfídrico – Inst. – 16ppm Stel – 10ppm Ltel – 8ppm.

7.3 .3– DESAFIOS NO MONITORAMENTO DO AR


Existem diversos fatores que devem ser considerados quando se fala em
monitoramento atmosférico, por isso que cada passo de uma equipe de intervenção
deve ser previamente planejado e os equipamentos utilizados devem estar em perfeitas
condições. Seguem alguns pontos desafiadores no monitoramento ambiental.
• Testar e ajustar os equipamentos: Apenas possuir detectores na viatura não
basta. Esses equipamentos sem estarem testados podem ser fatais para a
guarnição. Uma base de teste de resposta é essencial para manter equipamentos
em condições;
• Os instrumentos são ajustados para um determinado gás: Quando eles aferem
outro produto químico, o sensor responde de forma diferente e mostra uma
leitura imprecisa. Existem tabelas de conversão de medidas, ou seja, um detector
dedicado para o gás metano, por exemplo, acusará L.I.E. antes do esperado
quando em contato com o gás butano;
• Aferir contaminantes não identificados: Não conhecer o contaminante é um
grande problema. Nesses casos a guarnição sempre deve agir como se fosse o
pior caso;
• Aferir produtos químicos individuais numa atmosfera mista.

7.3 .4– AÇÕES NO MONITORAMENTO EM UM OCORRÊNCIA


As leituras do detector devem ser conferidas e interpretadas em todo o
decorrer do atendimento a uma ocorrência. Algumas leituras básicas e as ações a serem
tomadas em cada uma delas são descritas na tabela seguinte.

ATMOSFERA LEITURA AÇÃO


Inflamável >=10% do LIE - Se fora do EC, determine a causa do problema e mitigue.
- Se dentro do EC, saia.

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58 CAPÍTULO 7 – Avaliação atmosférica

Oxigênio < 19,5% ou - Se fora do EC, determine a causa do problema e mitigue.


> 23% - Se <19,5% e dentro do EC para resgate, utilize EPR
autônomo ou linha de ar com cilindro de fuga.
- Se > 23% e dentro do EC, risco de incêndio, saia.
Toxicidade CO >= 39 ppm - Se fora do EC, determine a causa do problema e mitigue.
H2S >= 8 ppm - Se dentro do EC para resgate, utilize EPR autônomo ou
linha de ar com cilindro de fuga.

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CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica 59

Capítulo 8 – PURGA E VENTILAÇÃO ATMOSFÉRICA


Um equipamento de ventilação mecânica deve ser utilizado para obter as
condições de entrada aceitáveis, por meio de insuflação e/ou exaustão de ar. Os
ventiladores devem ser adequados ao trabalho.
Ventiladores em áreas classificadas devem possuir marcação apropriada, de
acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e a Portaria INMETRO nº 179/2010 bem como
serem protegidos contra descargas eletrostáticas, incluindo aterramento dos
equipamentos, conforme as subseções 12.14 e 12.15 da NR 12 – Segurança no Trabalho
em Máquinas e Equipamentos.
Caso as avaliações iniciais indiquem a presença de riscos atmosféricos, o espaço
confinado deve ser ventilado, purgado, lavado ou tornado inerte. Purga é o processo
pelo qual um espaço é inicialmente limpo pelo deslocamento da atmosfera com ar,
vapor ou gás inerte (N2 ou CO2), propiciando a descontaminação da atmosfera. A purga
e a inertização são processos nos quais uma atmosfera perigosa é substituída por outra.
Nunca esquecer que a inertização implica na formação de uma atmosfera IPVS.
A ventilação deve ser realizada para manter o percentual de oxigênio dentro de
uma faixa segura, bem como proporcionar conforto térmico e respiratório aos
trabalhadores. Pode ser usada a insuflação, a exaustão ou ambas. O emprego
simultâneo da insuflação e exaustão oferece melhor eficácia. Ao se insuflar o ar, o
contaminante é diluído e expelido do espaço confinado pela formação de pressão
positiva. No processo de exaustão, o ar contaminado é retirado do seu interior,
enquanto que ocorre a admissão de ar pela formação de pressão negativa.
O dimensionamento do sistema de ventilação deve considerar a forma como o
risco atmosférico é criado e a sua concentração, as dimensões do espaço confinado e o
número e tamanho das aberturas. O ar deve ser captado de fonte limpa, livre de gases
provenientes dos motores à combustão. Mangueiras longas e curvas reduzem de forma
significativa a eficiência do sistema de ventilação.

8.1 – VENTILAÇÃO
Ventilação é o procedimento de movimentar continuamente uma atmosfera
limpa (ar respirável) para dentro do espaço confinado. Há 3 tipos de ventilação:

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60 CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica

• Insuflação: É o método mais indicado quando o risco é deficiência em oxigênio;


• Exaustão: Esta é a melhor maneira de eliminar atmosferas tóxicas ou
inflamáveis;
• Sistema combinado: é o uso do sistema de insuflação juntamente com o sistema
de exaustão.
Após ser considerado seguro para entrar no espaço confinado, continue com a
ventilação enquanto houver alguém dentro do espaço, evitando concentrações
atmosféricas nocivas no local de trabalho. Caso o ambiente se torne inseguro durante o
trabalho ou o alarme do detector multigás seja acionado, paralise os serviços e saia do
ambiente, mantenha a ventilação, avalie a segurança e só retorne após nova medição
para verificação da atmosfera.
Um espaço confinado deve ser ventilado sempre que a atmosfera interna se
tornar perigosa em qualquer dos seguintes casos:
• O ar contém pouco oxigênio;
• O ar contém excesso de oxigênio;
• A atmosfera é inflamável;
• O ar é tóxico.
Caso exista qualquer uma dessas condições, inicie a ventilação com bastante
antecedência de modo que a atmosfera já esteja em condições seguras antes da entrada
de pessoas.
Antes de liberar a entrada, teste a atmosfera com detector multigás apropriado
para estar certo de que a ventilação foi suficiente para tornar o ambiente compatível
para que seja executado o trabalho.

8.1 .1– TIPOS E EXEMPLOS DE VENTILAÇÃO


Um sistema de ventilação deve garantir que o ar flua para dentro e para fora
do espaço confinado, por meio da insuflação, exaustão ou combinação desses. A
utilização simultânea de ventilador insuflador e ventilador exaustor torna o sistema mais
eficiente.
A seleção do ventilador deve considerar a geometria, volume, número e
tamanho das aberturas do espaço confinado, interferências estruturais e equipamentos

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CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica 61

existentes, bem como poluentes, suas propriedades toxicológicas, temperatura,


pressão, vazão e ponto de geração dos contaminantes.
Parâmetros aerodinâmicos como a vazão e a pressão de ar necessária, em
função do diâmetro e comprimento dos mangotes, são importantíssimos para garantir
uma adequada ventilação do espaço confinado. Características construtivas do
ventilador, por exemplo, a massa, a mobilidade, a alimentação de energia, a adequação
ao risco e o nível de pressão sonora também devem ser considerados na escolha do tipo
e modelo adequado.
Existem muitos dispositivos de ventilação diferentes sendo usados em espaço
confinado, devem ser observados alguns dados importantes:
Ventiladores / insufladores de ar – são equipamentos mais usados para mover
o ar. A capacidade de ventilação e insuflação e manutenção desses equipamentos e sua
eficiência, são fatores que devem ser pensados durante a compra desses equipamentos.
Há dois sistemas de ventilação geral:
• Ventilação de Exaustão – Retira o ar contaminado do interior do espaço confinado.
•Ventilação Insuflada – Sopra ar fresco para dentro.
Expulsar o ar contaminado de um espaço confinado é melhor quando a
atmosfera pode ser inflamável ou tóxica. Soprar o ar para dentro pode espalhar os
contaminantes.

VENTILAÇÃO DE EXAUSTÃO ........ VENTILAÇÃO INSUFLADA

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62 CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica

A ventilação pode ser natural ou forçada. Seguem alguns exemplos:

A técnica de ventilação não é tão simples quanto parece e a guarnição tem que
estar treinada, ter certeza do comportamento do ambiente, correlacionar o volume e o
fluxo de ar, tudo isso no local a ser ventilado, ou seja, deve ter conhecimento para
realizar uma boa ventilação.
Quando o local só tem deficiência em oxigênio os riscos de uma ventilação não
muito certa são mitigados, contudo existe risco em ambientes tóxicos, conforme
exemplo da figura abaixo.

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CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica 63

Como dito anteriormente, a insuflação e a exaustão simultâneas para espaços


confinados com mais de uma abertura são recomendadas.
Recomenda-se que gases e
vapores mais pesados do que o ar sejam
captados pelas aberturas existentes na
parte inferior do espaço confinado,
enquanto o ar de reposição seja
insuflado pelas aberturas existentes na
parte superior do espaço confinado.
Para gases e vapores mais
leves do que o ar, recomenda-se que o
processo de captação e reposição do
ar ocorra de forma inversa.

Para espaços confinados com presença de agentes químicos potencialmente


inflamáveis, os ventiladores, motores, quadros elétricos e fiação devem ser adequados
à classificação da área.

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64 CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica

Recomenda-se posicionar o ventilador para que não haja curvas desnecessárias


no mangote. Curvas acentuadas e aumento do comprimento do duto reduzem a vazão
de forma significativa.
É recomendado que a posição das aberturas de entrada e saída garanta um
adequado direcionamento do fluxo do ar e a ventilação de todo o espaço confinado,
evitando a recirculação do ar e formação de curto-circuito.
A NBR 16577 traz uma série de exemplos positivos e negativos sobre ventilação
que replicamos a seguir.

Sistema de ventilação por exaustão, mostrando o fenômeno do curto-circuito de ar e a correção

Sistema de ventilação por exaustão em espaços confinados, com e sem curto-circuito de ar

Sistema de ventilação por insuflação


demonstrando o curto-circuito de ar pela
recirculação do ar exaurido

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CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica 65

Sistema de ventilação por


insuflação com aberturas
adicionais para evitar o curto-
circuito

Quando o espaço confinado possuir apenas uma abertura, recomenda-se


utilizar duto com diâmetro que não obstrua a saída e permita a rápida saída dos
trabalhadores.
É recomendado que máquinas e equipamentos com motores a combustão
interna sejam afastados das aberturas e dos pontos de captação do ar a ser insuflado
para o interior do espaço confinado.
As recomendações de trocas de ar para ventilação são dadas na Tabela a seguir.

A equação de ventilação em espaços confinados é a seguinte:

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66 CAPÍTULO 8 – Purga e ventilação atmosférica

Q=n×V

Onde:

Q é a vazão, expressa em metros cúbicos por hora (m3/h);


n é o número recomendado de renovações por hora (ren/h);
V é o volume, expresso em metros cúbicos (m3).

Recomendamos que durante operações em Espaços Confinados, por razões de


segurança, sendo necessário o uso de ventilação para estabilizar uma atmosfera
potencialmente perigosa, principalmente para estabilização de atmosferas
potencialmente inflamáveis, utilizar:

• n = 30 quando o contaminante é conhecido;


• n = 60 quando o contaminante é desconhecido ou uma mistura;

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CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas 67

Capítulo 9 – ÁREAS CLASSIFICADAS


Segue abaixo o compendio de informações retiradas das normativas nacionais que
remetem ao tema desse capítulo.

Pela NR-33: “área potencialmente explosiva ou com risco de explosão”;

33.3.2.2 – Em áreas classificadas os equipamentos


devem estar certificados ou possuir
documentação contemplada no âmbito do Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade.

Pela ABNT NBR IEC 60079: “área na qual está


presente uma atmosfera explosiva de gás, ou ainda
é esperada estar presente, em quantidade tais que
requeiram precauções especiais, para construção,
instalação e uso de equipamentos”;

Nesse contexto segue o conceito de zona para gases e vapores

• Zona 0 = Contínua – Local onde a presença da substância é encontrada em todos


os momentos; exemplo interior de tanques.

• Zona 1 = Provável / Primário – Local onde a presença da substância inflamável


pode ocorrer em condições normais de operação do equipamento ou processo.

• Zona 2 = Pouco
Provável/Secundário – Local onde
a presença da substância
inflamável é pouco provável de
ocorrer, estando associada à
operação anormal ou falha do
equipamento ou processo.

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68 CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas

Alguns exemplos de fonte de risco:

• Superfície de líquido inflamável em um tanque de teto fixo, com respiro


permanente para a atmosfera (grau contínuo);
• Superfície de líquido inflamável que esteja aberto para atmosfera, continuamente
ou por longos períodos, como por exemplo: misturadores de água / óleo (grau
contínuo);
• Selos de bombas, compressores ou válvulas, se a liberação do material inflamável
for esperada de ocorrer durante a operação normal (grau primário);
• Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas nas quais é prevista a liberação de
material inflamável para atmosfera durante a operação normal (grau primário);
• Pontos de drenagem de água em vasos que contêm líquidos inflamáveis, que
podem ser liberados para a atmosfera durante a drenagem da água em operação
normal (grau primário);
• Flanges, conexões e acessórios de tubulação, em que a liberação do material
inflamável para a atmosfera não é prevista de acontecer em condições normais de
operação (grau secundário);
• Selos de bombas, compressores ou válvulas em que a liberação do material
inflamável para a atmosfera não é prevista de ocorrer durante a operação normal
(grau secundário);
• Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas em que a liberação de material
inflamável para atmosfera não é prevista de ocorrer em condições normais de
operação (grau secundário);
• Pontos de coleta de amostras, em que a liberação de material inflamável para a
atmosfera não é prevista de ocorrer em condições normais de operação (grau
secundário).

9.1 – METODOLOGIA DE CLASSIFICAÇÃO


O Brasil encontra-se alinhado com a metodologia europeia conforme as
normas da série IEC 60079 adotadas pela ABNT.

Segue abaixo a divisão em dois grupos:

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CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas 69

Grupo I – Mineração Subterrânea Grupo II – Indústrias de Superfícies

GRUPO I: Equipamentos elétricos para minas suscetíveis à presença de grisu. O Grisu é


um gás altamente inflamável encontrado nas minas de carvão, formado pelo metano
produzido pela natureza a partir da decomposição de material orgânico de origem
animal ou vegetal, em ambientes com ausência de oxigênio.

GRUPO II: Equipamentos elétricos para locais com atmosferas explosivas ( instalações
industriais ) e outras que não sejam as minas suscetíveis à presença de grisu.

Quanto aos produtos utilizados, as empresas do Grupo II receberam a


subdivisão:

Grupo IIA; aquelas que operam com produtos que necessitam de energia igual ou
superior a 180 µJ (micro joule) para serem inflamados, tendo como referência o
Propano.

Grupo IIB; aquelas que operam com produtos que necessitam de energia igual ou
superior a 60 µJ (micro joule) para serem inflamados, tendo como referência o Etileno.

Grupo IIC; aquelas que operam com produtos que necessitam de energia igual ou
superior a 20 µJ (micro joule) para serem inflamados, tendo como referência o
Acetileno.

O Grupo II é subdividido em três subgrupos:

SUBGRUPO SUBSTÂNCIA

II A Acetona, álcool, amônia, benzeno, benzol, butano, gasolina,


hexano, metano, nafta, gás natural, propano, acetaldeído,
monóxido de carbono, vapores de vernizes, gases ou vapores de
risco equivalentes.

II B Ciclopropano, éter etílico, sulfeto de hidrogênio, acroleína,


óxido de eteno, butadieno, gases manufaturados contendo mais
de 30% em volume de hidrogênio e óxido de propileno ou gases
e vapores de risco equivalente.

II C Atmosfera contendo hidrogênio, acetileno e dissulfeto de


carbono.

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70 CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas

9.2 –CLASSIFICAÇÃO DE TEMPERATURAS


Essa classificação tem como parâmetro a temperatura máxima de superfície
alcançada pelos equipamentos durante o seu funcionamento. Segundo a ABNT NRB IEC
60079-0 é “ a maior temperatura alcançada em serviço, sob as condições mais adversas
( mas dentro das tolerâncias especificadas ), por qualquer parte ou superfície de um
equipamento elétrico, a qual seria capaz de produzir uma ignição da atmosfera explosiva
circundante”.
Resumindo, é a mais alta temperatura que qualquer parte da superfície de um
equipamento elétrico ou eletrônico (detector de gás, insuflador, luminária, etc.) poderá
atingir quando em uso, sob as mais diversas condições, e que não seja capaz de provocar
a ignição em uma atmosfera inflamável. Por essa razão, é necessário conhecer as
propriedades e comportamento das substâncias inflamáveis quando liberadas interna
ou externamente ao espaço confinado.

CLASSE DE TEMPERATURA MÁXIMA DE TEMPERATURA DE IGNIÇÃO


TEMPERATURA SUPERFÍCIE ( °C) DOS GASES OU VAPORES (°C)

T1 450 >450

T2 300 >300

T3 200 >200

T4 135 >135

T5 100 >100

T6 85 >85

9.3 –TIPOS DE PROTEÇÃO PARA EQUIPAMENTOS

PROTEÇÃO ABREVIAÇÃO UTILIZAÇÃO

À prova de explosão Ex d Detectores, luminárias, insufladores

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CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas 71

Sala de controle, gabinetes de


Pressurizado Ex p
equipamentos

Imerso em óleo Ex o Transformadores ( raramente usados)

Transformadores, capacitores, blocos


Imerso em areia Ex q
terminais para condutores elétricos

Imerso em resina Ex m Sensores e displays

Segurança aumentada Ex e Terminais e caixas de conexão

Não acendível Ex n Lanternas

Segurança intrínseca Ex i Detectores, rádios

ZONA 0 ZONA 1 ZONA 2 BASE TÉCNICA CARACTERÍSTICA

Ex ia Ex ia IEC 60079 -11 Não possui energia capaz de


inflamar em condições normais
Ex ib Ex ib IEC 60079 - 11 ou anormais de operação.

Ex d Ex d IEC 60079 - 1
Probabilidade de produzir
Ex p Ex p IEC 60079 – 2 centelhamento ou alta
temperatura.
Ex ia Ex o Ex o IEC 60079 – 6

Ex q Ex q IEC 60079 – 5
Baixa probabilidade de produzir
Ex e Ex e IEC 60079 – 7 centelhamento ou alta
temperatura, ou não possui
Ex m Ex m IEC 60079 – 18 energia capaz de inflamar em
condições normais de operação.
Ex n IEC 60079 - 15

9.4 –CÓDIGOS IP
O termo em inglês ingress protection (IP) é usualmente utilizado e corresponde
ao grau de proteção.

O código que define o grau de proteção IP é composto por 3 dígitos. O primeiro


se refere às partículas sólidas, o segundo ao meio líquido e o terceiro à resistência ao
impacto mecânico (deixou de ser utilizado). O código pode ser expresso, por exemplo,
das seguintes formas: IP 01, IP 21, IP 42.

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72 CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas

O código IP é o índice de proteção do equipamento contra uma série de


exposições. Também é definido pela ABNT NBR IEC 60079-0 como a classificação
numérica de acordo com a IEC 605529, precedida pelo símbolo IP, aplicada ao invólucro
do equipamento para proporcionar:

• Proteção dos usuários contra o contato ou a aproximação a partes vivas ou


contato com partes móveis do equipamento;
• Proteção do equipamento elétrico contra o ingresso de objetos sólidos
estranhos;
• Onde indicado pela classificação, proteção do equipamento elétrico contra a
penetração prejudicial de água.

PRIMEIRO DÍGITO SEGUNDO DÍGITO

Proteção contra corpos sólidos


IP Proteção contra corpos líquidos

Nenhuma proteção 0 0 Nenhuma proteção

Objetos maiores que 50 mm 1 1 Gotas que caiam verticalmente

Gotas que caiam verticalmente em


Objetos maiores que 12,5 mm 2 2
um ângulo de 15°

Protegido contra água aspergida


Objetos maiores que 2,5 mm 3 3
(borrifo)

Objetos maiores que 1 mm 4 4 Água pulverizada (jorro)

Proteção contra poeira 5 5 Jatos de água

À prova de poeira 6 6 Jatos intensos de água

Imersão temporária em água de até


7
1m por 30 min

8 Imersão contínua em água

Proteção contra a imersão (durante 1


9
m) e resistente à pressão

Protegido contra água proveniente


9k
de jatos de vapor e alta pressão

Pela classificação de áreas poderemos selecionar o melhor equipamento


aplicável às condições encontradas naquela atmosfera monitorada em um espaço

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CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas 73

confinado. Essa é a próxima fase nos critérios de seleção de equipamentos para


trabalhos em locais confinados também identificados como áreas classificadas.
Devemos ter o maior cuidado na seleção correta para que os equipamentos e seus
acessórios não se constituam em fontes de ignição.

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74 CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas

Exemplo de equipamento tendo como base a norma brasileira e os critérios adotados pela IEC:

Agora, com todos esses dados obtidos, podemos, então, classificar a área
adequadamente e, depois de classificá-la, saber que tipo de equipamento elétrico pode ser
usado nela.

9.5 –MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS


Os equipamentos elétricos ou mecânicos para áreas classificadas necessitam estar
sempre em perfeitas condições de operação ao longo de toda a sua vida útil. Nesse
contexto, torna-se uma obrigação a adoção de um Plano de Inspeção e Manutenção com
base na NBR IEC 60079-17 definindo o seguinte:
• Periodicidade das inspeções;
• Programa de inspeções;

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CAPÍTULO 9 – Áreas classificadas 75

• Relação de componentes a serem inspecionados por tipo e modelo de


equipamento;
• Procedimentos para reparos quando constatada uma não conformidade no
funcionamento do equipamento.

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76 CAPÍTULO 10 – Resgate em EC

Capítulo 10 – RESGATE EM ESPAÇO CONFINADO


Apenas quando todas as alternativas e redundâncias falham que as equipes de
intervenção são acionadas para que seja realizado um salvamento/resgate.
Esse capítulo foca em como uma equipe deve se preparar e se comportar caso
seja acionada para uma ocorrência em EC.
Diversas literaturas que abordam as atividades de salvamento dos corpos de
bombeiros dividem as etapas estudadas em fases de salvamento. Essa apostila segue
essa mesma abordagem, já que didaticamente é melhor para estudos, contudo, de
antemão, vale lembrar que uma operação de resgate/salvamento é uma operação única
e conjunta.

As cinco fases de um salvamento em EC são:


1. Preparação;
2. Avaliação;
3. Operações de pré-entrada;
4. Entrada e operação de resgate;
5. Desmobilização.

Essas etapas serão apresentadas individualmente a seguir.

10.1 – PREPARAÇÃO
Considerada por diversos especialistas como uma das fases mais importantes
do salvamento, a preparação engloba todos os passos antes do acontecimento de
qualquer ocorrência.
Os cursos de formação, os de especialização e os programas de capacitação
continuada compõem o sistema de ensino da Corporação e através dele os militares
devem ser treinados nas diversas áreas de atuação do Corpo de Bombeiros e dentre elas
está o resgate em espaço confinado.
Por não ser uma ocorrência rotineira, o treinamento envolvendo atividades em
EC torna-se essencial para o sucesso em atendimentos reais.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 10 – Resgate em EC 77

Essa fase engloba todo tipo de instrução, treinamento, reconhecimento de


locais de risco na região de atendimento da unidade, visitas em grandes empresas,
dentre outros.

O chefe de Guarnição deve sempre estar atento ao perfil e o nível de


especialização de cada um dos seus colaboradores de serviço, pois geralmente
ocorrências em EC são muito complexas. Cabe ao chefe de guarnição sempre treinar o
seu efetivo e conhecer muito bem os materiais que possui para trabalhar.

10.2 – AVALIAÇÃO
Para a guarnição que irá realizar o atendimento, essa fase se inicia quando a
equipe é acionada para a ocorrência. O levantamento das informações prévias no
deslocamento para o local é importantíssimo para o planejamento mental por parte do
grupo de resposta.
Quem estiver à frente da ocorrência deverá coletar o máximo de informações
possíveis.
As solicitações para o atendimento dessas emergências envolvem diversas
causas e circunstâncias, conforme os vários tipos de riscos que podem ser classificados
como, por exemplo, físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos.
Visando dar agilidade e proporcionar maiores chances de sobrevivência para as
possíveis vítimas, o levantamento claro e detalhado sobre os acontecimentos é
essencial. Os dados que deverão ser colhidos são aqueles que irão auxiliar o comandante
da ocorrência a fazer um planejamento tático, solicitar meios adequados e prever riscos

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78 CAPÍTULO 10 – Resgate em EC

adicionais para aquele tipo de ocorrência, dados esses além daqueles que são padrão
de serem colhidos pelo CIODES, como local da ocorrência, identificação do solicitante,
etc.
As funções de cada elemento da equipe devem ser bem estabelecidas pelo
Chefe de Guarnição. Essa divisão de tarefas é importante para a dinâmica de
levantamento de informações. Para atendimentos da natureza de EC a equipe formada
deve possuir minimamente uma estrutura que distribua as principais funções, conforme
evidenciado no cronograma a seguir:

Comandante do
Incidente

Oficial de
Segurança

Equipe de
Equipe de Operadores dos
intervenção Equipe de APH
entrada Sistema
rápida

Observa-se que essa é uma estrutura básica do Sistema de Comando de


Operações (SCO). O mais antigo ao chegar no local deve estabelecer o Posto de
Comando. Dependendo da complexidade do sinistro essa estrutura pode aumentar ou
não.
Efetivo cada vez mais enxuto e equipes multitarefas fazem parte da realidade
de hoje nos corpos de bombeiros, contudo, independente disso, é necessário que pelo
menos as funções primordiais de uma ocorrência em EC sejam ocupadas por algum
responsável, mesmo que ele assuma mais de uma função.
Nesse contexto, apresenta-se abaixo algumas das funções que devem ser
exercidas pelos integrantes da equipe.

CBMES – Manual Técnico de Resgate em Espaço Confinado


CAPÍTULO 10 – Resgate em EC 79

O Comandante de Incidente é o responsável por toda a operação. Ele deve


estar atento a tudo e tentar prever evoluções do cenário. A coleta de informações no
cenário da ocorrência com populares, trabalhadores, vigia, documentos como a PET,
dentre outros (vai variar a cada nova ocorrência), é essencial para o bom andamento da
ocorrência.
Função similar ao vigia da NR-33, o Oficial de Segurança é o responsável pela
segurança em toda operação. O ideal é que um militar esteja destinado apenas para
essa função importante, entretanto, dependendo da quantidade de militares
disponíveis para atender a ocorrência, essa função pode ser acumulada pelo
Comandante de Incidente, que nesse exemplo seria o Chefe de Guarnição.
Os operadores de uma guarnição irão compor a Equipe de Entrada (EE) e a
Equipe de Intervenção Rápida (EIA). A maioria das literaturas indicam que um resgate
em EC deve ser feito com no mínimo dois entrantes, contudo, vale lembrar que isso vai
depender muito do layout do local.
O importante a ser considerado é que o número de militares entrantes vai
determinar o mínimo de integrantes que vão compor a equipe de intervenção rápida.
Tal equipe já deve ser previamente identificada e deve possuir no mínimo os mesmos
equipamentos de proteção que a equipe de entrada possui. Acontecendo qualquer
problema com a EE, a EIA deve estar pronta para atuar, visando ajudar no que for
necessário.
Os Operadores de Sistemas são aqueles que vão manipular os equipamentos
de resgate por cordas, sendo também responsáveis pela montagem e desmobilização.
A Equipe de APH é a que recebe a vítima após a saída do EC e realiza os
primeiros cuidados médicos mais detalhados. Vale lembrar que em um ambiente
altamente perigoso como um EC, a retirada rápida é a prioridade, ou seja, os entrantes
só irão executar alguma manobra de APH mais elaborada caso o ambiente atmosférico,
as condições do espaço e a estabilidade da vítima permitam.
É importante ratificar que dependendo do tamanho da guarnição os militares
deverão executar mais de uma função na operação.

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80 CAPÍTULO 10 – Resgate em EC

Após a análise dos recursos à disposição, inclusive os da própria empresa, por


exemplo, a fase de avaliação fica completa quando os militares executam uma avaliação
interna criteriosa do EC.

Lembrando que as avaliações iniciais deverão ser realizadas fora do espaço


confinado, através de sonda ou mangueira inserida no seu interior. Caso a guarnição
tenha apenas o detector multigás sem bomba, a prática de amarrar o equipamento e
descer (em espaços confinados verticais) pode ser uma técnica a ser utilizada como meio
de fortuna, tomando o cuidado de verificar onde o equipamento está descendo. Nesse
caso, em qualquer acionamento do alarme, podemos ter uma noção do pior cenário
encontrado na leitura através da tela de exibição de valores de pico do equipamento.
Em face às diferentes densidades dos gases e vapores, deve-se efetuar
avaliações da atmosfera pelo menos em três níveis, no topo, meio e fundo dos espaços
confinados com acessos verticais. Informações sobre os riscos atmosféricos, como
densidade e limiar de odor, são igualmente importantes para uma adequada estratégia
de avaliação. Se a ocorrência for em um espaço confinado horizontal, o operador deverá
garantir que o monitoramento também seja realizado em todas as partes do ambiente
durante a progressão.
Nos espaços confinados com aberturas laterais, deve-se utilizar uma vara de
extensão para a sonda ou mangueira que alcance áreas distantes. Em locais encharcados
é recomendável a colocação de uma boia na sonda ou mangueira para evitar a sucção
de água para o interior do equipamento.

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CAPÍTULO 10 – Resgate em EC 81

10.3 – OPERAÇÕES DE PRÉ-ENTRADA


Checar a segurança em todo o local, controlar e mitigar todos os riscos, revisar
os sistemas montados e repassar as ações em grupo são etapas a serem cumpridas antes
da entrada pelos socorristas.
Todos os passos estudados no capítulo CONTROLE DOS RISCOS NO ESPAÇO
CONFINADO devem ser realizados.
Isso quer dizer que as áreas de controle (zonas quente, morna e fria) devem ser
estabelecidas e mantidas. Ainda mais, para controlar os riscos, a guarnição deve verificar
e sempre realizar, quando possível, o travamento, bloqueio, etiquetagem e ventilação.
Lembrando que o monitoramento ambiental deve ser constante.
É nessa fase que a equipe deixa pronto os sistemas de resgate com cordas (se
for necessário usar), já pensando em deixar pronto o sistema de recuperação, caso
aconteça uma emergência.
A escolha do suprimento de ar é importantíssimo nesse momento. Caso a
equipe utilize EPR autônomo é importante prever o tempo de operação com base na
maior taxa de consumo entre os entrantes na operação de resgate.
Por exemplo, se em um operação ficou definido que dois bombeiros vão entrar
no EC e é sabido que um tem taxa de consumo de 48l/min e o outro tem 50l/min, a
operação será calculado com base no último valor. Suponha que os dois usaram cilindros
de 6,8l cada um com 300bar. Nesse caso o cálculo da autonomia, conforme visto no
capítulo de Proteção Respiratório, será:
• 1º Passo: Volume total de ar: V. do cilindro pela pressão.
– Ex: 6,8lts x 250bar = 1700lts. (50 bar de incontingências e saída)
• 2º Passo: Divisão pelo consumo.
– Ex: 1700lts : 50lts/min = 34 min.
Então, o tempo da finalização da operação será de 34 min.

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82 CAPÍTULO 10 – Resgate em EC

Por fim a guarnição realiza um briefing de pré-entrada deixando claras as


missões de cada um, riscos e sinais de exposição, plano e sinais para evacuação e tempo
limite predeterminado da operação. É nessa reunião que são passados todos os itens e
planos para o andamento da operação de resgate.

10.4 – ENTRADA E OPERAÇÃO DE RESGATE


Quando o Chefe de Guarnição autoriza a entrada se inicia essa fase. Vale
enfatizar que no momento que o socorrista(s) entra no EC as outras fases não são
abandonadas, pelo contrário, a atenção deve ser redobrada.
O objetivo nesse momento é sempre a
vítima. Em uma ocorrência real todas as fases do
salvamento são executadas com agilidade, portanto
a análise de risco deve ser realizada com muita
atenção e se for em um ambiente industrial verificar
os tipos de equipamentos que podem auxiliar na
operação. Constatado que se trata de uma recuperação e não de um resgate, os passos
podem ser muito mais lentos.
Ao entrar em um EC a boca de visita pode ser
muito estreita, dificultando a entrada e em uma busca o
layout do local pode ser complexo e o deslocamento pode
ser lento, por isso a importância da escolha correta de um
EPR e o controle do suprimento de ar (esse último
principalmente para as guarnições que só trabalhem com
EPR autônomo) são essenciais.

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CAPÍTULO 10 – Resgate em EC 83

Se a guarnição estiver trabalhando apenas


com EPR autônomo e for necessário por algum
motivo realizar a retirada do EPR das costas,
conforme foto ao lado, muito cuidado! Esse
equipamento não é projetado para ser utilizado
dessa maneira e essa técnica só é para ser utilizada
em último caso, principalmente para autorresgate
e, se tiver que fazer uso dela, o EPR deve
obrigatoriamente estar ancorado em algum lugar no equipamento do corpo do
resgatista. Existem relatos de mortes de bombeiros que ao executarem essa técnica o
EPR caiu em um buraco e o resgatista veio a óbito após respirar gás tóxico.
Ao entrar em um EC é obrigatório utilização de um cabo guia para cada
resgatista, que em hipótese alguma pode ser retirado, assim como deve ser levado um
cabo guia para a vítima.
Ao chegar no objetivo deve-se avaliar se a vítima será retirada pelos entrantes
que encontraram, pois isso depende muito do suprimento de ar, dos atendimentos que
deverão ser feitos, amarração na maca, dentre outros.
Essa fase termina com a extricação da vítima e recuperação da equipe.

10.5 – DESMOBILIZAÇÃO
Última fase do resgate, a desmobilização engloba recolher todo equipamento
fazendo a conferência, isolar o espaço confinado, reabilitar a equipe de serviço e fazer
o debriefing ao final de tudo.

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84 CAPÍTULO 10 – Resgate em EC

Além de ter certeza que mais ninguém está no EC a guarnição deve garantir que
mais ninguém adentre aquele local, por isso é primordial isolar a área de alguma
maneira (com cavaletes e sinalização no caso de empresas, fita zebrada, etc.).
A reunião final (debriefing) é muito enriquecedora e deve ser obrigatória não
só em ocorrências em EC, elencando os pontos positivos e os que podem ser melhorados
em outra oportunidade.

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BIBLIOGRAFIA 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• AGUIAR, E. J. S., Resgate Vertical. 1 Ed., Associação da Vila Militar, Curitiba, 2013.
• ARAÚJO, Giovanni Moraes. Segurança na Armazenagem, Manuseio e Transporte de
Produtos Perigosos – Gerenciamento de Emergência Química, Vol 1, 2ª Edição, 2005.
Cap 2, Unidade 3 – Trabalhos em Espaços Confinados, 26 pág.
• CHAGAS, S.L. Resgate em Espaços Confinados. 1 Ed., Fontenele Produções, São
Paulo, 2018.
• DELGADO, D. Rescate en espacios confinados. 2. ed. Madrid: Desnível, 2006.
• DELGADO, D. Rescate urbano en altura. 4. ed. Madrid: Desnível, 2009.
• FRANK J et al. Confined Space Entry and Rescue, rev. 2 ed., CMC Rescue, 2012.
• PAHO, BVSDE. Associação Pan-Americana da Saúde: Área de Desenvolvimento
Sustentável e Saúde Ambiental. Curso de Autoaprendizagem: Prevenção,
Preparação e Resposta à Emergências e Desastres Químicos. Cap 3 – Resposta,
Unidade 2 – Equipamentos Portáteis de Detecção, 38 pág.
• ROOP, M.; VINES, T.; WRIGHT, R. Confined space and structural rope rescue.
Missouri: Mosby, 1997. 384 p.
• SARGENT, C. Confined Space Rescue. 1 Ed. Fire Engineering, 2000.
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▪ ABNT NBR 14.606 de outubro de 2000: Postos de serviços – entrada de espaços


confinados;
▪ ABNT NBR 16.577 de março de 2017: Espaço confinado – prevenção de acidentes,
procedimentos e medidas de proteção;
▪ ABNT NBR 16.710-1 de julho de 2020: Resgate técnico industrial em altura e/ou em
espaço confinado. Parte 1: Diretrizes para qualificação do profissional;
▪ ABNT NBR 16.710-2 de julho de 2020: Resgate técnico industrial em altura e/ou em
espaço confinado. Parte 2: Diretrizes para provedores de treinamento e instrutores
para a qualificação do profissional;
▪ Apostila de Maneabilidade de Incêndio Urbano – CBMES;
▪ Guia Técnico NR33 – Ministério do Trabalho e Emprego – FUNDACENTRO;

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86 BIBLIOGRAFIA

▪ Normas Regulamentadoras 7, 9, 18, 29, 33 e 35 do Ministério do Trabalho;


▪ Manual de Emergência Primeiros Socorros do Corpo de Bombeiros – SC Manual de
Atendimento Pré Hospitalar do CBMES;
▪ Manual de Equipamentos Utilizados em Resgate e Trabalhos em Espaços
Confinados – Petzl;
▪ Manual de Equipamentos Utilizados em Resgate e Trabalhos em Espaços
Confinados – Task;
▪ Manual de Instrução Técnico Profissional de Salvamento do CBMDF American Heart
Association – Guidelines CPR and ECC 2010;
▪ Manual de Salvamento em Alturas do CBMES;
▪ Medidas de Proteção – ABNT;
▪ Normas de Trabalho em Espaços Confinados Petrobrás, Vale e Fíbria;
▪ Occupational Safety and Healthy Administration - OSHA – Trabalhos em Espaço
Confinado;
▪ Programa de Proteção Respiratória – 3M do Brasil;
▪ Situações de Emergência – CETESB.

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