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All content following this page was uploaded by Elsa Pacheco on 25 May 2021.
Elsa Pacheco
(CITCEM, UPorto) elsap@letras.up.pt
Glória Solé
(CITCEM, UMinho), gsole@ie.uminho.pt
1. Introdução
A transposição geracional, imposta pelo encurtamento das on-
das de inovação do desenvolvimento técnico, social e económi-
co, tem resultado no aumento das diferenças nas sucessivas rutu-
ras comunicacionais e comportamentais e, portanto, também de
socialização e educação.
Se esta constatação é natural no curso do desenvolvimento
da humanidade, quando nos centramos em temas de ensino-
aprendizagem, tudo se torna mais complexo, tanto mais se pen-
1. Este trabalho, –é financiado pelo CIEd– Centro de Investigação em Educação,
Instituto de Educação, Universidade do Minho, projetos UIDB/01661/2020 e
UIDP/01661/2020, através de fundos nacionais da FCT/MCTES-PT.
«This research was funded by the Spanish Ministry for Science, Innovation and
Universities. Secretary of State for Universities, Research, Development and Innovation,
grant number PGC2018-094491-B-C33, and Seneca Foundation. Regional Agency for
Science and Technology, grant number 20874/PI/18».
– enquadra-se na investigação do Proyecto (PGC2018-094491-B-C33) financiado
por el Ministerio de Educación e Innovación. Gobierno de España. Dirigido por Pedro
Miralles Martínez y Cosme Jesús Gómez Carrasco. Proyecto 20874/PI/18 financiado
por la Fundación Séneca. Agencia de Ciencia y Tecnología de la Región de Murcia. Diri-
gido por Pedro Miralles Martínez (Universidad de Murcia).
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sarmos que a efetivação desses processos de educação que decor-
rem nas nossas escolas, exigem a formação de professores que,
tendo sido educados à luz dos princípios e saberes de outras ge-
rações, deverão ser capazes de intervir na educação de jovens
cujos códigos de vida, coadjuvados por recursos tecnológicos
com apelo a comportamentos impostos pela globalização, são
substancialmente diferentes.
Assim, as autoras, com responsabilidade na formação inicial
de professores de Geografia (na Universidade do Porto) e Histó-
ria (na Universidade do Minho), propõem aqui uma reflexão em
torno do contributo da formação de professores para a promo-
ção de competências geográficas e históricas da geração Alpha
(nascidos depois de 2010) –correspondendo aos níveis de esco-
laridade do ensino básico que se sucederão ao presente ano –,
reflexão esta que terá como pano de fundo as mudanças ocorri-
das no contexto escolar pós-Bolonha.
O ponto de partida será uma breve caracterização dos traços
que caracterizam a geração Alpha e em que medida as diferenças
se transformam em exigências para a formação de professores de
Geografia e História face aos principais acontecimentos que têm
marcado as leituras geográficas e históricas.
A avaliação cruzada entre as orientações sobre competências
geográficas e históricas exaradas em documentos internacionais
e as consequentes orientações nacionais com tradução, quer na
formação inicial de professores de Geografia e Histórica nas uni-
versidades, quer nos documentos oficiais que orientam o proces-
so de ensino-aprendizagem destas áreas do saber no ensino bási-
co em Portugal.
Daqui, assumimos que a investigação-ação produzida no âm-
bito da formação inicial de professores constitui uma boa base
de observação dos problemas identificados e, portanto, uma for-
ma de avaliar o sentido de convergência ou divergência face às
orientações inter/nacionais e, mais do que isso, uma forma de
avaliar se estão em linha, ou não, com as características da gera-
ção Alpha.
É este o desafio que aqui propomos: decorridas mais de duas
décadas sobre os desafios de Delors e mais de uma sobre as alte-
rações introduzidas com as reformas de Bolonha no sistema de
ensino português, questionamo-nos agora sobre adequação da
formação de professores aos desígnios exarados no Perfil do Alu-
Sensibili-dade estética
estas áreas de competências
Raciocínio e resolução
Pensa-mento crítico e
pensa-mento criativo
técnico e tecnológico
Lingua-gens e textos
pessoal e autonomia
(expressa através das Bem-estar, saúde e
Relaciona-mento
Desenvolvimento
competências transversais
Saber científico,
e comunicação
interpessoal
Sensibili-dade estética
estas áreas de competências
Raciocínio e resolução
Pensa-mento crítico e
pensa-mento criativo
técnico e tecnológico
Lingua-gens e textos
pessoal e autonomia
(expressa através das
Bem-estar, saúde e
Relaciona-mento
Desenvolvimento
competências transversais
Saber científico,
e comunicação
enunciadas no documento das
de problemas
Informa-ção
interpessoal
Aprendizagens Essenciais em
e artística
ambiente
Geografia ao longo dos 12
anos de escolaridade)
Sensibili-dade estética
estas áreas de competências
Raciocínio e resolução
Pensa-mento crítico e
pensa-mento criativo
técnico e tecnológico
Lingua-gens e textos
pessoal e autonomia
(expressa através das
Bem-estar, saúde e
Relaciona-mento
Desenvolvimento
competências transversais
Saber científico,
e comunicação
enunciadas no documento das
de problemas
Informa-ção
interpessoal
Aprendizagens Essenciais em
e artística
ambiente
Geografia ao longo dos 12
anos de escolaridade)
Total 6 6 11 8 7 7 6 6 10
% 9 9 16 12 10 10 9 9 15
Informa-ção e comuni-
Sensibili-dade estética
Raciocínio e resolução
Pensa-mento crítico e
pessoal e autono-mia
pensa-mento criativo
Lingua-gens e textos
(expressa através das
Bem-estar, saúde e
competências específicas e
Relacio-namento
Desenvolvimento
transversais enunciadas no
e tecnológico
de problemas
interpessoal
documento das
e artística
ambiente
Aprendizagens Essenciais em
cação
História ao longo dos 12
anos de escolaridade)
Localizar em representações 3 1 2
cartográficas, de diversos ti-
pos, locais e eventos históri-
cos; (A; B; C; I)
Compreender a necessidade 5 4 2 7 6
das fontes históricas para a
produção do conhecimento
histórico; (A; B; C; D; F; I)
Reconhecer a importância 3 7
dos valores de cidadania para
a formação de uma consciên-
cia cívica e de uma inter-
venção responsável na socie-
dade democrática; (A; B; C; D;
E; F; G; I)
Total 16 13 12 56 3 2 2 10 5
% 13 11 10 47 3 2 2 8 4
% Nº %
Linguagens e textos 9 6 6
Informação e comunicação 9 14 14
Relacionamento interpessoal 10 9 9
% Nº %
Linguagens e textos 13 13 21
Informação e comunicação 11 12 20
Relacionamento interpessoal 3 5 8
4. Considerações finais
O ensaio aqui levado a cabo, permite extrapolar algumas conclu-
sões sobre a convergência, ou não, da investigação-ação realizada
nos relatórios de estágio de Geografia e História com as Áreas de
Competências definidas para cada área disciplinar. Do mesmo
modo, é possível aferir, também, sobre a necessidade de corrigir a
aposta em alguns domínios definidos como essenciais para as
novas gerações –os Alpha! De facto, mesmo não tendo decorrido
tempo suficiente para consolidar uma leitura clara sobre as carac-
terísticas dos jovens nascidos a partir de 2010, os professores, no-
meadamente os que se encontram em início de formação, pos-
suem já uma boa base de trabalho - é sabido que o PASEO está
em linha com os traços de comportamento desta geração Alpha
e, consequentemente, nas AE definem-se competências que se es-
pera sejam alimentadas durante o ensino básico e secundário.
É claro que não podemos ignorar o curto período de observa-
ção dos relatórios, os quais se reportam aos últimos cinco anos.
No entanto, a formação dos futuros professores deve incorporar
os novos temas e conceitos que vão ao encontro das novas gera-
ções de alunos.
Tudo indica que é necessário apostar na investigação que ver-
se domínios ligados a questões de sustentabilidade ambiental
enquanto suporte para a qualidade da vida humana, bem como
em espaços didático-pedagógicos convergentes com o comporta-
mento da geração Alpha, isto é, num mundo altamente mediado
pela tecnologia qual a banalização no acesso à informação é in-
questionável, urge apostar no desenvolvimento da sensibilidade
dos nossos jovens para o equilíbrio, para a filtragem de tudo
5. Referências bibliográficas
Barca, I. (2001). Educação Histórica: uma nova área de Investigação.
Revista da Faculdade de Letras- História, III série, 2, 13-21.
Bauman, Z. (1999). Modernidade liquida. Zahar, São Paulo.
Castells, M. (1996). The Rise of the Network Society: The Information
Age. Economy, Society, and Culture. Volume I. Oxford: Blackwell Pu-
blishers.