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N2 - Meu Roteiro

Nestes tempos pós pandêmicos, educar é também cuidar?


Sujeitos globais, TICs e readequação de práticas de aprendizagem

INTRODUÇÃO:

Levando-se em consideração os inúmeros desafios trazidos pela pandemia


do coronavírus no campo da educação, fica evidente a necessidade de adaptação e
reestruturação de métodos e práticas pedagógicas para o atendimento às novas
demandas. Neste âmbito, a área do Ensino Bilíngue enfrentou, e enfrenta, seus
próprios desafios na consecução de seus objetivos na formação de pessoas
capazes de compreender e alterar seu lugar em um mundo interconectado tanto
pela língua quanto por meios tecnológicos.
Nossa preocupação, portanto, nasce da constatação da urgência de
reestruturação e readequação de métodos e práticas de aprendizagens que
atendam às novas demandas. No caso da pandemia, para um olhar do cuidado para
consigo e com o outro, mas indo além, para um contexto pós-pandêmico, refletir
sobre as demandas das novas gerações que estabelecem relações diferenciadas
com o conhecimento e com a tecnologia.
Aqui se conjugam duas facetas da formação do próprio pesquisador, por um
lado a formação historiadora, e os interesse pelas teorias do currículo (SILVA,1999)
e seu desenvolvimento histórico (JULIA,2001) como campo de estudos e pesquisa,
levam a pensar a constituição histórica das práticas de seleção e transmissão de
conhecimentos específicos no ambiente escolar como produto ideológico de uma
determinada forma de pensar o papel social da escola. Por outro lado, a formação
em Linguística, a especialização em Ensino Bilíngue e a experiência como professor
de inglês por mais de 10 anos, evocam a necessidade de sair do campo teórico, e
problematizar os procedimentos e técnicas utilizadas no dia-a-dia da sala de aula, e
como estes por muitas vezes, não passam de repetições por reproduções
mecânicas de um modo de fazer aprendido ao longo da formação do professor
ainda enquanto estudante, e que por óbvio, não mais atendem às demandas
contemporâneas.
DESENVOLVIMENTO:

O intuito do trabalho desenvolvido foi o de refletir sobre a adaptação das


estruturas do modelo educacional vigente em relação às novas demandas da
pós-pandemia e propor ao menos um mecanismo, de avaliação e acompanhamento
individualizado, para a mitigação do problema do aprofundamento das
desigualdades de aprendizagem causados pelo isolamento social durante a
pandemia.
Partimos da apresentação da ferramenta de inovação do Design Thinking,
como apresentadas por diversos autores (BUCHMAN,1992), (CAVALCANTI e
FILTRO, 2017) e (PINHEIRO e ALT, 2011). Em seguida, apresentamos as
definições e objetivos das Escolas Bilíngues no Brasil, por meio de legislações
norteadoras e principais abordagens metodológicas (ALMEIDA e BARROS 2018), o
que nos levou, inevitavelmente, a pensar o papel da instituição escolar e da
docência em relação ao produto que pretende retornar à família e a sociedade da
qual faz parte (CERQUEIRA,2016), (CANIVEZ,1991) e (DELORS,1998).
Focalizando, em seguida, no papel do professor e na relação que se estabelece
entre estes e seus alunos na promoção de condições significativas de
aprendizagem (FREIRE, 2019) e (CURY, 2016), e que dependerá de sua
capacidades de
“avaliar o contexto de ensino-aprendizagem no qual seus alunos estão inseridos,
levando em consideração fatores socioculturais, o direcionamento e objetivos de
aprendizagem, dentro do trinômio particularidade, praticidade e possibilidade
(THORNBURY, 2005). Desta forma, ele será capaz de, a partir de seus
conhecimentos das diversas metodologias possíveis, selecionar aquelas que
forem mais adequadas.”

Por fim, discutimos as diferenças geracionais (PRENSKY, 2001) daqueles


que nasceram antes da onipresença dos meios de comunicação digitais e daqueles
que nasceram imersos nas novas tecnologias, e que por isso possuem uma cultura
diferente em relação ao conhecimento. Mas, ainda assim, é imprescindível uma
orientação especializada, ou seja, a de professores treinados e atualizados, para
auxiliar na transformação dessa habilidade na produção de um conhecimento
verdadeiramente significativo (LUCKESI, 2005) (MASETTO, 2000).
Assim, elaboramos nossa reflexão baseada na bibliografia especializada na
área pedagógica dos últimos 30 anos, além da nossa própria experiência pessoal
em sala de aula, tanto anterior quanto pós-pandemia, em áreas tão diversas quanto
correlatas: história, ensino de língua estrangeira e práticas e produção textual em
língua portuguesa, que nos permite perceber a necessidade de adaptação de
métodos e práticas para diferentes situações de ensino e aprendizagem, ainda que
embasadas pelo mesmo aporte teórico-metodológico, levando em consideração o
conhecimento a ser transmitido, a composição do alunado, as relações
estabelecidas entre escola e a sua comunidade em um determinado espaço
geográfico e contexto histórico.

CONCLUSÃO:

Este trabalho nos permitiu mobilizar e sistematizar os conhecimentos


adquiridos durante o curso de especialização em Ensino Bilíngue, como a
organização do trabalho pedagógico, o papel social da escola frente aos desafios
contemporâneos, a formação professoral e o domínio de teorias, abordagens,
métodos, técnicas e práticas de ensino a serviço da aquisição de linguagem, bem
como mobilizar os conhecimentos adquirido em cursos anteriores considerando todo
o campo de atuação pedagógico como um sistema orgânico que requer constantes
atualizações e inovações para que não se torne obsoleto frente às novas
demandas.
Com o crescimento do número de escolas bilíngues no país, e a demanda
por este modelo de ensino, a área do Ensino Bilíngue tende a se expandir e exigir
profissionais que tenham uma visão holística de todo o processo educacional, dado
que trabalhamos sempre em um limiar interdisciplinar entre componentes
curriculares específicos, como História, Geografia, Fìsica e Química, e a Aquisição
de Linguagem, tendo ainda em vista a formação global (biopsicossocial) dos
indivíduos.
Neste sentido, os conhecimentos adquiridos no decorrer deste trabalho e
suas propostas de intervenção sobre a realidade pós-pandêmica podem ser um
catalisador para pensar outras circunstâncias. Mencionamos a existência de uma
nova geração de “nativos-digitais” que se relacionam de maneira ímpar com a
tecnologia, podemos (e devemos) pensar nos impactos cognitivos da tecnologia na
aprendizagem, já que por meio dela se estabelecem novos paradigmas de
quantidade e velocidade de informação que nossos alunos estão acostumados, mas
que o modelo escolar vigente ainda não comporta. É evidente que as tecnologias
engendram mudanças na forma como lidamos com as informações e por
consequência nos próprios processos cognitivos das novas gerações, estas por sua
vez irão demandar novas formas de ensinar, novos materiais, novos métodos e
novas práticas (GEE, 2003). Assim, o campo de pesquisa dos estudos de
“Neurociência aplicada à Educação” pode contribuir para o avanço da nossa
compreensão dos fatores psicológicos que afetam a aquisição de aprendizagem.
Referências:

N2 - Meu Roteiro:
GEE, J. P. What video games have to teach us about learning and
literacy. New York: Palgrave/Macmillan, 2003.
JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista
Brasileira de História da Educação, Campinas, n. 1, p. 9-43, 2001.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às
teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

N1 - Projeto de Experiência:
ALMEIDA, G. G. de; BARROS, L. da S. Novas estratégias de ensino da
língua inglesa para um aprendizado significativo de crianças e adolescentes.
Cadernos de Educação , v. 17, n. 34, p. 23- 40. jan./jun. 2018.
BUCHANAN, R. Wicked problems in design thinking. Design Issues , v. 8,
n. 2, p. 5- 21, 1992.
CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão? Campinas:Papirus, 1991.
CAVALCANTI, C. C.; FILATRO, A. Design thinking na educação
presencial, a distância e corporativa . São Paulo: Saraiva, 2017.
CERQUEIRA, D. R. C. Redução da idade de imputabilidade penal,
educação e criminalidade. Rio de Janeiro: Ipea, 2016.
CURY, A. Aspectos sociais e formação do sujeito. [S. I]: Aplica, 2016.
DELORS, J. et al. Educação: Um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 67 ed – RJ-SP: Paz e Terra, 2019.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 16. Ed. São Paulo:
Cortez, 2005.
MASETTO, M. T. As Competências pedagógicas do professor
universitário. São Paulo: Summus, 2000.
PINHEIRO, Tennyson; ALT, Luís. Design Thinking Brasil: empatia,
colaboração e experimentação para pessoas, negócios e sociedade. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2011.
PRENSKY, M. Digital Natives, Digital Immigrants, Part 1. On The Horizon,
9, 3-6. 2001.
THORNBURY, S. How to teach speaking . Essex: Pearson Education
Limited, 2005.

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