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Ana Caroline Silva Rodrigues

Teoria Geral do Direito – Primeiro Período – Curso de Direito

Reflexões sobre o filme “A Onda”

Na autocracia, existe um indivíduo ou um grupo que é seguido como liderança, porém pode ser
considerado um ídolo para a população. Um ídolo é uma pessoa ou coisa que é objeto de
veneração, intensamente admirada; há uma obediência cega em relação a ele, até mesmo em
relação às consequências dos atos dedicados a ele. É uma questão de dedicação total.

A idolatria – amor excessivo, admiração exagerada – é tão forte nesse modelo de governo
que muda as atitudes do grupo. Como mostrado no filme, os alunos sofreram uma transformação
social intensa, que foi vista como positiva por eles, porque se orgulhavam de pertencer àquele
grupo, se sentiam honrados e, por isso, acabaram excluindo externos de seus círculos sociais.
Por estarem naquele estado de submissão, disciplinados mansamente por meio de discursos
eloquentes, sequer notaram que estavam sendo injustos e agressivos demais ao seguir aquela
ideologia.

Uma ideologia é um sistema de ideias sustentadas por um grupo social, as quais refletem,
racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais. A ideologia da
autocracia se baseia em disciplina, que entra em conflito direto contra a liberdade dos indivíduos
quando imposta por um líder autocrata. As pessoas que se uniram sob aquela ideologia rigorosa
buscaram protegê-la a todo custo, atacando e contra-atacando grupos que tinham ideias
diferentes, principalmente os que criticavam seus comportamentos.

“Nem tudo na Onda é ruim”, foi o que um aluno disse depois de notar os erros que
cometeram e a magnitude daquilo tudo. Sim, a sala de aula se uniu sob uma única causa, criando
igualdade entre aqueles indivíduos, até mesmo os que costumavam ser excluídos e alvos de
zombaria por parte de seus colegas. Mas não havia uma forma de apaziguar tudo aquilo, pois o
extremismo das ideias já estava enraizado naquela turma – tanto que um dos alunos foi longe
demais e chegou a ameaçar e matar outras pessoas, além de ter cometido suicídio no final. A
ideologia se espalhou e se aprofundou, como uma erva daninha.

Outra coisa que se pode notar é que aquela metodologia foi tão precipitada que levou
oprimidos a se tornarem opressores, como no caso do aluno citado anteriormente. A
oportunidade de uma maior aceitação e grandiosidade social subiu à cabeça, então os jovens, até
mesmo os que não faziam parte da turma do professor Rainer, passaram a entrar na Onda e a
fazer propaganda do grupo com todo o prazer. Os “fracos” se uniram aos “fortes” e se ajudaram
para criar um grupo que supostamente seria o melhor, o revolucionário, o visionário. Os traidores
e inimigos seriam arrastados pela Onda, punidos de alguma forma, por discordarem do grupo, e
isso foi normalizado, mesmo sendo antiético – tudo pelo status social, pela reputação, de modo a
ignorar até mesmo as leis para atingir esse objetivo.

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