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Ativ 01 Educa Inclusiva Segundo Semestre
Ativ 01 Educa Inclusiva Segundo Semestre
INICIAR
Introdução
Você já pensou em como as pessoas com deficiência eram atendidas antigamente?
Será que existia algum sistema de ensino para elas?
Com o passar do tempo, as concepções e mudanças sofridas pela Educação
Inclusiva passou a favorecer e melhor atender indivíduos com algum tipo de
deficiência. Desde ambientes separados exclusivos para essas pessoas até a
conquista de um espaço separado dentro da escola regular para o atendimento e
trabalho específico. Mais tarde, chagou-se à tentativa da inclusão escolar, em que se
busca oferecer o direito pela educação e por uma aprendizagem adequada. Aliás,
você já se perguntou como surgiu o termo “educação inclusiva”? Será que os alunos
com deficiência sempre estudaram na rede regular de ensino? Qual é a diferença
entre Educação Especial e Educação Inclusiva?
Essas e outras questões serão respondidas a partir de agora, em que veremos
indicações de legislações que contribuíram para a consolidação da Educação
Inclusiva e para o avanço da Educação Especial. Além disso, iremos discutir sobre os
conceitos de inclusão comparando com a segregação e a exclusão, reforçando a
importância dos avanços trazidos para os alunos com deficiência.
O tipo de atendimento oferecido e o local que esses alunos frequentavam mudou
bastante ao longo do tempo, assim como as práticas pedagógicas e de intervenção.
Compreender essas mudanças irá auxiliar na percepção da situação da Educação
Inclusiva e do atendimento especializado. Afinal, é importante termos em mente
que tudo isso é recente, visto que os avanços ainda continuam e que conhecer o
passado ajudará a compreendermos todo o processo e o tipo de educação que as
pessoas com deficiência já tiveram. Com isso, também é possível identificar que
temos muito a avançar para atender a todos de maneira adequada. Você, inclusive,
faz parte desse processo, pois a garantia da Educação Inclusiva depende da união e
do envolvimento de todos.
Vamos aos estudos!
#PraCegoVer: Imagem, com fundo branco, apresenta as oito letras que formam a
palavra INCLUSÃO, destacada em vermelho, em letras maiúsculas e seguradas por
nove mãos caucasianas levantadas. A palavra destacada passa a impressão de ter
uma linha vermelha para destacar a palavras.
VOCÊ O CONHECE?
Louis Braille é o criador do código em braile. Ele nasceu em 4 de janeiro de 1809, na França. Aos três anos
de idade, enquanto brincava, feriu-se nos olhos e acabou perdendo a visão. Apesar da cegueira, ele
frequentou uma escola regular e apresentava facilidade na aprendizagem. Em 1821, quando tinha 12
anos, foi apresentado a um sistema de comunicação chamado Sonografia. Louis, então, esforçou-se para
aprender e aperfeiçoar esse sistema, de maneira a permitir que outras pessoas cegas pudessem utilizá-lo.
Daí nasceu o braile. Para fazer a escrita em braile, é necessária uma máquina ou reglete, que é
acompanhada por uma punção, usado por pessoas cegas em uma prancha com uma régua, a qual
contém as celas do alfabeto.
A Educação Inclusiva trouxe, então, uma nova visão para a deficiência, valorizando a
diversidade, considerando que é justamente nesta que podemos ampliar a visão de
mundo e desenvolver atitudes de respeito. Além disso, oportuniza-se a convivência
e a igualdade entre todos, valorizando as competências, as capacidades e as
potencialidades do aluno.
As políticas da escola, bem como as práticas educativas, devem ser desenvolvidas
para enfatizar o valor de cada estudante. Nesse sentido, Mazzotta (2005) reforça que
há situações escolares que podem exigir intervenções mais específicas e diretas,
para tanto, é necessário que a escola esteja preparada para atuar com respeito e de
maneira adequada. O autor ainda nos explica que o respeito não está relacionado a
oferecer a mesma oportunidade de ensino para todos, mas oferecer a cada um as
condições necessárias para que se desenvolvam e aprendam dentro do ambiente
escolar. Dessa forma, é preciso ter uma escola que se adequa as necessidades do
aluno, e não o aluno as necessidades da escola.
1.2 O contexto da Educação Especial e
os movimentos de integração,
normatização e inclusão
Ao longo dos anos, a sociedade apresentou diferentes comportamentos em relação
as pessoas com deficiência, desde a condenação à morte, exclusão e abandono até a
internação em hospícios e manicômios, a criação de escolas especiais e salas
exclusivas. De acordo com Rodrigues (2006), as diferenças existem não somente
entre os alunos, mas também entre os professores e a equipe gestora, pois é uma
característica humana, e não um atributo específico de algumas pessoas. A ideia da
diferença, então, ganhou força e fundamentação teórica com o advento de práticas
e estratégias de ensino.
Nesse contexto, temos que lembrar que nem sempre a inclusão e a valorização da
diferença estiveram presentes em nossa sociedade, visto que o termo “inclusão
escolar” é recente e ainda está em implantação. Dessa maneira, saber que, em
alguns períodos da história, conceitos como “integração” e “segregação” estiveram
presentes, mesmo que de forma sutil, contribui para se contextualizar a prática atual
de inclusão escolar.
Na sequência, vamos entender melhor sobre os dois termos.
1.2.1 Segregação
Na história da Educação Especial, é possível identificar que, até a segunda metade
do século XX, pessoas com algum tipo de alteração ou deficiência eram colocadas
em instituições especiais, ficando segregadas da sociedade e de ambientes
educacionais. Nesse período, haviam duas formas de ensino: a escola comum (ou
regular), que recebia os alunos que não possuíam nenhuma deficiência, chamados
de “normais”; e as escolas especiais, que atendiam aquelas pessoas com algum tipo
de deficiência ou pessoas consideradas inaptas para conviver em ambientes sociais
(MAZZOTTA, 2005).
Até aproximadamente os anos de 1960, as pessoas com deficiência eram impedidas
de frequentarem as escolas regulares, não tendo nenhum tipo de convivência ou
interação com os alunos. A escolarização e o atendimento dessas pessoas eram
exclusivos e restritos a instituições especializadas (FERNANDES, 2013).
Figura 2 - A segregação conduz a seleção e separação das pessoas com deficiência. Fonte: Alexander
Limbach, Shutterstock, 2018.
1.2.2 Integração
A partir da década de 1960, o modelo paralelo de atendimento das pessoas com
deficiência começou a sofrer críticas e questionamentos. Entre as críticas, temos a
questão do respeito aos direitos humanos, o custo elevado desse tipo de
atendimento e os avanços na área educacional, que possibilitava um ensino mais
adequado para pessoas com deficiência. Isso ganhou força e mobilização social,
abrindo espaço para uma nova forma de atender as pessoas a partir da integração.
A integração se baseia no princípio da normalização, tendo como argumento a ideia
de que todas as pessoas possuem o direito de participar do mesmo ensino, das
mesmas atividades sociais, tendo as mesmas oportunidades de aprendizagem.
Segundo Mazzotta (2005), no modelo integrativo, a sociedade não reagia à diferença,
ou seja, as pessoas cruzavam os braços e aceitavam as diferenças existentes,
recebendo todos no sistema de ensino regular, desde que os alunos fossem capazes
de se adequar aos serviços e ao ensino oferecido pela escola. Isto é, o aluno deveria
se enquadrar no padrão de ensino já existente. Com essa visão, a exclusão dos
alunos que não conseguiam se adaptar ao ensino oferecido se tornou visível, pois
não conseguiam acompanhar o que a instituição oferecia, e esta não se preocupava
em adaptar e favorecer uma aprendizagem para todos os estudantes.
VOCÊ QUER LER?
Entender os diferentes atendimentos oferecidos as pessoas com deficiência ao longo da história auxilia
na compreensão do que vemos hoje, bem como na percepção de que a inclusão escolar é algo recente
que está em constante transformação. Aliás, o livro “Fundamentos para Educação Especial”, de Sueli
Fernandes, é uma ótima opção de leitura para quem quer entender melhor sobre o assunto!
Podemos perceber, portanto, que a integração não oferecia um ensino para todos,
pois nem todos conseguiam acompanhar a proposta educacional. Dessa forma, a
nova proposta trazia como marca o respeito à diferença, produzindo mudanças
profundas na educação escolar. Com essas mudanças, na década de 1980, emerge o
conceito de educação inclusiva, buscando garantir o direito à educação de
qualidade para pessoas com deficiências. Sendo assim, esses alunos passam a ter
acesso a oportunidades reais de aprendizagem no ambiente escolar.
A partir disso, novas teorias e estudos foram feitos, buscando compreender o
processo de aprendizagem das pessoas com deficiência e quais estratégias seriam
melhor utilizadas em cada situação. Na sequência, vamos estudar mais
detalhadamente quanto a essas contribuições teóricas.
VOCÊ SABIA?
O Movimento Apaeano surgiu através de iniciativa de pais de crianças com deficiências. Além dos
pais, atualmente, o movimento também conta com o envolvimento de amigos, pessoas com
deficiência, voluntários, profissionais e instituições parceiras (públicas e privadas). A APAE tem como
objetivo principal a promoção e a defesa dos direitos de cidadania da pessoa com deficiência, bem
como sua inclusão social. Para atingir esse objetivo, é oferecido um atendimento completo na área
de saúde e educação para essas pessoas, garantindo o bem-estar e a ação social. Nos dias de hoje, o
movimento congrega 23 federações das APAEs e mais de 2.000 APAEs localizadas em todo o território
nacional, que oferecem atenção integral acerca de 250.000 pessoas com deficiência. Para saber mais
sobre a instituição e o movimento, acesse o link: <https://apaebrasil.org.br/page/2
(https://apaebrasil.org.br/page/2)>.
Figura 4 - A formação de professores de Educação Especial é um desafio. Fonte: iraua, Shutterstock, 2018.
Figura 6 - Todos devem se unir por uma escola inclusiva. Fonte: Robert Kneschke, Shutterstock, 2018.
#PraCegoVer: A imagem computadorizada apresenta algumas peças brancas de um
quebra-cabeça, que aparentam estar em movimento. Ao centro, tem uma peça
vermelha em destaque.
CASO
Ana é professora do Ensino Fundamental I. Ela leciona há mais de 20 anos na mesma escola, mas,
nos últimos anos, percebeu que os alunos mudaram, que a família mudou e que muitas práticas que
ela tinha anteriormente já não fazem mais o mesmo resultado no ensino e na aprendizagem dos
alunos. Ana também percebeu que, em sua época como aluna e nos primeiros anos em que
lecionou, não se viam estudantes com deficiência na escola regular, sendo a única opção para essas
pessoas a instituição especializada. Hoje, a professora recebe em sua sala de aula alunos de
diferentes etnias, raças, crenças, costumes culturais, entre tantas outras diversidades, bem como
estudantes com necessidades especiais.
Ao longo de seus estudos, Ana percebeu que precisa se adaptar à nova realidade, sendo que, em
muitos casos, ela pode contar com o apoio de um profissional especialista em Educação Especial,
que irá ajudar a pensar em estratégias e recursos para adaptar o currículo e as atividades para o
aluno deficiente.
Ana entendeu que a inclusão é uma tarefa difícil, exige estudo, dedicação e busca constante por
alternativas pedagógicas. No entanto, a professora sabe que é uma postura válida, uma vez que
favorece e enriquece não só a vida do aluno com deficiência, mas a de todos os envolvidos.
A escola inclusiva, portanto, é aquela que busca garantir a qualidade de ensino para
todos. Uma escola só poderá ser considerada como inclusiva quando estiver
organizada para atender e favorecer a aprendizagem de cada aluno, com um ensino
de qualidade, independentemente da diversidade. Deve-se prezar, então, por um
ensino que leve em consideração as necessidades de cada um, e que dê conta de
buscar estratégias e procedimentos para trabalhar com cada aluno, garantindo o
acesso ao conhecimento.
VOCÊ SABIA?
As salas de recursos multifuncionais possuem recursos diversos para atender alunos da Educação
Especial. É um espaço que conta com computador, softwares, jogos e outros recursos para facilitar a
comunicação e o ensino. Para trabalhar na sala de recursos, é necessária uma formação específica
em Educação Especial.
Síntese
Neste primeiro capítulo, pudemos aprender sobre os tipos de atendimentos
oferecidos ao longo dos anos para pessoas com deficiência, percebendo a mudança
de paradigma e o avanço nas estratégias educacionais. Além disso, você teve
contato com a legislação nacional que rege e estabelece parâmetros sobre a
Educação Especial e Inclusiva.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender que a história da Educação Inclusiva se inicia com a
“Declaração de Salamanca”;
reconhecer que a “Declaração de Salamanca” é considerada inovadora,
pois proporciona a garantia da inclusão das crianças com deficiência no
sistema de ensino regular;
identificar a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva;
reconhecer que o conceito de Educação Inclusiva é mais do que garantir
somente o acesso, a entrada ou a matrícula do aluno em uma instituição
de ensino;
reconhecer que, no Brasil, o início do discurso de inclusão teve grande
influência de movimentos internacionais que iniciaram na década de 1940;
aprender que, em 1954, surge a primeira APAE (Associação de Pais e
Amigos de Excepcionais);
analisar que a legislação nacional é ampla e vive em constante mudanças,
por isso, é fundamental que o professor esteja atento as transformações.
Bibliografia
APAE. Movimento apaeano: a maior rede de atenção à pessoa com deficiência.
Brasília, s./d. Disponível em: <https://apaebrasil.org.br/page/2
(https://apaebrasil.org.br/page/2)>. Acesso em: 29/06/2018.
BRASIL. Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei n. 7.853, de
24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm)>. Acesso em: 29/06/2018.