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GCFP1059 – Química Ambiental Semestre 2022.

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Centro de Formação de Professores

O DESCARTE DE ÓLEO DE SOJA USADO

Ailane Andrade Silva

INTRODUÇÃO

O óleo de cozinha está presente na maioria dos lares brasileiros e o descarte geralmente é feito na pia, ralos ou no solo, prática comum, contudo muito nociva à

natureza pois, quando este resíduo não passa por uma estação de tratamento ele se direciona para rios e mares, levando a contaminação aos recursos hídricos. Além de

comprometer a saúde das espécies aquáticas e qualidade dos corpos hídricos, outros problemas podem surgir, como a impermeabilização do solo quando o óleo é descartado

neste ou é carregado até ele, o que dificulta o escoamento de água das chuvas, aumentando o risco de acontecer enchentes (DISCONZI, 2014).

Diante dos problemas causados ao meio ambiente pelo descarte incorreto do óleo de cozinha usado, a reciclagem e o reaproveitamento do mesmo tornam-se

alternativas viáveis e econômicas, pois, possibilitam a produção de novos produtos como sabão, biodiesel, tintas, glicerina, entre outros (RODRIGUES et al., 2010).

A fabricação dos sabões acontece através da reação química de saponificação, em que ácidos graxos, encontrados em gorduras (podendo ser de origem animal

ou vegetal) reagem com soda cáustica. O sabão é um sal de ácido carboxílico de cadeia carbônica longa, podendo solubilizar tanto em meios polares quanto apolares. O

sabão é um tensoativo, que rompe a tensão superficial da água ocorrendo uma interação com o material a ser limpo.

A reciclagem do óleo é realizada através da reação de saponificação, onde os óleos são ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa, chamados de ácidos

graxos. Os triglicerídeos são os lipídios mais simples contendo ácidos graxos. A reação de hidrólise alcalina de glicerídeos é a reação de saponificação, que pode ser

representada pela equação de hidrólise alcalina de um lipídio do óleo. Os sabões são compostos que possuem grandes grupos hidrocarbônicos, representados pelos

substituintes R, os quais podem ter de 12 a 18 átomos de carbonos, podendo ser divididos em hidrofóbicos (parte apolar) e hidrofílicos (parte polar). Assim, o sabão

consegue remover algumas sujidades que a água sozinha não conseguiria remover por ser polar como restos de óleos que são apolares (OLIVEIRA, 2011).

Neste contexto, este trabalho objetivou o reaproveitamento do óleo de soja muito usado pela população em geral, destacando também os problemas

socioambientais a partir do descarte incorreto dos resíduos do óleo de cozinha.


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MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa é de natureza quantitativa do tipo descritiva, em que se trata do descarte inadequado do óleo e sua reutilização, por meio de um questionário online

contendo 06 (sete) perguntas de múltipla escolha e uma (01) pergunta de resposta aberta, onde procurou-se saber como as pessoas lidam com essa problemática, como elas

fazem o descarte e/ou reutilizam o óleo.

Segundo Strauss & Corbin (1998), o método de pesquisa é um conjunto de procedimentos e técnicas utilizados para se coletar e analisar os dados. O método

fornece os meios para se alcançar o objetivo proposto, ou seja, são as “ferramentas” das quais fazemos uso na pesquisa, a fim de responder nossa questão.

De acordo com Silva & Menezes (2000, p.21), “a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma

de levantamento”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a aplicação dos questionários foi possível tabular os dados através dos seguintes gráficos, para melhor visualização e compreensão dos resultados obtidos.

Gráfico 1: Porcentagem sobre a utilização de óleo de soja na preparação dos


alimentos.

100%

Sim Nã o

Fonte: própria

A primeira pergunta do questionário, pode-se observar no gráfico 1 que todos os 20 entrevistados fazem uso do óleo de soja na preparação dos alimentos.

Gráfico 2: Porcentagem sobre a quantidade de óleo, em litros, consumidos por mês pe-
los entrevistados.

5%
10%
30%
10%

45%

Metade de 01 lata 01 Lata 02 Latas 03 Latas Acima de 04 latas

Fonte: própria
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No Gráfico 2, pôde-se perceber que a quantidade de óleo utilizada pela maioria das pessoas 45% é apenas 01 (uma) lata de óleo mensal. 30% informaram na

pesquisa que utilizam metade de uma lata durante um mês. Enquanto que 10% responderam que utilizam de 2 (duas) latas e 5% usam acima de 04 latas de óleo mensais, o

que é uma quantidade considerada exagerada, pois o recomendado pelos nutricionistas e por organizações como a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é de uma lata

de óleo para cada três pessoas ao mês. (STEFANUTO, 2013).

Gráfico 3: Porcentagem sobre o destino final do óleo de cozinha após sua utilização.
Fonte: própria.

15%

10%

55%
10%

10%

Pia Lixo Esgoto


Garrafa pet Fabricaçã o de sabã o

Fonte: própria

No gráfico 3, nota-se que 55% dos entrevistados descartam o óleo de soja usado na pia da cozinha. O óleo de cozinha representa um fator nocivo à natureza,

cada litro de óleo que vai para o esgoto possui a capacidade de poluir até 1 milhão de litros de água. Além da poluição na água, o óleo fica retido nos encanamentos e nas

estruturas dos esgotos provocando entupimentos e rompimentos das redes de esgoto. O óleo descartado no ralo da pia da cozinha, além de causar mau cheiro, aumenta

consideravelmente às dificuldades referentes ao tratamento de esgoto. Este óleo descartado acaba chegando aos rios e até mesmo ao oceano, através das tubulações. Se

considerarmos que o descarte incorreto ocorre na maioria das respostas, teremos uma somatória de 75% (descarte na pia da cozinha + lixo + esgoto) das pessoas poluindo o

meio ambiente, equivalendo um índice de descarte incorreto considerado alto.

Pontes e Albercini (2004) afirmam que dessa forma as pessoas comprometem a vida da base da cadeia alimentar aquática, os fitoplânctons, ao causar este tipo

de impacto ambiental aquático. Apenas 10% descarta o óleo de forma correta, que é utilizando garrafas PET para seu armazenamento. Já 15% utilizam o óleo de cozinha

usado para a fabricação de sabão em barra.


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Gráfico 4: Porcentagem de entrevistados que já pensou alguma vez em como poderia reuti-
lizar o óleo de soja. Fonte: própria.

5%

35%

60%

Sim Nã o Nunca pensou

Fonte: própria

Neste gráfico 4, podemos observar que 60% responderam que já pensou em reutilizar o óleo de soja. 35% responderam que não pensa em reutilizar o óleo de soja e 5%

informaram que nunca pensaram nessa proposta de reutilização do óleo de soja.

Fonte: própria

Através do gráfico 5, pôde-se observar que 90% dos entrevistados têm conhecimento dos impactos que o óleo, quando descartado de forma indevida, pode

Gráfico 5: Porcentagem dos entrevistados que tem conhecimento sobre os problemas


gerados pelo descarte incorreto do óleo de cozinha. Fonte: própria.

10%

90%

Sim Nã o
causar no meio ambiente, podendo gerar uma conscientização de outras pessoas quanto ao descarte do óleo de maneira correta. De acordo com Boff (2004), a Educação

Ambiental é uma das formas essenciais para que a população haja de maneira correta quanto a esses problemas, na medida em que ela reivindica e prepara os cidadãos para

exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza.
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Gráfico 6: Porcentagem dos entrevistados que já reciclou o óleo de soja usado. Fonte:
própria.

15%

85%

Sim Nã o

Fonte: própria

No gráfico 6, observar-se que 85% dos entrevistados nunca reciclaram o óleo de soja usado. Este número mostra a carência de políticas de reciclagem e de

educação ambiental. Apenas 15% dos entrevistados informaram que já reciclou o óleo de soja.

A reciclagem de óleos vegetais industriais vem ganhando espaço cada vez maior, não simplesmente porque os resíduos representam matérias primas de baixo

custo, mas principalmente porque os efeitos da degradação ambiental decorrente de atividades industriais e urbanas estão atingindo níveis cada vez mais alarmantes

(FIGUEIREDO, 1995). Desta forma, torna-se viável à necessidade de promover a conscientização dos estabelecimentos e da sociedade, sobre o óleo de cozinha descartado

de forma inadequada que pode causar danos ao meio ambiente, sendo que ele pode ser reutilizado em diferentes formas, sendo uma delas, a produção de sabão em escala

industrial ou artesanal (PEZZINI, 2009).

Gráfico 7: Porcentagem de entrevistados que doaria o óleo de soja usado. Fonte:


própria.

5%

95%

Sim Nã o

Fonte: própria

No gráfico 7, observa-se que 95% dos entrevistados disseram que doariam o óleo usado. A alta porcentagem mostra o interesse em que os entrevistados têm de

se desfazer do resíduo de forma correta, apontando chance de sucesso em uma possível política de recolhimento do óleo usado, abrindo caminho para uma ação de educação

ambiental. Apenas 5% dos entrevistados responderam que não doariam o óleo usado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O descarte incorreto do óleo de soja usado, acarreta em diversos danos ao meio ambiente e a melhor maneira de minimizar esses prejuízos é conscientizando a

população como um todo. Uma das alternativas para reutilizar o óleo de soja é a fabricação de sabão caseiro. Existem vários estabelecimentos comerciais e também

residenciais que jogam o óleo de soja usado na rede de esgoto, gerando graves problemas de higiene e mau cheiro, além de causar entupimento na rede de esgoto e o mau

funcionamento das estações de tratamento. Diante de todas as informações mencionadas, pode-se concluir que a reciclagem do óleo de cozinha pode ajudar muito na

preservação do meio ambiente, além de gerar lucro através de sua reutilização.

REFERÊNCIAS

ALBERECI, Rosana Maria; PONTES, Flávia Fernandes Ferraz de. RECICLAGEM DE ÓLEO COMESTÍVEL USADO ATRAVÉS DA FABRICAÇÃO DE SABÃO.

Espírito Santo do Pinhal: Engenharia Ambiental - Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal v.1, n.1, p.073-076, jan./dez., 2004.

DISCONZI, Graciela Schmidt. COLETA SELETIVA DO ÓLEO RESIDUAL DOMÉSTICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA UM APROVEITAMENTO

SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTÁVEL. 2014. 122 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,

2014. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/7639/DISCONZI%2C%20%20GRACIELA%20SCHMIDT.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em:

02 dez. 2022.

FIGUEIREDO, P. M. A SOCIEDADE DO LIXO: OS RESÍDUOS, A QUESTÃO ENERGÉTICA E A CRISE AMBIENTAL. 2. ed. São Paulo: Unimep, 1995.

OLIVEIRA, T. M. S. INVESTIGANDO AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE SABÃO A PARTIR DO ÓLEO USADO EM UMA ASSOCIAÇÃO DE

MULHERES DA EXPANSÃO DO SETOR “O” DA CEILÂNDIA. 2011. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciado em Química) - Universidade de Brasília,

Brasília, DF, 2011.

PEZZINI, E. PLANO DE NEGÓCIO: VIABILIDADE DE INSTALAÇÃO DA EMPRESA DE RECICLAGEM E COLETA DE ÓLEO VEGETAL USADO NA

CIDADE DE PASSO FUNDO. Trabalho de conclusão de curso ao curso de administração da Faculdade Anhanguera de Passo Fundo, Faplan - Anhanguera Educacional

S.A. Orientada pela Prof.ª Alba Valéria Oliveira Ficagna. Passo Fundo, 2009.

RODRIGUES, L. B.; COUTINHO, J. P.; SILVA, C. A. PROPOSTA DE REAPROVEITAMENTO DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL EM UM

RESTAURANTE INDUSTRIAL. V. 4, n.3, p. 136 – 145. 2010.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. METODOLOGIA DA PESQUISA E ELABORAÇÃO DE DISSERTAÇÃO. Florianópolis: UFSC/PPGEP/LED, 2000.

STEFANUTO, A. QUANTAS LATAS DE ÓLEO PODEM SER CONSUMIDAS AO MÊS POR UMA FAMÍLIA? Sua Saúde - Folha de Londrina, nov. 21, 2013.

Disponível em: <https://www.bonde.com.br/saude/nutricao/quantas-latas-de-oleo-podem-ser-consumidas-num-mes-pela-familia--298931.html>. Acesso em: 02/12/2022.

STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. PESQUISA QUALITATIVA: TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE TEORIA

FUNDAMENTADA. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 1998.


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