Hibridismo na artemídia: convívio sustentável / simbiótico das artes tecnológicas e

digitais com artes manuais

Célio Martins da Matta1, André Martins da Matta2

Abstract  The article deals with the application of
correlations Art Hybrid-interface Safety, Health and
Environment, applied to the embodiment of creative insights
of artistic objects (works) or tools for use in workshop-
laboratory.The paper presents partial results of doctoral
research in development in the Masters and Doctorate in
Fine Arts Institute of the Universidad Estadual Paulista.
Index Terms: media arts, design, visual arts, studio, and lab.
INTRODUÇÃO
O artigo trata de possíveis correlações da aplicação de Arte
Híbrida com a interface Segurança, Saúde e Meio ambiente,
aplicada a materialização de insights criativos de objetos
artísticos (obras) ou ferramentas para uso em Ateliê-
Laboratório.
O texto apresenta estudos em desenvolvimento no
Programa de Mestrado e Doutorado em Artes do Instituto de
Artes da Universidade Estadual Paulista - UNESP.
É de consenso em grande parte do senso comum que
todo artista pesquisador necessita de um ambiente para que
possa criar representar e/ou materializar a sua arte.
Partindo do pensamento de que seria necessário um
ambiente onde o artista pudesse trabalhar seus conceitos
criativos de artes visuais em duas e três dimensões, estudo
melhorias em um ambiente, analisando correlações da
aplicação de Arte Híbrida com a interface Segurança, Saúde
e Meio ambiente.
Esse estudo tem o intuito de promover melhor
qualidade e capacidade de um local para os estudos de
artistas (compreendendo-se, por estes, artistas representem
seus insights criativas por meio de trabalhos que necessitam
da produção de imagens, tanto cinéticas como estáticas)
deve ser seguro ao mesmo tempo em que seja um facilitador
desses trabalhos.
Procurando dar ênfase na análise de quais seriam as
possibilidades e as maneiras possíveis de concepção artística
e materialização de artes visuais em duas e três dimensões
utilizando os processos e procedimentos artísticos de
maneira híbrida, ou seja, em até que ponto a utilização
simbiótica das duas maneiras citadas (arte manual e arte
tecnológica) para se materializar ou ordenar um insight
criativo se complementa e até que ponto essa utilização pode
ser segura sem prejudicar a saúde do artista, e se possível,
agregando valores ambientais, minimizando a agressão ao
meio ambiente como reaproveitamento de material,
reciclagem entre outras coisas.
PROBLEMAS
As artes puramente tecnológicas desenvolvidas e aplicadas
contribuem, prejudicam ou simplesmente intervêm de
alguma forma de maneira positiva ou negativa na expressão
do processo criativo do criador/autor?
Esse autor preocupa-se com o desenvolvimento de uma
arte sustentável? De que maneira (como e quando) essa
utilização de arte sustentável pode prover uma produção
artística mais consistente para utilização de artes?
Como as artes manuais podem contribuir para essa
produção? Seria a arte manual realmente mais “limpa” que
uma arte que utiliza os meios eletrônicos e tecnológicos?
É realmente necessário o emprego de materiais novos
no desenvolvimento representativo de arte?
Existe uma maneira de se ensinar e trabalhadas de
maneira híbrida em busca de um mesmo objetivo, como por
exemplo, a utilização de materiais recicláveis?
E principalmente: Como facilitar a solução de
problemas dos pesquisadores em arte montando um
laboratório seguro e que correspondam as expectativas de
artistas no meio de seu processo criativo ao mesmo tempo
em que utilizassem materiais que não prejudicassem o meio
ambiente?
CONCEITOS E DESENVOLVIMENTOS APLICADOS
EMPIRISMO
Pensando em criar um laboratório, a maneira mais sugerida é
por meio de experimentações (com base em testes), assim,
praticamos um conceito de empirismo muito forte no
trabalho que pesquisamos coletivamente, pois conseguimos
sugerir um ambiente ou a alteração dele e seus equipamentos
para atender a artistas a partir do resultado de suas
experimentações em arte e de seus mecanismos de trabalho
utilizados.
Com essa análise prática, pode-se de maneira
controlada verificar se praticam sua materialidade em arte de
maneira segura, se essa materialização na agride sua saúde

1
Célio Martins da Matta, Professor do Curso de Design – Universidade Presbiteriana Mackenzie, Faculdade de Arquitetura / Desenho Industrial.
Rua da Consolação, 930, São Paulo, 01302-907 – Consolação, SP, Brasil. Doutorando em Artes Visuais - IASP, Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz,
271, São Paulo, 01140-070 - Barra Funda, SP, Brasil. zcelio@yahoo.com.br - http://www.celiomatta.com
2
André Martins da Matta – MBA em Auditoria – Uninove. andre.matta@terra.com.br
DOI 10.14684/WCCA.6.2013.132-135
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ou prejudica os seus semelhantes ou meio ambiente em que
vive ou aplica essa arte.
CIBERNÉTICA PEDAGÓGICA FREINETIANA
“A Cibernética Pedagógica possibilita, através de princípios
científicos de comunicação e controle – portanto cibernético
-, aperfeiçoar as relações entre dois sistemas; Sistema
Docente (S.Do), aquele que pretende ensinar; e sistema
Discente (S.Di.), aquele que deve aprender, sejam eles
constituídos por seres humanos ou máquinas.”
(SANGIORGI, 1999) [4].
Essa pedagogia foi apresentada e sugerida pelo Prof.
Dr. Pelópidas Cypriano de Oliveira em aula no Instituto de
Artes da Unesp. Exemplificando a utilização de ensinos e
ensaios laboratoriais. Utilizando-se de um tratamento ao
aluno como sendo um futuro artista.
MEIO DE PESQUISA
Com a aplicação dos dois conceitos, irá permear
naturalmente os resultados dos trabalhos dos alunos que se
sentem artistas no momento da execução e materialização da
arte por meio do fazer artístico.
Através da aplicação de exercícios, os alunos são
estimulados a utilizar arte manual e digital para a
materialização do mesmo insight criativo e conseguirão
apresentar resultados para posterior análise de como esse
trabalho influenciou na sua arte e no seu sistema em geral
que engloba custos, materiais, tempo, segurança na
execução, interferências na sua saúde ou no meio ambiente.
Forma-se então um conjunto complexo de
conhecimento artístico-científico para o aluno (artista) e
quem o analisa.
Enriquecido pelas trocas no ambiente em que ele
desenvolve e representa a sua arte, ele irá apresentar
problemas e soluções para em educação e cultura.
Poderá saber também, até quanto, como e quando seria
viável a utilização e o ensino mútuo das duas formas de
expressão artística e quando, quanto e onde elas convergem
ou divergem para um determinado fim na produção de uma
materialização artística.
A pesquisa pode indagar se a utilização ou não de arte
tecnológica ou manual interfere na concepção artística de
materializações artísticas em duas e três dimensões e como
promover essa materialização de maneira positiva ao
processo criativo do fazer artístico através de experimentos,
testes e criações em ateliê sem ferir a elementos básicos de
saúde, segurança e meio ambiente.
Além disso, exemplificar processos de criação
manuais e tecnológicos e seus produtos voltados à arte no
momento da utilização de processos e procedimentos
híbridos e procurar buscar formas para estimular a produção
de novas técnicas ou de protótipos diversos voltados à arte
com a utilização de materiais de reuso e testando seu
processo criativo a partir de objetos descartáveis para
execução de protótipos primários.
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Para se perceber problemas e soluções para saúde,
segurança e meio ambiente a criação de elementos dentro de
um ambiente controlado com base no processo criativo em
artes de artistas que estão procurando externar suas
experiências através da utilização de um espaço mediante
testes diretos.
Com o intuito de fazer a obra olhando a registrando as
experiências dos alunos apresenta-se como a possibilidade
mais viável por se aproximar da realidade.
Dentro de uma universidade de Artes Visuais com o
auxílio de um orientador “Especialista em arte e tecnologia”
(DAMBROSIO, 2012) [5] é possível se obter outras visões e
uma análise mais abrangente de outras formas de criação
além das já experimentadas pelo autor que tenta aliar seus
conhecimentos como mestre em artes, designer de produto e
projetista civil e o co-autor como MBA em auditoria,
designer gráfico e projetista mecânico.
Dentro da mesma universidade tentamos agregar
valores de áreas variadas com o intuito de solucionar
problemas em arte. Promovendo execução de testes e
verificando seu funcionamento e segurança.
MÉTODOS
Com base no exposto até o momento, sabendo que esse
artigo origina-se de um projeto (autor) unido a um pré-
projeto (co-autor) de pós-graduação (nível
Doutorado/Mestrado) tem como objetivo discutir a criação
de um ambiente e novos protótipos agora com aplicação de
conhecimentos em mecânica industrial para comporem um
ambiente (ateliê) escolhido antecipadamente.
Para isso iremos optar por um levantamento ícono-
bibliográfico e a elaboração de protótipos a partir de relatos
de facilidade e dificuldade de usuários na montagem de
ateliê, acessórios ou materialização de suas obras de maneira
segura e sustentável.
Aproveitando o conhecimento em auditoria, poderemos
analisar e verificar a conformidade (com as regras de direito
e de gestão) das operações envolvidas nas atividades
aplicadas a criação, apresentação materialização e gestão de
arte.
A base teórica também se apoia em Luigi Pareyson e em
sua Teoria da Formatividade. Essa teoria sugere “Fazer
inventando o modo de fazer” [2]. E também agrega
conhecimentos por Serendipidade.3
ESTUDOS DE CASO E EXPLICAÇÕES
A princípio será realizada a procura e a descrição dos
processos e procedimentos artísticos manuais e tecnológicos
mais utilizados para entendimento do leitor da tese,
exemplificando as formas e exemplos de arte aplicada.
Serão pesquisados alguns dos ramos de atividade
artística presentes no cinema (pintura, modelagem, edição de
3
Serendipismo, Serendiptismo, Serendipitia, neologismo que se refere às
descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso
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vídeo, colorização de vídeo entre outras) nas quais são
utilizados recursos manuais e tecnológicos existentes para a
representação de processos criativos, as técnicas aplicadas,
sua evolução, os porquês e detalhes das utilizações dessas
técnicas.
Em seguida, quais os benefícios e prejuízos causados
por essa utilização híbrida de arte, e suas interferências na
criação, centradas a priori em artes utilizadas em cinema,
entendendo que o cinema (que dá desdobramentos da arte
para as Novas Midas e Game) utiliza processos criativos
tecnológicos (via software e Automatismos Maquínicos4)
dos mais contemporâneos juntamente com processos e
procedimentos bastante antigos e tradicionais na produção FIGURA 1
de arte. FILMAGEM DOM ATOR REAL PARA INSERÇÃO DE OBJETOS
Como essa produção pode ser segura? E sustentável? A Fonte: acervo do autor Célio M. Matta
produção está dentro das conformidades estipuladas ou
expostas? Se analisarmos o trabalho da maneira mais
Algumas soluções criativas estão sendo desenvolvidas convencional, o correto seria modelar um cenário fictício
mediante as dificuldades geradas nos desenvolvimentos dos com elementos de cena reais para a filmagem.
processos criativos intuitivos ou racionais (ou ambos em Ao invés disso, foi desenvolvida e aplicada uma solução
conjunto) dos criadores de imagens e objetos artísticos em para uma maneira de se obter a mesma qualidade com um
variadas escalas e áreas de atuação que se apresentem. cenário desenvolvido através de arte tecnológica por meio
A ação automática dos usuários de tecnologias sem direto de computadores.
regras ou gestão e que se preocupam em sua maioria na
utilização da ferramenta sem se preocupar com o item
principal que é o processo criativo pode prejudicar não
somente a sua representação artística, mas também a sua
saúde, seu bem estar e o bem estar alheio se vierem a
interferir no meio ambiente por exemplo.
Além disso, muitos artistas não conseguem perceber a
importância do conhecimento em segurança na execução e
na da prática das artes tradicionais e de seus processos e
procedimentos manuais de materialização de insights.
Não existe uma forma correta ao se utilizar um pincel,
um estilete ou outro equipamento, mas existe sim uma forma
segura de se fazer se utilizados procedimentos corretos e FIGURA 2
CENARIO DESENVOLVIDO ATRAVÉS DE ARTE TECNOLÓGICA
dentro das conformidades técnicas. Fonte: acervo do autor Célio M. Matta
Deve-se orientar um aluno de maneira a beneficiar seu
insight criativo e sua própria criação para que ele crie e Com essa solução foi prevista uma melhor solução de
opere soluções e equipamentos seguros voltados à arte [6]. segurança e saúde não facilmente perceptível.
Um exemplo ocorrido em ateliê foi uma tentativa de Os trabalhadores envolvidos não necessitaram mais de
materialização de um insight criativo para cinema. modelar os elementos, cortar, soldar, pintar. Não forma não
Um artista necessitava-se de criar um ambiente para o foram expostos aos resíduos de uma materialização de arte
uso em uma filmagem (parte de um filme) que deveria desse porte e principalmente, não existiram sobras de
remeter a um antigo palácio. material e suas sobras para serem descartados no meio
Diversas sugestões manuais foram expostas como ambiente.
modelagem em isopor, criação de maquetes para utilização Devemos analisar que a utilização de uma arte híbrida
em planos diferentes, arte híbrida com inserção de objetos economizou recursos além de não deixar resíduos.
reais modelados nas imagens digitais entre outras idéias. Nada foi construído de maneira física (exceto desenhos
e anotações) e funcionou perfeitamente para o momento.
Todos os testes foram realizados no laboratório e as
soluções apresentadas a partir de testes.
Esse evento conseguiu suprir as dificuldades do
4 primeiro teste de materialização de insight criativo (criação
Automatismos Maquínicos: Termo utilizado por Edmond Couchot para
designar procedimentos técnicos e tecnológicos (SUJEITO-NÓS) que é de cenário tridimensional para a filmagem), estudando
interdependente à subjetividade (SUJEITO-EU).

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processos procedimentos e promoveu uma maneira diferente
e eficiente de se criar objetos ao mesmo tempo em que se
resguardava a saúde e integridade física dos executores da
arte e dos envolvidos, bem como do meio ambiente.
FIGURA. 3
CENÁRIO VIRTUAL SEMI FINALIZADO
Fonte: acervo do autor Célio M. Matta
Com esse tipo de aplicação segura percebe-se que temos
um resultado eficiente, de um custo operacional e de
materiais menores e com uma agressão ambiental
praticamente nula e ainda sendo possível a materialização do
insight através da arte.
FIGURA. 4
CENÃRIO VIRTUAL FINALIZADO
Fonte: acervo do autor Célio M. Matta
RESULTADOS ATÉ O MOMENTO
Até o momento, a pesquisa por meio dos métodos
apresentados já obteve êxito e ainda demonstrou que através
de estudos e experiências laboratoriais, podemos criar e
materializar arte, ambientes para a arte e protótipos voltados
a execução de arte de maneira sustentável e segura, como
menores prejuízos ao meio ambiente, com diminuição de
gastos e resíduos visando à saúde e bem estar dos indivíduos
e do meio ambiente; estudou casos de cores nos ambientes e
iluminação dos mesmos, sempre com o intuito da facilitação
dos estudos através da adaptação, ambientação do espaço
físico e regras de direito e gestão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos e procuramos desenvolver um
laboratório físico, mas sempre mantendo a análise de
elementos subjetivos já apresentados e ampliando essa
pesquisa subjetiva analisando em conjunto correlações da
aplicação de arte híbrida com interfaces de segurança, saúde,
meio ambiente, entre outras. Porém sempre com uma idéia
material e de maneira mais construtiva aplicando os
conhecimentos artísticos e técnicos que autor e co-autor
possuem, já direcionando o trabalho para interações
empreendedoras de conhecimento na era da informação.
Sempre procurando promover o processo criativo sem
estagná-lo.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho teve o Apoio do Grupo de Pesquisa
“ARTEMÍDIA E VIDEOCLIP” e Grupo de Pesquisa
“ARTE E LINGUAGENS CONTEMPORÂNEAS”, ambos
do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e da UNESP –
Universidade Estadual Paulista – IASP.
REFERÊNCIAS
[1] FREINET, Célestin. As Técnicas Freinet da Escola Moderna /
Celestin Freinet; tradução de Silva Letra. Lisboa: Estampa, 1975.
[2] PAREYSON, L. Estética: Teoria da Formatividade. Petrópolis:
Vozes, 1993 (Trad. Ephraim Ferreira Alves).
[3] ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte: um paralelo entre a arte e a
ciência. São Paulo: Editores Associados, 2001.
[4] SANGIORGI, O. Cibernética e Educação. Comunicação &
Educação, São Paulo, 1999.
[5] DÁMBROSIO, O. (2012). Interface entre Ciência e Arte. Revista
UNESP Ciência, 42 e 43.
[6] MATTA, Celio Martins da. Processos e Procedimentos no Ateliê-
Laboratório do Artista-Cineasta – Dissertação de Mestrado. UNESP,
São Paulo.
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