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Tópicos de Atuação

Profissional
Autor: Prof. Alexandre Ponzetto
Professor conteudista: Alexandre Ponzetto

Mestre em Comunicação pela Universidade Paulista (2016), pós-graduado em Formação em EAD (2011), pós-
graduado em Formação de Professores para o Ensino Superior (2009) e graduado em Marketing pela Universidade
Paulista (1999).

Tem experiência em: gestão de produções multimídia; design de sites, produtos e plataformas; produções de
centenas de jogos educacionais eletrônicos e em publicações de conteúdos na plataforma Blackboard.

É também professor e coordenador do curso de Artes Visuais – licenciatura (EAD) e coordenador do curso de
Computação Gráfica (Pronatec) da Universidade Paulista. Exerce atividades no Ensino Presencial e a Distância.

Publicou artigos na Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), ESPM (Escola Superior de Propaganda e
Marketing), Cásper Líbero (ComCult). É membro do corpo editorial da revista científica Scitis.

Atuou na confecção de arte e capas do jornal Multiensino, informativo da UNIP.

É responsável pela identidade visual dos projetos gráficos: Revista Científica Scitis; Revista Eletrônica Bico (Boletim
Informativo do Colégio Objetivo); Livros-textos da UNIP-EAD; Conteúdo On-Line (grupo UNIP-Objetivo); DataReport,
Gestão dos Fluxos de Operações no EAD: a comunicação como componente da qualidade e pelo Livro: Educação Aberta
– O Avanço Coletivo da Educação pela Tecnologia, Conteúdo e Conhecimento Abertos.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P819t Ponzetto, Alexandre.

Tópicos de Atuação Profissional. / Alexandre Ponzetto. – São


Paulo: Editora Sol, 2016.

92 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2-126/16, ISSN 1517-9230.

1. Atuação profissional. 2. Artes visuais 3. Docência. I. Título.

CDU 7.01

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Kleber Nascimento de Souza
Amanda Casale
Sumário
Tópicos de Atuação Profissional

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8

Unidade I
1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DAS ARTES NO BRASIL.................................................................... 11
2 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ARTES VISUAIS............................................................................ 15
2.1 Arte e contexto escolar....................................................................................................................... 17
2.2 Arte, contexto e cultura...................................................................................................................... 24
3 NOÇÕES, APRECIAÇÕES E AVALIAÇÕES DA ARTE............................................................................... 27
3.1 Arte popular, erudita e de massa.................................................................................................... 33
4 ARTE, EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E ELEMENTOS BÁSICOS..................................................................... 41

Unidade II
5 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL...................................................................................................................... 47
6 ARTES: CARREIRAS.......................................................................................................................................... 49
6.1 Materiais e técnicas artísticas nas Artes Visuais...................................................................... 51
7 CAMPOS DE ATUAÇÃO PARA ARTES........................................................................................................ 52
8 ÁREAS DE CONHECIMENTO DA ARTE (ARTES VISUAIS, TEATRO, DANÇA E MÚSICA)........... 64
APRESENTAÇÃO

Tópicos de Atuação Profissional tem como finalidade apontar possíveis áreas de exercício do
profissional de artes visuais (licenciatura). Busca explicitar contextos na educação formal e informal, a
cultura e suas derivações, a educação e a sociedade onde essa atividade ocorre e na qual atua em suas
diversas vertentes.

Na década de 1970, os primeiros cursos relacionados às artes visuais traziam como proposta central
a formação de educadores em Artes Cênicas, Desenho, Artes Plásticas e Música. Algumas mudanças
propuseram a diversificação de objetivos de acordo com a instituição formadora em que são encontradas,
nesse sentido, variações para as Artes Plásticas.

Bacharelado ou licenciatura para Artes Visuais? Vamos entender as diferenças e quais são as
competências necessárias para cada formação após ter concluído seu curso.

O bacharelado proporciona ao aluno a realização de projetos voltados para esculturas, pinturas,


xilogravuras ou outras linguagens aprendidas no decorrer do curso. Em grande medida, o profissional
torna-se autônomo comercializando suas obras diretamente com o cliente ou por agenciamento de
marchands. Sua empregabilidade se dá em órgãos públicos, museus, escritórios e galerias privadas.

Figura 1

No caso do licenciado em Artes Visuais, esse profissional está preparado para atuar no
ensino de alunos em cursos pertencentes à Educação Básica e/ou cursos livres (propostos por
institutos privados).

Os licenciados serão profissionais habilitados para a docência em Artes Visuais na Educação Básica e
promoverão o desenvolvimento teórico e prático com vistas à formação do profissional que ingressará
na sociedade de maneira participativa e capaz de atuar como mediador, incentivador, objetivando
desenvolver a percepção, a reflexão e o potencial criativo, de acordo com as especificidades do
pensamento visual. Além disso, o profissional estará apto a ser atuante na tomada de decisões e a refletir
7
sobre suas ações e práticas pedagógicas, guiando-se por meio de valores éticos a fim de estimular o
aperfeiçoamento de modo a colaborar para a melhoria da educação.

Existem similaridades nas habilitações, o que torna possível a complementação da formação de


bacharelado com a de licenciatura e vice-versa. Esse complemento se faz positivo pelo fato de ampliar
o campo de atuação profissional.

O formato dos cursos é importante para que você conheça primordialmente qual será a sua área de
atividade. Universidades e faculdades podem oferecer ambos, bacharelado e licenciatura, respeitando o
aspecto legal de cada modalidade.

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)!

Gostaria de convidá-lo(a) a estudar a disciplina Tópicos de Atuação Profissional. Serão


apresentadas as possibilidades de atuação do profissional de Artes Visuais, buscando um
entendimento melhor dessa formação.

A proposta vai explorar alguns conceitos e teorias sobre o ensino de arte em diversas situações e
diante de públicos diferenciados, levando em consideração as particularidades de cada cultura e os
espaços destinados à educação.

Há uma grande expectativa por parte dos alunos do Ensino Superior em relação à
empregabilidade e ao mercado de trabalho no que diz respeito à sua formação. Por causa desse
cenário, faz-se importante a compreensão das oportunidades e concorrências por vagas de
trabalho após a conclusão do curso. Quem é esse profissional e quais competências e habilidades
serão exigidas dele?

Espera-se que você adquira uma visão mais apurada acerca das áreas de atuação proporcionadas por
sua formação no curso de Artes Visuais, licenciatura e/ou bacharelado.

Para tanto, faremos considerações iniciais acerca da Arte e de sua relevância no contexto cultural
das pessoas. Analisaremos o estabelecimento de relações entre a arte e a formação dos envolvidos no
processo, a formação das identidades culturais, as subjetividades e a presença da arte no contexto
ensino-aprendizagem.

Trataremos de aspectos estruturais da criação artística: a imaginação, a criatividade, a sensibilidade,


a inspiração, as intuições e a sensibilidade estética, relacionando-os à prática do graduado em Artes
Visuais, especialmente no que diz respeito à sua formação acadêmica, profissional e estética.

A contextualização se dará na arte e na educação, ambas abertas a diversas possibilidades de


experiências e vivências.

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Posteriormente serão abordadas as oportunidades de atuação em trabalhos para o formado em
Artes Visuais.

O enfoque maior está na formação desse profissional e nas competências exigidas.

A intenção é apresentar reflexões contempladas nas especificidades do pensamento visual, ou seja,


o indivíduo será capaz de tomar decisões e realizar mediações sobre práticas pedagógicas e artísticas,
tendo como base os valores éticos.

Abordaremos, além da docência, outras possibilidades de atuação para o graduado em Artes Visuais,
como Artes Cênicas, Desenho, Artes Plásticas, Música, Artes Visuais e Ministrações de Cursos Livres.

Tenha um ótimo estudo!

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Unidade I
1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DAS ARTES NO BRASIL

No Brasil, são encontradas ressignificações teóricas e práticas no que diz respeito ao ensino das
Artes. Sabemos disso a partir de documentos históricos que ocorreram em diferentes momentos da
educação brasileira.

Na década de 1980, tivemos questionamentos importantes que ocorreram no contexto da


abertura democrática, da promessa de redemocratização política e da elaboração de uma nova
Constituição e que colaboraram com a capacidade criadora e expressiva dos alunos. Isso contribuiu
para a autonomia desses estudantes e para sua participação na sociedade, bem como para sua
cidadania consciente e crítica.

Tais discussões compuseram o seguinte documento referencial, Parecer CNE/CES nº 280/2007,


aprovado em 6 de dezembro de 2007, comum para a Federação Nacional:

A organização do ensino das artes em grau superior no Brasil precedeu em


muitos anos a organização desse ensino na Educação Básica e remonta
à Academia Imperial de Belas Artes (criada pelo Decreto-lei datado de
1816, e que só começaria a funcionar em 1826). Apesar dessa tradição
– a Academia constituiu-se em uma das primeiras instituições de Ensino
Superior no Brasil, com as escolas militares e os cursos médicos – e refletindo
preconceitos entranhados em acadêmicos e legisladores, o ensino das artes
na Educação Básica só se tornou obrigatório com a Lei nº 5.692/71, que
instituiu a disciplina Educação Artística nos currículos de 1º e 2º Graus. Tal
obrigatoriedade fez crescer a oferta de graduações (sobretudo licenciatura)
com habilitações em Artes Plásticas, Artes Cênicas, Música e Desenho,
descentralizando a oferta de cursos na área, antes praticamente restrita aos
centros tradicionais. Entretanto, aquela Lei também instituiu a polivalência,
sob o princípio de que o professor de artes deveria ser um generalista e não
um especialista em cada linguagem artística.

A criação das associações estaduais de arte-educadores e sua consequente


reunião em torno da Federação de Arte-Educadores do Brasil (Faeb) teve
como consequência a ampliação e o aprofundamento do debate, em
congressos e seminários realizados em todo o país, sobre a especificidade da
formação do profissional da arte (bacharel e licenciado), culminando com
uma intensa mobilização quando das discussões em torno da LDB/96.

11
Unidade I

Tal debate arregimentou também profissionais organizados em outras


associações, como a Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas
(Anpap), Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Associação
Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas (Abrace) etc.,
em consonância com as discussões contemporâneas desenvolvidas pelas
associações internacionais, tais como a International Society for Education
through Art (Insea).

Foi dessa maneira que os profissionais da área de Artes construíram um


referencial considerável sobre o ensino da arte e a formação de profissionais
na área. Toda essa intensa mobilização redundou em um outro perfil para
o ensino da arte na educação básica e, consequentemente, para os cursos
superiores de arte, consagrado na Lei nº 9.394/96 (nova LDB), litteris:

Art. 26. Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma


base nacional comum, a ser contemplada, em cada sistema de ensino
e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e
da clientela.

§ 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos


diversos níveis da Educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos.

Art. 32. O Ensino Fundamental [...] terá por objetivo a formação básica do
cidadão, mediante:

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da


tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade.

Art. 43. A Educação Superior tem por finalidade:

I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e


do pensamento reflexivo;

III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando


o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da
cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio
em que vive;

IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos


que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação (BRASIL, 2007).

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Nas décadas de 1960 e 1970, visando à empregabilidade e à busca por mão de obra qualificada
com a intenção de preparar os alunos para a indústria, a pedagogia tecnicista propõe uma ação
repetidora com vistas ao atendimento da fase do progresso em que a dimensão da criação não
se faz presente.

Figura 2

A partir dessas décadas, dá-se início ao que se chamou de profissionalização e, nesse contexto,
com base na LDB nº 5.692/71, torna-se obrigatório o ensino de Arte na Educação Básica. Surge, então,
a Educação Artística, que nesse momento é considerada apenas atividade e ainda está distante de ser
considerada área de conhecimento.

Nesse período, a Arte é superficial e está associada ao lazer, à descontração e ao relaxamento, ou


seja, está relacionada a inúmeros equívocos práticos e conceituais.

No início da década de 1970, surgem os primeiros cursos de Educação Artística na modalidade


licenciatura; em sua maioria, tinham três anos de duração, sendo dois anos para a licenciatura curta e
um adicional para a plena.

A partir desse modelo, os professores ficaram conhecidos como polivalentes, por trabalharem com
diversas linguagens de arte em um período de três anos, além de ensinarem disciplinas de história da
arte, folclore, estética, cultura popular e fundamentos da educação artística junto a todas as disciplinas
voltadas para as especificidades de Artes Cênicas, Artes Plásticas, Música e Desenho.

Em decorrência do curto período e da complexidade do domínio de inúmeras linguagens, essa


formação colocou no mercado um profissional que se limitava a ensinar desenho geométrico, desenho
livre ou mimeografado, exercícios para relaxamento ou mesmo encenação.

13
Unidade I

Inúmeros descompassos ainda eram encontrados nos anos 1990, no que diz respeito a teoria e
prática, e à natureza maior – que é a Arte. Nesse contexto, muitas reivindicações, proposições, debates
e reflexões são fomentados para a mudança no processo de formação dos professores de Arte, a fim de
que possam atuar na Educação Básica.

Em 1988, com a vigência dessa Constituição, inúmeras discussões levaram à implementação


da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Tal Constituição Federal, em seu art. 205, estabelece que:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Em seu art. 211, determina que: “A
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus
sistemas de ensino”.

Com a aprovação da LDB nº 9.394/96, em 1996, art. 26, parágrafo 2º, o que era proposto para o
ensino de Arte, em períodos anteriores não obrigatório, foi alterado para área de ensino obrigatória na
Educação Básica. Desde então o ensino da Arte passou a ser componente curricular obrigatório. Temos
assim uma primeira fundamentação legal que promovia o desenvolvimento do senso estético e cultural
dos alunos nas escolas.

Figura 3

Pela primeira vez, em âmbito federal, documentos sinalizaram os conteúdos mínimos por área de
conhecimento: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/1997) através da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (nº 9.394/96).

Os PCNs de Arte exigem um ensino por área/linguagem e, diferentemente das propostas


anteriores, o formado em Artes Visuais não dará conta de todas as linguagens artísticas, mas será
um profissional que atuará em áreas/linguagens como as Artes Visuais, a Música, a Dança e/ou o
Teatro. De maneira semelhante, essa é a orientação para a condução dos cursos de formação para
professores na graduação.

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Observação

Paulo Freire atuou como secretário da educação da cidade de São Paulo


e exerceu atividades políticas de 1989 a 1991.

2 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ARTES VISUAIS

O objetivo do curso de Artes Visuais (licenciatura) está, em grande medida, ligado à formação
de profissionais habilitados para a docência em Artes Visuais na Educação Básica (Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio), visando à formação teórico-prática do profissional, para que
seja participativo na sociedade, capaz de atuar como mediador e incentivador, além de almejar o
desenvolvimento da percepção, da reflexão e do potencial criativo.

Figura 4

No pensamento visual e em suas especificidades, espera-se que esse profissional seja capaz de tomar
decisões e refletir sobre sua prática e ação pedagógica, guiando-se por valores políticos e éticos. Além disso,
deve-se sempre buscar o autoaperfeiçoamento de modo a contribuir para a melhoria da educação.

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Arte tem função importante e significativa


se comparada a outras áreas de conhecimento, como: Letras, Matemática, História, Geografia etc.
Atualmente faz parte da grande área de Linguística, Letras e Artes.

Lembrete

Pense que o ensino de Arte por meio dos PCNs tem importância similar
à das demais disciplinas regulares do currículo escolar; para tanto, faz-
se necessário que o professor atenda tais preceitos e possa conquistar o
respeito dos alunos e exigir deles disciplina e comprometimento.
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Unidade I

Em concordância com a LDB, o ensino da Arte propicia o desenvolvimento do pensamento


artístico e da percepção estética, além de ser amplo no que se refere a ordenar a experiência
humana e a dar-lhe sentido. Propõe-se que o aluno desenvolva sua sensibilidade, percepção e
imaginação para que seja capaz de realizar atividades que englobem formas artísticas, bem como
desenvolvimento da ação de apreciar, ler, conhecer e reconhecer formas confeccionadas por ele e
pelos colegas nas diferentes culturas.

A Arte também tem a intenção de proporcionar ao aluno uma boa relação com as demais disciplinas,
como Língua Portuguesa, Matemática, História, dentre outras de seu currículo. Por exemplo, um aluno
que tem boa noção de História da Arte, períodos e registros históricos de imagens pode servir de
facilitador na compreensão de um determinado período. Dessa forma, ele exercita continuamente seu
imaginário e estará mais apto a construir objetos, elementos e obras.

Observação

A Arte é retratada por meio de símbolos, e eles, por sua vez, têm a
função de representar a humanidade.

O ensino de Arte visa estabelecer uma relação com as dimensões sociais e manifestações artísticas.
Para cada cultura, a Arte pode se apresentar ou ser expressa por meio de valores e significados distintos,
porém em todas elas todos os sentidos, como visão e audição, são convidados. Ela tem, então, um papel
voltado para uma compreensão mais alinhada a questões sociais.

Como existe diversidade na riqueza de muitas culturas, busca-se para o aluno uma maior
atuação em sala de aula e espera-se que ele possa ter respeito e interesse por outros valores
culturais, aqueles diferentes dos seus. Para tanto, enseja-se que haja uma valorização da variedade
e de seu imaginário.

De tal modo, conhecendo outras culturas a partir da Arte, o aluno compreenderá a relação de valores
enraizados em suas formas de pensar e agir, criando, assim, um significado para a valorização daquilo
que lhe é próprio, o que favorece a abertura da riqueza e da diversidade de seu imaginário, ou seja, o
aluno será estimulado a se sensibilizar com sua realidade cotidiana, buscando uma contemplação de
formas e objetos à sua volta, como uma espécie de exercício contínuo de observação crítica e estética
do que existe no universo cultual. A partir do exposto, deseja-se que sejam criadas condições relevantes
para uma qualidade de vida melhor.

Não é difícil perceber que a Arte está presente em muitas manifestações da sociedade e faz
parte de muitos ramos de atividade de escolas, trabalhos e períodos históricos. Portanto, o seu
conhecimento é necessário e parte integrante no desenvolvimento profissional, de cidadãos e
do mundo.

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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

2.1 Arte e contexto escolar

No contexto escolar, a produção artística está muito ligada ao desenvolvimento de interações


que o aluno estabelece com os responsáveis pelas informações no processo de aprendizagem. Nesse
âmbito estão envolvidos professores, como responsáveis por levar a informação, assim como alunos,
artistas e especialistas, que contribuem em um processo criativo na composição de obras, reproduções,
apresentações e mostras, administradas pelo professor em sala de aula.

Figura 5

A realização de uma atividade artística pode ser pensada e realizada quando o aluno estiver exposto
a uma situação de aprendizagem diretamente ligada a valores e costumes de produção artística nos
meios onde está inserido. A aprendizagem do aluno precisa estar em consonância com a LDB de forma a
lhe garantir liberdade de imaginar e produzir informações necessárias para a concretização de propostas
individuais ou em grupo.

Lembrete

A cultura está impregnada em nosso íntimo, somos geradores


e promotores dela, no entanto os costumes de um povo devem ser
considerados e respeitados em seu processo de propagação.

Tudo deve estar integrado a aspectos lúdicos e prazerosos que são apresentados durante as
atividades artísticas.

Em todas as caprichosas invenções da mitologia, há um espírito fantasista


que joga no extremo limite entre a brincadeira e a seriedade. Se, finalmente,
observarmos o fenômeno do culto, verificaremos que as sociedades
primitivas celebram seus ritos sagrados, seus sacrifícios, consagrações e
mistérios, destinados a assegurarem tranquilidade do mundo, dentro de
17
Unidade I

um espírito de puro jogo, tomando-se aqui o verdadeiro sentido da palavra


(HUIZINGA, 2000, p. 7).

Dessa forma, aprender Arte com sentido está relacionado a uma compreensão mais clara do que é
lecionado aos alunos. É preciso garantir que os conteúdos ensinados, estabelecidos pela LDB, promovam
situações que envolvam a participação dos alunos nas salas de aula.

Essas orientações defendem que a emersão de formulações de ideias pessoais, teorias e formas
artísticas, por meio de atividades artísticas, aproxima o discente de contextos significativos de atuar,
pensar e fazer Arte.

O professor fica responsável, então, por eleger recursos e a didática necessária do conteúdo da aula.
Ele é o agente facilitador que promoverá o ensino da Arte com Arte e, nesse processo, deverá ser um
grande observador, além de orientador.

Em outros termos, as canções, os textos literários e as imagens trarão mais conhecimento, e


os alunos serão cada vez mais capazes e eficazes como portadores da informação e do sentido.
É necessário que o aluno seja convidado ao exercício de práticas em situações de aprendizagem,
como observação, audição, atuação, manuseio e execução de sons de modo que possa refletir
sobre as situações.

Observação

A arte não tem como função retratar a realidade com fidelidade, mas
representar, com símbolos, a humanidade.

A escola tem papel de expor informações sobre a Arte produzida em âmbitos regionais, nacionais e
internacionais, dando suporte ao aluno no que diz respeito à compreensão crítica desse contexto. Além
disso, é importante levar ao conhecimento do aluno notícias geradas pelas diversas mídias, a fim de
democratizar o saber e expandir as possibilidades de informação social do aluno.

O processo criativo e imaginário do estudante precisa contemplar um percurso inventivo e expressivo


visando estruturar-se em atividades individuais ou em grupo. É nesse cenário que o seu desenvolvimento
se aproxima de questões do universo do adulto. Assim, começam a identificá-las respeitando suas
possibilidades. Nessa fase demonstram curiosidade sobre o ambiente dos adultos, quais os papéis e as
relações estabelecidas por eles.

No que faz referência à Arte, o aluno pode ter uma consciência mais acurada de produções sociais
concretas e verificar se elas têm história. Nessa análise, observará trabalhos e atividades artísticas que
incorporam códigos e habilidades contidas em produções.

A partir do interesse e do entendimento que está envolvido buscando o desenvolvimento de uma


nova percepção, o aluno tem grandes possibilidades de compreender formas artísticas compostas de
18
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

pessoas ou grupos ou trilhar caminhos de trabalhos pessoais. Uma vez que a concretização de sua
expressão não alcança seu desejo, o interesse tende a diminuir.

Em outras palavras, é nessa fase que o discente desenvolve atividades práticas de representação por
meio de orientações de um professor e pelo melhor entendimento dos códigos construídos, começando
a perceber a sua originalidade.

Assim, a aprendizagem em Arte segue a fase de desenvolvimento do aluno. É nesse período


que se observa sua participação por meio de tudo o que ele registra ou expressa. Isso coopera para
que o aluno tenha um entendimento melhor do seu papel na sociedade e de quais competências
lhe são mais favoráveis.

A escola tem por princípio acompanhar e ensinar o estudante com o objetivo de impulsionar e
preservar o processo do ensino-aprendizagem conservando sua individualidade. Logo, pode-se favorecer
o seu contato mediante propostas que visem à sua maior participação na comunidade.

Esses conceitos – com o propósito do aprender e do ensinar a Arte – geram possibilidades para
apresentações de teorias e práticas da Arte à criança e ao adolescente.

No que diz respeito às atividades em grupo que envolvem criação, as ações artísticas contribuem para
o enriquecimento do conceito de grupo como socializador do processo criativo do universo imaginário,
atualizando, dessa forma, as referências e o desenvolvimento de sua própria história.

Para o grupo, a Arte torna-se presente por meio das reproduções imaginárias. O lúdico é
elemento essencial para a realização dessa atividade. Ao brincarem, a criança e o adolescente
desenvolvem atividades melódicas, rítmicas e fantasiosas por meio da dança, do desenho e da
invenção de histórias.

Esse espaço onde se dá a atividade lúdica nas primeiras fases da infância é cada vez mais sobreposto,
dentro e fora da escola, por situações e valores que são gerados a partir de culturas de massa em
detrimento da experiência imaginativa.

Mesmo a criança ou o adolescente demonstrando grande interesse pelo fazer e aprender a construir
formas presentes em seu meio, o crescimento da criação individual é mantido. O aluno tem, então, a
possibilidade de criar suas próprias imagens, envolvendo-se, dessa maneira, em uma experiência pessoal
e particular daquilo que aprenderam ou vivenciaram a partir de técnicas, temas, influências de outros
atores ou contato com a natureza.

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Unidade I

Figura 6

Ao professor compete a responsabilidade de orientar os alunos com as informações e os procedimentos


de Arte que podem preservar o desenvolvimento do trabalho pessoal, possibilitando oportunidades de
realizações próprias para a composição de projetos pessoais e em grupo.

As ações pedagógicas que consideram as competências relativas à percepção estética envolvem e


favorecem o fortalecimento do processo criativo do aluno. Ele tem a possibilidade de tornar-se mais
crítico em relação à sua própria criação, porque nessa fase de desenvolvimento podem-se realizar
comparações no meio social em que está inserido e ao qual tem acesso.

Tal proposta identifica que a criança é menos espontânea e criativa em períodos anteriores de sua
fase escolar. Nesse sentido, almeja-se o envolvimento do aluno com a cultura e a Arte. No entanto, essa
proposta não pode ser confundida com submissão a padrões adultos de arte.

A experiência e a vivência desse momento podem possibilitar à criança e ao jovem estruturar


trabalhos individuais, de modo a construir poéticas autônomas e influências transformadoras do
trabalho desenvolvido em sua imersão criativa nas mais diversas formas da arte.

Em um período mais adiante na infância, a partir dos 10 anos de idade, a experiência da criança irá
proporcionar ao aluno o desenvolvimento de poéticas próprias planificadas com intencionalidade.

A capacidade de refletir sobre a arte e ir ao encontro da aprendizagem deve combinar competências.


O conhecimento precisa estar comtemplado no ensino-aprendizagem de forma que possa assegurar aos
alunos um exercício contínuo de sua imaginação, de sua percepção e de suas produções.

Já em relação ao conteúdo, o ensino visa ampliar a diversidade do repertório cultural que a criança
e o adolescente trazem para a escola, a partir do corpo social em que estão inseridos. Propõe-se que o
trabalho seja realizado com produtos da comunidade para que os alunos se adaptem à participação na
sociedade como cidadãos informados.
20
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Os conhecimentos produzidos a partir de diferentes culturas favorecem a valorização dos indivíduos


por intermédio do contraste, das semelhanças e das qualidades que ampliam as possibilidades da criança
e do jovem, ao longo de seu crescimento, na consolidação da sua identidade.

O fenômeno artístico está presente nos mais diversos meios e manifestações culturais populares,
eruditas, modernas, contemporâneas e nas mais diferentes formas de comunicação e tecnologias.

Não necessariamente a Arte se apresenta no cotidiano como obra, mas pode ser observada em
objetos, na música, em exposições, em arranjos de vitrines, nas tapeçarias tradicionais, na dança de rua,
em jardins, nos vestuários etc.

O estímulo e o interesse por variadas culturas, valores e manifestações artísticas podem despertar
no aluno uma compreensão de outro universo cultural, diferente do seu. Desse modo, a capacidade
artística é inerente a cada grupo e seus conjuntos de valores, dadas as possibilidades das manifestações
artísticas e de suas diversidades.

O ensino de Arte está relacionado a conteúdos específicos de sua área de conhecimento e deve ser
sólido como parte construtiva dos currículos escolares, objetivando a capacitação de professores para
orientação na formação dos alunos.

Durante o Ensino Fundamental, espera-se que o aluno desenvolva competências artísticas e estéticas
por meio das linguagens de Arte (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro), para a produção de trabalhos
individuais ou em grupo e a apreciação, o desfrute, a valorização e a crítica dos bens artísticos de
diferentes culturas e povos ao longo da história.

Figura 7

A organização didática tem como proposta incutir nos alunos formas de expressão para que
eles possam se comunicar por meio de suas construções pela arte. Propõe-se, então, que eles
sejam capazes de se relacionar por intermédio das artes visuais, da dança, da música e do teatro,
uma série de instrumentos e técnicas que os direcionam a conhecer sua habilidade para um
determinado fim artístico.

21
Unidade I

Busca-se também por meio de suas produções e interações artísticas uma relação de autoconfiança
e respeito, uma vez que é importante para o convívio com os demais colegas nesse percurso de
multiplicidade, soluções e procedimentos.

Diante do exposto, os conteúdos gerais de Arte estão alocados da seguinte forma, do 1o ao 9o ano:

• conteúdos compatíveis com as possibilidades de aprendizagem do aluno;

• valorização do ensino de questões básicas de Arte, necessárias à formação do cidadão, considerando,


ao longo dos ciclos de escolaridade, manifestações artísticas de povos e culturas de diferentes
épocas, incluindo a contemporaneidade;

• especificidades do conhecimento e da ação artística.

Do 1º ao 5º ano serão estabelecidas as modalidades artísticas específicas:

• a arte como expressão e comunicação dos indivíduos;

• elementos básicos de formas artísticas, modos de articulação formal, técnicas, materiais e


procedimentos na criação em arte;

• produtores em arte – vidas, épocas e produtos em conexões;

• diversidade das formas de Arte e concepções estéticas da cultura regional, nacional e internacional
– produções, reproduções e suas histórias;

• a arte na sociedade, considerando os seus produtores, as produções e suas formas de documentação,


preservação e divulgação em diferentes culturas e momentos históricos.

A compreensão e a identificação da Arte como fato histórico contextualizado em diversas culturas,


com conhecimento e respeito, geram observações mais equilibradas na análise das produções do
entorno do aluno, bem como das mais variadas produções do patrimônio cultural e natural. A existência
de inúmeros padrões artísticos e estéticos contempla as relações entre a realidade e o homem a
partir de elementos como interesse, curiosidade, exercícios, discussão, indagação, argumentação e
apreciação da Arte do seu entorno de forma bastante sensível.

Os resultados dos trabalhos e das atividades do artista em sua experiência de aprendizado, além da
compreensão e da identificação, propõem a busca e a organização de informações da Arte a partir de
museus, documentos, acervos, galerias, fonotecas, cinematecas, exposições, centros culturais, jornais,
revistas, ilustrações, livros e demais mídias para o reconhecimento e a compreensão da variedade de
produtos artísticos e confecções estéticas presentes na história das diferentes culturas.

Os PCNs, por meio de seus objetivos, propõem que os conteúdos contribuam para a formação do
aluno, com a intenção de desenvolver nele uma participação social mais atuante, além do respeito por
sua própria cultura e pela de diferentes povos.
22
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Por meio das áreas de conhecimento e critérios da arte, como artes visuais, música, teatro e dança,
espera-se que mediante os conteúdos abordados os alunos possam realizar e promover atividades
artísticas condizentes com valores estéticos absorvidos e inerentes à sua vivência.

Não estarão aqui definidas as modalidades artísticas a serem realizadas em cada período, mas serão
oferecidas condições para melhor entendimento do que se espera dos professores e dos alunos nos
projetos curriculares na escola.

Tanto nas comunidades quanto nas escolas existe uma diversidade de recursos – humanos e
materiais –, no entanto, considerando a realidade das instituições de ensino, destacam-se alguns
aspectos fundamentais para o desenvolvimento de atividades.

Há um anseio para que o aluno, durante a sua escolaridade, tenha oportunidade de se envolver
com um grande número de formas de arte, mas para que isso de fato ocorra os conteúdos
precisam contemplar possibilidades que exercitem-no e inspirem-no a um entendimento mais
próximo do universo artístico e estético em que está inserido. Tais oportunidades devem sugerir
um maior contato com criações da própria natureza, cultura e obras, além de manifestações
artísticas em geral.

O processo analítico, o estudo e a reflexão a respeito das formas de arte contribuem, por meio de
instruções, na formação e no desenvolvimento do aluno e em sua capacidade de criar.

A articulação dos conteúdos precisa estar incluída no contexto do ensino-aprendizagem a partir dos
três eixos norteadores: a produção, a fruição e a reflexão:

A produção refere-se ao fazer artístico e ao conjunto de questões a ele


relacionados, no âmbito do fazer do aluno e dos produtores sociais de arte.

A fruição refere-se à apreciação significativa de arte e do universo a


ela relacionado. Tal ação contempla a fruição da produção dos alunos e
da produção histórico-social em sua diversidade. A reflexão refere-se à
construção de conhecimento sobre o trabalho artístico pessoal, dos colegas
e sobre a arte como produto da história e da multiplicidade das culturas
humanas, com ênfase na formação cultivada do cidadão (BRASIL, [s. d.]).

É nessa fase que os assuntos precisam ser trabalhados, em qualquer ordem, pelo professor.

A partir dos três eixos contidos nos PCNs, o processo de ensino-aprendizagem busca uma ordenação
de conteúdos por meio das quatro linguagens: artes visuais, música, teatro e dança, por período. Eles
precisam estar adequados às possibilidades do aluno a partir de povos, culturas e etnias.

Sobre as linguagens, é necessário que se façam presentes por área.

23
Unidade I

Saiba mais

Por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), encontramos


normativas que sustentam o ensino de Arte através das áreas/linguagens.
Para saber mais acerca do assunto, consulte:

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília, 1997.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>.
Acesso em: 18 out. 2016.

2.2 Arte, contexto e cultura

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96, em seu segundo parágrafo do art. 26,
compreendemos que a arte na Educação Básica tem como proposta o desenvolvimento cultural de seus
estudantes – crianças, jovens e adolescentes.

Saiba mais

Para saber mais a respeito da criação do Ministério da Educação (MEC), visite:


<http://portal.mec.gov.br/institucional/historia>. Acesso em: 18 out. 2016.

Apesar do fato de a Arte ter função semelhante à das demais áreas de conhecimento no processo de
ensino-aprendizagem, os PCNs sugerem que ela possua suas particularidades.

As atividades e produções artísticas e estéticas proporcionam o desenvolvimento da


ordenação. A educação em Arte sugere o aperfeiçoamento do pensamento para o senso crítico,
reflexivo e estético, ou seja, visa, mediante critérios, à ordenação de seus sentidos e a uma melhor
contextualização das relações humanas.

Desse modo, o estudante aprimora sua sensibilidade por meio da percepção, da imaginação e da
criação ao realizar práticas artísticas produzidas por diversos atores em diferentes culturas.

Lembrete

Cultura é todo o conjunto de conhecimentos, hábitos, saberes e crenças


que construímos e conhecemos ao longo da vida; em outras palavras, tudo
aquilo que não nasceu conosco.

24
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A Arte também proporciona um relacionamento criterioso com outras disciplinas do currículo, por
exemplo, um estudante de arte que a conhece pode estabelecer ligações de semelhanças entre as obras
que estão contidas em um determinado período histórico.

Figura 8

Nesse contexto, o estudante exercita continuamente a imaginação e terá mais habilidades na


construção de um texto ou na resolução de problemas matemáticos.

O ensino de Arte tem como premissa contribuir com os espaços sociais de uma comunidade que se
relacionam com manifestações artísticas.

Cada cultura tem suas especificidades quando o assunto é a Arte, expressando-se de maneira
particular ao se tratar de seus valores e significados. A maneira pela qual a cultura é decifrada por meio
dos valores de um grupo pode estabelecer percepções, expressões, significados e valores distintos dos
pertencentes a outro.

A audição e a visão têm uma função especial na compreensão da Arte; os demais sentidos
possuem um papel singular nas questões sociais. Diante do exposto, a comunicação pode se
tornar mais rápida e eficaz, porque atinge o interlocutor mediante um universo de significados
representados por fatos.

Figura 9

25
Unidade I

Figura 10

Figura 11

Figura 12

26
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 13

Pelo acesso a culturas diferentes da sua, o estudante de Arte poderá compreender melhor a relação
entre valores culturais por meio de reflexões sobre aquilo que lhe é desconhecido, para um favorecimento
da diversificação do processo criativo e imaginário.

Dessa maneira, o estudante é capaz de compreender a realidade cotidiana de forma mais viva,
reconhecendo formas e objetos que estão ao seu redor. Nesse exercício de observação crítica, há em sua
cultura possibilidades de uma análise mais detalhada do contexto em que está inserido.

Na sociedade, a Arte também se faz presente em diversos ramos de atividades, por isso o seu
conhecimento está diretamente ligado a um significativo número de profissionais. Para o aluno, o
seu domínio incorpora estímulos de uma compreensão do universo em dimensão simbólica presente,
educando-o com a intenção de torná-lo mais flexível em relação a seu senso crítico e estético, de modo
que o criar e o conhecer são indissociáveis – condição fundamental para aprender.

A Arte não vivenciada resulta em uma comunicação estreita e limitada, além de extrair sua capacidade
de sonhar e estabelecer uma associação de trocas simbólicas por meio de objetos e formas à sua volta,
bem como sonoridades, poesias, cores e gestos.

3 NOÇÕES, APRECIAÇÕES E AVALIAÇÕES DA ARTE

As obras de arte não têm a mesma função desde a Antiguidade. Muitas vezes elas serviram para
registrar ou contar uma história, ou parte dela, e traziam em sua essência relatos de uma época, de
sentimentos, de um período religioso ou importante acontecimento.

Somente a partir do século XX é que elas passaram a ser consideradas um objeto desvinculado
de negócios não artísticos. Assim, tornaram-se algo que propiciasse experiências estéticas por
meio de seus valores.

Podem-se distinguir três funções principais para a arte, a partir do propósito e do tipo de interesse
com que as pessoas se aproximam de uma determinada obra.

27
Unidade I

Figura 14

A função pragmática ou utilitária: específico trabalho ou projeto artístico que possui a intenção
de alcançar seu fim por meio de outra finalidade.

Temos como exemplo as obras de fins não artísticos, que variam muito no decorrer da história. Na
Idade Média, a maior parte da população dos feudos era analfabeta, e a arte tinha fins didáticos para
ensinar os interesses do catolicismo e relatar histórias bíblicas.

Figura 15 – Cristo na última ceia

28
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 16 – Animais que embarcam em casais na arca de Noé

Figura 17 – Carpinteiros, doadores do vitral de Noé (na catedral de Chartres)

29
Unidade I

Figura 18 – Batalha entre cristãos e infiéis (vitral de Carlos Magno na Catedral de Chartres, França)

A função naturalista: as obras são como um espelho que expressam e refletem a realidade,
associando-nos diretamente a ela. Esse tipo de obra tem função referencial de nos remeter para o
mundo dos objetos retratados.

Figura 19 – O violeiro, 1899 – José Ferraz de Almeida Júnior

30
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 20 – Natureza morta – Pedro Alexandrino

A função formalista: tem preocupação com a forma de apresentação da arte. Nela, há uma
valorização da experiência estética. Contempla a forma de apresentação da obra, condição essa que
contribui decisivamente para o seu significado. Tem em sua essência a busca de mais qualidade na
apresentação da obra e de seus sentidos, seus valores e suas intenções estéticas. Tal função traz em
si princípios que determinam as organizações da imagem, os seus elementos e a sua composição. São
defensores dessa teoria Dan Flavin, Robert Morris e Richard Serra. Por exemplo:

Figura 21 – Sol poente, 1929 – Tarsila do Amaral

31
Unidade I

Figura 22 – Cidade, 1929 – Tarsila do Amaral

A partir das funções, podemos nos questionar: para que serve a arte? Qual sua relevância para
o mundo?

Se pensarmos em um sentido utilitarista, os povos da Antiguidade, por exemplo, precisavam de


objetos que respondessem à sua necessidade de sobrevivência. Dessa forma, entendemos um pouco
melhor como os desenhos nas cavernas e as suas representações precisavam ter utilidade, ou seja,
serviam como forma de auxílio e proteção por meio de espíritos de animais que fossem atraídos e
aprisionados nas caçadas.

Com o passar do tempo, essas primeiras manifestações artísticas começaram a ser desvinculadas
de suas funções nas comunidades. O homem passou, então, a demonstrar interesse por aspectos e
objetos, como as formas, cores e texturas. Consequentemente, as representações passaram a ser criadas
e executadas por prazer, desligando-se de certa forma de uma finalidade.

32
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Em certa medida, o interesse pelo enfeite, pelo belo e por elementos e fatos capazes de instigar e
manifestar pensamentos e emoções tornou-se mais frequente.

Existem aspectos e perspectivas diversos quanto à função da arte, e isso ocorre porque cada
sociedade estabelece uma relação muito específica com as obras de arte, constituindo necessidades e
importâncias singulares. Entretanto, duas vertentes de pensamento são muito comuns no que tange
à utilidade da arte.

Uma das vertentes defende que as artes não derivam de uma necessidade prática, independem de
utilidade, como ensino, entretenimento ou inspiração. O Romantismo é uma das escolas que apoiavam
esse segmento, estabelecendo que a arte teria sua autonomia.

O outro pensamento defende que a arte só pode existir ligada a alguma funcionalidade, aquilo que
lhe dá sentido. A partir desse ponto de vista, ela só subsiste caso o objeto artístico se relacione a uma
intenção histórica, social e educativa ou psicológica.

Ambos os pensamentos apresentam ideias e fundamentações que precisam ser discutidos. Contudo,
eles nos convidam, em um mesmo processo, à criação artística, aos elementos estéticos e outros de
ordem histórica, social, funcional, econômica etc.

A arte, funcional, mista ou puramente ligada à fruição da beleza, está diretamente ligada a ações
provocadas pelas manifestações expressivas e estéticas da humanidade.

3.1 Arte popular, erudita e de massa

A arte pode ter diferentes classificações: a arte erudita e a arte popular.

O problema reside fundamentalmente na tentativa de uma delimitação dos


respectivos postulados. Ora, tanto a definição de arte popular, como a de
“arte erudita”, pressupõe a crença em uma essência, partindo do axioma
da unidade e da coerência, na existência supraindividual e coletiva, em um
substrato suprafenoménico subjacente a uma cultura ou a um povo que, na
realidade, não parece existir (SALDANHA, 2008, p. 2).

De forma mais ampla, a arte popular pode ser compreendida como aquela que ocorre para além
dos gostos. As definições e conceitos sobre ela, também ocasionalmente chamada de arte primitiva,
folclore, artesanato são muitas vezes identificadas como arte das massas, não é inacessível ao público
em geral. Essa arte, normalmente, dados os aspectos econômicos de sua construção, não é encontrada
em grandes centros de exposições, galerias e museus.

33
Unidade I

Figura 23

Nesse contexto, Ayres (1996, p. 239) aponta para arte popular com um papel preponderante,
em termos de conteúdo, de temas e utilização, mas também de estrutura, técnicas, instrumentos
e materiais.

Ela, de forma sintetizada, é aquela que expressa e representa valores locais e regionais, crenças,
lendas, costumes típicos de uma cultura. O artista aprende como estruturar seus trabalhos e
projetos, sem necessariamente ter frequentado escolas de artes. No entanto, cria obras de valor
estético e artístico, bastante significativo, revelado a partir do meio no qual está inserido, por
vezes humilde e complexo.

Outras distinções são apontadas por Saldanha (2008), a respeito das autorias das obras, dizendo
que a arte popular:

[...] é maioritariamente anônima; e quanto a ser “feita por qualquer


pessoa” vem de certa forma também contradizer a diferenciação entre
arte erudita e arte popular, a primeira feita pela/para elite “instruída”
e a outra para as massas “sem acesso” a bens econômicos e culturais
(SALDANHA, 2008, p. 107).

34
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Alguns exemplos de arte popular são:

Figura 24 – Mulheres e papagaios – Maureen Bisilliat

Figura 25 – Presépio, oito peças em madeira esculpida

A arte erudita tem em seus valores universais um notável número de importantes artistas que deixaram
ou possuem conhecimento técnico e formal específico. As suas obras representam determinadas épocas
e carregam em si reflexões sobre os modos de expressão plástica e estabelecimento de conceitos. É
comumente direcionada para uma elite artística. Segundo Smith (1999, p. 30), “a arte erudita aspira a
um estilo, normalmente Clássico, erudito e generalizado”.
35
Unidade I

O fenômeno artístico é inerente a diversas manifestações presentes em acervos culturais da arte


popular e da arte erudita, além de novas mídias e recursos tecnológicos.

Alguns exemplos de arte erudita são:

Figura 26 – A Primavera, Giuseppe Arcimboldo

Figura 27 – A criação de Adão, Michelangelo. Interior da Capela Sistina no Vaticano

36
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 28 – Pietà, Michelangelo. Basílica de São Pedro em Roma

Figura 29 – David, Michelangelo. Museu da Academia de Florença

37
Unidade I

Figura 30 – Última Ceia, Leonardo da Vinci. Mural no refeitório do Mosteiro de Santa Maria della Grazie em Milão

Figura 31 – A Escola de Atenas, Rafael Sanzio. Stanza della Segnatura no Vaticano

38
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 32 – Diana e Actéon, Ticiano. National Gallery of Scotland em Edimburgo

O Maneirismo quebrou o objetivismo da Renascença, deixando de lado a teoria da arte como


representação da natureza, acrescentou profundidade espiritual e interioridade que faltavam à arte
clássica italiana.

Singulares períodos da história têm a notoriedade do Renascimento. Ele não foi apenas uma
retratação do passado, modificou uma visão do mundo que se iniciou no século XIV. Teve como
consequência uma forma de reinterpretação da Antiguidade Clássica e uma maneira distinta de se
relacionar com períodos de arte que o antecederam.

A arte de massa possui artes oriundas da década de 1970, incialmente ligadas ao Hip-hop e
presentes nos grandes centros urbanos por meio das técnicas de pintura em muros, representadas
com tintas spray.

Figura 33 – Hip-hop – Dança de rua

39
Unidade I

Outros exemplos dela são as histórias em quadrinhos, compostas de técnicas tradicionais, como
o desenho e a pintura, ou de técnicas mais recentes, como as pinturas digitais feitas por meio de
dispositivos específicos.

Por meio de redes sociais e aplicativos, como Facebook, Google Plus, Instagram, WhatsApp,
Twitter, esse tipo de arte é relativamente encontrado e pode promover e divulgar trabalhos de novos e
conceituados artistas. Esse modo de arte, por padrão, transita em formato digital.

Alguns exemplos são:

Figura 34 – Shoujo

Figura 35 – Shounen

40
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Figura 36

Por meio de recursos tecnológicos, também encontramos manifestações artísticas utilizando


recursos gráficos em redes como Facebook, Instagram, Google Plus, Youtube etc., bem como de algumas
formas convencionais como a televisão e os consoles de games. Tais espaços propiciam a construção de
animações, personagens, cenários de um universo virtual criado ou recriado.

Esse mercado busca profissionais com competências técnicas específicas para atuarem em design
gráfico, modelagem 3-D, confecção de cenários e ambientes virtuais.

4 ARTE, EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E ELEMENTOS BÁSICOS

“Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência para
aprender a desenhar como as crianças.” (Pablo Picasso)

O modo pessoal de expressão de uma criança se estabelece a partir de linguagem e vocabulários


singulares. Nota-se um desejo progressivo de deixar suas marcas. Rabiscos e garatujas são composições,
a princípio, desordenadas, mas após o início de tais construções revelam um desenvolvimento simbólico
cada vez mais ordenado.

Inicialmente, a criança realiza suas atividades com a intenção de expressar tudo o que ela viu e
presenciou no meio em que está inserida. Dessa forma, começa a representá-los no espaço bidimensional
do papel ou de qualquer outra superfície, como areia, parede, tablets e outros equipamentos. Nesse
momento, passa a incorporar com regularidade desenhos que estão presentes em seu ambiente e em
suas atividades e produções.

41
Unidade I

A partir do desenho, ela representa aquilo que viu, cria e recria novas composições de forma individual.

Figura 37

Essas formas expressivas integram a percepção, a imaginação e a sensibilidade.

No processo de conhecimento artístico, do qual faz parte a apreciação


estética, o canal privilegiado de compreensão é a qualidade da experiência
sensível da percepção. Diante de uma obra de arte, habilidades de
percepção, intuição, raciocínio e imaginação atuam tanto no artista
quanto no espectador. Mas é inicialmente pelo canal da sensibilidade
que se estabelece o contato entre a pessoa do artista e a do espectador,
mediado pela percepção estética da obra de arte.

O processo de conhecimento advém de relações significativas, a partir da


percepção das qualidades de linhas, texturas, cores, sons, movimentos etc.
(BRASIL, 1997, p. 29).

A integração de percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, nesse contexto, pode ser apropriada
por leituras e reflexões de outras crianças e adultos.

O desenho está, em grande medida, fortemente relacionado ao desenvolvimento da escrita.

[...] as crianças são inclinadas de modo especial a procurar todo e qualquer


lugar de trabalho onde visivelmente transcorre a atividade sobre as coisas.
Sentem-se irresistivelmente atraídas pelo resíduo que surge na construção,
no trabalho de jardinagem ou doméstico, na costura ou na marcenaria.

42
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Em produtos residuais reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta


exatamente para elas unicamente. Neles, elas menos imitam as obras dos
adultos do que põem materiais de espécie muito diferente, através daquilo
que com eles aprontam no brinquedo, em uma nova, brusca relação entre si
(BENJAMIN, 1985, p. 18).

Essa forma de expressão exerce uma verdadeira fascinação sobre as crianças, e isso anda com sua
maneira própria de representar seu universo simbólico por meio de seus símbolos. É nessa fase que
elas, por meio de suas atividades gráfico-plásticas, expressam sua forma de falar, brincar e registram a
evolução de parte de sua infância. Por fim, o desenho tem papel importante no desenvolvimento como
possibilidade de brincar, registrar e marcar a infância.

No entanto, o desenho apresenta algumas particularidades em cada estágio ou período em que a


criança se encontra, tendo em vista seu temperamento e sua sensibilidade. Essa maneira individual de
desenhar de cada idade muda muito pouco entre as culturas.

Para uma melhor compreensão do progresso gráfico-plástico da criança, os PCNs estão divididos em
grandes blocos com as teorias e os teóricos que tratam desse assunto.

Saiba mais

Para saber mais sobre práticas educativas, leia:

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

A partir da definição dos objetivos amplos e específicos, o professor planeja trajetórias para os
estudantes de forma a construir com aprendizagens significativas.

A estrutura e a organização curricular servem de apoio à prática docente e às aprendizagens


dos alunos. Dessa forma, tem como finalidade contribuir para a formação dos alunos com base
na Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases (LDB) –, de modo a compreender como cada área de
conhecimento contribui, os parâmetros legais que recomendam e quanto os sistemas de ensino
necessitam para organizar seus currículos. Ainda, de acordo com a referida Lei e suas emendas, os
currículos do Ensino Fundamental devem, obrigatoriamente, abarcar o estudo da Língua Portuguesa
e da Matemática, o entendimento do mundo físico e natural, além da realidade social e política.

Lembrete

O ensino da Arte tem caráter obrigatório, e nesse sentido há uma


preocupação que visa o estímulo à produção cultural dos alunos.

43
Unidade I

A organização da estrutura curricular intenciona superar fronteiras, sempre artificiais, de


conhecimentos amplos e específicos, e a integração de conteúdos diversos em coerência com um
adequado suporte de aprendizagem mais interligada para os alunos.

As ideias entre as áreas precisam ser realizadas por meio de modalidades, como projetos
interdisciplinares e a exploração de soluções de problemas, investigação, exploração de gêneros e de
linguagens em diferentes áreas de conhecimento, de forma a atender uma organização curricular que
seja capaz de estabelecer relações possíveis no que o aluno estabelecerá em sua aprendizagem.

Outra condição importante é a organização do desenvolvimento do currículo articulado, integrado


e coerente com a escolha da equipe escolar, as concepções de aprendizagem e o ensino das avaliações
de forma coletiva.

Um consenso foi criado a respeito da Educação Básica no que se refere fundamentalmente à


preparação do exercício da cidadania relativa à escola na formação do aprendiz em habilidades,
conhecimentos, valores e atitudes, modos de pensamento e atuações na sociedade por meio de uma
aprendizagem mais significativa.

Resumo
Trouxemos à tona as relações vivenciadas pelo profissional de Artes
Visuais por meio da atuação do professor e do artista. Nesse contexto,
buscamos uma compreensão mais próxima do que o profissional deve
exercer ou do que se espera que ele exerça. Para um melhor entendimento,
realizou-se uma revisão bibliográfica com a finalidade de registrar as
ocupações e profissões, bem como quais são suas variações. Nesse processo
foram detalhadas as ocupações profissionais. Há grande variedade de
ofícios exercidos, e, portanto, muitas classificações.

Procurou-se ressaltar o que os professores ou graduados (bacharéis) em


Artes podem transmitir aos alunos por meio de suas obras.

Também houve informações dos PCNs (Parâmetros Curriculares


Nacionais) e das obras referenciadas com relação ao que se espera de cada
profissional formado na área.

Dessa forma, buscaram-se reflexões e indicações importantes para a


formação do educador, possibilidades dos campos de atuação, fundamentos
do trabalho do artista e educador, a compreensão das artes, além de suas
peculiaridades que enriquecem nosso cotidiano.

Tentou-se compreender um pouco mais do que somos capazes de


produzir, admirar e vivenciar do ponto de vista do professor, aluno e artista
mediante os desafios propostos pela educação.
44
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Exercícios

Questão 1. Um professor de Artes decidiu levar em aula a fotografia a seguir e discorrer sobre
movimentos artísticos.

Com base nessa situação e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas a seguir.

I – A aula utiliza uma fonte não canônica sobre a história da arte, o que a torna pouco produtiva do
ponto de vista pedagógico.

II – Além de discutir aspectos referentes aos pintores e seus estilos, o professor pode abordar a
questão da arte urbana manifestada em grafites.

III – O autor do grafite procurou expressar em cada figura o estilo do autor, como se vê, por exemplo,
na atribuída a Picasso, artista cubista, criador de Guernica.

Está correto o que se afirma em:

A) I, II e III.

B) II e III, apenas.

C) I e II, apenas.

D) I e III, apenas.

E) II, apenas.

Resposta correta: alternativa B.

45
Unidade I

Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.

Justificativa: o fato de não ser uma fonte tradicional, como um livro, não torna a atividade pouco
produtiva pedagogicamente.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: o fato de apresentar movimentos artísticos por meio de uma imagem da arte urbana
contemporânea pode ser muito enriquecedor na aula.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: observa‑se que a figura atribuída a Picasso apresenta formas geométricas distorcidas,
lembrando quadros do pintor.

Questão 2. (Cesgranrio 2011) No final da década de 1970, constituiu‑se no Brasil o movimento


Arte‑Educação. No início, esse movimento organizou‑se fora da educação escolar e a partir de premissas
metodológicas fundamentadas nas ideias da Escola Nova e da Educação através da Arte. Esse modo de
conceber o ensino da Arte propunha:

A) Atividades centradas no ensino da história da arte.

B) Atividades centradas no ensino do desenho geométrico.

C) Atividades voltadas para a cultura visual da sociedade.

D) Ação educativa criadora, ativa e centrada no aluno.

E) Ensino específico da linguagem visual.

Resolução desta questão na plataforma.

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