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Abordagem
Sistêmica da
Administração
A Abordagem Sistêmica tem sua origem na Biologia e nasceu da compa-ração
da organização com a dinâmica dos organismos vivos, os quais são por natu-
reza sistemas abertos. Sistemas abertos são formados por partes interdepen-
dentes e interagentes que buscam um objetivo comum, que é influenciados e
influencia o ambiente externo. No entanto, não é uma teoria aplicável a todo o
universo, mas uma forma de ordenar o processo de pensar as coisas existentes,
especialmente se forem entidades complexas, a exemplo das organizações.
A ideia central do enfoque sistêmico é o conceito de sistema, que ajuda a
entender como se dá a interação entre as partes da organização e entre ela e o
ambiente empresarial. De acordo com a abordagem sistêmica, uma organiza-
ção é formada por dois sistemas que interagem entre si:

•  Sistema Social (pessoas e a interação entre elas);


•  Sistema Técnico (estrutura, organização do trabalho etc).

A abordagem sistêmica tem por objetivo representar, de forma compreensiva


e objetiva, o meio em que tem lugar a tomada de decisões, uma vez que a tarefa
de decisão seria muito mais fácil se contássemos com uma descrição concreta e
objetiva do sistema dentro do qual ela deve ser tomada (MAXIMIANO, 2006).

OBJETIVOS
• Aprender sobre a Teoria Matemática da Administração
• Entender sobre a Pesquisa Operacional e sua influência para a TGA
• Apresentar os conceitos básicos do enfoque sistêmico.
• Discutir as principais teorias do enfoque sistêmico.
• Mostrar ao aluno como o enfoque sistêmico é utilizado na administração.
• A importância da tecnologia para a administração.
• Conhecer a teoria da informação.

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7.1 Teoria Matemática da Administração
A TGA recebeu muitas contribuições da Matemática sob a forma de modelos
matemáticos para proporcionar soluções de problemas empresariais. Mui-
tas decisões administrativas são tomadas com base em soluções contidas em
equações matemáticas que simulam situações reais (CHIAVENATO, 2003).
A Teoria Matemática aplicada a soluções dos problemas administrativos é
conhecida como Pesquisa Operacional (PO), sendo uma corrente que localiza e
que enfatiza o processo decisório e o trata de modo lógico e racional através de
uma abordagem quantitativa, determinística e lógica.
A maior aplicação da Teoria Matemática está na Administração das
Operações em organizações da manufatura e de serviços que envolvem ativida-
des relacionadas com produtos e serviços, processo e tecnologia, localização in-
dustrial, gerenciamento da qualidade, planejamento e controle de operações.
Os temas mais tratados pelas Administrações das Operações são as operações,
serviços, qualidade, estratégia de operações e tecnologia (CHIAVENATO, 2003).

Origem da Teoria Matemática na Administração

A Teoria Matemática surgiu a partir de cinco causas:

1. O trabalho clássico sobre Teoria dos jogos para a teoria estatística da


decisão.
2. O estudo do processo decisório que ressaltaram a importância mais da
decisão do que da ação dela decorrente. A tomada de decisão passou a ser con-
siderada decisiva no sucesso de todo sistema cooperativo, que é a organização.
3. A existência de decisões programáveis que podem ser quantificadas e
representadas por modelos matemáticos.
4. O computador para aplicações de técnicas matemáticas mais
complexas.
5. A Teoria Matemática que surgiu com a utilização da Pesquisa Operacional
(PO) no decorrer da Segunda Guerra Mundial no campo da estratégia militar. A
Teoria matemática pretendeu criar uma ciência da Administração em bases
lógicas e matemáticas que acabou produzindo a chamada Administração de
Operações focada na administração manufaturas e de serviços.

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Processo Decisório

A Teoria Matemática desloca a ênfase na ação para a ênfase na decisão que a an-
tecede. O processo decisório é o seu fundamento básico. A tomada de decisão
é o ponto focal da Teoria da Matemática. A tomada de decisão é estudada sob
duas perspectivas (CHIAVENATO, 2003):

1. Perspectivas do processo: Concentram-se nas etapas da tomada de de-


cisões, quando seu objetivo é selecionar as melhores alternativas de decisão.
Focaliza o processo decisório em três etapas simples:

•  Definição do problema;
•  Quais as alternativas possíveis de solução do problema;
•  Qual é a melhor alternativa de solução (escolha);

A perspectiva do processo escolhe dentre as possíveis alternativas de solu-


ção daquela que produz melhor eficiência.

2. Perspectiva do problema: Está orientada para a resolução de proble-


mas, sua ênfase está na solução final do problema. Essa perspectiva é criticada
por não indicar as alternativas e pela sua deficiência quando as situações de-
mandam vários modelos de implementação.
Está ocorrendo uma verdadeira revolução nas técnicas de tomadas de deci-
são. A análise matemática, a pesquisa operacional, o processamento de dados,
a análise de sistemas, a simulação pelo computador são técnicas utilizadas em
operações programadas que antes eram executadas pelo pessoal do escritório,
mas passou o computador assumir, produzindo decisões programadas que go-
vernarão e empresa (CHIAVENATO, 2003).

Modelos Matemáticos em Administração

A Teoria Matemática procura construir modelos matemáticos capazes de simu-


lar situações reais na empresa. A criação de modelos matemáticos focaliza a reso-
lução de problemas de tomada de decisão, o que é a representação de algo ou o pa-
drão de algo a ser feito por meio do modelo que se faz representações da realidade.

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Problema estruturado é aquele que pode ser perfeitamente definido, pois
suas principais variáveis conhecidas.
Problemas não estruturados já são diferentes, eles não podem ser clara-
mente definidos pois uma ou mais de suas variáveis é desconhecida ou não
pode ser determinada com algum grau de confiança.
Esses problemas podem ser resolvidos através de dois tipos de decisões:
as programadas e as não programadas. A decisão programada é aquela que é
caracterizada pela rotina e repetitividade, com dados evidentes, certeza, são
previsíveis. Já as decisões não programadas têm dados inadequados, únicos e
imprevisíveis, elas têm difícil controle, pois são problemas incomuns, incertos.
A teoria matemática então aparece para resolver os problemas com julgamento
objetivo e lógico, sem confiar na intuição ou criatividade para solucionar esses
problemas (CHIAVENATO, 2003).

Pesquisa Operacional

O ramo da Pesquisa Operacional (PO) descende sob vários aspectos da adminis-


tração científica a qual acrescentou métodos matemáticos refinados como a tecno-
logia computacional. A PO adota o método cientifico como estrutura para a solução
dos problemas, com forte ênfase no julgamento objetivo. Suas definições variam
desde técnicas especificas até o método científico em si, que inclui três aspectos
básicos comuns à abordagem de PO para a tomada de decisão administrativa:

1. Visão sistemática dos problemas a serem resolvidos.


2. Uso do método científico na resolução de problemas.
3. Utilização de técnicas especificas de estatística, probabilidade e mode-
los matemáticos para ajudar o tomador de decisão a resolver o problema.

O objetivo da PO é capacitar a administração e resolver problemas e tomar


decisões para fornecer subsídios racionais para a tomada de decisões nas orga-
nizações. Ela pretende tornar científico, racional e lógico o processo decisório
nas organizações. Sua metodologia utiliza seis fases:

•  Formular o problema;
•  Construir um modelo matemático para representar o sistema;
•  Deduzir uma solução do modelo;

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•  Testar o modelo e a solução;
•  Estabelecer controle sobre a solução;
•  Colocar a solução em funcionamento;

Suas aplicações envolvem: fluxos de produção, controle de qualidade, pla-


nejamento e controle da produção, transporte, estoque, distribuição e manipu-
lação de materiais ou produtos, eficiência e produtividade, pesquisa de merca-
do, prevenção de acidentes, etc. (CHIAVENATO, 2003).
As principais técnicas de PO são:

•  Teoria de Jogos: Propõe uma formulação matemática para a estratégia e a


análise dos conflitos. Envolve disputa de interesses entre dois ou mais interve-
nientes, em que cada jogador pode assumir uma variedade de ações possíveis,
delimitadas pelas regras. Essa Teoria é principalmente utilizada em análise de
concorrência em mercados competitivos. É o estudo das tomadas de decisões
entre indivíduos quando o resultado de cada um depende das decisões dos ou-
tros, numa interdependência similar a um jogo. Ela estuda cenários onde exis-
tem vários interessados em otimizar os próprios ganhos, as vezes em conflito
entre si.
•  Teoria das Filas: Refere-se à otimização de arranjos em condições de
aglomeração e de espera e utiliza técnicas matemáticas variadas. Ela cuida do
tempo de espera, ou seja, das demoras verificadas em algum ponto de serviço
no qual se situam em problemas, como ligações telefônicas, problemas com o
tráfego, cadeias de suprimentos, logística e atendimento a clientes em agên-
cias bancárias. Sendo seus pontos de interesses o tempo de espera dos clientes;
o número de clientes na fila e a razão entre o tempo de espera e o tempo de
prestação de serviço.
•  Teoria dos Grafos: Essa teoria se baseia em redes e diagramas de flechas
para várias finalidades, oferecendo técnicas de planejamento e programação
por essas redes. As redes ou diagramas de flechas apresentam as seguintes van-
tagens: execuções do projeto no prazo mais curto e ao menor custo; permitem o
inter-relacionamento das etapas e operações do projeto; distribuição ótima dos
recursos disponíveis e facilitam a sua redistribuição em caso de modificações;
fornecem alternativas para a execução do projeto e facilitam a tomada de decisão;
•  Programação linear: É uma técnica matemática que permite analisar os
recursos de produção no sentido de maximizar o lucro e minimizar o custo em

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função do objetivo prefixado. A PL é aplicável à programação de processos de-
cisórios para obter custo mínimo e rendimento máximo, sendo essa uma das
suas características dentre as demais, como supor a escolha entre as alterna-
tivas ou combinação delas; considerar limites ou restrições que a cercam e as
variáveis que devem ser quantificáveis e ter relações lineares entre si.
•  Programação Dinâmica: É aplicada em problemas que têm várias fases
inter-relacionadas, em que se deve adotar uma decisão adequada a cada uma
das fases, sem perder de vista o objetivo final.
•  Analise estatística e cálculo de probabilidade: É o método matemático utili-
zado para obter a mesma informação com a menor quantidade de dados. Uma de
suas aplicações mais conhecidas é o controle estatístico de qualidade na área de
produção. A ideia inicial era aplicar metodologia estatística na inspeção de quali-
dade, passando depois ao controle estatístico de qualidade e chegando à qualidade
assegurada a fim de obter conformidade com as especificações e proporcionar alto
grau de confiabilidade, durabilidade e desempenho nos produtos. Esse controle de
qualidade tem como objetivo localizar desvios, erros, defeitos ou falhas no proces-
so produtivo, comparando o desempenho com o padrão estabelecido, sendo essa
comparação feita por controle de qualidade 100% com inspeção total, controle de
qualidade por amostragem sendo por lotes de amostra recolhidos para serem ins-
pecionados, não interferindo no processo produtivo, porém se a amostra é aprova-
da, todo o lote é aprovado, e por fim pelo controle de qualidade aleatória, sendo a
probabilidade que consiste em inspecionar apenas certa porcentagem de produ-
tos ou do trabalho aleatório. Enquanto o controle estatístico de qualidade (CEQ)
é aplicável apenas no nível operacional, a qualidade total estende o conceito de
qualidade a toda a organização, desde o nível operacional até o nível institucional.

Estratégia Organizacional

A Teoria Matemática se preocupou com a competição típica dos jogos,


em que os elementos básicos da competição estratégica são: a capacidade de
compreender o comportamento competitivo no qual competidores, clientes,
dinheiro, pessoas e recursos interagem continuamente; a capacidade de usar
essa compreensão para predizer como os movimentos estratégicos irão alterar
o equilíbrio competitivo; os recursos que possam ser investidos em novos usos
mesmo se os benefícios só aparecerem a longo prazo; a capacidade de prever
riscos e lucros com exatidão, e a disposição de agir (CHIAVENATO, 2003).

capítulo 7 • 253
A necessidade de indicadores de desempenho

Os indicadores de desempenho são os sinais vitais de uma organização,


pois permitem mostrar o que ela está fazendo e quais os resultados de suas
ações. Um sistema de medição funciona como um painel de controle para que
a organização ou cada departamento possa avaliar seu desempenho. As princi-
pais vantagens de um sistema de medição são:

•  Avaliar o desempenho e indicar as ações corretivas necessárias


•  Apoiar a melhoria do desempenho
•  Manter a convergência de propósitos e a coerência de esforços na organi-
zação por meio da integração de estratégias, ações e medições.

As organizações utilizam medição, avaliação e controle de três áreas princi-


pais: dos resultados, que são aqueles que se pretendem alcançar dentro de um
determinado período de tempo, como dia, semana, mês ou ano; do desempe-
nho, que é o comportamento que se pretende colocar em prática; e dos fatores
críticos de sucesso, que são os aspectos fundamentais para que a organização
seja bem-sucedida em seus resultados ou em seu desempenho.

REFLEXÃO
A Teoria Matemática trouxe uma enorme contribuição à Administração, oferecendo técnicas
de planejamento e controle no emprego de recursos materiais, financeiros, humanos, etc, e
um formidável suporte na tomada de decisões, no sentido de otimizar a execução de traba-
lhos e diminuir os riscos envolvidos nos planos que afetam o futuro a curto o longo prazo.
Apesar dos benefícios, é importante salientar que ela apresenta algumas limitações, pois
ela apresenta aplicações de projetos que envolvam órgãos ou grupos de pessoas, mas não
aplicações globais envolvendo toda a organização como um conjunto. Além disso, a Teoria
Matemática reduz todas as situações a números ou expressões matemáticas para serem
desenvolvidas, mas a maior parte dos problemas nem sempre apresenta condições de ser
resolvida por expressões numéricas ou quantitativas. Ela também oferece poucas técnicas
em níveis elevados na hierarquia empresarial, pois se restringe à pesquisa e à investigação
das operações situadas no nível operacional da organização.

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Tecnologia e Informação Para a TGA

Desde o homem da caverna, sempre houve alguma forma de tecnologia em


toda organização social. "A tecnologia sempre influenciou poderosamente o
funcionamento das organizações a partir da Revolução Industrial." (Chiavena-
to, 2011, p. 387) Com a Revolução, o ritmo de inovação tecnológica acelerou-se
impressionantemente.
A tecnologia é uma das ferramentas que mais alteram o ambiente organi-
zacional. Isso torna necessária uma visão do impacto produzido por ela no que
tange às funcionalidades empresariais.
O desenvolvimento tecnológico sempre compôs a base que impulsionou o
progresso das organizações, permitindo a consolidação da globalização. "As
empresas precisam utilizar alguma tecnologia para executar operações e reali-
zar sua tarefa." (Chiavenato, 2000, p. 96) Toda empresa depende da tecnologia
para funcionar e alcançar seus objetivos.
O mundo empresarial está passando por um período de constantes mudanças,
em todos os níveis organizacionais. Esse processo ocorre por causa do contínuo
avanço tecnológico que obriga as organizações a estarem evoluindo frequentemente
e mantendo-se como agentes mercadológicos competitivos, produzindo bens e ser-
viços tecnologicamente mais rápidos, eficientes e satisfatórios a seus clientes.
No núcleo de cada organização, existem a tarefa desempenhada por ela e a
tecnologia que rege o fluxo de trabalho, a maquinaria, os processos e métodos
utilizados para desenvolvê-la. Logo, "a compreensão dos efeitos da tecnologia e
suas implicações organizacionais constituem um aspecto crítico para a adequa-
ção da administração empresarial." (Chiavenato, 2000, p. 99) Uma vez que existe
uma relação entre o que a tecnologia exige acerca das características dos recursos
humanos e as modificações feitas pelas pessoas sobre a tecnologia utilizada.
Segundo Chiavenato (2000), a tecnologia vai além da cibernética, da infor-
mação e da informática. Existem diferentes tecnologias para distintas realida-
des. A tecnologia pode estar de acordo com o arranjo físico na empresa, sendo
baseada na interdependência das tarefas, na ligação de clientes ou na focali-
zação de uma ampla gama de habilidades da empresa sobre um único cliente.
Ela também pode estar de acordo com o produto ou resultado, dependendo
da sua flexibilidade às demandas dos produtos ou serviços, ou não. Existe tam-
bém a tecnologia relacionada com o tipo de operação e a maneira de produzir.

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Isto é, produção por unidades, em grandes quantidades ou dentro de um pro-
cesso contínuo com poucos operários monitorando um processo automatizado.
A tecnologia adotada por uma empresa provoca forte impacto nos controles ad-
ministrativos e exerce influência na importância concedida às suas várias funções.
Ela precisa ser administrada por meio de decisões racionais para produzir eficiência.

Cibernética

A ideia central da cibernética é o autocontrole dos sistemas, visando ao alcance de


um objetivo. Na década de 1940, o enfoque sistêmico recebeu algumas contribui-
ções importantes do matemático americano Norbert Wiener, que definiu os prin-
cípios que deveriam orientar o autocontrole de um sistema (MAXIMIANO, 2006):

•  O sistema procura alcançar um objetivo ou alvo.


•  O sistema deve informar-se continuamente sobre o comportamento do ob-
jetivo e sobre seu próprio comportamento, a fim de ajustar o segundo ao primeiro;
•  O sistema deve ser organizado de forma que ele próprio obtenha e proces-
se a informação necessária sobre seu comportamento e o do objetivo; e
•  O mecanismo que fornece a informação sobre o desempenho do sistema
e do objetivo é o feedback.

O autocontrole dos sistemas está ligado à ideia de equilíbrio dinâmico entre


o sistema e seu objetivo. A principal aplicação desta ideia é o conceito de que
todo sistema deve ser auto controlado por meio de algum fluxo de informação
que lhe permita manter o funcionamento desejado (MAXIMIANO, 2006).

O Computador e a cibernética
O computador tem sua origem na Cibernética. O primeiro esforço científico integrado no
sentido de reunir diferentes áreas e especialidades da ciência matemática, engenharia,
medicina, eletrônica, física, neurologia, etc, para a construção de uma máquina complexa
que teria funcionamento parecido com o cérebro humano: o cérebro eletrônico.
Este foi o primeiro nome dado ao computador, então uma máquina gigantesca dotada de
válvulas e de circuitos complicados. Uma máquina burra que precisava ser previamente
programada em seus mínimos detalhes para poder funcionar. Um enorme hardware que

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requeria um enorme software. Logo, surgiram os mainframes (computadores de grande
porte para uso corporativo). Mas foi o aparecimento do computador pessoal (PC) em
1975 que popularizou o computador, e proporcionaria a informática em larga escala, tan-
to corporativa como individual ou doméstica – e a substituição dos antigos centros de
processamento de dados corporativos em redes corporativas de informação.
Um novo mundo organizacional estava sendo criado. A tecnologia estava oferecendo
soluções para atender às necessidades organizacionais de crescimento e complexidade.
Mas adiante, a tecnologia passaria a se antecipar a estas necessidades gerando novas
perspectivas e oportunidades para as organizações.

Fonte: Chiavenato (2003)

Origens da Cibernética

– Movimento iniciado por Norbert Wiener (1943) para esclarecer as “áreas


brancas no mapa da ciência”, fazendo uma conexão entre as ciências através da
reunião de uma equipe de cientistas de diferentes especialidades para criação
de uma ciência capaz de orientar o desenvolvimento de todas as demais;
– Os primeiros estudos sobre o cálculo de variações da Matemática, o prin-
cípio da incerteza mecânica quântica, a descoberta dos filtros de onda, o apa-
recimento da mecânica estatística etc., levaram a inovações na Engenharia, na
Física, na Medicina etc., que exigiram maior conexão entre esses novos domí-
nios e o intercâmbio de descobertas nas áreas brancas entre as ciências;
– Os estudos sobre informação e comunicação, através de vários trabalhos
sobre a lógica da informação, e com a abertura dos documentos secretos sobre
a Primeira Guerra Mundial, que possibilitou a percepção de que a falta de co-
municação entre as partes conflitantes (países) fora a sua causa;
– Os primeiros estudos e experiências com computadores para a solução de
equações diferenciais: inteligência artificial;
– Emprego do computador em equipamentos de artilharia aérea na
Inglaterra, que detectava o padrão de movimento do avião e ajustava-se a ele
autocorrigindo o seu funcionamento, através da retroação ou feedback;
– Ampliação do seu campo de atuação com o desenvolvimento da Teoria
Geral dos Sistemas (TGS);

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– Emprego na criação de máquinas de comportamento autorregulável
(computador e robô), em Engenharia, Biologia, Sociologia e, finalmente, na te-
oria administrativa.

Teoria dos Sistemas

A ideia central do enfoque sistêmico é o conceito de sistema, que ajuda a en-


tender como se dá a interação entre as partes da organização e entre ela e o
ambiente empresarial (MAXIMIANO, 2006).
Sistema é um conjunto de partes ou elementos que interagem entre si, for-
mando um todo unitário. A representação gráfica de um sistema está apresen-
tada na figura a seguir:
Sinergia

Entradas Saídas
Processo

Feedback

Figura 7.1 – Etapas do Processo.

As entradas correspondem aos recursos físicos e abstratos, bem como às in-


fluências recebidas do meio ambiente. Os processos interligam os componentes
e transformam os elementos de entrada em resultados. As saídas representam os
resultados do sistema. Feedback, ou retroação, é a capacidade de realimentação do
sistema, ou seja, a resposta acerca do resultado alcançado que reforçará ou modi-
ficará o comportamento do sistema. Sinergia é a capacidade interativa do sistema
de produzir um resultado maior que a soma individual da contribuição das partes.

A retroação no sistema nervoso


O sistema nervoso do ser humano e dos animais obedece a um mecanismo de re-
troação: quando se pretende pegar algum objeto, por exemplo, o cérebro transmite a
ordem aos músculo e, durante o movimento desses, os órgãos sensoriais (visão, tato,
coordenação visual-motora, etc) informam continuamente o cérebro sobre a posição

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da mão e do objeto; o cérebro vai repetindo a ordem para corrigir eventuais desvios até
que o objeto seja alcançado.
O sistema nervoso funciona através de processos circulares de ida e de retorno (re-
troação) de comunicação, que partem dele para os músculos e retornam por meio dos
órgãos dos sentidos. A retroaçào confirma se o objetivo foi cumprido, o que é funda-
mental para o equilíbrio do sistema.

Fonte: Chiavenato (2003)

Basicamente, os sistemas podem ser classificados em duas categorias


(MAXIMIANO, 2006).

•  Físicos ou concretos: são itens materiais, como equipamentos, máqui-


nas, peças, instalações e até mesmo pessoas. Esse é o hardware dos sistemas.
•  Conceituais ou abstratos: como conceitos, ideias, símbolos, procedi-
mentos, regras, hipóteses e manifestações do comportamento intelectual ou
emocional. Esse é o software dos sistemas.

De acordo com Chiavenato (2003), os sistemas possuem as seguintes


características.

a) Propósito ou objetivo: os elementos, e suas interações, dentro de um


sistema se arranjam de forma a atingir um ou mais propósitos ou objetivos.
b) Globalismo ou totalidade: em virtude da natureza orgânica dos siste-
mas, uma alteração em uma de suas unidades se refletirá em mudanças em
todas as demais unidades, em virtude do relacionamento existente entre elas.

Dois conceitos são importantes quando se trata da manutenção do sentido


do sistema, tendo em vista que este está em permanente interação com o am-
biente externo:

a) Homeostasia: é o equilíbrio obtido por meio da autorregulação, do au-


tocontrole que permite ao sistema manter certas variáveis dentro de limites,
mesmo quando estes são forçados por variáveis externas.

capítulo 7 • 259
b) Entropia: processo pelo qual um sistema tende à exaustão e, para se
manter, busca reabastecer-se de energia e informação no ambiente externo
(CHIAVENATO, 2003).

Teoria da Complexidade na Abordagem Sistêmica

Os elementos presentes em um sistema, suas características, seus rela-


cionamentos e o grau de organização do sistema definem sua complexidade
(ESPEJO et al., 1996). A complexidade também está relacionada ao número de
problemas e variáveis presentes em uma situação (MAXIMIANO, 2006).
Assim, complexidade é a condição normal que as organizações e os admi-
nistradores devem enfrentar. Quanto maior o número de problemas e variá-
veis, mais complexa é a situação (MAXIMIANO, 2006).

REFLEXÃO
Vale lembrar que “complexo” não é sinônimo de “complicado”. Diz-se que alguma coisa é com-
plexa quando é constituída de inúmeras partes que funcionam entre si em relações de inter-
dependência ou de subordinação, formando um todo mais ou menos coerente. Complicado é
tudo aquilo que se apresenta para nós de forma confusa ou desorganizada ou que nós assim o
tornamos por nossa dificuldade de lidar com a situação, fato, pessoa, objeto etc (DAFT,

O gerenciamento efetivo da complexidade é que mantém a viabilidade do


sistema. Dentro desta ideia, os sistemas viáveis têm capacidade própria para
resolver problemas conhecidos e inesperados, no entanto, apesar de sua in-
dependência em relação à resolução de problemas, um sistema viável atua no
contexto de um ambiente, que o afeta direta ou indiretamente fazendo com que
sofra influências externas. Os diversos fatores do ambiente empresarial afetam
as empresas de diferentes formas, gerando a necessidade de mudança. Assim,
no contexto competitivo atual, saber lidar com a mudança é uma questão cru-
cial para a sobrevivência de qualquer organização.
A mudança é inerente a todas as organizações, apresentando geralmente
caráter contingencial, ou seja, ela é particular à realidade de cada organização.

260 • capítulo 7
Quanto mais turbulento o ambiente em que a empresa estiver inserida, maior
terá de ser sua flexibilidade para providenciar uma resposta adequada às mu-
danças provocadas pelo ambiente
Mas como o enfoque sistêmico ajuda a lidar com a complexidade?
O enfoque sistêmico fornece os subsídios necessários para as organizações
lidarem com a mudança por meio do conceito de complexidade, que é a pro-
priedade de um sistema estar apto a adotar um grande número de estados ou
comportamentos, podendo ser medida pela variedade, que é o número de pos-
síveis estados de um sistema.
Dentre as diversas contribuições do enfoque sistêmico para as empresas
destacam-se (MAXIMIANO, 2006):

•  A possibilidade de entender como se dá a interação dos componentes que


formam a organização.
•  A capacidade de entender a multiplicidade e interdependência das cau-
sas e variáveis dos problemas complexos.
•  A capacidade de criar soluções para problemas complexos.

Teoria da Forma

O conceito básico da teoria da forma foi desenvolvido por Max Wertheimer e ou-
tros psicólogos alemães entre os anos de 1912 e 1940. De acordo com a teoria da
forma, ou Gestalt, a natureza de cada elemento de um conjunto é definida pela
estrutura e pela finalidade desse mesmo conjunto. Isso significa que qualquer
elemento de um sistema não é visto isoladamente, e sim como parte do todo, ou
seja, como parte do sistema. O sistema é visto como um todo, e não como um
conjunto de elementos atuando de forma independente (MAXIMIANO, 2006).
Vamos utilizar um exemplo para entender melhor este conceito?
Quando olhamos um carro em movimento na rua, enxergarmos esse siste-
ma como um todo, não ficamos reparando nas partes que compõem o carro e
interagem para colocá-lo em movimento. Do mesmo modo quando focamos
um dos elementos do carro, por exemplo, o pneu, geralmente o enxergamos
como parte do carro. Ficou mais fácil agora?

capítulo 7 • 261
Principais Características das Organizações como Sistemas Abertos

As organizações possuem as características de sistemas abertos:

a) Comportamento probabilístico: as organizações são sempre afetadas


pelas variáveis externas. O ambiente é potencialmente sem fronteiras e inclui
variáveis desconhecidas e incontroladas. Por outro lado, as consequências dos
sistemas sociais são probabilísticas e não determinadas. O comportamento hu-
mano nunca é totalmente previsível. As pessoas são complexas, respondendo a
muitas variáveis. Por esta razão, a administração não pode esperar que os con-
sumidores, fornecedores, tenham um comportamento previsível e de acordo
com suas expectativas. – sistema social num ambiente sem fronteiras, comple-
xo e nem sempre previsível;
b) Parte de uma sociedade maior: as organizações são vistas como siste-
mas dentro de sistemas. Os sistemas são complexos de elementos colocados
em interação. Essas interações entre os elementos produzem um todo que não
pode ser compreendido pela simples investigação das várias partes tomadas
isoladamente. – ajuste constante entre grupos internos e externos, como estu-
dado mais propriamente na Sociologia, Antropologia ou Economia (econômico
e cultural);
c) Interdependência entre as partes: uma organização não é um sistema
mecânico, no qual uma das partes pode ser mudada sem um efeito concomi-
tante sobre as outras. Em face da diferenciação das partes provocadas pela di-
visão do trabalho, as partes precisam ser coordenadas por meio de integração
e de trabalho. As interações internas e externas do sistema refletem diferentes
escalões de controle e da autonomia. Uma variedade de subsistema deve cum-
prir a função do sistema e as suas atividades devem ser coordenadas. – divisão
de trabalho, coordenação, integração e controle;
d) Homeostasia versus adaptabilidade: a homeostasia (autorregulação)
garante a rotina e a permanência do sistema, enquanto a adaptabilidade leva
à ruptura, à mudança e à inovação. Rotina e ruptura. Estabilidade e mudança.
Ambos os processos precisam ser levados a cabo pela organização para garantir
a sua viabilidade – tendência à estabilidade e equilíbrio X tendência ao atendi-
mento de novos padrões;

262 • capítulo 7
e) Fronteiras ou limites: é a linha imaginária que serve para marcar o que
está dentro e o que está fora do sistema. Nem sempre a fronteira de um sistema
existe fisicamente – fronteiras permeáveis – sobreposições e intercâmbios com
os sistemas do ambiente;
f) Morfogênese: capacidade de se modificar, de determinar o cresci-
mento e as formas da organização, de se corrigir e de obter novos e melhores
resultados;
g) Resiliência: capacidade de o sistema superar o distúrbio imposto por
um fenômeno externo. As organizações, como sistemas abertos, apresentam
a capacidade de enfrentar e superar perturbações externas provocadas pela so-
ciedade sem que desapareça seu potencial de auto-organização;
h) Sinergia: esforço simultâneo de vários órgãos que provoca um resulta-
do ampliado. A soma das partes é maior do que o todo (2 + 2 = 5 ou mais);
i) Entropia: consequência da falta de relacionamento entre as partes de
um sistema, o que provoca perdas e desperdícios. É um processo inverso a si-
nergia, a soma das partes é menor que o todo (2 + 2 = 3). A entropia leva o siste-
ma à perda de energia, decomposição e desintegração.

Teoria Geral dos Sistemas (TGS)

Por volta da década de 1950, o biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy elaborou
uma teoria interdisciplinar para transcender os problemas exclusivos de cada
ciência e proporcionar princípios gerais (sejam físicos, biológicos, sociológi-
cos, químicos etc.) e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo
que as descobertas efetuadas em cada uma pudessem ser utilizadas pelas de-
mais (CHIAVENATO, 2007).
O método que procura entender como os sistemas funcionam é a teoria ge-
ral dos sistemas, que compreende duas ideias básicas:

•  Todos os sistemas são formados de partes interdependentes.


•  Os sistemas estão inseridos em uma realidade complexa, sendo necessá-
ria uma abordagem de natureza holística para tratar os problemas do sistema e
prover soluções adequadas.

capítulo 7 • 263
CURIOSIDADE
Karl Ludwig von Bertalanffy (Viena, 19 de setembro de 1901 — Buffalo, Nova Iorque, 12
de junho de 1972) foi um biólogo austríaco.
Foi o criador da teoria geral dos sistemas. Cidadão austríaco, desenvolveu a maior parte
do seu trabalho científico nos Estados Unidos.
Bertalanffy fez os seus estudos em biologia e interessou-se desde cedo pelos organis-
mos e pelos problemas do crescimento.
Os seus trabalhos iniciais datam dos anos 20 e são sobre a abordagem orgânica. Com
efeito, Bertalanffy não concordava com a visão cartesiana do universo. Colocou então uma
abordagem orgânica da biologia e tentou fazer aceitar a ideia de que o organismo é um todo
maior que a soma das suas partes. Criticou a visão de que o mundo é dividido em diferentes
áreas, como física, química, biologia, psicologia, etc. Ao contrário, sugeria que se deve estudar
sistemas globalmente, de forma a envolver todas as suas interdependências, pois cada um
dos elementos, ao serem reunidos para constituir uma unidade funcional maior, desenvolvem
qualidades que não se encontram em seus componentes isolados.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_von_Bertalanffy

Von Bertalanffy estendeu as suas observações a outros tipos de organismos,


quais sejam, organismos mecânicos, organismos sociais etc., e constatou que
algumas características se mantinham, não importando a natureza do organis-
mo. A mais importante característica que sempre podia destacar era a identida-
de desses organismos, ou seja, o objetivo (propósito) que o organismo atingia.
Embora o organismo em observação fosse composto de uma série de elemen-
tos, percebia claramente a interação desses elementos com vistas a atingir um
objetivo, que seria a finalidade daquele organismo. Desses estudos e observa-
ções, Von Bertalanffy propôs a chamada Teoria Geral dos Sistemas, chamando
de sistema a esses organismos, visando, portanto, a um objetivo. Essa teoria
interdisciplinar – Teoria Geral dos Sistemas (TGS) – demonstra a interação en-
tre as ciências, permitindo a eliminação de suas fronteiras e o preenchimento
dos espaços vazios entre elas.

A TGS se baseia em três princípios básicos:

1. Expansionismo: é o princípio que sustenta que todo fenômeno é parte


de um fenômeno maior. O desempenho de um sistema depende de como ele se

264 • capítulo 7
relaciona com o todo maior que o envolve e do qual faz parte. O expansionismo
não nega que cada fenômeno seja constituído de partes, mas a sua ênfase resi-
de na focalização do todo, do qual aquele fenômeno faz parte.
2. Pensamento sintético: é o fenômeno visto como parte de um sistema
maior e é explicado em termos do papel que desempenha nesse sistema maior.
Os órgãos do organismo humano são explicados pelo papel que desempenham
no organismo e não pelo comportamento de seus tecidos ou estruturas de orga-
nização. A TGS está mais interessada em juntar as coisas do que em separá-las.
3. Teleologia: conjunto das especulações que se aplicam à noção de finali-
dade e às causas finais. É o princípio segundo o qual a causa é uma condição ne-
cessária, mas nem sempre suficiente para que surja o efeito. Em outros termos, a
relação causa-efeito não é uma relação determinística ou mecanicista, mas sim-
plesmente probabilística. A teleologia é o estudo do comportamento com a fina-
lidade de alcançar objetivos e passou a influenciar poderosamente as ciências.

Parâmetros dos Sistemas

O sistema caracteriza-se por determinados parâmetros (constantes arbitrárias


que caracterizam, por suas propriedades, o valor e a descrição dimensional de
um sistema específico ou de um componente do sistema).
Os parâmetros dos sistemas são:

•  Entrada ou insumo ou impulso: (input) é a força de arranque ou de par-


tida do sistema que fornece o material ou energia para a operação do sistema;
•  Saída ou produto ou resultado: (output) é a finalidade para a qual se reu-
niram elementos e relações do sistema;
•  Processamento ou processador ou transformador: (throughput) é o fenô-
meno que produz mudanças, é o mecanismo de conversão das entradas em saídas;
•  Retroação, retroalimentação ou retroinformação: (feedback) é a função
de sistema que visa comparar a saída com um critério ou padrão previamente
estabelecido. A retroação tem por objetivo o controle;
•  Ambiente: é o meio que envolve externamente o sistema. O sistema aberto re-
cebe entradas do ambiente, processa-as e efetua saídas novamente ao ambiente, de
tal forma que existe entre ambos - sistema e ambiente - uma constante interação.

capítulo 7 • 265
CURIOSIDADE
Aproximação da TGS ao mundo das organizações
Kenneth Boulding escreveu para Ludwig von Bertalanffy, em 1953, depois de ler um
artigo do mesmo escrito para a Scientific ICMS Mensal:
“Eu pareço ter chegado à mesma conclusão que você chegou, através da aproximação
(da Teoria Geral dos Sistemas) em direção à economia e às ciências sociais e não da biologia
– que há um corpo do que venho chamando de” teoria geral empírica“ (ou teoria geral dos sis-
temas, em sua excelente terminologia) que é de grande aplicabilidade em muitas disciplinas
diferentes. Tenho a certeza de que há muitas pessoas em todo o mundo que chegaram es-
sencialmente à mesma posição que nós temos, mas estamos dispersos e não conhecemos
uns aos outros, por isso é que é difícil de atravessar as fronteiras das disciplinas “. (disponível
em: http://www.bertalanffy.org/)
Pode-se observar, portanto, já na década de 1950, a tentativa de aproximação da TGS
da Teoria Administrativa.

Há uma grande variedade de sistemas e uma ampla gama de tipologias para


classificá-los, de acordo com certas características básicas.

•  Quanto à sua constituição:


•  Físicos ou concretos: quando compostos de equipamento, de maquina-
ria e de objetos e coisas reais (equipamento, objetos, hardware);
•  Abstratos ou conceituais: quando compostos por conceitos, planos,
hipóteses e ideias que muitas vezes só existem no pensamento das pessoas
(conceitos, planos, ideias, software).

Na realidade, há uma complementaridade entre sistemas físicos e abstratos:


os sistemas físicos precisam de um sistema abstrato para funcionar, e os siste-
mas abstratos somente se realizam quando aplicados a algum sistema físico.

•  Quanto à sua natureza:


•  Fechados: não apresentam intercâmbio com o meio ambiente que os cir-
cunda, sendo assim não recebem nenhuma influência do ambiente e por outro
lado não influenciam. Não recebem nenhum recurso externo e nada produzem
que seja enviado para fora. Ex: A matemática é um sistema fechado, pois não
sofrerá nenhuma influência do meio ambiente, sempre 1+1 será 2.

266 • capítulo 7
•  Abertos: são os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com
o ambiente, por meio de entradas e saídas.

Os sistemas abertos trocam matéria, energia e informação regularmente


com o meio ambiente. São eminentemente adaptativos, isto é, para sobreviver
devem reajustar-se constantemente as condições do meio.

CURIOSIDADE
Sistemas Abertos
A estrutura de sistemas abertos é formada pela interação e intercâmbio da organização
com o ambiente. De acordo com as mudanças do ambiente externo, a organização se adapta
para sobreviver mudando seus produtos, técnicas e estruturas.
A interação e intercâmbio da organização com o ambiente moldam a estrutura de siste-
mas abertos. Quando ocorre uma mudança no ambiente externo, a organização se transforma
mudando seus produtos, técnicas e estruturas para se adaptar a essas mudanças e sobreviver.
As organizações, segundo a Teoria dos Sistemas, podem ser vistas como um sistema
dinâmico e aberto, sendo é um conjunto de elementos mutuamente dependentes que intera-
gem entre si com determinados objetivos e realizam determinadas funções.
As organizações são dependentes de fluxos de recursos do ambiente externo, assim
como os sistemas abertos. Essa dependência pode ocorrer de duas maneiras. Por um lado,
ela precisa do ambiente externo para conseguir os recursos humanos e materiais que vão
garantir seu funcionamento. Por outro lado, ela precisa do ambiente externo para comprar e
vender serviços e produtos. Desse modo, para a organização sobreviver, ela precisa de ajus-
tes como ambiente externo, além de ajustes no ambiente interno.
Ademais, assim como um sistema aberto, uma organização pode ser definida como uma
associação de grupos de interesses, sendo esses formados por elementos distintos, em que
cada um busca atingir seus objetivos no contexto do ambiente mais amplo.
As ações que definem o comportamento organizacional dependem também de uma
análise do ambiente em que ela se encontra e da maneira como a mesma se relaciona com
o ambiente externo, respondendo à pressões, estabelecendo relações ou até evitando algu-
mas Além disso, a teoria do sistema aberto também consiste em demonstrar o papel de um
funcionário dentro de uma organização, expressando o conceito de “Homem Funcional”, ou
seja, o homem tem um papel dentro das organizações, estabelecendo relações com outros
indivíduos, exatamente como prega um sistema aberto.
Sobre suas ações, o próprio funcionário cria diversas expectativas, tanto para seu papel,
quanto para o papel de todos os outros elementos que fazem parte da organização como um

capítulo 7 • 267
todo, e ainda transmitindo-as a todos indivíduos participantes. Apesar de essa relação ser
inevitável, ela pode tanto alterar como reforçar seu papel dentro da instituição. Logo, uma
organização pode ser definida como um sistema de papéis nos qual indivíduos (ou no caso,
funcionários) agem como verdadeiros transmissores de papel e pessoas focais.

A Organização como um Sistema Aberto

Até meados dos anos 1950 a teoria administrativa clássica pouco considerava o
ambiente externo das organizações. Não eram consideradas tanto questões de
flexibilidade das organizações quanto as mudanças do ambiente extraempre-
sa. As organizações eram definidas com sistemas bastante fechados, sendo que
a eficiência operacional era tida como o único meio para a empresa obter êxito
e de se tornar eficaz.
Atualmente, porém, as mudanças do ambiente externo à empresa além de
frequentes, ocorrem rapidamente. Por isso elas têm um impacto de longo al-
cance nas organizações. Os acontecimentos do meio externo podem facilmen-
te afetar a empresa e vice-versa, ao ponto que as organizações não podem mais
ser consideradas como sistemas fechados, mas como sistemas abertos. Neste
novo cenário as organizações devem ser permeáveis às mudanças do volátil am-
biente externo, ou seja o ambiente externo deve ser mais considerado quando
as empresas desenvolvem suas atividades.
As organizações são por definição sistemas abertos, pois não podem ser
adequadamente compreendidas de forma isolada, mas sim pelo inter-relacio-
namento entre diversas variáveis internas e externas, que afetam seu compor-
tamento. Tal como os organismos vivos, as organizações têm seis funções pri-
márias ou principais, que mantêm estreita relação entre si, mas que podem ser
estudadas individualmente.
São seis funções primárias ou principais de uma empresa que se inter-rela-
cionam, mas podem ser estudas isoladamente:

a) Ingestão: as organizações adquirem ou compram materiais para proces-


sá-los de alguma maneira. Para assistirem outras funções, como os organismos
vivos que ingerem alimentos para suprirem outras funções e manter a energia.

268 • capítulo 7
b) Processamento: no animal, a comida é transformada em energia e su-
primento das células. Na organização, a produção é equivalente a esse ciclo
animal. Os materiais são processados havendo certa relação entre entradas e
saídas, em que o excesso é o equivalente à energia necessária para a sobrevivên-
cia da organização (transformação em produtos).
c) Reação ao ambiente: o animal que reage diante de mudanças ambien-
tais para sua sobrevivência deve adaptar-se as mudanças. Também nas organi-
zações reage ao seu ambiente, mudando seus materiais, consumidores, empre-
gados e recursos financeiros. As alterações podem se efetuar nos produtos, no
processo ou na estrutura (mudanças face ao mercado).
d) Suprimento das partes: os participantes da organização são supridos,
não só do significado de suas funções, mas também de dados de compras, pro-
dução, vendas ou contabilidade, e são recompensados principalmente sob a
forma de salários e benefícios.
e) Regeneração das partes: as partes do organismo perdem sua eficiên-
cia, adoecem ou morrem e devem ser regenerados ou recolocados no sentido
de sobreviver no conjunto. Os membros das organizações também podem ado-
ecer, aposentar-se, desligar-se da firma ou então morrer. As máquinas podem
tornar-se obsoletas. Ambos, os homens e as máquinas, devem ser mantidos ou
recolocados – manutenção e substituição.
f) Organização: administração e decisão sobre as funções;
Alterações
Alterações nas leis e
nas reservas regulamentos Condições de
de recursos competição
naturais

Materiais Produtos
Equipamentos Processamento Bens
Energia Serviços

Entrada Saída
Problemas Inovações
econômicos: Mudança das tecnológicas
inflação, renda, condições
crescimento sócio-políticas

Figura 6.2 – Representação esquemática da organização como Sistema Aberto:

capítulo 7 • 269
As organizações como Sistemas Abertos apresentam as seguintes
características:

Importação ou entrada: (Input): Os sistemas recebem ou importam insu-


mos do ambiente externo para suprir-se de recursos, energia e informação.
O sistema precisa de um fluxo de entradas de recursos, capazes de lhe pro-
porcionar energia, matéria ou informação. Esses recursos são colhidos no am-
biente com que o sistema interage dinamicamente por meio de relações de
interdependência.
Conversão ou transformação: Os sistemas processam e convertem suas en-
tradas em produtos ou serviços, que são os seus resultados. Cada tipo de entra-
da (como matéria-prima, máquinas e equipamentos, mão de obra, dinheiro e
créditos, tecnologia) é processada através de subsistemas específicos ou espe-
cializados naquele tipo de recurso.
Exportação ou saída (output): As entradas devidamente processadas e
transformadas em resultados são exportadas de novo ao ambiente. As saídas
são decorrentes das atividades de conversão ou processamento do sistema,
através das operações realizadas pelos diversos subsistemas em conjunto.
Retroação ou retroalimentação (feedback): É a entrada de caráter informativo
que proporciona sinais ao sistema a respeito do ambiente externo e do seu pró-
prio funcionamento e comportamento. A retroação permite ao sistema corrigir
seu comportamento ao receber de volta uma informação ou energia que retorna
para realimentá-lo ou alterar seu funcionamento, em função dos seus resultados.
Retroação positiva: Encoraja o sistema a mudar ou acelerar o seu
funcionamento.
Retroação negativa: Tem a função de inibir ou restringir o seu funcionamento
para que novas saídas sejam menores ou produzam uma ação menos intensa.
Estabilidade: Quando submetido a qualquer distúrbio ou perturbação, o
sistema ativamente volta ao seu estado de equilíbrio anterior.
Adaptabilidade: Representa a capacidade da organização de se adaptar às
contingências internas e externas.
Entropia: Representa um processo de degeneração, ou seja, as organiza-
ções convivem com diferentes contingências, podem perder mais ou menos
energia dependendo da sua capacidade. A perda de energia pode levar à morte
da organização se esta não buscar outras fontes para restabelecer o sistema em
prol do equilíbrio dinâmico.

270 • capítulo 7
Diferenciação: As organizações como sistemas abertos podem adotar estra-
tégias para proporcionar a busca de diferenciais diante dos concorrentes.
Equifinalidade: Uma organização pode fabricar 1.000 pares de sapatos por
intermédio da utilização de diferentes meios, independentemente das condi-
ções iniciais (inputs), ou seja, ela pode alcançar o objetivo pretendido usando
uma multiplicidade de meios e métodos.
Ciclo de eventos: As organizações como sistemas abertos interagem de for-
ma permanente com o meio externo e, nesse sentido, podem constituir diferen-
tes ciclos de eventos para reconstituir os inputs, o processamento e os outputs.
Limites ou fronteiras: Todas as organizações atuam dentro de determina-
do território ou limite, os quais, por sua vez, demarcam a área de atuação das
empresas e, ainda, demonstram as interações que estas podem ter no ambien-
te: quanto mais interações a organização apresentar, maior o intercâmbio dela
com o ambiente direto e indireto.

Apreciação Crítica da Teoria dos Sistemas

Segundo Chiavenato (2004), de todas as teorias administrativas a Teoria de Sis-


temas é a menos criticada, pelo fato de que a perspectiva sistêmica parece con-
cordar com a preocupação estrutural-funcionalista típica das ciências sociais
dos países capitalistas de hoje.
A abordagem de sistema aberto trouxe uma nova e moderna concepção para
a Administração, a partir dos seguintes aspectos: a natureza essencialmente di-
nâmica do ambiente conflita com a tendência essencialmente estática da or-
ganização; um sistema organizacional rígido não pode sobreviver na medida
em que não consegue responder eficazmente às mudanças contínuas e rápidas
do ambiente. Para garantir sua viabilidade, a organização como sistema aberto
oferece ao ambiente os produtos de que ele necessita e, se for o caso, cria nele a
necessidade de tais produtos, pois somente assim garante a absorção dos pro-
dutos e a provisão de insumos. O sistema precisa de constante e apurada infor-
mação do ambiente sobre sua natureza, sobre a qualidade e a quantidade dos
insumos disponíveis e sobre a eficácia ou adequação dos produtos ou respostas
da organização ao ambiente.
Uma apreciação crítica da Teoria de Sistemas revela os seguintes aspectos:

– Confronto entre teorias de sistema aberto e de sistema fechado;

capítulo 7 • 271
– Características básicas da análise sistêmica.
– Caráter integrativo e abstrato da teoria dos sistemas;
– O efeito sinérgico das organizações como sistemas abertos;
– O “homem funcional”;
– Uma nova abordagem organizacional;
– Ordem e Desordem;

Confronto Entre Teorias de Sistema Aberto e Fechado

Ao contrário da abordagem de sistema aberto, a velha perspectiva de sistema


fechado levou a TGA às seguintes distorções: a teoria administrativa ficou limi-
tada às regras de funcionamento interno, à apologia da eficiência como critério
básico da viabilidade organizacional e à ênfase em procedimentos e não em
programas; a perspectiva de organização como sistema fechado;jJá que o am-
biente não faz diferença, a perspectiva da organização como sistema fechado
leva à insensibilidade para a necessidade de mudanças e adaptação contínua e
urgente das respostas da organização ao ambiente.

O Efeito Sinérgico das Organizações como Sistemas Abertos

Sinergia é o esforço simultâneo de vários órgãos que provoca um resultado am-


pliado e potenciado. Uma das razões para a existência das organizações é o seu
efeito sinérgico ou sinergístico. A sinergia faz com que o resultado de uma or-
ganização seja diferente em quantidade ou qualidade da soma de suas partes.

O “Homem Funcional”

O indivíduo comporta-se em um papel dentro das organizações, inter-relacio-


nandos e com os demais indivíduos como um sistema aberto. Nas suas ações
em um conjunto de papéis, o "homem funcional "mantém expectativas quanto
ao papel dos demais participantes e procura enviar aos outros as suas expecta-
tivas de papel.

272 • capítulo 7
Uma Nova Abordagem Organizacional

A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas. Não somen-
te em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque. O enfo-
que do todo e das partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da
integração interna e da adaptação externa, da eficiência e da eficácia.

Ordem e Desordem

A principal deficiência que se constata na noção de sistemas abertos é o con-


ceito de equilíbrio. O mesmo conceito perseguido pelos autores estruturalistas
e comportamentais. O ciclo contínuo e ininterrupto de funcionamento de um
sistema cibernético (em que a entrada leva ao processamento, que leva à sa-
ída, que leva à retroação e que leva à homeostasia) tem como produto final o
equilíbrio.

Características Básicas da Análise Sistêmica

As características da teoria administrativa baseada na análise sistêmica são:

•  Ponto de vista sistêmico;


•  Abordagem dinâmica;
•  Multidimensional e multinivelada;
•  Multimotivacional;
•  Probabilística;
•  Multidisciplinar;
•  Descritiva;
•  Multivariável;
•  Adaptativa.

REFLEXÃO
Na apreciação crítica da Teoria de Sistemas, verifica-se que essa abordagem trouxe uma
fantástica ampliação na visão dos problemas organizacionais em contraposição à antiga
abordagem do sistema fechado. Seu caráter integrativo e abstrato e a possibilidade de com-
preensão dos efeitos sinergísticos da organização são realmente surpreendentes. A visão do

capítulo 7 • 273
homem funcional dentro das organizações é a decorrência principal sobre a concepção da
natureza humana. Apesar do enorme impulso, a Teoria de Sistemas ainda carece de melhor
sistematização e detalhamento, pois sua aplicação prática é ainda incipiente.

LEITURA
Na apreciação crítica da Teoria de Sistemas, verifica-se que essa abordagem trouxe
uma fantástica ampliação na visão dos problemas organizacionais em contraposição à antiga
abordagem do sistema fechado. Seu caráter integrativo e abstrato e a possibilidade de com-
preensão dos efeitos sinergísticos da organização são realmente surpreendentes. A visão
do homem funcional dentro das organizações é a decorrência principal sore a concepção da
natureza humana. Apesar do enorme impulso, a Teoria de Sistemas ainda carece de melhor
sistematização e detalhamento, pois sua aplicação prática é ainda incipiente.

LEITURA
Artigo 1
Título: Uma Abordagem Sistêmica ao Mapeamento e Melhoria do Processo de Desen-
volvimento de Software Fonte: DONAIRES, O. Uma Abordagem Sistêmica ao Mapeamento
e Melhoria do Processo de Desenvolvimento de Software. Anais do 4º Congresso Brasileiro
de Sistemas – Centro Universitário de Franca UniFACEF – 29 e 30 de outubro de 2008.
Link: http://www.facef.br/quartocbs/artigos/B/B_132.pdf

Artigo 2
Título: Enfoque sistêmico na administração de investimentos Fonte: MONOBE, T. Enfo-
que sistêmico na administração de investimentos. Caderno de estudos, São Paulo, FIPECAFI,
v.10, n17, p 59-78, janeiro/abril 1998.
Link: http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad17/index_arquivos/titu5.pdf

Artigo 3
Título: A importância da visão sistêmica para articular ações ambientais na cadeia produ-
tiva coureiro calçadista: uma discussão sobre os resíduos do couro.
Fonte: CULTRI, C; ALVES, V. A importância da visão sistêmica para articular ações am-
bientais na cadeia produtiva coureiro calçadista: uma discussão sobre os resíduos do couro.

274 • capítulo 7
Anais do 4º Congresso Brasileiro de Sistemas – Centro Universitário de Franca Uni-FACEF
– 29 e 30 de outubro de 2008.
Link: http://www.facef.br/quartocbs/artigos/B/B_129.pdf

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKTOUF, O. A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo: Atlas, 1996.
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
DAFT, R. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
ESPEJO, R.; SCHUHMAN, W.; SCHWANINGER, M.; BILELLO, U. Organizational Transformation and
Learning – a Cybernetic Approach to Management. John Wiley & Sons. Chichester. 1996.
GEROLAMO, M. C. Proposta de sistematização para o processo de gestão de melhorias e
mudanças de desempenho. São Carlos, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
MARTINELLI, D. P. Negociação empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica. Barueri: Manole,
2002.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003.

capítulo 7 • 275

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