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ABRIL | 2019  EDIÇÃO No 3

N A T U R E Z A

Brumadinho
Brasil deve banir barragens de rejeitos a
montante após desastre em Brumadinho
O QUE FALAM
Diretor da ANM, Eduardo Leão, disse que a agência pretende lançar
SOBRE O ASSUNTO uma determinação na sexta-feira (8) para que essas barragens
DESTA EDIÇÃO?
sejam eliminadas.

A
Agência Nacional de Mineração (ANM) pretende banir barragens de
rejeitos a montante usadas para armazenar resíduos de mineração,
disse um diretor nesta quinta-feira (7), após uma dessas estruturas se
romper em janeiro, deixando centenas de mortos e desaparecidos.
O diretor da agência Eduardo Leão declarou que a agência pretende lançar
uma determinação na sexta-feira (8) requerendo que essas barragens sejam
desmontadas ou convertidas em outros tipos de barragens.
Uma barragem de rejeitos da Vale, de uma mina de minério de ferro em
Brumadinho (MG), rompeu-se em 25 de janeiro, liberando uma avalanche de
lama que enterrou comunidades.
Ao menos 150 pessoas foram mortas e 182 seguem desaparecidas após o
desastre, segundo dados divulgados até a tarde desta quinta [7/2/2019].
O Brasil tem 88 barragens de rejeitos a montante, segundo Leão. Não ficou
imediatamente claro qual tipo de prazo os operadores teriam de encarar
para desmontar ou converter as barragens.
A causa do desastre segue desconhecida. Uma autoridade de Minas Gerais
declarou à Reuters na última semana que evidências sugeriam que a
barragem se rompeu por conta de liquefação, um processo no qual materiais
sólidos, como areia, perdem força e rigidez e se comportam como líquido.
Uma auditoria no ano passado encontrou rachaduras nos canais de
drenagem e recomendou melhorias no monitoramento, de acordo com o
relatório da auditoria revisado pela Reuters no início da semana.
REUTERS. Brasil deve banir barragens de rejeitos a montante após desastre em
Brumadinho. G1, 7 fev. 2019. Economia. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/
noticia/2019/02/07/brasil-deve-banir-barragens-de-rejeitos-a-montante-apos-desastre-
em-brumadinho.ghtml>. Acesso em: 20 mar. 2019.

Bombeiro no cenário de
destruição após o desastre
em Brumadinho, Minas Gerais,
22 de fevereiro de 2019.

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Barragens de rejeitos
CONHEÇA A
OPINIÃO DE
de mineração
QUEM ESTUDA FELIPE GARRIDO RODRIGUES
O ASSUNTO.

Após a tragédia no dia 25 de janeiro de 2019, o tema mais abordado na área


da engenharia tem sido a barragem de rejeitos. Muitos questionamentos
foram levantados a respeito desse modelo de estrutura, não somente
quanto à segurança, mas também sobre como elas são construídas e se é
possível torná-las mais seguras.
As estruturas de contenção são um dos modelos estruturais mais antigos de
que se tem registro. Utilizadas desde os primórdios da humanidade, têm a
função – como o próprio nome pressupõe – de conter algo.
A estrutura de uma barragem ou de uma represa de água é um modelo
de contenção no qual são postos em prática muitos conhecimentos da
engenharia, sendo essencial considerar qual elemento essa estrutura
conterá para dimensioná-la corretamente. Para que não desenvolvam
problemas durante sua vida útil, barragens e represas precisam ter sua
estrutura muito bem projetada, levando-se em consideração seu tamanho e
as pressões que serão aplicadas sobre elas.
As barragens desse tipo podem ter alguma das seguintes funções:
armazenamento de água para consumo, tratamento de esgoto ou até
mesmo geração de energia, sendo o último caso um dos mais comuns no
Brasil. Um dos maiores exemplos em nosso país é a represa
Itaipu Binacional, uma das maiores estruturas do planeta, a qual tem
dimensões impressionantes: quase 8 km de extensão (7 919 m) e 196 m de
altura (o que equivale a um prédio de 65 andares).

Barragem de Itaipu.

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Mas como funciona uma barragem? Por que necessitam
de tanto cuidado? De forma simples, buscaremos
exemplificar quais desafios devem ser vencidos para o
dimensionamento de uma estrutura como essa.
A principal dificuldade de execução de uma obra desse
porte é justamente o elemento que se deseja conter. No
caso de Itaipu, a água. É logico pensar que a água exercerá
uma pressão nas paredes da estrutura, e, lembrando a
terceira lei de Newton, essa ação da água na parede produz
uma reação de mesma intensidade e direção, porém em
água contenção terra sentido oposto à pressão que a parede exerce na água,
Diagrama de tensões em barragens. como ilustra a figura ao lado.
A água exerce na estrutura uma força conhecida como
empuxo, que é calculada utilizando o peso específico da
água multiplicado pela altura da coluna de água. Quanto
maior a altura da coluna de água, maior a força aplicada
na estrutura; por isso, o empuxo tem formato triangular
no diagrama de forças aplicadas na estrutura da barragem
e cresce conforme a profundidade. Essas forças tendem
a empurrar a barragem para o mesmo sentido que
apontam as setas vermelhas na figura, gerando também
um esforço conhecido como momento, uma força que
tende a girar uma estrutura – exatamente igual a quando
seguramos um lápis por uma ponta e empurramos a
outra ponta com o dedo. O lápis tenderá a girar no mesmo
sentido em que o empurramos, mantendo um ponto fixo
onde o seguramos.
A fim de calcular o tamanho da estrutura e as
características construtivas para fazer a contenção
de forma adequada, fornecendo estrutura para que a
barragem fique totalmente estável em relação à água,
são utilizadas as informações de tensões geradas por
esse líquido.
Exemplo de momento.
Os mesmos cálculos são aplicados a todos os modelos
de estruturas de contenção, tanto para conter água
quanto qualquer outro elemento, como solo ou lama de
rejeitos de mineração – caso de Brumadinho e Mariana,
pedregulho por exemplo –, levando-se sempre em consideração o
comportamento dinâmico desses elementos.
Os conceitos mencionados são os principais para se
areia entender como funciona uma barragem de rejeitos, como
são construídas e quais os principais problemas de cada
silte argila modelo de barragem.
Agora vamos entender o que é uma barragem de rejeitos,
mm começando pelo próprio termo. Rejeito é uma espécie de
0 1 2 3 4 5 lama resultante do processo de extração do minério da
Escala das partículas de solo.
rocha original. Como esse processo envolve a lavagem do
solo extraído, de modo a separar o minério, o resultado
é uma lama densa composta de terra, pequenas rochas
e água. O tipo de lama e seus compostos dependem
diretamente do tipo de solo da região e do processo
utilizado, mas, em geral, é composto de partículas muito
finas, como as argilas e os siltes.

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Apesar de ser um material natural, o rejeito de minério é altamente
poluente quando despejado de maneira imprudente em rios e oceanos, pois
contamina a água com essas partículas finas, diminui o oxigênio dissolvido
na água e altera do pH e a densidade. Essa contaminação leva à morte
grande parte da fauna aquática, que depende do equilíbrio desses fatores.
Para evitar os impactos ambientais derivados de um processo cada vez
mais crescente na indústria de mineração, uma das alternativas foi o
armazenamento desse material em áreas nas quais não pudesse gerar
impactos ambientais. Uma dessas alternativas é a disposição em barragens.
Como a mineração geralmente ocorre em regiões de topografia irregular,
com vales ou montanhas, é difícil encontrar uma formação natural que
possa, sozinha, armazenar um volume considerável de material de rejeito.
Em razão disso, é elaborado um projeto de contenção que possa se valer de
algumas vantagens de determinada área para reduzir os custos envolvidos
na execução dessas estruturas. Um exemplo é utilizar a encosta de uma
montanha, uma vez que a própria formação geológica natural pode compor
parte da estrutura. A partir disso é feita a complementação de contenção.
A lama de rejeitos, quando disposta nesses reservatórios, passa por um processo
de sedimentação – separação das partículas sólidas da água. Esse processo é
extremamente lento, pois as partículas de argila, quando misturadas à água, são
muito leves; por isso, qualquer perturbação pode ocasionar novamente mistura
dessas partículas, já sedimentadas, com a água.
O processo de mineração desencadeia
contenção despejo com grande frequência, o que torna a
natural sedimentação ainda mais demorada, podendo
levar décadas para se estabilizar e, ainda assim,
não ser concluído. No entanto, partículas de areia
e pequenas rochas são mais pesadas e tendem a
se estabilizar de forma mais rápida, criando uma
espécie de praia de rejeitos nesses reservatórios.
Isso permite utilizar essa nova área sobre o
rejeito para a construção de outras estruturas
de contenção.
Como esse é um material não reaproveitável
contenção para as indústrias de mineração, a disposição
artificial dele é considerada custo absoluto, ou seja, não
há retorno financeiro. Isso tende a fazer que,
Contenção natural e artificial (Brumadinho). na maioria das vezes, as obras envolvendo a
contenção desse material sejam as mais baratas
possíveis, utilizando, por exemplo, o mesmo
material do rejeito como contenção para os novos
rejeitos, processo conhecido como alteamento.
Quais os tipos de barragens de rejeitos e qual
o modelo utilizado nas obras de Brumadinho e
Mariana? Seriam as melhores soluções entre as
praia de disponíveis?
rejeitos
Essa é uma pergunta que muito se fez após os
rompimentos das barragens, que resultaram em
grandes tragédias e colocaram em debate um
assunto técnico que deve ser compreendido em
profundidade para buscar a melhoria constante
das técnicas construtivas em todas as áreas da
engenharia nacional e, assim, preservar vidas.
Praia de rejeitos (Brumadinho).

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Tipos de barragens de rejeitos
Todas as barragens devem ter fundação, drenagem e dique de partida.
A fundação é uma camada de terra e rocha compactada, que forma a
sustentação de todas as cargas que serão recebidas. Por isso, deve ser
projetada e executada de maneira a suportar todo o peso sem que haja
deformação excessiva, o que causaria abalos em todo o sistema.
Junto à fundação é construído um sistema de drenagem, conhecido como
tapete drenante, que tem a função de direcionar toda a água excedente da
lama para dutos de saída, de modo que essa água não infiltre na estrutura e
gere problemas ao longo do tempo.
O dique de partida é a primeira estrutura de contenção. Ele pode ser
construído com rochas ou terra compactada, ou até mesmo com o próprio
rejeito de mineração; isso vai depender da disponibilidade desses materiais
próximos ao local da obra.
As barragens de rejeitos podem ser divididas em três modelos principais:
alteamento a montante, alteamento a jusante e alteamento de linha central.
A barragem com alteamento a montante é o modelo mais comum entre os
três tipos. Apresenta uma configuração de alteamentos como estruturas
independentes entre si, que se apoiam sobre os rejeitos de forma que um
amontoado de rejeito, já em estado sólido, faça a contenção do novo rejeito.
As barragens de alteamento a montante, apesar de serem o modelo mais
utilizado, não são seguras, pois são formadas por alteamentos individuais,
o que torna sua estrutura frágil. Como já mencionado, as estruturas de
contenção devem oferecer a mesma resistência às tensões às quais são
submetidas, garantindo segurança a todo o sistema. Nesse caso em
específico, há alguns problemas com a disposição dos alteamentos, o que
facilita os problemas de deslizamento horizontal, drenagem, infiltração,
Barragem de alteamento a
montante.
recalque e deformações. Mas por que esse modelo é tão utilizado?

praia O que leva à adoção desse modelo é


principalmente o custo: como é feito com
Praia
o próprio rejeito sobre mais camadas
Praia de rejeito, exige pouco trabalho para
Praia execução e tem custo muito inferior
alteamento se comparado aos outros
Alteamento modelos, sem se considerar
o tempo de execução,
Alteamento
que é menor.
Alteamento
alteamento
Alteamento

rejeito Alteamento

Rejeito Alteamento
Rejeito alteamento
Rejeito Alteamento
Alteamento
Alteamento
dique
Dique
fundação tapete drenanteDique
Dique

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praia
O modelo de barragem de alteamento a jusante
é o mais seguro entre os três e também pode
ser executado com os rejeitos, porém sua
configuração tem uma geometria que
rejeito
oferece maior estabilidade. Seguindo
os princípios das pirâmides egípcias,
que são as estruturas mais antigas
existentes até a atualidade, a
dique alteamento alteamento alteamento alteamento configuração desse tipo de
fundação tapete drenante
barragem tem um formato
triangular, com uma base
Barragem de alteamento a que cresce a cada novo
jusante. alteamento executado; além disso, há uma proporção entre base e altura
muito mais harmônica e estável, pois os alteamentos são construídos sobre
outros alteamentos, havendo uma ligação direta entre as interfaces de cada
nova estrutura, o que aumenta significativamente sua segurança e sua
capacidade de carga.
Além da incontestável maior estabilidade, esse modelo elimina
praticamente todos os problemas levantados quanto ao método a
montante: não sofre deslizamento horizontal, uma vez que tem uma área de
contato muito maior; falhas pontuais não geram efeito dominó, pois é uma
única estrutura sólida; a drenagem é feita através de um sistema único, que
recebe toda a atenção das equipes de manutenção, tornando muito mais
efetivas as buscas por falhas e infiltrações.
Contudo, o ponto negativo desse modelo diz respeito sobretudo ao alto
custo, que não agrada as empresas. Por ser uma estrutura que cresce
exponencialmente a cada novo alteamento, os gastos envolvidos para a
execução desse método são relativamente mais altos quando comparados
aos demais métodos, principalmente com o alteamento a montante,
demandando um investimento cada vez maior a cada novo alteamento.
Além disso, o prazo de execução é longo e exige maior área de implantação,
o que, muitas vezes, pode não ser um problema, mas pode ser considerado
como tal durante a escolha entres os métodos.
A barragem de alteamento de linha central é uma técnica que mistura as duas
barragens detalhadas anteriormente: os alteamentos são executados sobre as
camadas de rejeitos; em contrapartida, adota-se o crescimento proporcional
da base e da altura dos alteamentos, o que proporciona ligação entre as
estruturas e elimina grande parte dos problemas do modelo a montante.
Barragem de alteamento de Apesar de não ter estabilidade tão acentuada quanto o modelo a jusante, o
linha central. alteamento de linha central é significativamente mais estável que o modelo
a montante, além de ser um pouco mais barato que o modelo a jusante, com
tempo de execução similar. É uma excelente opção para esse
praia
tipo de contenção, uma vez que concentra quase todas
as boas características do melhor modelo e elimina os
principais problemas do pior. Esse método também
é composto de um sistema único de drenagem,
al
te

localizado no que é chamado de linha central;


am
en

porém, por ser executado em parte sobre


to
al

camada de rejeitos, que podem não estar


te
am

totalmente estáveis, podem ocorrer alguns


en
to

rejeito problemas de recalques e deformação,


al
te

conforme o rejeito que serve de base


am

se estabiliza (mas essa deformação é


en
to

menor do que no caso do modelo


a montante).
dique

tapete drenante
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fundação
Como acontecimentos com os de Brumadinho e
Mariana poderiam ser evitados?
Tragédias como as que ocorreram em Mariana e Brumadinho
são indesejáveis em qualquer sociedade e devem ser
evitadas a todo custo. Os problemas nas estruturas devem
ser mitigados, assim como as soluções devem ser buscadas e
previstas antes dos acontecimentos. Apesar de o modelo de
barragem a montante ser o mais instável, isso não significa
que não possa ser seguro. Pode parecer difícil de entender
depois dos eventos trágicos, mas essa estrutura pode ser
construída e monitorada de maneira a proporcionar toda a
segurança necessária. Entretanto, isso demanda mais trabalho,
não somente das empresas mantenedoras, mas também
dos órgãos fiscalizadores, que devem ser mais exigentes e
concentrar seu efetivo para casos de maior impacto ambiental
e humano.
O controle dessa estrutura deve ser modernizado por meio
da instalação de equipamentos computadorizados que
independam de ações humanas para a coleta de dados, como
os piezômetros digitais. Esses dispositivos são responsáveis
por analisar as pressões internas dos líquidos presentes
no solo e avaliar, por exemplo, a estabilidade particular do
solo, considerando a saturação e o nível de água. Na maioria
das estruturas hoje existentes, esses equipamentos são
analógicos e dependem da periodicidade da coleta de dados,
que é feita manualmente por um técnico. Isso pode gerar
defasagem dos dados, tornando, muitas vezes, curto o tempo
de ação para remediar problemas na barragem ou até mesmo
impossibilitando a ação. Esse problema não ocorre com
equipamentos automáticos, que fazem a coleta de dados
em tempo real e permitem a identificação de problemas de
maneira rápida e eficaz.
Além das questões técnicas, são necessários sistemas de
emergência, como sirenes de acionamento automático – e
não manual, como no caso de Brumadinho –, as quais devem
ser posicionadas em pontos estratégicos que a lama não
atingirá em caso de rompimento. Também é fundamental o
treinamento dos funcionários e cidadãos próximos, visando
minimizar ao máximo a perda de vidas.

Felipe Garrido Rodrigues é bacharel em Engenharia Civil


pela Faculdade de Engenharia de Sorocaba,
pós-graduado em estruturas para construção civil
pela Unicamp e mestrando em geotecnia direcionada
a estruturas de contenção (barragens) e fundações
de grandes estruturas pela Unesp. Tem experiência
na área de projetos de estruturas de médio e grande
porte em concreto armado e obras de terra. Professor
universitário das disciplinas de estruturas e fundações, é
também criador do Canal da Engenharia no YouTube.

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1. A maioria das barragens de rejeitos brasileiras são do tipo alteamento a
montante. Vários fatores levam à construção desse tipo de barragem, como
custo e tempo de execução da obra. No dia 29 de janeiro de 2019, o então
presidente da Vale S.A., Fabio Schvartsman, disse em uma entrevista que a
HORA DE empresa iria eliminar o tipo de barragem de alteamento a montante. Investigue
ARTICULAR quais as possíveis atuações que empresas de mineração podem tomar para,
SUAS IDEIAS
utilizando a estrutura existente, buscar adaptar as barragens para outros
modelos. Lembre-se de que o custo e o tempo de execução devem ser levados
em consideração.
2. Os piezômetros têm um limite de medição. Pesquise qual é esse limite e qual
aparelho deve ser usado para pressões acima do seu limite.

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Tipos de rompimentos de barragem
Vamos ver quais tipos de rompimento podem ocorrer em uma barragem de rejeito.
Deslizamento horizontal dos alteamentos:
Como os alteamentos são executados sobre
camadas de rejeitos, apesar de ser feito um
trabalho de compactação, a ligação entre a
superfície de apoio e a estrutura de contenção
(alteamento) é extremamente frágil. Quando
ocorre infiltração, ainda que mínima, ela pode
criar uma lâmina de separação entre as duas
superfícies e causar o escorregamento de toda
a estrutura em razão do empuxo gerado pela
lama interna ao reservatório.

Recalque e deformações: Como os alteamentos


são executados sobre camadas de rejeitos, que
podem não estar totalmente estáveis, o peso dos
novos rejeitos, ou até mesmo dos alteamentos,
podem ocasionar uma deformação conhecida
como recalque, em que há um afundamento das
camadas que servem de apoio, criando pontos
de instabilidade ou problemas em sistemas
auxiliares, como os de drenagem.

Problemas de drenagem: As estruturas dreno


individuais exigem que os sistemas de
drenagem também sejam individuais,
necessitando, portanto, cuidado muito maior
para a sua execução e, consequentemente,
mais manutenção e maior probabilidade de
falhas em um dos sistemas mais importantes
desse tipo de estrutura.

Infiltração: Como resultado das falhas nos


sistemas de drenagem, a infiltração da água no
solo compactado da estrutura acontece com maior
intensidade, exigindo maior controle tecnológico
dessas estruturas através de aparelhos conhecidos
como piezômetros, que medem a saturação do solo
e sua estabilidade. O solo, ou rejeito, que compõe a
estrutura, quando sofre infiltração, pode se tornar
instável, visto que a água faz que haja separação das
partículas, agindo como uma espécie de lubrificante,
ou seja, antes o que era um solo compacto, quando
infiltrado, possibilita o aumento do espaço entre
as partículas que o formam, perdendo sua função
estrutural por não haver mais atrito (contato) entre
suas partículas formadoras.
1.  Uma possível adaptação seria a construção de barragens de alteamento
de linha central, além do investimento na modernização de equipamentos de
monitoramento de pressões externas. Essas medidas podem ser o caminho
mais rápido e de menor custo para diminuir os riscos de rompimento das
SUGESTÕES barragens.
DE RESPOSTAS
DO EDITORIAL 2.  Para colunas com mais de 10 metros de altura, a medição por piezômetro
fica prejudicada; nesses casos, deve ser utilizado o manômetro.

Conteúdos abordados:
• Terceira lei de Newton; O Articulação Natureza tem como objetivo discutir temas relevantes com base nas
• Empuxo; Ciências da Natureza e suas Tecnologias. No entanto, embora o conteúdo dessa área do co-
• Força. nhecimento seja utilizado para analisar os temas selecionados, ele não se configura como
pré-requisito para o uso dessa ferramenta pedagógica em sala de aula. O Articulação
Natureza visa estimular a alfabetização científica, permitindo aos estudantes que com-
preendam o que está além do que é noticiado, despertando, assim, o gosto pela ciência e
pela aquisição de novos conhecimentos.

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ABRIL | 2019  EDIÇÃO No 3
N A T U R E Z A

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Projeto gráfico
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Créditos das imagens:


p.1. Lincon Zarbietti/picture alliance/Getty Images, p.2. DOUGLAS MAGNO/AFP,
p.3. Ernesto Reghran/Pulsar Imagens, p.4. Selma Caparroz, p.5. Google Maps/Google Earth,
p.6. Selma Caparroz, p.7. Selma Caparroz,
p.8. Felipe Garrido Rodrigues, p.10. Rodrigo Figueiredo/yancom

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