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1.5.

Controle do comportamento

Nem sempre é possível isolar todos os perigos


com a implementação de medidas de controle cita-
das. Muitas vezes, há pessoas que pensam que a aná-
lise de prevenção de acidentes termina neste ponto,
apenas porque acreditam que os trabalhadores têm
de ser capazes de cuidar de si mesmos, “se eles se-
guirem as regras...”. A segurança e o risco passam
a depender dos fatores que governam o comporta-
mento humano, como o conhecimento, as habilida-
des, a oportunidade e a vontade individual de agir
de uma forma que garanta a segurança no local de
trabalho. Exemplificando:
• Conhecimentos: Em primeiro lugar, os tra-
balhadores devem ser conscientes dos diferentes
tipos de risco e os elementos de perigo existentes
no seu local de trabalho, o que, muitas vezes, exige
educação, formação e experiência no posto. Assim
mesmo, é necessário determinar, identificar, ana-
lisar, registrar e descrever os riscos de uma forma
que facilite a sua compreensão, para conseguir que
os trabalhadores saibam quando eles estão em uma
situação de risco específico e que consequências po-
dem ter suas ações.
• A oportunidade de agir: Em segundo lugar,
é necessário que os trabalhadores possam agir com
segurança. É necessário que sejam capazes de usar as

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oportunidades técnicas e organizacionais (bem como
físicas e psicológicas) que se presta para a ação. A di-
reção, os supervisores e os integrantes do ambiente
geral de trabalho devem apoiar o programa de segu-
rança e lidar com os riscos assumidos, a concepção
e implementação de métodos de trabalho tendo em
vista a segurança, a utilização segura de ferramentas
apropriadas, à definição clara das tarefas, a criação e
o monitoramento dos procedimentos de segurança
e fornecendo instruções claras sobre o modo mais
seguro de lidar com materiais e equipamentos.
• A vontade de agir com segurança: No que diz
respeito ao arranjo de trabalhadores a se comportar
de maneira a garantir a segurança no local de tra-
balho, os fatores técnicos e de organização são de
grande importância, mas também o são, e não me-
nos importante, os fatores de tipo social e cultural.
Comportar-se de forma segura, resulta, por exemplo,
em dificuldades ou requerem muito tempo, ou não
é bem considerado ou valorizado pela administração
ou por seus companheiros, os riscos aumentam. A
direção deve mostrar claramente o seu interesse pela
segurança, tomar as medidas adequadas para priori-
zar e demonstrar uma atitude positiva em relação à
necessidade de um comportamento seguro.
A informação sobre as causas de acidentes
cumpre os seguintes objetivos:
• Exibe os erros e indica o que precisa mudar.

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• Indica os tipos de fatores prejudiciais que cau-
sam acidentes (ou quase acidentes) e detalha as situ-
ações que dão origem a danos e lesões.
• Identifica e descreve as circunstâncias sub-
jacentes que determinam a presença de potenciais
perigos e situações risco, cuja modificação ou elimi-
nação beneficia a segurança ocupacional.
Uma análise exaustiva dos danos, das lesões e
das circunstâncias as quais se produzem os acidentes,
facilita a aquisição de informações do tipo geral. Da-
dos de outros acidentes semelhantes podem facilitar
alguns fatores importantes, mas gerais, revelando as-
sim relações causais cuja determinação não é imedia-
ta. Por outro lado, a informação específica e detalhada
que fornece ao estudo de acidentes concreto e ajuda
a estabelecer as circunstâncias precisas que devem ser
consideradas. O estudo de uma lesão específica geral-
mente fornece dados que não podem ser conseguidos
com uma análise geral, mas este, ao mesmo tempo,
pode indicar fatores que o estudo individual nunca
mostraria. Os dados obtidos com estes dois tipos de
análise são importantes para facilitar a determinação
de relações causais evidentes e diretas em cada caso.

1.6. Análise de acidentes específicos

Este tipo de análise tem dois objetivos principais:


Em primeiro lugar, pode ser usada para de-

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terminar as causas de um acidente e os fatores de
trabalho específico que contribuíram para a sua
ocorrência. Permite avaliar até que ponto se havia
determinado o risco e decidir sobre as medidas
de segurança técnicas e organizacionais a serem
tomadas, assim como determinar se uma maior
experiência no posto de trabalho poderia ter di-
minuído esse risco. Fornece ainda uma visão mais
clara das ações que poderiam ter evitado o risco
e a motivação necessária dos trabalhadores para a
sua realização.
Em segundo lugar, se adquirem conhecimen-
tos que servem para analisar acidentes semelhan-
tes no âmbito da empresa e em outros mais gerais.
Neste sentido, é importante para coletar dados so-
bre o que se segue:
• Identidade do local de trabalho e a atividade
ocupacional em si, ou seja, informações relativas ao
setor ou indústria, ramo de atividade, e os processos
e as tecnologias que caracterizam o trabalho;
• Natureza e gravidade do acidente;
• Fatores causadores do acidente, como fontes
de exposição, forma como aconteceu e situação de
trabalho específica que o desencadeou;
• Condições gerais do local de trabalho e da si-
tuação de trabalho (incluindo os fatores citados an-
teriormente).

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1.7. Tipos de Análises

Existem cinco tipos fundamentais de análises


de acidentes, cada um com um objetivo específico:

• Análise e identificação dos tipos de acidentes


e os locais onde ocorreram: O objetivo é estabelecer
a incidência dos acidentes em relação aos fatores,
como diferentes setores, indústrias, empresas, pro-
cessos de trabalho e os tipos de tecnologias.
• Análise a partir do controle da incidência
de acidentes: Tem por objetivo de alertar sobre as
mudanças, tanto positivas como negativas. O resul-
tado pode ser uma quantificação dos efeitos e das
iniciativas preventivas. O aumento de novos tipos de
acidentes em uma área específica pode indicar a exis-
tência de novos elementos de risco.
• Análise para estabelecer prioridades entre
diferentes iniciativas que exigem um nível elevado
de medição de riscos, o que, por sua vez, requer o
cálculo da frequência e da gravidade dos acidentes.
O objetivo é estabelecer as bases para a definição
de prioridades no momento de decidir onde é mais
importante adotar medidas preventivas.
• Análise para determinar como os acidentes
ocorreram e, acima de tudo, para estabelecer as cau-
sas tanto diretas e indiretas: Depois de reunir esta
informação, utiliza-se na seleção, na elaboração e na

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aplicação de medidas corretivas e nas iniciativas de
prevenção específicas.
• Análise para descobrir que áreas especiais têm
despertado curiosidade por alguma razão (uma for-
ma de análise de revisão ou controle): São exemplos
deste tipo de estudo as análises da incidência de um
determinado risco de lesão ou descoberta de um ris-
co não previamente identificado durante o exame de
outro fator de risco previamente conhecido.

1.8. Fases de uma análise

Independentemente do nível em que a análise


é iniciada, geralmente consiste das seguintes fases:
• Identificação dos locais onde os acidentes
aconteceram.
• Especificação dos locais onde os acidentes
acontecem em um nível mais detalhado dentro do
nível geral.
• Determinação dos objetivos em função da in-
cidência (ou frequência) e a gravidade dos acidentes.
• Descrição das fontes de exposição e outros
fatores nocivos, ou seja, das causas diretas dos danos
e das lesões.
• Estudo das relações causais subjacentes e da
evolução das causas.

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Análise Geográfica

País Regiões Empresas

Análise Empresarial

Empresa Departamentos Setores

Análise do Posto de Trabalho


Processos de
Funções Tecnologia
Trabalho
Figura 1 - Diferentes níveis de análises de acidentes. Fonte: O autor (2014).

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Exercícios

1. Qual a importância da determinação dos fa-


tores de riscos?

2. Por que a divisão simples dos comportamen-


tos e das condições entre seguros e não seguros não
contribui no avanço de ações na área de prevenção e
segurança do trabalho?

3. Um dos mais recentes avanços na gerência de


riscos é o conceito de cultura de segurança. Explique
sobre ela.

4. Defina “acidente”.

5. Qual a importância de mensurar o risco?

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